domingo, 29 de setembro de 2013

Gostosuras

Hoje estava deprimida por várias razões: o tempo cinzentão, as eleições e o paleio inerente, o facto de o meu filho ir de novo por essa estrada fora até S. Joao debaixo de chuva ( sempre tive horror às viagens de carro com mau tempo e tivémos uma vez um acidente em cadeia depois do Natal que me traumatizou a sério, embora não houvesse feridos), a perspectiva de ser operada daqui a uma semana, não sei que mais....estava mesmo em baixo.

Resolvi então ir para a cozinha, pois dizem os psicólogos que ajuda em casos de depressão.

A verdade é que passei umas duas horas a fazer geleia de marmelo ( com pedacinhos dentro que é como gosto e depois, com a minha filha, fizémos um vol-au-vent de camarão para o jantar, que ficou uma delícia ( modéstia aparte). A massa é congelada e os camarões também, mas são de óptima qualidade e o bechamel ficou supersaboroso.

lembrei-me da minha Mãe enquanto fazia a geleia, ela que adorava ter aquele armário cor de laranja muito estreitinho que em tempos servira de farmácia, cheio de compotas caseiras para os filhos e netos se regalarem.

Não sei onde foi que comecei a comer a geleia com castanhas, é um dos meus pitéus outonais preferidos.

A cozinha ficou um pouco desarrumada e pegajosa com a geleia, mas amanhã a minha empregada fará o favor de me limpar a banca e fogão...

Agora vou ver as eleições...quem me dera que as previsões no Porto saissem goradas....era a cereja em cima do bolo...ou do vol-au-vent :))

Domingos sem missa

Não gosto de domingos, e ainda menos de eleições.

Nunca gostei deles, mas agora ainda menos. São dias cinzentos, em que não apetece sair à rua, as lojas estão fechadas ( embora isso não me preocupe nada), não há autocarros se não de meia em meia hora, os programas resumem-se a futebol e politica rasteira, há sonolência no ar e sinto uma certa solidão.

Poderia ir almoçar com a família, mas acho que filhos e netos devem ter o seu espaço e nunca gostei de impôr a minha presença quando não me convidam...
Ontem passei grande parte do dia com o meu filho mais novo e foi maravilhoso. Hoje estou sozinha.

Está um dia triste, uma chuva miúda, irritante, um ventinho de oeste a dizer que os chapéus de chuva vão ainda ser necessários por mais algum tempo.



Pensei em ir votar, mas não creio que o vá fazer. Pura e simplesmente estou farta da política e não acredito em ninguém, nem me apetece dar voto a ninguém. Nem sequer acho que o voto branco mereça o trabalho de sair de casa e descer a rua do Campo Alegre para a tornar a subir.....dez minutos depois.
Não devia dizer isto, mas quero que toda esta gente se lixe.

Espero que o meu neto não leia isto e não pense que sou uma cota ranzinza..

A verdade é que há quarenta anos que voto e só umas duas vezes não o fiz já nem sei por que razão.

Mas nunca estive tão deprimida em relação à política como agora.
Em geral, acreditava ou esperava algo daqueles em quem votava. Hoje não espero nada....sei que nada se modificará, que tudo será como era e se assim for até nem estamos mal....

Pode ser que se o sol vier, ainda me anime a ir até o botânico respirar a humidade e o odor das plantas repletas de gotinhas de água. Para já, só me apetece olhar lá para fora sem ver nada de nada.....

sábado, 28 de setembro de 2013

E o temporal chegou


Que noite....assustadora, mas empolgante.

Quando estou em casa, vibro com os relâmpagos a cruzar os céus e o ribombar dos trovões , mesmo por cima das nossas cabeças, num acto quase simultâneo de fúria da natureza, vingando-se da secura e da mornice dos dias de verão.

Ontem foi quase uma tempestade de verão, afinal, pois as temperaturas mantiveram-se
 altas e o vento quase tropical. Lembro-me de que isto aconteceu quando o meu filho mais velho nasceu, caíu um temporal impiedoso em Coimbra e o meu ex- teve de ir buscar a Mãe ao Porto, chovia que Deus a dava.

