quinta-feira, 31 de julho de 2014

O percurso da ausência

Tinha pensado não escrever mais no blogue até me passar esta fase de negação e de saudade.

Ainda me custa a acreditar que os meus netos vão estar longe de mim durante tantos meses, quase que me parece irreal e até certo ponto, penso que foi arriscado levá-los para tão longe dos avós que são parte integrante das suas vidas.
Os avós maternos sempre foram desvelados, ficam com eles muitas vezes aos fins de semana ou nas férias durante dias e dias. O meu caso é diferente, moro no prédio ao lado e portanto a minha presença é quase diária, mas por poucas horas. Só o meu neto mais velho dorme cá esporadicamente quando há algum programa até tarde, mas mesmo assim , dado que se levanta cedo, prefere ir para casa.

Só há dois anos é que eles estiveram comigo na Luz sem os pais, em geral, sou mais egoísta nessa relação e prefiro que eles venham de bom grado a minha casa, não porque têm obrigação ou porque não há mais sítio para onde ir. Não gosto de babysitting.



Nunca fui de grandes sacrifícios pelos netos, os pais são responsáveis e bons educadores, eu não preciso de os educar, posso dar-me ao luxo de os mimar dum modo que só os avós sabem. Quando o mais pequenito não quer vir para cá - é raro - não insisto, nem o encho de doces para ele ficar. Aceito que ficar com a Mãe é melhor, pois ela trabalha todo o dia e os miudos têm saudades.

Agora que chegaram à pre-adolescência, já sabem bem o que querem  e tem um encanto muito especial para mim, pois as suas personalidades já são mais vincadas. Sempre gostei de adolescentes, dediquei-lhes 37 anos da minha vida profissional, conhecia-os razoavelmente e amava os meus alunos. Tenho saudades, por vezes, de entrar numa sala de aula e de conversar com jovens...tb tenho de falar inglês com eles.

Sei que com o tempo vou deixar de sentir aquele nó na garganta horrível que sentia ontem. Sei que ainda tenho dois meses para estar com a minha filha e que o meu filho mais novo vem para o Porto por um mês. Sei que vou superar esta ausência, fazendo coisas - pintando, vendo filmes, passeando pela cidade, enfim....sei tudo isso.

Sou uma privilegiada!

quarta-feira, 30 de julho de 2014

O vazio


O vazio.

Vazio de ternura, vazio de carícias, vazio de palavras, vazio de presença, de preocupação suave, de risos e brincadeiras, de perguntas e respostas.....vazio de tudo...

Ainda ontem eles estavam aqui ao pé de mim. E já pressentiam que algo iria acabar. Nem queriam sair das Casa das Artes...




Hoje sinto-me devastada. Mesmo sabendo que já partiram de Frankfurt rumo ao outro lado dos oceanos para a outra costa ocidental do mundo.

 E não adianta ler ou ouvir que um ano passa num instante ou que o skype faz milagres....

Um ano é enorme numa vida que já viveu muito e que já sofreu de ausência quanto baste. Um ano são dias e dias a escorrer como a chuva nos dias de inverno, sem cor, nem movimento.

Fica aqui uma peça musical que traduz o que me vai na alma...

O que vale é que as lágrimas não mancham o teclado, nem esborratam a tinta, como dantes....



Deus os traga o mais depressa possível. Um ano é UMA VIDA!

Hoje foi o último dia

antes da partida dos meus queridos netos para os EU.



Eles estavam excitados com a ideia da viagem, sem saberem de todo o que os espera lá nas terras do Tio Sam. Estiveram lá uns meses há dois anos, em Pittsburgh, numas férias e adoraram os campos de férias onde fizeram coisas inimagináveis. Desta vez vão frequentar o Colégio Alemão Internacional de Palo Alto em Mountain View, que se assemelha ao do Porto, com alunos dos 4 aos 18 anos. Será uma experiência fantástica.

Mas primeiro vão estar 15 dias em Los Angeles pois só a partir do dia 15 poderão habitar a casa alugada junto à Escola e ao local de trabalho da minha nora. O meu filho trabalhará em Stanford a 10 minutos de carro. Tudo foi organizado com antecedência e deve correr bem. Em Outubro irei lá para os anos do André e ficarei por 15 dias num hotelzinho simpatico.
 Hoje depois de eles verem um filme do videoclube, fomos o jardim da Casa das Artes, onde eles adoraram correr e recolher pedrinhas e paus para fazerem uma "oficina". Conversei com eles sobre a importância da viagem e dei-lhes conselhos sobre o modo de se entreterem. Foi uma hora de grande qualidade entre Avó e netos...


Depois fomos jantar à Pizza Hut da Foz com o meu filho para deixar a minha nora a fazer as malas. O fim de tarde estava espantoso e apetecia-me guardar aquela paisagem das rochas e mar em contra-luz e depois o rio espelhado com os barquitos reflectidos...a Foz nas horas de ouro....

segunda-feira, 28 de julho de 2014

Strangers in the night...friends in life

Há momentos que gostaríamos de meter numa garrafinha ou numa caixa bem fechada e não deixar fugir, nem as imagens, nem os sentimentos, nem os sons, nem os gestos....

Nestes dias tive os meus netos comigo e amei cada instante com eles, mesmo quando as vozes da TV vinham interferir com a minha boa disposição.

