sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

Ideal de beleza

Hoje tomei um duche sem dificuldade pela primeira vez depois da operação. Pedi à minha filha que estivesse por perto para o caso de eu precisar de ajuda, mas ela só teve de me enxugar bem as costas junto ao penso impermeável.

Nunca gostei de me expor em público, mesmo na praia, sempre usei fatos de banho completos, que me tapassem as gordurinhas e pneus de que não me consigo desfazer. Ando à vontade de fato de banho às vezes até o dia inteiro, mas prefiro usar algo mais por cima dele.

Admiro os corpos esculturais que vejo na TV ou mesmo no ginásio onde ia regularmente. Invejo as mulheres que conseguem manter as suas formas intactas....





Neste momento sinto-me mais próxima dos ideais de Degas, nos seus quadros Les Baigneuses, do que dos modelos esguios de Modigliani!!
Espero não me vir a parecer demasiado com as beldades de Rubens ou, terror dos terrores, ficar como as damas de Botero.
Adoro as esculturas de Moore, mas detestaria ter a cabeça pequenina e o corpo desproporcionado.

É claro que todo o corpo é artístico. Mesmo com vértebras presas por tiras de titânio.

E há quem goste de nós e nos ache bonitas. Chega para nos sentirmos felizes.

quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

Ressaca

Estou em casa, rodeada das minhas coisas junto à janela virada para o Botânico, verdejante de camélias, no meio dos troncos esguios do inverno.

Sinto-me bem, apesar do incómodo da operação, a cinta apertada e a constipação que apanhei no bloco operatório. Os problemas respiratórios que tive depois de acordar já reflectiam essa condição, pois sentia o nariz completamente entupido e falta de oxigenação. Dormi toda a noite com oxigénio e na 3ª já estava bem, o que me fez querer vir para casa.
O cirurgião disse-me que todos os valores das análises ao sangue estavam excelentes, assim como a tensão arterial, e que me dava alta.

Só estive 28 horas internada e pareceu-me um século. É muito melhor estar em casa, mesmo que sozinha por algumas horas.
Não pareço, mas sou muito calma quando se trata de saúde e faço tudo direitinho, sem pânicos, nem pieguice. Já passei por muito em termos de intervenções cirúrgicas, partos, etc. Adquiri um savoir faire que é útil nestas ocasiões.

Faz-me falta passear a pé, mas para já não posso, ainda estou muito combalida e a constipação não ajuda. Ando dum lado para o outro em casa... e descubro CDs e livros de que já nem me lembrava.

Nesta experiência, cuja expectativa me atormentou durante semanas, o mais comovente foi receber a visita do meu neto na 3ª feira,  munido de um ramo de flores compradas por ele com a sua mesada. Ninguém as encomendou, foi de sua livre iniciativa... aos doze anos, compreendeu que a Avó ficaria deliciada com a ideia. E acertou em cheio.

domingo, 24 de janeiro de 2016

A caminho do voto

Daqui a nada vou votar.

É um voto pouco convicto, ainda que pensado.

Alguém disse : Nunca se vota por, mas contra alguém.

Nada é mais verdade para mim. Hoje vou votar contra os outros.

Não porque acredite plenamente na pessoa em questão, mas porque acredito na inteligência e no bom senso, acima de tudo. E acredito em Portugal.

Carismas estão fora de questão nos tempos que correm.....

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Pintei este quadro ontem...chamei-lhe Ressurgir



Amanhã a estas horas devo estar a dormir na sala de operações. Espero acordar.

Depois apareço por aqui.

Bom Domingo e semana!

terça-feira, 19 de janeiro de 2016

Inspector Morse revisitado


A Fox Crime especializou-se há meses em séries inglesas de cariz criminal. Infelizmente, não simpatizo com os romances de Agatha Christie - nunca gostei - nem com as séries da BBC que poderão ser obras primas, mas não me seduzem por mais que me esforce. Também não gosto das séries Blue Bloods ( americana) ou Midsommer Murders.


Adorava Inspector Lewis e depois a que se seguiu Inspector Gently, mas destas só transmitiram as primeira temporadas, não sei porquê.