Gosto de olhar para as plantas lá fora, parecem ter ido a uma sessão de lifting e de cosmética, tal é a sua cor e vivacidade. Os verdes, que agora já começam a acastanhar, tornam-se mais brilhantes e sedutores.

Só não gosto do céu cinzento de manhã à noite, mas as nuvens em castelos de cinzento azulado, espelhando-se no rio, são sempre tudo menos banais. E depois há as poças e pocinhas, que reflectem tudo à sua volta, há a dança dos chapéus de chuva singing in the rain.....

A cidade do Porto coaduna-se bem com o mau tempo.
Não fica mais triste, fica mais acolhedora e íntima.
Não precisa de pavonear-se como Lisboa ao sol,  dela espera-se o calor do conforto, das gentes, dos restaurantes, dos recantos rurais, dos bares e das lojas com oferta generosa. O Porto é uma cidade de inverno, cheia de eventos que escasseiam no verão. Todos os fins de semana há concertos, exposições, lojas novas, locais interessantes, jovens universitários que animam a cidade.

E depois há as vistas da cidade, quais delas mais belas. Os sites abundam no Facebook e as fotos são incríveis, como é incrível este lugar.



É bom viver no Porto. Com chuva ou sem ela...

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Trabalhar em equipa?


Nunca gostei muito do trabalho em equipa ou de grupo.

Não é "a minha praia" , como soi agora dizer-se.

Aborrece-me temporizar,  esperar, pactuar, modificar, tolerar, admitir, consensualizar e outros verbos assim.

Devo ser demasiado segura de mim ou demasiado diferente dos outros. Os meus filhos saem a mim, sempre detestaram trabalhar em grupo. Um deles descartou-se pela vida que escolheu, o outro não tem outro remédio se não entrar no jogo, embora moderadamente.

Admiro sempre os trabalhos melhores que o meu, aprecio-os, elogio-os,  mas não gosto que interfiram naquilo que eu faço. Gosto de ser a única responsável.

É um defeito enorme, reconheço, que tem pautado toda a minha profissão. Infelizmente, aguentei esse "regime" durante toda a minha vida profissional. Dei aulas em grupo, preparei cursos em grupo, critiquei aulas em grupo, fiz projectos em grupo, organizei n coisas na escola em grupo. Sempre, mais ou menos contrariada.

Em tempos, odiava que me obrigassem a trabalhar em grupo nas acções de formação ( poucas que fiz) e acabava por ser eu a fazer quase tudo. Preferia ter o trabalho de fazer do que gerir o trabalho dos outros.

Este é o último ano em que vou trabalhar para a editora. Estou naquela fase em já quase nada me interessa, dado que os valores comerciais são sempre sobrevalorizados em detrimento da verdadeira missão que nos leva a escrever manuais escolares.

O tempo é escasso, a pressão é muita e mesmo quando há momentos de alegria comum, tudo parece muito artificial e nada chega....

Lembro-me do tempo em que esta tarefa era mesmo árdua, mas o ambiente de trabalho fantástico, não tínhamos a editora a vigiar cada um dos nossos passos e a determinar o que... e como fazer. Cheguei a um ponto em que me me sinto watched por um Big Brother quase 24 horas por dia!!!


quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Há dias elásticos


Hoje a minha manhã rendeu-me quase quatro horas, embora só tenha saído às 10.

Tinha uma consulta marcada para o meu ortopedista na Boavista e fui de autocarro - o 504, que vai para a Casa da Música . Desci junto ao cemitério de Agramonte e aproveitei para beber um pingo no Buondi, um dos cafés que mais aprecio na Rotunda. Comi um éclair pequenino que me soube bem, pois nada tinha comido em casa. Aproveitei para recarregar os meus títulos de transportes, que já estavam a acabar. Atravessei a Brasília - quem o viu e quem vê aquele shopping, o primeiro da cidade, onde tanto gostava de ir com os meus filhos!