As crianças são, por vezes, egoístas, imediatas, só pensam no seu bem estar e prazer momentâneo, mas ontem tive uma prova de que se preocupam comigo e de que são sensíveis.

Estava o meu filho João a tocar o Strangers in the Night no piano e o meu ex-marido resolveu cantar, pois essa era uma das canções que dançávamos juntos in illlo tempore. O espanto foi geral, para mim foi o desabar daquela pressão que a ida dos meus netos para os EU exerce na minha mente.


Comecei a chorar, primeiro, devagarinho sem que ninguém notasse. O Daniel olhou para mim, depois o André e por fim o Paulinho e vieram os três de rompante abraçar-me. Foi muito pior....não consegui engulir o choro. A voz do "vocalista" ainda ressoava e já eu estava a dar explicações aos meus netos, dizendo que tinha pena de eles se irem embora...era uma desculpa, não a verdadeira, pois eu chorava a minha vida a dois que terminara.

Não lhes disse que a letra desta canção é parte da história da minha vida: encontrei o meu namorado por acaso numa viagem de estudantes, ele diz que mal olhou para mim se deu um clique, eu não tenho essa certeza, mas a verdade é que a partir dum passeio de barco em Amsterdam em que estivémos de mãos dadas, ficámos ligados para sempre, à distância, com hiatos pelo meio, mas com muitas memórias boas e más no nosso baú.




Strangers in the night exchanging glances



Wondering in the night



What were the chances we'd be sharing love


Before the night was through


Something in your eyes was so inviting



Something in your smile was so exciting


Something in my heart told me I must have you



Strangers in the night, two lonely people



We were strangers in the night


Up to the moment when we said our first hello


Little did we know



Love was just a glance away


A warm embracing dance away



And ever since that night we've been together



Lovers at first sight, in love forever


It turned out so right for strangers in the night


Love was just a glance away


A warm embracing dance away



Ever since that night we've been together



Lovers at first sight, in love forever


It turned out so right for strangers in the night



FRANK SINATRA


Não posso dizer que a nossa história acaba tão bem como na canção, mas uma coisa é certa: desde então, estivémos juntos em muitos momentos da nossa vida, temos uma família linda em comum e somos amigos especiais mesmo que separados....

E isso é LINDO!

domingo, 27 de julho de 2014

Almoço de despedida

Hoje fizémos um almoço de despedida dos filhos e netos, que vão já na 4ª para San Francisco.

A ementa foi simples : Cozido com todos e natas do céu. Vinho alentejano.

Foto tirada pelo I'phone do meu filho João
Modéstia aparte estava tudo delicioso.
Foi feito ontem durante a tarde e noite. Hoje só cozi as batatas e fiz o arroz. As carnes estavam bem cozidas e tudo muito saboroso e comme il faut. As natas do céu deliciosas.

Já há mais de 30 anos que o cozido é o prato da família. Todos o adoram feito à minha moda, com vários enchidos, chouriço de sangue, morcela, chouriço de vinho e colorau, farinheira, pernil e orelheira, carne de boi e frango com batata, couve, cenouras e nabo, tudo cozido na mesma água. O arroz é feito com a mesma e enfeitado com chouriço.

Em geral sobra sempre de modo que dá para duas refeições. A sopa também fica deliciosa, é tipo "sopa de pedra"... :)

Depois do almoço, os meninos fizeram um show de musicais, danças e pantomima, de rir até chorar. O meu filho e a minha nora dançaram O Anel de rubi do Rui Veloso, relembrando o seu casamento há quase 14 anos. A Luisa cantou o Música no Coração, em que é exímia.

Por fim o meu filho sentou-se ao piano e tocou todas aquelas músicas que nos falam ao coração. Tanto o meu ex-marido como eu estávamos comovidos. Quando ouvi Strangers in the Night, não contive as lágrimas e os meus netos ficaram todos aflitos, mas depressa consegui manter-me na linha.

Há músicas, como esta,  que nos falam de toda uma vida, de toda uma juventude, de todo um amor romântico que foi e já não volta. É impossível ficar indiferente.

Ela vai aqui, essa música eterna.

sexta-feira, 25 de julho de 2014

A cidade adormecida


O público não existe nesta cidade.

Refiro-me aos serviços, em especial, aos transportes públicos.

Hoje fui de autocarro à Baixa e depois resolvi vir de metro + autocarro para casa. Das duas vezes esperei quase 20m pelo 200 e 204.
Olhei para o horário e verifiquei que ambas as linhas sofrem alterações durante as "chamadas" férias escolares. Em vez de passarem de 10 em 10m , passam de 20 em 20. Só os estudantes - porque pagam passes - têm direito a andar de transporte público, os restantes mortais são obrigados a esperar uma eternidade numa época em que está bom tempo, em que há muitos turistas, na estação em que as pessoas de idade saem à rua e o bulício é quase o mesmo.

As bichas nas paragens são descomunais e as queixas imensas: "Já há meia hora que estou à espera. Eles não passam. Está tudo em férias!"


Em contrapartida, à noite é o que se pode ver aqui neste texto. Uma pouca vergonha....transporte público especial para os meninos da "noite" ( movida), muitos deles com carro, motas ou boas pernas para andar!! Tudo para poderem beber à vontade e divertir-se até às 500s.

