No meu local sagrado.
Sem incenso, nem círios, nem genuflexorios, nem estátuas douradas, nem rostos chorosos de cera com lágrimas fictícias.
Não preciso de flores arrancadas á raiz, nem prédicas bem intencionadas, nem abraços da Paz, nem hóstias, nem sequer de cânticos lamentosos.
Não acredito em nada disso há muitos anos. A minha fé está aqui, neste local, rodeada de glicínias roxas, já esguias e a dar lugar a folhas verdes brilh
antes.
Os pássaros cantam bem melhor que os crentes desafinados. Até às gaivotas sedentas.
Oiço jovens a rir
e a berrar, que não respeitam a maravilha deste local. Nada para eles é sagrado.
Devia ser proibido falar aqui. O silêncio é de ouro. Os sons são naturais. Só eles enchem o ambiente de espanto.