Ás 10.45 estava no consultório onde ainda esperei uns 15 m. O veredicto foi implacável. Terei de ser operada ao joelho quanto antes - ou seja no dia 7 de Outubro - para raspar duas calcificações que me estão progressivamente e impedir a movimentação da rótula e das articulações, provocando atrofia e incapacidade de "esticar" a perna plenamente. Tudo isso afecta a coluna e os ossos todos, causando dores e mal estar ( eu sei!!!).
Mas pelo menos tenho a certeza de que não vou esticar o pernil de vez!!!

Para a operação tinha de fazer um electrocardiograma - que fiz logo a seguir em menos de meia hora nos HPP - e análises que farei amanhã.
Despachei-me de tudo isto e resolvi telefonar ao supermercado Froiz para ver se me poderiam trazer as compras ainda hoje se eu lá fosse pelas 13 horas. Ficou tudo combinado para as 4.30. Mas ainda dava tempo de ir à ZON, onde queria cancelar a conta do apartamento do meu filho, que estava em meu nome. A ZON estava vazia, a menina era uma simpatia e ficou tudo arrumado, de modo a que não haja desperdício.
Fui então logo ao Froiz e comprei as provisões do mês, tinha o frigorífico e os armários vazios e neste momento até dá gosto olhar para eles:))). Às 4.30 estava aqui tudo na minha cozinha ( desculpem a publicidade...mas este serviço é mesmo *****).

Ainda fui comer uma sopinha à Livraria Leitura, onde folheei o livro de Luis Portela, pessoa que muito admiro, sobre os valores da vida. Interessante.


Cheguei muito cansada a casa, chovia a potes ( bendita chuva, que saudades!) ; estava feliz por ter conseguido fazer tanta coisa numa manhã....às vezes, parece que só o facto de estar a projectar uma viagem à Austrália em Junho com o meu filho me dá asas ...como aquele anúncio do Red Bull  ...

Happiness is looking forward to....foi sempre o meu lema...

terça-feira, 24 de setembro de 2013

To learn or not to learn English


Oa últimos dias mostraram è evidência o caos que reina no sistema educativo - do básico ao secundário - no que respeita à aprendizagem duma língua que se considera crucial nos tempos que correm.

Aprendi inglês num colégio inglês desde os 4 aos 10 anos. Saí de lá para o liceu com uma bagagem razoável da língua que me permitia ler livros para crianças bastante evoluídos e compreender tudo o que se dizia, ainda que não houvesse TV e não tivesse ido a Inglaterra antes dos meus 23 anos. Fui privilegiada e por isso dei aos meus filhos as mesmas possibilidades - ainda que no alemão - sacrificando tudo o mais em prole duma educação aberta para a Europa e para a internacionalização. Não me arrependo, foi a decisão mais acertada que fiz na vida :) .



Será o ensino do Inglês essencial no 1º ciclo da escola básica?

É terrível não ser capaz de responder a esta questão. Porque não sei mesmo. Eu, professora de inglês deveria saber, mas não sei.

O Inglês só é essencial se for ensinado como uma disciplina igual à Matemática ou ao Português, se não for, não passa de uma sensibilização para a língua que até pode ter consequências muito funestas quando, anos mais tarde, 30 alunos do 5º ano se juntarem numa turma heterogénea em que alguns alunos têm uma vaga noção da língua e outros que já a dominam e lêem na perfeição.

O que acontece hoje em dia é que nos cinco anos do 2º e 3º ciclos do básico a carga horária de Inglês é mínima ( 90m por semana no 8º ano - irrisório) e de nada serve os alunos terem andado 4 anos no 1º ciclo a brincar ao inglês.
Para os profs, então, pode ser catastrófico e um esteio para a indisciplina, que como sabemos, grassa nesse nível de ensino. Não sei como é que se ensina uma língua a 30 alunos. Não é possível.