O Metro do Porto está em funcionamento contínuo durante toda a noite às sextas, sábados e vésperas de feriados. Durante os restantes dias da semana, mantém o horário normal de operação, entre as 6H00 e a 1H00. As linhas disponíveis no serviço nocturno são a Amarela (D) e a Azul (A), entre a Senhora da Hora e o Estádio do Dragão, ambas com frequências de 20 minutos. 

Uma cidade que tem 50% de gente já de idade avançada, que diz querer proteger os velhos, oferece-lhes um serviço público de miséria....

E nem sequer ao domingo lhes permite uma escapadela até à Foz. Nesses dias os autocarros são de meia em meia hora, quando os há!!!

quinta-feira, 24 de julho de 2014

A Imigrante

Já há muito que não via um filme tão triste e , ao mesmo tempo, tão belo! Música de Puccini, filme sem sorrisos e cheio de angústia. Que nos prende do princípio ao fim.



O nome dos actores levou-me a vê-lo logo que se estreou - hoje - antes de ler qualquer estapafurdice no Público ou no IMDB ou noutro site qualquer, que me toldasse a minha própria visão.

É um filme americano, mas que poderia ser italiano, segundo Luis M. Oliveira, um filme italiano dos anos 30 feito no seculo XXI. O décor, a filmagem, a cor, os rostos , os cenários, o ambiente nocturno e soturno fazem lembrar os filmes neo-realistas, mas como todos os filmes americanos - e ainda bem - há sempre uma réstea de esperança e de redenção para as personagens, aqui vítimas da 1ªGG que aportaram a Ellis Island depois duma viagem de martírio e de ansiedade.

O filme é Marion Cotillard e Joaquin Phoenix, Ewa e Bruno no filme.
As suas vidas cruzam-se, os comportamentos mudam e as ambiguidades recrudescem.
Para um, torna-se difícil coadunar a sua vida dúbia de proxeneta e o amor que sente pela imigrante que resgatou da deportação, para ela, a única ambição é salvar a irmã, doente em Ellis Island, e conseguir sobreviver num mundo cão e hostil.
O jogo de sentimentos e de palavras, de gestos e olhares é sublime.
O filme também me lembra os livros russos, o ambiente pesado de Ana Karenina ou de Crime e Castigo.
O realizador, James Gray, ele próprio descendente de refugiados russos que emigraram para os E.U. tem-se dedicado a fazer filmes sobre o mesmo tema, como Little Odessa e Duplo Amor.

Um filme do qual se sai para a luz do shopping com algum prazer.
A nossa vida com todos os dissabores e insatisfação está a anos-luz do sofrimento vivido por outras pessoas, nos anos 20 ou agora. Só temos de agradecer as nossas benesses.

quarta-feira, 23 de julho de 2014

Deambulações

Desde que os meus netos foram para Serpins para casa dos avós, tenho-me habituado à ideia de que este estado de coisas - a sua ausência - vai permanecer durante o próximo ano.

Não ouvirei bater bolas ou risos e gritos no pátio, não terei o meu neto mais velho a tocar-me à campainha dia sim, dia sim, não ouvirei o seu violino aqui só para mim, nem terei a sua companhia para ver os jogos de futebol, vibrando em conjunto e abraçando-nos quando o FCP marca golos. Também não verei os pequenitos a fazer desenhos para pendurarmos com ímanes no frigorífico, nem a reclamar os palmiers do Froiz. Ao fim de algum tempo habituar-me-ei a viver só no Campo Alegre, onde a alegria - a minha - será muito diminuta.
Nem skype , nem tm substituem a presença das crianças, os adultos bem podem tentar consolar-nos com estas baboseiras. A criança só existe a sério quando está, feliz, ao pé de nós.


Nestes dias procurei não pensar em ausência, mas sim na existência de lugares onde me sinto bem nesta cidade e que são bastantes, mau grado a degradação dos prédios, das lojas antigas, de locais carismáticos que foram morrendo irremediavelmente.

Hoje estive na Baixa e senti-me em casa, apesar de tudo.
Dantes ia lá muitas vezes e o metro nessa altura ficava à beira da minha casa, de modo que me punha no Bolhão em 10m. Há, ou havia,  lojas que me ficaram na memória, mesmo antes do Via Catarina e da Fnac.
Lembro-me, por exemplo, da discoteca Roma, com três andares de CDs convidativos, da Pollux cheia de objectos e roupa para casa ( ainda existe), duma pequena loja com roupa de criança em Santa Catarina, onde comprei muitas pecinhas para os meus netos bébés. Havia as Galerias Palladium, o Majestic, a Papélia com todo o manancial de papelaria super atraente, a Casa Forte, visita imperiosa antes das férias e a Casa Chinesa ( ainda existe) , onde me deliciava com os odores das especiarias e dos chás. O que resta? Não sei.

Hoje fui à Casa dos Linhos e verifiquei que se organizam lá cursos de trabalhos manuais. Na montra tinham peças expostas para venda e eram realmente lindas. Fiquei com vontade de saber mais sobre essa actividade, pois sempre adorei fazer trabalhos manuais e estar à volta duma mesa com pessoas criativas é uma experiência apelativa. Aliás já uma vez encontrei lá um grupo e pareceram-me muito satisfeitas e sorridentes.



