quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Brahms- música que nos penetra

Quando tinha aí uns dez anos, a minha professora de piano deu-me a Canção de Embalar de Brahms para tocar. A partitura era espanhola,  de modo que o que eu aprendi foi a Cancion de Cuna.

Nunca mais me esqueci, era uma das peças ( simplificadas, claro) que mais gostava de tocar para o meu Avô, a par da Aida ( Marcha do Vencedor), que ainda me faz vibrar...

Depois dos 13 anos deixei de tocar e nunca mais me atrevi, a não ser nos "martelinhos". Perdeu-se uma pianista, mas ganhou-se uma ouvinte. Não sei o que teria sido de mim se em certos momentos da minha vida não tivesse tido a música clássica como única companhia, longe da minha terra natal, longe dos meus amigos, da família e de tudo, em geral.


O meu Avô gostava pouco de música de câmara, ouvia quase sempre música sinfónica e da mais romântica. O meu Pai era mais ousado e apreciava Mahler,  Bartok ou Stravinsky com reservas.

Com o meu filho aprendi a apreciar mais a música de câmara e tenho descoberto verdadeiras pérolas de Schubert, Brahms, Beethoven ou Vivaldi. Cada vez gosto mais de ouvir quartetos, trios, quintetos ou mesmo duetos, como este que estou a ouvir agora no meu i'pod, enquanto o meu neto, que está adoentado, vê um filme na TV: sonatas para violoncelo e piano de Brahms, com os grandes Rostropovich e Rudolf Serkin.

Esta música de violoncelo, que o meu neto do meio já toca com bastante arte e gosto, é sombria , mas tão lancinante que nos empolga...vem-nos à mente imagens das mais díspares, jovens apaixonados, paisagens arrebatadoras como as do Douro que não me canso de ver no Facebook, pintura sedutora daquela que nos faz estar horas diante dum quadro na sala de um qualquer museu.

Os dois executantes estão de tal modo entrelaçados que quase não se distingue o piano do violoncelo, a música doi, doi...e enleva.

Porque será que o que é lindo é sempre triste?

4 comentários:

  1. Nem toda a tristeza é linda
    mas é tão linda certa tristeza!

    ResponderEliminar
  2. Verdade....os tons menores nem sempre são os que nos apetece, mas serão sempre os mais belos! ( Esta é a minha opinião e vale o que vale, como se diz agora...)
    Obrigada pelo seu comentário, gostei muito....

    ResponderEliminar
  3. Gostar de arte ou música também se aprende. É por isso que eu penso que nos currículos escolares se deveria introduzir o estudo dessas disciplinas e talvez assim se conseguisse construir uma juventude mais interessada e rica em ideais.
    Ontem fui a Lisboa, com a UPP, ver a exposição do Museu do Prado e fiquei a conhecer melhor aquele tipo de pintura devido à explicação do Guia.
    Mas não concordo que seja triste tudo o que é lindo pois eu já tive na minha vida momentos felizes tão lindos e outros , menos felizes, tão tristes. Tudo é relativo como ensinou Einstein, um dos meus cientistas preferidos.

    Um beijo.

    ResponderEliminar
  4. Ainda bem que saiu do Porto, é sinal de que está mais animada, fico muito contente por si.

    O tempo é que está péssimo, mas vale sempre a pena sair.... Bom fim de semana!

    ResponderEliminar