Admiro profundamente os professores de hoje em dia, mas sei que a maioria não consegue atingir os objectivos do programa, nem motivar os alunos para a disciplina. Mesmo com filmes, vídeos, música , quadros interactivos e o diabo a 4.

Gerir o caos é impossível.


segunda-feira, 23 de setembro de 2013

20.000 visitantes de Janeiro a Outubro


Estou espantada, pois hoje mais de 150 pessoas passaram pelo meu blogue.

Donde, quem, porquê?

Pergunto-me sempre se é por acaso que aqui vêm parar, no meio da busca de outro assunto, se são leitores assíduos que apreciam o estilo e se comovem com as minhas reflexões...ou se são da família e nada deixam, nem sequer uma impressão digital com receio de serem reconhecidos?

Embora muitos criadores de blogues digam que não estão minimamente interessados em comentários ou curiosos sobre o que pensam os leitores, não acredito que isso seja verdade. Todos nós temos alguma coisa de narcisos e faz-nos bem ao ego verificar que o que escrevemos não cai em saco roto.

Seja como for, agradeço todo o carinho demonstrado de dia para dia, desde que em 1 de Janeiro recomecei a "blogar".

Sinto asas para voar mais um pouco e o desejo de aqui ficar. Convosco. Sempre.


Família

Ontem, uma sobrinha do meu ex-marido, que conheci aos 4 anos, completou 50 anos.
Depois duma vida dramática em Lisboa e mais tarde no Porto, agora já com dois filhos e duas netas, o seu Pai que vive em Lisboa organizou um almoço aqui num complexo desportivo muito bonito e com restaurante excelente no Monte Aventino, proporcionando-lhe uma surpresa total, dado que reuniu umas 30 pessoas muitas de fora do Porto, que vieram especialmente para festejar com ela umas horas.

Havia bastantes crianças que se portaram muito bem, houve um poema escrito pelo meu neto à Prima que mal conhece, houve F-R-A-S   e alegria a rodos. Desde a minha ex-tia com 82 anos até aos mais pequenino de 9 meses, todos se sentiam em família, apesar das separações que ocorreram, dos conflitos de geração que fracturaram a família, das depressões ou doenças crónicas, que infelizmente são genéticas... sentia-se amor no ar para lá de tudo isso.

Senti-me feliz por ainda ser possível pegar em cacos e restaurar peças do puzzle que é a família do meu ex- marido e que considero minha também.
Hoje foi um dia especial que me deu uma lição: Blood is thicker than water, a família vive destes momentos, é necessário promovê-los para nosso bem e dos nossos netos. É nossa obrigação.

Aquilo de que mais gostei foi de conversar durante horas com a pessoa mais idosa da família, que nem sequer é minha tia directa, mas que já conheço desde 1968, que admiro muito e que ficou ligada a mim para sempre.

Bem haja a Família!

sábado, 21 de setembro de 2013

Porque não?

Tenho continuado o meu projecto para o 11º ano e hoje dediquei-me a um tema interessante sobre meios de transporte.
Li programas organizados nos EU para evitar que os alunos vão para a escola de carro ou de autocarro - as célebres camionetas  amarelas que se vêem em todo o país - e promovendo sistemas comunitários de mudança de hábitos nas deslocações para a escola.
Na Califórnia o projecto Walk and Bike to School sugere que os pais vão levar os filhos a pé ou de bicicleta ou caso não o possam fazer,  confiem nos grupos organizados que acompanharão os seus filhos todos os dias.
Muitos pais adoram a experiência e dizem que o contacto com a natureza e com os vizinhos acaba por ser uma aventura. Os alunos também ficam mais felizes, tanto mais que o ciclismo é popular como actividade física e para evitar a obesidade.