Desci depois a Rua Sá da Bandeira toda, constatando que há quarteirões inteiros sem uma loja, mas com tapumes horríveis e muros de tijolos barrando as entradas e janelas. Um horror, até parece que o Porto foi bombardeado recentemente. Como é possível deixar degradar prédios lindos desta maneira? A Lei das Rendas dá-nos a resposta e a falta de civismo e cidadania também.

De que serve transformarem a Praça D. João I em recinto desportivo com sessões para pessoas de todas as idades a dançarem que nem tolos ao som de música altíssima, se à volta só se vê degradação?

Felizmente a minha loja favorita - Sousa Ribeiro - ainda não morreu e continua a oferecer tudo o que se possa imaginar em matéria de artes: telas, caixas de madeira, tintas, colas, pincéis, blocos de papeis, lápis de cor, aguarelas, um manancial saboroso para quem gosta de pintar. 

Sentei-me num sofá por uns intantes para descansar o joelho e olhei à volta. Adorava ter uma loja destas ou de poder usufruir deste ambiente de trabalho. Nos ateliers não há nada disto, só pessoas a tagarelar o tempo todo, a fofocar, sem respeito pelo acto criativo. Foi por isso que deixei há anos de pintar numa escola. Sei que isto poderá chocar os meus leitores , mas é o que sinto!

Antes de apanhar o autocarro para casa, resolvi almoçar numa churrascaria, onde o franguinho me soube pela vida. Só paguei 4 euros por tudo. Ainda há coisas boas nesta cidade.

terça-feira, 22 de julho de 2014

60.000 visitantes

Em ano e meio chegámos a este número magnífico ( para mim, claro...há blogues que têm mil leitores por dia e dezenas de comentários!!).

Fico feliz pois se escrevo, é porque alguém me lê. Ninguém escreve blogues se não houver interlocutores, penso eu. Seria demasiado penoso e ao fim dum mês desistiria.

Também há posts que ficam sem comentários, à vezes com pena minha, pois achava que mereciam algum reparo...mas são raros e, muitas vezes, dependem da hora e dia em que se escreve.

Mudei o visual. Não sei se fiz bem....mas se não gostarem, podem pronunciar-se...é fácil procurar outro que agrade mais.

OBRIGADA!

Poemas em foto-colagem

Ontem o meu irmão mais novo presenteou-me com uma colecção de poemas dele e não só. Também acrescentou alguns bem significativos de Torquato Luz, que confesso desconhecia. Sabia que eu estava a atravessar momentos menos bons - deve tê-lo pressentido, pois chegaram no momento certo.

Eis aqui os que ele me enviou desse poeta em três fases diferentes da noite.

Nem todos os barcos voltam à praia,
há sempre um ou outro que o mar envolve
na sua teia de algas e corais.
Sei de alguns que, uma vez partidos
com seus audazes marinheiros,
jamais regressaram.
Embora os jornais falem de naufrágios,
a verdade é que, cioso, o mar os guarda
para, intactos, um dia os devolver
a praias por haver.



Às vezes parece que o mundo desaba,
mas não podemos desabar com ele,
por mais que nos queime a pele
a sensação de que tudo acaba
ou está prestes a ruir.
Depois da chuva, a enxurrada
prenuncia a madrugada
que há-de vir.


Entre o cais de partida e o de chegada
deste mistério a que chamamos vida,
olhando em volta não se vê mais nada
que o nevoeiro da despedida.
Mal se nasce, inicia-se a contagem
do que temos de deixar
ao longo da viagem.
São contas de sumir, não de somar,
mais de perder do que de achar.
Mas não se tira vantagem
do que lançamos ao mar
e para se ser livre e ser inteiro
importa ousar romper o nevoeiro.


Torquato Luz

 Como não sei fazer poemas, resolvi agradecer-lhe com uma colagem de pedaços de rochas que fotografei na praia da Luz das diversas vezes em que lá estive. Gosto de cada uma destas fotografias, pois parecem quadros autênticos.

O efeito da água nas rochas seja antigo ou recente é duma beleza rara.
Será que a maioria das pessoas que se passeiam naquelas rochas e que têm o mau gosto de as "desflorar" a canivete têm a noção de que estão a alterar o que levou mais de mil anos a criar?


segunda-feira, 21 de julho de 2014

Expectativas

Vim agora da fisioterapia.

No café estavam muitos jovens almoçando e gozando do sol da esplanada em frente ao jardim Botânico. Está uma verdadeira tarde de verão, quente e um pouco abafada, pois não há vento. Cheguei a casa e senti.me bem, sem ansiedade, calma. É bom saber que os meus estão bem e que não precisam de mim, cada um na sua vida, os netos com os Avós em Serpins, onde passarão uns dias em contacto com a natureza.

Ontem perguntei-lhes quais as suas expectativas para a vida na América.
O mais velho só disse. "Espero aguentar a viagem até lá, Vóvó. já imaginou 15 horas seguidas num avião??" Estava um pouco céptico.
O do meio foi mais prolixo: "Só espero que não haja rufias! Sim, Vovó,  daqueles que chateiam os meninos mais pequenos nas escolas! " Fiquei apreensiva, pois alemães com americanos deve ser uma mistura explosiva, tudo à competição!! Desde que aceitem o meu Andrézito, tão diferente e creativo!! Depois acrescentou: "Ah, também espero que haja televisão em casa." Grande ambição, já que não a têm aqui.