Ontem começou Inspector Morse, que precedeu a primeira e também se passa em Oxford nos Colleges e em ambiente universitário. Não desgostei do 1º episódio, embora a história fosse um pouco confusa e o inspector muito pouco convencional.

Inspetor Morse” é uma série baseada nas personagens criadas pelo autor de best-sellers Colin Dexter e, durante a sua emissão, conta com participações de luxo como Sir John Gielgud, Simon Callow, Sean Bean, Rachel Weisz, Lisa Eichhorn, Zoe Wanamaker, Jim Broadbent e Brian Cox assim como tem famosos e brilhantes argumentistas e realizadores como Anthony Minghella, Danny Boyle, Adrian Shergold e Antonia Bird.
A série começou a ser emitida em 1987 e caracteriza-se como uma série criminal e de mistério baseada nos romances com o mesmo nome. A trama segue as entusiasmantes investigações de Morse, o detetive com um bom ouvido para a música, um gosto por cerveja e um faro para o crime. Juntamente com o sargento Lewis, vai resolver todos os casos intrigantes de Oxford.

Em 1987, quando foi transmitida pela primeira vez, teve audiências de milhões e Inglaterra e ainda hoje continua a ter sucesso. Hoje vou ver o 2ª episódio ( de 120 minutos) e espero ficar fã.

Se quiserem ver é todos os dias às 23.10.

domingo, 17 de janeiro de 2016

Dolce farniente

Oiço a Venice Classique Radio via blogue O Livro de Areia, o melhor blogue que encontrei até agora na nossa língua....esotérico, elitista, sofisticado, um verdadeiro tesouro escondido na arca que é o ciberespaço. O seu autor, Mário Gonçalves, é um erudito, curioso, viajado e fotógrafo exímio.
Não me canso de o ler, mas nem sempre o meu comentário está à altura, pois sou terra-a-terra e tenho de me pôr em bicos de pés para lá chegar. O Mário é daquelas pessoas que eu gostaria de ter encontrado na minha escola.... só nos vimos uma vez de raspão na Casa da Música e foi ele que veio ter comigo, pois nunca o teria reconhecido na multidão. Sou fã incondicional do seu espaço.
Oiço peças novas, como esta Die Romantiker de Joseph Lanner, que desconhecia. Foi um precursor da valsa em Viena.

A vantagem de estar sozinha em casa é que posso fazer o que me apetece. E hoje apetece-me viver a vida ao contrário. Tal como esta árvores fotografada em Serralves, estando eu deitada na relva a olhar para o céu.


Levantei-me às 2 da tarde - sim, às 2 - não me apetecia sair da cama, ouvia os meus netos lá em baixo no pátio a jogar futebol e a gritar uns para os outros, mas nem isso me fez sair da cama. Estava quente e não tinha dores, o que há de melhor??

Ontem saí, passeei no Botânico, enchi baterias, tirei fotos, fiz uma tarte de amêndoa que o meu filho gosta muito, vi futebol na TV, cozinhei com a minha filha o jantar tradicional de bifes com batatas fritas e molho de cogumelos com natas.
À noite ainda estive a ver os impagáveis Governo Sombra e os cabotinos do Eixo do Mal, confirmando a minha indiferença pela política, mormente sobre estas presidenciais que nada de empolgante nos trazem e me enchem de fastio.
Quando me deitei pelas 3 da manhã, depois de me ter deliciado com 2 episódios de Mozart in the Jungle, não tinha sono nenhum...só adormeci pelas 4...

Hoje está cinzento de chumbo, um céu igual e monótono, típico de inverno.
Ouvem-se as gaivotas a piar na Casa Andersen. O mar deve estar bravo...

Mudei para o Mezzo. Transmitem a Missa de Bach, uma das mais lindas peças que conheço. Esta é que faz mesmo acreditar em Deus... na paz, na bondade, na beleza...

Vou acender a lareira, continuar a ouvir música e a ler... happiness is doing whatever you please!



sábado, 16 de janeiro de 2016

Winter


E no meio de um inverno eu finalmente 

aprendi que havia dentro de mim 
um verão invencível.


