quarta-feira, 29 de abril de 2015

Angústias primaveris

Há alturas em que a Primavera me angustia. Não sei se é por haver tardes mais longas, se é ansiedade ou receio do futuro, fico sem ânimo, sem vontade de fazer nada, só quero que o dia passe e a noite chegue. Entristecem-me os pores do sol.


Não tenho razões nenhumas para isto e combato a depressão o mais que posso, mas ver os filhos por uns dias e dizer-lhes adeus a toda a hora deixa-me triste e deprimida. Nem a música me consegue dar aquele alento que me faz acreditar.

Há pouco no FB alguém elogiava as minhas fotos e dizia que deveria fazer outra exposição - fiz uma há três anos - .

Não tenho vontade nenhuma de organizar nada disso, dá muito trabalho e depois é decepcionante porque ninguém compra as fotos e eu fico aqui com elas guardadas numa estante. Já tenho muitas na parede. Até já perdi a noção dos quadros que fiz...

Hoje vou à piscina, espero que estar na água me dê o prazer habitual e apanhar algum sol também me faça bem à alma.
O que não posso , nem devo, é estar a ouvir telejornais que só falam de crime, violações, abusos sexuais e quejandos. Criminosos são os jornalistas que exploram estes temas até à medula, criando nas pessoas a ideia de que as coisas pioraram imenso de há uns anos para cá. Tendo juristas na família, sei que sempre houve casos escabrosos, não havia era a cobertura hedionda que hoje há. A TVI devia ser processada por falar destes assuntos a horas em que qualquer criança pode estar em casa a ver TV. Mesmo os velhos não devem ser sujeitos a cenas destas e não há quem os proteja ou acompanhe.

Estou mesmo em baixo hoje. Mas a minha glicémia desceu muitissimo, já está quase normal. Aleluia!!

Esta canção tem o condão de me pôr em alta. Vai aqui para animar os que me lêem....( em especial para a Miss Smile !)


terça-feira, 28 de abril de 2015

Divinal Bach



Oiço a Missa em B menor de Bach no Mezzo dirigida pelo extraordinário John Eliot Gardiner, que ouvi directamente aqui na Casa da Música já há muitos anos.

Bach é sempre, para mim, o expoente máximo da Música, mas tocado assim leva-me aos céus.

Há uma alegria, um júbilo, uma beleza neste Sanctus que nos embriaga e dá vontade de não parar de ouvir.
Os rostos dos intérpretes dizem tudo, os olhares, as expressões, a alma com que cantam ou tocam enchem-nos de uma paz mística.

Não sou religiosa, mas Bach torna-me capaz de acreditar em tudo.

Oiçam só:


sábado, 25 de abril de 2015

O dia dos cravos ( murchos?)

Cito hoje e, contrariamente ao que me é habitual, o meu Amigo Mário Gonçalves que , no seu blogue, expressa muito do que eu penso sobre os 41 anos - quase 2/3 da nossa vida - que decorreram desde que aconteceu em Portugal uma revolução confusa, improvisada como tudo o que fazemos, com tons de rosa e de verde, mas também algo negra noutros aspectos.

Foto do meu amigo Stewart Scott ( Facebook)

SÁBADO, 25 DE ABRIL DE 2015

Pós 25-A : 41 anos, metade de uma vida.


Vivi metade da minha expectável vida em democracia. Não me posso já queixar de ter começado por 25 anos sob ditadura. E a diferença é tanta que cada dia que passa me apego mais a este regime, cheio de defeitos e perversões, e com tudo isso o único que conheço a garantir alguma paz e sossego, algum progresso e qualidade de vida, alguma vitalidade cultural. Para essas coisas é que a liberdade serve, senão para quê ?

Rio-me dos regimes igualitários em moda na América do Sul, que  tanto entusiasmam o meio das ciências sociais coimbrãs, e onde nenhum desses bens foi conquistado. E rio-me ao comparar esses regimes com o regime que cá saiu do 25 de Abril - e que esteve quase quase a ir pelo mesmo caminho, mas não foi, graças à Europa, graças à escolha da Europa, de nos assumirmos estado europeu, social-democrata e, sim, liberal. Rio-me de mim próprio, quando cheguei a acreditar nessa via populista.

Celebrar o 25 de Abril, só se for para celebrar o que somos hoje, e não o que fomos erradamente num passado recente. Posso estar grato ao Mário Soares que ajudou a escolher o bom caminho nos anos 70-80, mas não a este Mário Soares (e sua corte) que agora deu também em reaccionário, retrógrado, passadista, discursando na vulgata do reviralho, desejoso de repisar dias que se esgotaram sem deixar saudade.