Foi tudo. Nenhum deles sabe o que o espera e também não está muito preocupado, dado que já lá estiveram há uns anos e gostaram muito. Jogámos ao Scrabble, jogo de palavras, e rimos até às lágrimas, pois o Daniel resolveu fazer frases com as palavras que estavam no tabuleiro. Frases como esta : "A grua deixou cair o queijo, que voou para cima do lindo boi ". Só a imagem já é hilariante. Ri tanto que já me doía tudo!!

As minhas expectativas em relação a este ano são menos positivas.
Receio a solidão no inverno, a falta de crianças, de risos, de música, de exigência. Receio
 o silêncio em demasia...a ausência de cor...as tardes pardacentas...

Mas não quero dramatizar...olho lá para fora e as árvores estão dum verde que até fere. A luminosidade é enorme...dentro de meses estarão de todas as cores , o outono será multicolor...E irei vê-los, mesmo que a viagem seja insuportável.


Só depois virá o inverno do nosso descontentamento.

Aproveitemos os minutos todos

....até lá!

domingo, 20 de julho de 2014

A Foz da Vida


Tarde maravilhosa.
De manhã nada o fazia prever. Havia muitas nuvens e o boletim metereológico dizia que iria chover.

Mas não, como sempre enganaram-se redondamente e às 12 horas já se via um céu azul sem qualquer nuvem, luminoso como em todos os dias depois da chuva....em três dias, apenas, tivémos chuva copiosa, trovoada, nevoeiro cerrado, chuva miudinha, sol com núvens e céu limpo....quem é que pode entender este tempo de verão?


Queria ir à Feira do Livro da Foz, mas acabei por estar sentada na praia do Ingleses, tal era o calor e o conforto da esplanada. Almoçámos barato e contemplámos a vista. Aquela praia é um verdadeiro filme no verão. As cenas sucedem-se diante dos nossos olhos, os casais de turistas a subir às rochas, as raparigas esculturais que se deixam fotografar, as senhoras já entradotas que fazem o que lhes apetece e se sentem em plena liberdade, as crianças que entram e saem da água num abrir e fechar de olhos, as gaivotas a esgravatar os sargaços em busca de comida, e o imenso mar azul que se desdobra até ao horizonte.





Não há paisagem que mais paz me transmita...ao pé do mar, não sinto angústias...as pessoas estão felizes. E eu também.


Na paragem de autocarro, 3 velhotes conversam sobre os seus achaques com aquele modo tripeiro e rezingão a que me habituei, mas que, no início, achava atroz. Parece terem sempre razões de queixa, compreendo as suas razões, envelhecer é muito triste.

É triste chegar a foz da nossa vida.



Carmina Burana


Há quem lhes chame suite, cantata,  ópera, poema....


Sejam o que forem, formam uma das mais belas peças musicais de sempre, fazendo vibrar as audiências em todo o mundo desde que foi composta por Carl Orff em 1937. No seu nome primitivo destaca-se o facto de serem canções seculares para cantores e coros em conjunto com instrumentos e imagens mágicas.

A obra assenta em 24 poemas medievais escolhidos duma colecção de poesia latina escrita pelos goliardos e que remonta aos século XII e XIII, chamada "Carmina Burana". O nome significa literalmente Canções Beuern, referindo-se ao mosteiro Benediktbeuern onde os manuscritos forma encontrados.

A maior parte da estrutura do trabalho é baseado no conceito da Roda da Fortuna. A alegria torna-se em amargura e a esperança em luto.



Ontem ouvi-a já pela 4ª ou 5ª vez no Coliseu do Porto.

Há uns 28 anos, o Círculo Portuense de Ópera apresentou várias récitas coreografadas, num espectáculo duma beleza e vigor inesquecíveis.

O meu filho João que, na altura tinha uns dez anos, participou nela com outros miudos do Colégio alemão e durante semanas não se ouvia outra música em casa. Ficaram-me no ouvido vários poemas, todos eles melódicos e ritmados, capazes de seduzir qualquer pessoas, mesmo as que não gostam de música clássica em especial.

Ontem revivi esse momento, ouvindo de novo a cantata, desta vez em concerto com dois coros magníficos , o Cor Jove de l'Orfeó Català e o Ensemble Vocal Pro Musica a que se associou o Cor Junior do Curso de Musica Silva Monteiro, do qual faz parte o meu neto Daniel, seguindo as pisadas do seu Pai.

A interpretação foi notável a todos os níveis numa sala apinhada e pouco propícia ao silêncio. O Coliseu é uma sala emblemática, mas não oferece a qualidade duma Casa da Música e em geral, não me satisfaz em termos acústicos. Desta vez, apenas os microfones dos vocalistas estavam um pouco desfazados, o resto foi excelente e os coros e orquestra minimalista harmonizaram-se na perfeição.

No final todos estavam de pé, ouviram-se gritos de Bravo, assobios de aplauso, palmas, etc. Tudo em delírio. Infelizmente não deram encores :).

O meu neto todo vestido de negro parecia um adolescente apesar de só ter 10 anos. Os olhos brilhavam de felicidade e deu-me um abraço no final que dizia tudo.