A. Camus








sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

Mozart in the jungle, série premiada


Vi a cerimónia da entrega dos Globos de Ouro na SIC Caras e gostei.
Não houve interrupções com palavreado em português a cortar o diálogo em inglês, poucos intervalos, comentários inteligentes dos dois comentadores, que eu não conhecia, mas que me pareceram conhecedores do tema, simpáticos sem ser pomposos, que é uma característica de muita gente da TV, hoje em dia.

Os Globos de Ouro que são, em geral, votados pelos media nos EU, contrariamente aos Óscares que pertencem à Academia de Hollywood, não se cingem aos filmes, abrangem séries longas ou curtas da TV anglo-saxónica. São atribuídos inúmeros globos a actores e actrizes de séries que vemos nas Fox, ou na TVseries ( um óptimo canal para ver séries), assim como um prémio aos realizadores e produtores das mesmas. Torna-se por isso mais aliciante. O apresentador Nick Gervais ( da série The Office , versão britânica) é hilariante e cáustico, nem sempre muito cordial para com a audiência que se ri com riso amarelo ou então esboça desagrado. Também há quem aprecie este tipo de humor.


Este ano, causaram sensação duas séries, que quero ver impreterivelmente: Mozart in the Jungle e Mr. Robot, ambas americanas da Amazon.com.

Consegui obtê-las através do meu filho e já vi seis episódios da primeira.

A série é super original porque engloba o mundo da música clássica do princípio ao fim. Baseado no romance de Blair Tindall, traduzido pela Bertrand, que estou a ler em formato Kindle, debruça-se sobre a vida de músicos da Filarmónica de NY, em especial do seu novo maestro Rodrigo ( uma cópia do tão falado Gustavo Dudamel, que parece ter dado grande apoio para a composição da personagem), as suas excentricidades a par do seu génio artístico, os escândalos atrás nos bastidores, a ambição de uma oboísta jovem e bonita, o embate com a sociedade musical nova-iorquina, etc. A música de fundo é quase sempre clássica, as interpretações excelentes e os episódios leves - com apenas 30m. Aconselho a todos os que gostam de algo diferente, produzido pela Amazon e não pelos habituais HBO ou BBC.

Fica aqui um trailer aliciante:

quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

Os blogues e a lenda de Narciso

Gosto muito de blogues com reflexões sobre a nossa vida, mesmo quando entram em intimidades ou revelam introspecção profunda.

Há blogues que me encantam pela escrita escorreita, imaginação ou mesmo ficção. Outros há que me apaixonam pelos conhecimentos e estudo que revelam sobre História, Geografia, Música ou Artes. Também há blogues interessantes pela sua originalidade. Poderia dar exemplos, mas prefiro não o fazer.

Não gosto nada de blogues em que o auto-elogio é constante, ou seja, inconscientemente, o autor faz sempre o relato ou a apreciação dos seus actos com pormenores a mais, quase sempre fishing for compliments, como dizem os ingleses, ou seja, à espera de um feedback positivo da parte dos seus leitores.  O meu poderá eventualmente incorrer nestes erros de que me penitencio desde já.

Num livro, os autores são livres de exprimir o que querem. Em geral, as críticas só vêm meses depois e não são um apêndix dos livros, a não ser as altamente positivas, escritas na contracapa como publicidade.

Num blogue, os comentadores podem criticar opiniões, posições políticas e até a escrita dos autores, mas não é muito frequente criticar as intenções de quem escreveu as entradas. As pessoas levam a mal que alguém leia o seu blogue e expresse um juizo de intenções. Acham que estamos a beliscar  seu ego ou a censurá-los indevidamente. Aconteceu-me esta semana com um blogue que leio sempre e comento.