Penso nos meus netos, que vão todos os dias de carro para a escola. Se saíssem 15m mais cedo poderiam ir de bicicleta, dado que as ruas aqui são todas planas. Bem sei que têm mochilas pesadas, mas as bicicletas agora podem levar esses pesos e na escola há locais para as guardar. Às vezes é apenas uma questão de método e de tempo. Como nunca conduzi,  os meus filhos andavam bastante a pé - do Colégio Alemão até à Ramada Alta era um esticão - e até sofreram alguns assaltos em pleno dia. O meu filho mais velho foi de bicicleta para a faculdade ou para o conservatório durante anos, o que me assustava, pois as ruas eram íngremes e o trânsito imenso.


A nossa cidade é equilibrada, não há habitantes a mais, até há a menos....porque não repensar os transportes de modo a evitar a invasão dos carros e consequente poluição, terrível para os pulmões e saúde em geral?

Penso que temos de gerir tudo dum modo menos egoista e mais ecológico.

E os nossos filhos, netos e bisnetos agradecer-nos-ão um dia toda essa formação cívica.



quinta-feira, 19 de setembro de 2013

O ambiente- David Attenborough

Tenho estado completamente a leste do blogue estes dias.

Dediquei-me quase exclusivamente ao nosso projecto e agora entrei num tema que sempre me apaixonou que é o ambiente.
praia de Ofir
Leio opiniões controversas sobre a explosão demográfica, comentários aos mesmos, cientistas e sociólogos, ambientalistas e economistas, ninguém se entende.
Alto Douro - socalcos
A minha filha encontrou no Youtube um documentário do grande David Attenborough, que, mais do que falar sobre o assunto, dedicou toda uma vida à descoberta da vida no planeta , à sustentabilidade do mesmo, aos eco-sistemas e à presença humana à face da Terra. É um homem que dá gosto ouvir, com uma sapiência e lucidez que nos envolve e convence.
É claro que muitas destas previsões são pessimistas, senão mesmo catastrofistas para nós que vivemos num país civilizado há 800 anos e onde não haverá, talvez, tanto impacto humano no que nos rodeia. Apesar disso, vejamos o que os fogos, por exemplo, destruiram este ano do que poderia ser a floresta, o campo, o mato, o oxigénio que nos falta nas grandes cidades.

Ficam aqui umas citações curiosas ( com humor britânico sadio) do grande biólogo inglês, que foi Director da BBC durante anos. Conseguem imaginar uma coisa destas em Portugal?

I don't run a car, have never run a car. I could say that this is because I have this extremely tender environmentalist conscience, but the fact is I hate driving.

The question is, are we happy to suppose that our grandchildren may never be able to see an elephant except in a picture book?

It seems to me that the natural world is the greatest source of excitement; the greatest source of visual beauty; the greatest source of intellectual interest. It is the greatest source of so much in life that makes life worth living.

I had a huge advantage when I started 50 years ago - my job was secure. I didn't have to promote myself. These days there's far more pressure to make a mark, so the temptation is to make adventure television or personality shows. I hope the more didactic approach won't be lost.

Ainda bem que ainda há pessoas assim!


segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Mudança de visual

O Outono está a chegar....embora o calor ainda seja de verão.

As pessoas passeando na praia já eram.....

Esta foto contém tudo aquilo que o blogue encerra: cores esbatidas que se movimentam ( ao sabor do vento) , beleza, transparência e paz.

Predominância do azul, a minha cor preferida de sempre.

A foto foi tirada ontem no "meu" jardim...no local sagrado que é o lago de nenufares, que se deveria chamar lago Monet.

Obrigada pela vossa fidelidade. 

domingo, 15 de setembro de 2013

Domingos sem história

O meu domingo resume-se a momentos....nada de extraordinário, não foram as dores nas costas que me assolam desde manhã e que me impediram de ir até Matosinhos com a minha filha.

Nada fiz de especial a não ser acabar um página de vocabulário para o meu projecto - tem por base pesquisas no dicionário online - ver um jogo da Premier League, Chelsea-Everton , em que o Mourinho perdeu (será que está perder qualidades, o Special One :))? e depois contemplar o meu neto lá em baixo sozinho no pátio a bater bolas contra a parede com uma persistência notável ( como faz tudo em que se mete).