Fica aqui o poema mais conhecido : Fortuna. Impossível não me virem as lágrimas aos olhos ao ouvir esta peça transcendente.



sábado, 19 de julho de 2014

Sem inspiração

Não me tem apetecido escrever. Ando na mó de baixo, sempre a oscilar entre o anseio e a depressão ou tristeza. Já só faltam dez dias...

Alegro-me com a presença dos meus netos aqui ou nos seus eventos musicais - hoje o Daniel vai cantar na ópera Carmina Burana no Coliseu e o André dançou no musical Música no Coração no Teatro Helena Sá e Costa - mas depressa me vem à cabeça a noção de que estes são dias contados até eles partirem para o outro lado do oceano, mais longe do que "cascos de rolha" como diz o avô dos meus netos. Quero lá ir, mas tenho receio de tanta coisa....

O mesmo se passa com a minha filha. Adoro ouvir o seu Boa noite, Mommy ou o seu riso enquanto vê vídeos no laptop, mas de noite imagino que estou sozinha e a casa parece-me enorme sem ela...queria que Setembro não chegasse....

Ainda por cima chove....uma chuva outonal e triste que até faz esquecer o mês em que estamos. Dantes, Julho era tórrido, a minha Mãe fazia anos e íamos jantar ao Ginjal na Outra Banda, atravessando o rio de barco ao fim da tarde....era o tempo da canícula....

Até na Praia da Luz chove. Ligo para o beachcam e vejo a praia em directo no meu Ipad. É como se estivesse lá, espantoso. Poucas pessoas na praia, as bandeiras viradas a oeste donde vem o vento e mais chuva. As palmeiras agitam-se desenfreadas. Pouca sorte para quem está de férias. Não me lembro de apanhar chuva naquele local....

Ficam-me as recordações recentes da estadia em Ofir, que foi linda e calma....o sorriso do meu neto querido, os banhos na piscina, os pores do sol, os jantares opíparos e até a telenovela vista pelos dois...


Pela primeira vez, tenho vontade de saltar um ano da minha vida e, de repente, acordar no dia 24 de Junho de 2015... quando todos voltarem, felizes e me abraçarem de novo.

quarta-feira, 16 de julho de 2014

Ai Ofir, Ofir....

Todas estas praias do Norte sofrem do mesmo mal....ou sopra a nortada ou está um nevoeiro cerradíssimo, que impede de ver um palmo a diante do nariz. O meu marido costumava dizer: manhã de nevoeiro, dia bom de praia!! Quando ? Às seis da tarde, perguntava eu!

Duas manhãs quase perdidas. Na praia não nos deixam tomar banho, ontem ainda fizémos uma tentativa , mas ao fim de 15m, veio o banheiro a confirmar que bandeira vermelha significava proibição de banhos ( como se não soubéssemos) pois não se podiam ver os banhistas no mar nem com binóculos ;-).

À tarde já a bandeira estava verde, mas preferimos a piscina...e passámos aí umas boas horas mergulhando numa água fresquinha, mas revigorante. Depois do jantar foi um êxtase, que já na véspera tínhamos sentido. Os pores do sol nesta praia são sempre especiais e uma magia qualquer invade o ar.


Anteontem andámos mesmo na praia, apesar de algum vento, o meu neto e a tia às corridas todos contentes, a esconderem-se nos toldos coloridos da Olá, que em boa hora salpicou este areal de pontos multicolores. Com o sol poente ficam iluminados por dentro.

  Ontem tia e sobrinho foram jogar bowling depois do jantar, eu preferi ir contemplar o pôr do sol. A tarde estava serena, sem vento e ate um gatinho se aproximou contemplativo. Todo o horizonte estava róseo, reflectindo na espuma deixada na areia. Nenhuma foto pode competir com a realidade, mas procurei tirar algumas panorâmicas....


Hoje o dia acordou igual ao de ontem. Há gotinhas no ar, a humidade é de 100%, nem sequer apetece andar sem camisola. A temperatura deve rondar os 20º sem sol nenhum. São 11 horas, pode ser que entretanto abra, mas às 13 temos de ir embora com o meu filho que nos vem buscar.

Gostei mais da estadia em Fevereiro. Não havia piscina, mas a temperatura era amena sem vento e passámos horas na praia sem ninguém, com um espelho de água sem igual....

Sou pobre e mal agradecida......o meu neto está tristíssimo de nos irmos embora, coitado!! É uma joia....

terça-feira, 15 de julho de 2014

A queimar cartuxos

... mas a queimá-los com prazer, aproveitando cada minuto como se fosse único.

Ontem os meus meninos passaram parte da tarde comigo - para a Mãe poder tratar das coisas ( tantas!) antes da partida para Palo Alto.
Resolvemos ir ao Botânico, onde já não ia há muito. Que felizes eles estavam.
O Daniel até me disse que alguns textos da prova de português que teve de fazer este ano eram escritos por Sophia, falou-me da Menina do Mar e do Rapaz de Bronze. Só não sabia era o fim das histórias, de modo que contei-lhas por alto para que um dia ele as venha a ler e gostar.
Também estivémos a ver se eles ainda se lembravam do nome das flores, mas aí foi falhanço total: agapanto saiu aga-pito, lan-tana saiu lamkarai ( prato indiano), buga-nvilia saiu buga-buga, jaca-randá saiu jaca-ta´!! Ri-me até chorar!!