Quanto mais percorro a blogosfera, mais me convenço de que ela não é mais que um espelho, onde todos nos miramos à espera de ver uma boa imagem de nós próprios. Vem aqui a propósito contar

A Lenda de Narciso



Filho do deus Céfiso, protector do rio do mesmo nome, e da ninfa Liríope, Narciso era um jovem dotado de uma beleza singular. No dia de seu nascimento, o adivinho Tirésias vaticinou que Narciso teria vida longa desde que jamais contemplasse a própria figura. Com a sua beleza atraiu o desejo de muitas ninfas, entre elas Eco, a qual foi repelida. Desesperada, esta ficou doente e pediu à Deusa Némesis que a vingasse.
Narciso, durante uma caçada, fez uma pausa junto a uma fonte de águas claras. Olhando-as, viu-se reflectido nas águas e supôs estar a ver outro ser. Paralisado, nunca mais conseguiu desviar os olhos daquele rosto que era o seu. Apaixonado por si próprio, Narciso mergulhou os braços na água para abraçar aquela imagem que não parava de se esquivar. Torturado por esse desejo impossível, chorou e acabou por entender que era ele mesmo o objecto do seu amor. Ficou a contemplar a sua imagem até morrer. A flor conhecida pelo nome de Narciso nasceu, então, no lugar onde morrera.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

RIP , David Bowie



Não era um dos meus favoritos, mas como todos os cantores anglo-saxónicos da minha juventude tinha uma auréola especial. Lembro-me que nos primeiros manuais que fizémos, lhe dedicámos um texto biográfico, a par de outros sobre John Lennon, Elton John ou Sting. Pertenciam à mesma geração, cantores que nunca deixámos de ouvir, viessem as bandas que viessem...

Quando vejo estes a partir - David Bowie tinha a minha idade, era um babyboomer como eu - sinto uma certa angústia, apesar de o meu filho me assegurar candidamente que ainda tenho 30 anos para viver e que devo vivê-los bem!
O próprio cantor disse aquilo que eu penso muitas vezes:

“Há muita gente que parece querer ser imortal… Andamos atrás de quê, exatamente? Quem é que quer arrastar-se, velho e decadente, até ter 90 anos? Só por uma questão de ego? Eu seguramente não quero.”

Nunca será velho e decadente.
Ficarão connosco centenas de canções que criou, personagens que encarnou,  assim como imagens camaleónicas que foi apresentando nos seus espectáculos ou video-clips.

Para onde foi... I wonder...


sábado, 9 de janeiro de 2016

A felicidade

Anda a circular nas redes sociais o vídeo duma conferência dada em Harvard pelo professor Robert Waldinger. Nela, ele apresenta os resultados de estudo ao longo de 75 anos sobre a felicidade e os factores que contribuem para ela. Muito interessante e acessível, mas não inteiramente real, na minha modesta opinião.


"As pessoas que têm boas ligações sociais com a família, com amigos e com a comunidade são mais felizes, são fisicamente mais saudáveis e vivem mais tempo...o que conta não é só o número de amigos, mas a qualidade das relações...as boas relações protegem o corpo e o cérebro...uma vida boa constrói-se com boas relações."

Teria muitos argumentos para contrapor a esta conclusão do estudo.
Há momentos na vida em que as relações sociais são muito importantes, mais do que a saúde ou o dinheiro. Em adolescentes, em geral não temos grandes problemas de saúde, nem precisamos de ganhar a nossa vida, queremos é dar-nos bem, socializar, sentirmo-nos integrados, alimentar o nosso ego, sermos populares.


Hyde Park- Leeds










Mais tarde, relativizamos melhor os elos sociais. E até passamos bem sem pessoas que nos eram próximas no local de trabalho. Podemos viver em contacto com duas ou três pessoas com quem contamos para nos ajudarem, mas não somos dependentes delas para nos sentirmos felizes.

Nos EU, as mulheres não querem viver sozinhas duma maneira geral. Mal se separam, ficam numa ânsia para arranjar novo namorado, marido ou companheiro.
Não me parece que isso traga felicidade, pelo contrário. É uma insatisfação permanente. Quer-se sempre mais e mais.

Pessoalmente, não trocava uma tarde aqui à lareira a ouvir os Adágios barrocos  por uma ida à esplanada ou café com "amigas", entabular conversas circunstanciais, falar e ouvir pessoas a falar das suas vidas. Ao fim duma hora já estaria cansada delas e ansiosa por estar só.