Pensei em dormitar, mas acabei por ir pintar....não sei se vou aproveitar a aguarela que tentei fazer das paisagens que ultimamente me têm assombrado -o Douro vinhateiro, por onde anda o meu "menino". Já só passaram 15 dias desde que ele lá está e parece-me um século...

Há pouco resolvi ir ao Botânico, onde não ia há semanas. O Verão castiga este jardim impiedosamente e neste momento só se vèem flores esporádicas, uma hortense perdida aqui, uma rosa acolá, um lírio que resistiu à seca....e os nenúfares, sempre lindos com os reflexos do que os rodeia...nunca me canso de os ver na água agitada pelo vento.

Uma serenidade relativa, muitos miudos brincam no jardim, que agora parece estar na moda. Bebi um chá de frutos vermelhos e comi dois scones, que me souberam pela vida. É o que se leva deste domingo sem chuva, cheio de sol, mas igual a todos os outros. Antes assim...salvam-se as fotos.....

sábado, 14 de setembro de 2013

O meu blogue

Em tempos tinha quase 500 leitores todos os dias. Isto foi noutra era quando o meu primeiro blogue obteve grande sucesso e foi divulgado em sites como o Woophy, que é internacional. Neste momento tenho cerca de 100, muitos deles dos EUA, Rússia e Brasil, que não sei bem quem são e adoraria conhecer...

Quanto a mim , a abertura do novo blogue foi difícil e o contacto com esses leitores ter-se-à perdido, apesar do título ser quase o mesmo. Neste momento estou a atingir os 20.000 leitores em dez meses...

Não tinha sido eu a desenhar o primeiro blogue, confiei no meu irmão mais novo e ele , depois duma rixa estúpida familiar, bloqueou-me o blogue, como se alguma vez pudesse cortar-me o pio ou impedir-me de exprimir o que quer que fosse à vontade. Era preciso não me conhecer...

Em 1 de Janeiro deste ano enchi-me de coragem e criei um novo blogue , que quanto a mim ficou muito melhor que o anterior, não só graficamente, mas também em termos de conteúdos, dado que não me cingi só aos temas artísticos, e passei a escrever sobre o que me vai na alma....ou seja, introduzi um carácter mais reflexivo nas minhas entradas.

Graficamente, então, mudou muitíssimo. Resolvi aproveitar o espaço à largura para aumentar o tamanho das fotos, que são uma das marcas do meu blogue.Todos os dias tiro fotos, componho fotos, recordo momentos em que as tirei e pasmo com a nitidez das paisagens no ecran.

Também gosto dos textos, leio amiúde textos que já escrevi há meses.

Já há algum tempo que não pintava, mas hoje resolvi experimentar os meus novos lápis aguarela Carand'ache, que comprei antes de ir de férias. São lindos e pode-se pintar de um modo diferente, mais original, paisagens mais leves e oníricas. Pinta-se a lápis e depois retocam-se a pincel com água.

Sempre gostei de aguarelas, mas as que pintei são poucas.



 Eis o que pintei hoje....chamei-lhe Fim do Verão , expressa bem o que me vai no espírito....

sexta-feira, 13 de setembro de 2013

Blue Jasmine de Woody Allen

Um filme de Woody Allen.

Está tudo dito. Ou não?

Qualquer semelhança entre este filme e outros que vi deste realizador é pura coincidência.

Podia ser um acontecimento real....poderia ser um episódio dos Casos da Vida da TVI...se não se desse o facto de a história se passar em S. Francisco e em NY e da actriz principal ter o carisma de



Cate Blanchett.

Uma mulher, uma diva, uma actriz com classe, distinção, humanidade, brilho e sentido de acting. Não faz demais , nem de menos, como muitas das nossas actrizes. É sóbria , mas convincente. Concentra à sua volta 90m de filme, sem pausas, com um ritmo apropriado, flashbacks bem inseridos, suspense até ao fim. A história duma mulher. Como muitas, em tempos de crise.