Os mais pequenitos resolveram subir à Árvore, a que eles chamam de sua, pois é mesmo feita para se trepar de ramo em ramo, com uma margem de risco mínima. O mais intrépido é o André, que se eu deixasse subia até ao cimo de tudo, tal é a sua ânsia de conquistar e ousar. O mais pequeno também conseguiu subir com a ajuda do mais velho e em breve estavam os três a dominar o mundo do alto dum carvalho ou coisa que o valha, francamente não sei de que árvore se trata, pois não tem lá o nome. Fomos depois comer um gelado juntos, antes de os levar a casa, onde conversei longamente com a minha nora e filho sobre a ida deles.
Vista parcial da varanda do meu quarto
Conto ir passar uns 20 dias à Califórnia. Só espero que tudo corra bem. Irei com o meu filho quando ele tiver que vir à Europa o que acontecerá amiúde, dado que o trabalho das empresas e da Universidade exigem a sua presença.

Hoje vim para Ofir, a minha segunda praia de eleição. Castelejo tb é, mas essa pertence a outro campeonato :)

Não fora o vento, considerava esta praia, uma das melhores do mundo. Um areal imenso, com dunas intermináveis, sem casas, um hotel simpático com piscina aquecida cá fora, um jardim descomunal, courts de ténis, bowling, tudo pelo preço de um hotel de *** em Lisboa. Adoro estar aqui, já é a sexta ou sétima vez que cá passo.
E no meio disto tudo um pinhal com pássaros que cantam a sério à volta da piscina, turistas felizes com crianças educadas....

Vista parcial da praia de Ofir
Quero aproveitar o tempo que me resta. Nunca tive grande ambição de gastar dinheiro desmesuradamente, sempre poupei o mais possível, concedendo aos meus filhos todas as ambições a que eles aspiravam,  Erasmus, estudos de música, universidade católica, ajuda para compra de casa, carro, viagens, cursos de férias, tudo o que eles mereciam...

Não tenho remorsos; agora que eles já estão "arrumados" ou quase, posso gastar comigo alguma coisa. Acho que mereço.

Amanhã irei à praia, hoje estava demasiado vento e areia voava...mas amanhã vai estar melhor e não quero deixar de gozar do mar imenso que aqui se estende por kms e kms....até encontrar o rio  Cávado, que o vem beijar...

domingo, 13 de julho de 2014

Happiness is looking forward to


Hoje acordei tarde pois não consegui adormecer até às 4 da manhã. Não foi o jogo que me excitou, nem a companhia do meu filho e neto, nem a telenovela que estive a ver com ele. Nem foi a visão da lua cheia lá fora, clara, iluminando as árvores da avenida e do jardim Botânico. Penso que não foi a angústia de estar sem filhos e netos a partir de Setembro.

Ontem estivémos a escolher o  alojamento da minha filha em Leeds, tarefa que é sempre entusiasmante, como se da primeira vez se tratasse.
Da Universidade enviam o nome dos homes possíveis e depois comparamos as localizações, os preços, os quartos, etc. Com o Google Maps vê-se tudo, os edifícios, as distância para a Universidade, as ruas a percorrer, tanta coisa que depois fica na nossa memória a remoer. Quero tanto que a minha filha seja feliz e que desta vez, consiga mesmo acabar o mestrado em legendagem e arranjar um emprego, uma ocupação, cá ou lá...



É isto que não me deixa dormir...por vezes.
Acordei calma e com desejos de estar em casa, sossegada, pintar, sonhar, cozinhar....sei lá....

O meu filho já regressou à comarca, estas semanas são para acabar coisas importantes e, embora as férias devesse começar no dia 15, teoricamente começarão no dia 30, tendo ele que voltar lá três dias em Agosto para efectuar o turno.

Se o vejo fora dali noutra comarca, até julgo que é mentira. Aquela terra é asfixiante, embora bonita, o meio muito fechado e os acessos terríveis. Tenho esperança de que a próxima, Melgaço, seja bem mais agradável e acessível, mas nunca se sabe o que nos espera antes de experimentarmos. Para já nem casa tem lá!

O filme da vida dos meus filhos passa constantemente na minha retina e , embora eles sejam todos maiores e vacinados, não consigo deixar de pensar nas mudanças que tudo isto provocará nas nossas vidas. Nas deles...e na minha.

Mas tenho de pensar e repensar : um dia de cada vez....

sábado, 12 de julho de 2014

Viver não custa....

Hoje estive todo o dia com os meus queridos e a pensar que daqui a 2 meses nenhum aqui estará.
Bebi cada minuto como se fosse um dos últimos.
Pode parecer dramático, mas é o que sinto, maré cheia, maré vaza...ansiedade e plenitude.

Ficam aqui fotos do pôr do sol na Foz, sempre belo...e aqui tão perto. Cheirava a maresia, não havia pinga de vento, silhuetas no molhe, 6ª feira à noitinha cheia de promessas...





quarta-feira, 9 de julho de 2014

Consumismo é bom :)

Há alturas em que precisamos de consumir para nos sentirmos mais felizes. Ontem foi um desses dias. Depois de um período de reflexão após a festa da família e troca de emails com o meu mano mais novo, fiquei inquieta e com necessidade de espairecer.

