Nunca tinha ouvido falar dela. Minha ignorância ou ausência de notícias culturais nos nossos media?
Num só serão, comprei dois livros dela pelo Kindle . 20 euros. Já li 30% dum e partes doutro. Tenho as obras completas num deles. Leio com letra grande e sublinho o que quero.
Hoje, inspirada pelos poemas, fui ao Botânico passear.
Escrevi este texto:
Nada há melhor para a mente do que a solidão dum jardim deserto ao chegar do Outono. Sente-se o pulsar da vida a tremelicar em cada folha que cai, em cada flor emurchecida nas pedrinhas de saibro. Já há menos chilreios de pássaros e zumbires de insectos. O saibro está lavado pelas águas da chuva.
Nâo gostava nada do saibro da nossa casa quando era miúda, fazia doer os joelhos e esfolava a pele toda.
Mas as flores aqui ja nada sentem. Ainda agora me caiu uma no cabelo. Um hibisco branco já murcho.
Os nenúfares desapareceram. Ficaram as folhas carnudas que, em breve vão imergir para o longo sono de inverno.
Leio poemas da laureada Louise Gluck, que era desconhecia para mim até ontem.
A Natureza como a concebo está aqui nestes poemas, é uma cópia deformada do que, um dia , foi o jardim do Éden.
Aos setenta anos, é bom descobrir novos poetas, novas vivências, novas mentes, novas inspirações.
E é bom estar vivo e poder escrever o que se sente. Mesmo que seja so para nós. ❤
Acrescento aqui um dos poemas de Louise Gluck.
E uma citação bem verdadeira.
You want to know how I spend my time?
I walk the front lawn, pretending
to be weeding. You ought to know
I'm never weeding, on my knees, pulling
clumps of clover from the flower beds: in fact
I'm looking for courage, for some evidence
my life will change, though
it takes forever, checking
each clump for the symbolic
leaf, and soon the summer is ending, already
the leaves turning, always the sick trees
going first, the dying turning
brilliant yellow, while a few dark birds perform
their curfew of music. You want to see my hands?
As empty now as at the first note.
Or was the point always
to continue without a sign?