Belo filme. Mesmo que não seja o melhor de Allen.

Fica aqui o trailer:




A cidade e as serras

A cidade vai-se enchendo aos poucos. E a vida retoma o seu ritmo frenético.

Noto, sobretudo, os ruídos que sobem da rua para a varanda e da varanda para a sala quando as janelas se abrem para arejar nestes dias cálidos, que teimam em não terminar.

Os autocarros sobem e descem vertiginosamente o Campo Alegre, agora mais amiude do que no Verão, os carros apitam, os condutores andam nervosos com a hora de chegada aos seus empregos ou de entrada dos filhos para a escola.
A vida no Porto começa pelas 6, já há movimento aqui na rua praticamente de noite.

Do outro lado da casa são os cães a ladrar, as gaivotas e as crianças do Colégio em childreada, numa toada quase orquestral.

A cidade, hoje em dia, é  quase só ruído e por vezes, torna-se cansativa....massacrante....demasiada gente...demasiadas vozes, demasiados escapes, ambulâncias, apitos,  estudantes....e também drogados que gritam solitários durante a noite.


os socalcos já preparados para as vindimas
Lembro-me da sensação estranha que experimentei, esta segunda feira, quando o táxi nos deixou 45m antes da hora no apeadeiro da Ferradosa. Uma experiência quase mística.

O silêncio era total. Nem o rio azul a correr para o mar lá longe se sobressaltava. Os montes verdes de mato, vinha  e pomares quedavam-se , mirando-se nas águas espelhadas; a linha do comboio fazia lembrar aqueles trilhos dos filmes americanos no meio do nowhere...à espera dum comboio que nunca chega...




Quase não falámos.

Estávamos unidos, como se nunca tivesse havido um ontem...
e como se não houvera um amanhã.....






terça-feira, 10 de setembro de 2013

O romantismo do rio azul - sem palavras








Do "Diário - XII" de Miguel Torga:


"O Doiro sublimado. O prodígio de uma paisagem que deixa de o ser à força de se desmedir. Não é um panorama que os olhos contemplam: é um excesso da natureza. Socalcos que são passadas de homens titânicos a subir as encostas, volumes, cores e modulações que nenhum escultor, pintor ou músico podem traduzir, horizontes dilatados para além dos limiares plausíveis da visão. 



 Um universo virginal, como se tivesse acabado de nascer, e já eterno pela harmonia, pela serenidade, pelo silêncio que nem o rio se atreve a quebrar, ora a sumir-se furtivo por detrás dos montes, ora pasmado lá no fundo a reflectir o seu próprio assombro. Um poema geológico. A beleza absoluta." 





sábado, 7 de setembro de 2013

Abstracto ou figurativo?

Primavera
Depois de ter estado na inauguração da exposição Intemporalidade, deu-me para reflectir se o meu gosto pelo abstracto - feito por mim ou por outrem - se mantém ou se deveria optar pelo figurativo.

Nesta exposição, os quadros são quase todos figurativos, muitos com figuras humanas, alguns naive, outros reflectem a Natureza, poucos são abstractos.

Escadinhas- Porto
Dum modo geral, aprecio os quadros de paisagem mais do que de pessoas ou retratos. Na era da fotografia digital, é difícil conseguir pintar algo muito realista que nos atraia, a não ser que as cores sejam apelativas, a luz diferente, os contornos indefinidos, o fundo contrastante...mas há pintores que conseguem transformar a realidade em .....algo artístico e captam a nossa atenção pelo pormenor.

Também há quadros abstractos que, sem terem formas ou objectos definidos, são infinitamente mais atraentes, pois há neles uma constante
Waves, 2010
mutação, o relógio não pára naquele momento em que a cena foi pintada, não há tempo....o tempo é eterno....

Tenho quadros de ambos os estilos nas paredes da minha casa.

Canso-me mais dos figurativos, embora sejam poucos e sempre de paisagens um pouco etéreas.
pôr do sol - caixa 2012



Os abstractos falam-me sempre mais alto.