A minha filha há muito que queria ir comprar um Ipad para levar para Inglaterra e eu também me sentia tentada a adquirir um, dado que não tenho smartphones nem Iphones e viajo bastante.

Fomos ao Gaia shopping, onde só tinha ido uma vez na vida. Gostei, é muito airoso, cheio de lojas giras - o meu querido C&A, onde comprei uma blusa e uma camisola por tuta e meia - lojas de casa, farmácia, restaurantes, etc. Almoçámos por ali, um churrasco mal amanhado ( é raro gostar da comida nos shoppings), e démos uma volta, indo então à loja da Apple, onde fomos atendidos muito bem. Os preços são sempre caros, mas o atendimento merece que se vá lá, em vez de comprar na Fnac , onde o empregado nos tratou mal. Depois de muito experimentarmos, optámos pelos Air, que são mais leves que o tradicional Ipad. Viémos satisfeitas como duas crianças que acabam de receber um prémio por algo que fizeram. Esta foi a paga pelo nosso trabalho deste ano que não foi desprezível, bem pelo contrário.

Em casa, fiquei um pouco baralhada com o sistema touch, é tudo digital e faz impressão no início, mas o meu filho que passou por cá para buscar os meninos depois do futebol, esteve-me a formatar e a carregar várias aplicações interessantes, como revistas, música, etc. Ele percebe muito do assunto e para mim é ideal. Dizem que para pessoas de idade, estes iPad são muito fáceis de manejar, mas tenho algumas dúvidas!!!

O jogo foi demolidor para o Brasil, de modo que ficámos todos um pouco KO, sem querer acreditar no que se estava a passar. Até o pequenino dizia. Nunca vi tantos golos!!! Realmente, o Brasil conseguiu fazer esquecer o nosso falhanço...o povo deve estar destroçado, tanto dinheiro gasto e nem seque uma alegria e razões para sambar!

Os dias estão lindos...luminosos, parece que o verão chegou finalmente!

domingo, 6 de julho de 2014

O valor da família

Ontem fui à nossa festa de verão.

Em geral reunimo-nos todos depois do Natal e num dos meses de verão. Desta feita, foi na casa da minha Irmã na serra da Boa Viagem,  numa localização invejável com uma vista lindíssima para a praia da Figueira e pinhais da serra. A viagem é curta, embora para o meu neto mais novo seja uma "seca" e ele fique "todo partido" na parte traseira do carro, que pode levar dois banquinhos. Protestou , mas aguentou, que remédio!

A casa foi construída em 1978, entretanto adicionaram um anexo rente ao jardim que tem uma sala grande e até uma kitchenette, onde se pode encontrar tudo o que é preciso, e dispôr a comida que cada um traz de casa.

A piscina é grande e muitos foram os que se deliciaram a tomar banhos e a jogar à bola, a mergulhar e refrescar-se ( embora o dia estivesse fresquinho, q.b. ). O sol fez uma aparição fugidia, mas durante uma hora esteve uma temperatura muito agradável.

Gosto mais destas festas de verão do que da do Natal, pois os miúdos entretêm-se, não há a cerimónia das prendas, levam-se apenas umas sobremesas, bebidas e pouco mais. Não há música, pois os miudos estão sempre a jogar ou a tomar banhos e os mais velhos a pôr a vida em dia. Há tanto que dizer, tantas notícias a dar, tantas "artroses" de que falar, viagens, planos de futuro, casais que mudam de vida, concertos e eventos desportivos, é um nunca acabar de conversas díspares, retalhos da vida duma família feliz.

Passámos 7-8 horas ao ar livre com tempo para tudo. Até para dormir sestas em pleno relvado!!

É óptimo encontrar a família toda - somos 70 e tal, mas estávamos uns 50 dos 11 meses aos 72. Há sempre uns que trabalham, outros que têm compromissos, outros que não alinham ( muito poucos).

Quatro gerações já! Já há um bisneto ( que seria trisneto dos meus Pais) e uns vinte miúdos dos 12 anos para baixo, como os meus netos. Estes estão numa idade encantadora, tudo é divertido para eles, piscina, jogos tradicionais, caça ao tesouro,  estafetas, peddypapers e até ver o futebol na TV - com comentários de rir e chorar por mais, vindos da geração dos 30-40, que é a mais numerosa e já começa a ter menos frescura, mas não perde o sentido de humor que caracteriza a nossa família.

Estávamos sete irmãos, infelizmente o meu irmão mais novo não se associou ao evento por razões particulares.

Comoveu-me imenso estar com o meu Irmão mais velho, que é sempre o elo mais forte.
Enquanto ele estiver, nós as "manas" como nos chamamos, estamos debaixo dum guarda-sol e há mais coisas que nos unem do que nos desunem. Depois de algumas desavenças devido às partilhas, a idade e o bom senso imperam e temos todos a noção de que a vida é curta e os bons momentos são raros e cada vez mais preciosos.

O meu neto ainda veio para minha casa à noite para ver o jogo Holanda-Costa Rica, mas adormeceu a meio, de cansado. Hoje vai cantar na récita do Coro Silva Monteiro no Rivoli, de modo que o levei para casa antes do jogo acabar.

Enquanto houver Família alargada, não estarei só, mesmo que todos vivam a uns kms de distância...

Como dizem os ingleses " blood is thicker than water" ( o sangue é mais espesso que a água). É verdade....