Sempre fui muito solitária nas minhas escolhas, nos meus passeios, nas deambulações pela cidade, mesmo quando era jovem e vivia em Lisboa. Adorava flanar nas avenidas novas, no Saldanha ou na Baixa e preenchia o pouco tempo livre que tinha nas livrarias da cidade.  Aqui no Porto, saía sempre sozinha, percorria Cedofeita duma ponta à outra, ia ao Britânico ver a biblioteca, à editora, nunca me perturbou andar na rua sozinha. No ano passado fiz tudo sem a família que estava longe. Até quando ia ao ginásio, o fazia sozinha. Nada melhor do que nadar na piscina sem ninguém. Claro que sentia a falta dos meus meninos, mas isso não me tirava a vontade de viver, nem me dava depressão.

O que não compreendo é que se possa ser plenamente feliz rodeado de gente por todos os lados.


Deus nos dá pessoas e coisas, 
para aprendermos a alegria...
Depois, retoma coisas e pessoas 
para ver se já somos capazes da alegria
sozinhos...
Essa... é a alegria que ele quer

Guimarães Rosa



sexta-feira, 8 de janeiro de 2016

Dia do Fotógrafo



“Não fazemos uma foto apenas com uma câmara; ao 

acto de fotografar trazemos todos os livros que lemos, 


os filmes que vimos, a música que ouvimos, as pessoas 


que amamos.”


Ansel Adams.


Foto tirada em El Grove- Galiza - em 2009

quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

A chuva

Tem tendência para me deprimir quando é continuada, cinzenta, sem brilho, monótona....



Em Inglaterra, há períodos de nuvens e sol, a chuva é curta, as temperaturas baixas, por vezes neva. Mas o céu apresenta mil e umas cores, há arco-íris e o sol quando aparece é prateado, os pôres do sol magníficos...

Aqui é sempre esta tonalidade de cinzento azulado, muito tristonha. Acompanhada de vento, a chuva torna-se rebarbativa, os chapéus de chuva estilhaçam-se as pessoas enregelam, as esplanadas estão vazias. Lá fora é uma tristeza. Mas cada vez saio menos. A minha operação já está marcada para dia 25 e espero bem melhorar.

Não gosto destes aspectos do inverno, a não ser quando estou na minha sala, à lareira como agora, esperando a chegada dos meus netos. Eles devem chegar encharcados pois vêm a pé da escola.

Entretanto, eles já chegaram e a casa encheu-se de calor. A minha filha fez-lhes panquecas e eles deliciaram-se. Agora estão a fazer os TPCs e aguarelas...antes de um ir para a aula de violino e outro ficar a ver TV aqui ao pé de mim ( segundo diz, está cheio de sorte....)

Ter depressões neste quadro familiar seria obsceno.....

foto tirada na Foz há 4 anos....

terça-feira, 5 de janeiro de 2016

As tragédias

Cada vez me sinto mais inquieta quando oiço ou vejo as notícias nos telejornais. É que em hora e meia, pelo menos uma hora versa inundações - agora que os fogos já acabaram - temporais, árvores que caem , aluimentos de terra, acidentes de viação,  refugiados que se afogam, perdas e desgraças.
Para temporizar, ouvimos os casos policiais, crianças alvo de violência doméstica, mulheres a quem tiram os filhos sem razão aparente, terrorismo, guerra, etc.

foto tirada por mim em El Grove - a beleza das inundações

É impossível mantermos a calma perante tudo isto. A inquietação levou-me hoje a telefonar ao meu filho que anda por "terras do Demo" ( Vimioso, Miranda do Douro, Macedo e Bragança) sob estas condições atmosféricas, conduzindo ele o seu carro, sem qualquer protecção contra a neve, aluimentos ou buracos na estrada. Os juízes não têm chofers, nem sequer taxis à disposição. E o risco é enorme.

Sabemos que acontecem outras coisas no país, coisas boas que são noticiadas no FB a toda a hora, por que será que os media as ignoram?

segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

Mudança de visual



Já com quatro dias de atraso, mudei a foto do cabeçalho.

Esta é bem mais bela...e natural.

Espero que gostem!

domingo, 3 de janeiro de 2016

Tecnologias musicais

Durante a minha ( longa) vida, já ouvi música das mais diversas maneiras. Já tenho muitos anos de existência  e as invenções não param, nem pararão. O que mais virá a acontecer?

Hoje resolvi ir buscar o meu leitor de DVDs Sony e ligá-lo de novo ao plasma, já que o tinha considerado obsoleto há uns dois anos e o guardara num gavetão da estante. Em geral, os canais de TV são tão ricos em filmes que, considerava eu, não valia a pena ver outros da colecção da minha filha. Ela tem mais de uma centena de filmes excelentes, estrangeiros com e sem legendas, desde Fassbinder até Ingmar Bergmans, Kiewslowsky, Renoirs, Hitchcocks, etc.etc.  Há filmes que nunca passam na TV ou não damos por ela. Verdadeiras obras primas.

Mas vamos ao baú das recordações musicais:
Quando era criança, ouvíamos uma grafonola velha no nosso quarto de brincadeiras.
Os discos  partiam-se e riscavam-se. A agulha era grossa e nós queríamos ouvir só algumas músicas do disco, de modo que forçávamos a máquina a obedecer. Morreu de velha, ficou para lá esquecida quando o meu Pai comprou um aparelho com gira-discos e rádio e o pôs na sala grande. O meu Avô adorava sentar-se lá depois de almoço e ouvir deliciado árias de ópera, canções italianas e música clássica. Nós é que púnhamos e tirávamos os discos, ele nem tocava no aparelho.
Mais tarde, em 1964, apareceu um gravador de fitas Grundig, que foi encomendado em Munique e veio pelo correio com a indicação Lisboa - Espanha. Ficámos indignados com a ignorância dos alemães! Com esse aparelho milagroso, gravávamos música inglesa  e americana directamente da rádio, que era transmitida pelos programas 23ª Hora e outros. O meu Pai usava-o para gravar conferências e mesas-redondas na universidade. Servia para tudo e ele confiava em nós.

Em meados dos anos 70 apareceram os leitores de cassetes, primeiro só com um deck depois com dois, que possibilitavam a gravação de cassetes entre si. Uma maravilha tecnológica, que me possibilitou usar toda a espécie de textos audio nas minhas aulas.

Nos anos 80s foi a vez dos CDs. Não comprei logo o leitor pois cada CD custava uns 3000 escudos e eu achava uma exorbitância, embora adorasse ouvir música clássica com aquela excelência. Até ao dia em que recebendo direitos de autores, me pude dar ao luxo de comprar uma aparelhagem Sony, que ainda está em casa do meu ex-marido. O som era excepcional e os CDs não se riscavam ( pensava eu). A minha colecção aumentou, os discos vinil ficaram na estante ( ainda lá estão). Foi então que apareceram os walkmans e discmans, que nos possibilitavam ouvir cassetes ou CDs fora de casa, junto ao mar ou no parque. Tive mais dum, não passava sem eles. Ainda me lembro de estar deitada na relva do Englischer Garten em Munique a ouvir os Dead Can Dance. Há quase 20 anos.

Há uns anos a Apple revolucionou tudo. Mas já todos conhecemos essa história... vieram os iPods, os iPads, os Macs, que nos trazem música através dos iTunes, do Spotify...ou pirateados. Só o Youtube tem tudo ao vivo e a cores.

Mas não há nada como estar aqui à lareira a ouvir um velho CD do concerto de Saint-Saens, tão belo quanto nostálgico, usando o velho leitor, que eu julgava já morto e enterrado.

Aqui fica o mesmo concerto tocado pelo grande Sokolov, uma obra prima ....enjoy!




sábado, 2 de janeiro de 2016

2016 começa com Arte


Pintei este quadro nestes dois primeiros dias do ano...reflectem um estado de alguma ansiedade e desejo de evasão....

Chamei-lhe "Cascatas", mas pode-se chamar qualquer outra coisa...é um abstracto.