Sossego, qualidade de vida e cultura são as minhas palavras de ordem para progresso, para futuro. Não me venham com igualitarismos. A diferença é mais sadia que a igualdade, a sabedoria das elites mais sadia que a vulgar sensaboria do povo.
O meu comentário pode ser lido no próprio blogue O Livro de Areia, aqui do lado direito, um dos , se não o melhor blogue cultural que conheço.
Bom feriado! E ainda melhor domingo!

sexta-feira, 24 de abril de 2015

As terras das Brontés

Todos os amantes de literatura inglesa e não só ouviram falar das Irmãs Brontés, escritoras inglesas de romances clássicos do século XIX, que se tornaram bestsellers em todo o mundo, fazendo vibrar as cordas mais sensíveis dos nossos corações, sobretudo dos mais femininos.

Lidas em versão simplificada para adolescentes ou na sua totalidade para adultos, Jane Eyre e Wuthering Heights foram também adaptados para o cinema em várias versões, séries da BBC ou da ITV, peças de teatro, etc. Poucas são as pessoas que nunca ouviram falar de Jane Eyre, a preceptora dedicada ao seu infeliz patrão,  Rochester ou de Heathcliff , o rapaz renegado da família Earnshaw, obcecado pela bela e frágil Catherine.

A verdade é que para lá dos romances tórridos das personagens, criou-se ainda o mito da Natureza impiedosa e selvagem dos Moors ( West Yorkshire), que sofre e chora, uiva ou desaba sobre os amantes incompreendidos, aumentando o desespero das suas vidas e amores.

Estive na região das Brontés, Haworth, onde fica o presbitério e o museu a elas dedicado.
É realmente impressionante, mas não tão agreste na primavera como deverá ser no pino do inverno.

Fiquei inspirada e resolvi fazer um quadro. Era para ser uma aguarela, mas acabou por ser um acrílico com muita água, misturando as tonalidades dum modo mais dramático e pintado sobre papel Carson grosso. O efeito é quase o mesmo.

Dedico este quadro às irmãs Brontés, que encheram o imaginário de tantas e tantas mulheres, perpetuando a atmosfera dos Dales e Moors, misteriosos e impiedosos em noites de ventania.



Fica aqui também um vídeo da canção arrepiante de Kate Bush : Wuthering Heights, a propósito.



Out on the winding, windy moors
We'd roll and fall in green
You had a temper, like my jealousy
Too hot, too greedy
How could you leave me?
When I needed to possess you?
I hated you, I loved you too

Bad dreams in the night
They told me I was going to lose the fight
Leave behind my wuthering, wuthering
Wuthering Heights

(Chorus x2) Heathcliff, it's me, Cathy, I've come home
I'm so cold, let me in-a-your window

Ooh it gets dark, it gets lonely
On the other side from you
I pine a lot, I find the lot
Falls through without you
I'm coming back love, cruel Heathcliff
My one dream, my only master

Too long I roam in the night
I'm coming back to his side to put it right
I'm coming home to wuthering, wuthering,
Wuthering Heights

Kate Bush

DIA MUNDIAL DO LIVRO




Já foi ontem, mas aqui fica a efeméride:


Poesia Matemática

Às folhas tantas
do livro matemático
um Quociente apaixonou-se
um dia
doidamente
por uma Incógnita.
Olhou-a com seu olhar inumerável
e viu-a do ápice à base
uma figura ímpar;
olhos rombóides, boca trapezóide,
corpo retangular, seios esferóides.
Fez de sua uma vida
paralela à dela
até que se encontraram
no infinito.
"Quem és tu?", indagou ele
em ânsia radical.
"Sou a soma do quadrado dos catetos.
Mas pode me chamar de Hipotenusa."
E de falarem descobriram que eram
(o que em aritmética corresponde
a almas irmãs)
primos entre si.
E assim se amaram
ao quadrado da velocidade da luz
numa sexta potenciação
traçando
ao sabor do momento
e da paixão
retas, curvas, círculos e linhas sinoidais
nos jardins da quarta dimensão.
Escandalizaram os ortodoxos das fórmulas euclidiana
e os exegetas do Universo Finito.
Romperam convenções newtonianas e pitagóricas.
E enfim resolveram se casar
constituir um lar,
mais que um lar,
um perpendicular.
Convidaram para padrinhos
o Poliedro e a Bissetriz.
E fizeram planos, equações e diagramas para o futuro
sonhando com uma felicidade
integral e diferencial.
E se casaram e tiveram uma secante e três cones
muito engraçadinhos.
E foram felizes
até aquele dia
em que tudo vira afinal
monotonia.
Foi então que surgiu
O Máximo Divisor Comum
freqüentador de círculos concêntricos,
viciosos.
Ofereceu-lhe, a ela,
uma grandeza absoluta
e reduziu-a a um denominador comum.
Ele, Quociente, percebeu
que com ela não formava mais um todo,
uma unidade.
Era o triângulo,
tanto chamado amoroso.
Desse problema ela era uma fração,
a mais ordinária.
Mas foi então que Einstein descobriu a Relatividade
e tudo que era espúrio passou a ser
moralidade
como aliás em qualquer
sociedade.
Millôr Fernandes

quarta-feira, 22 de abril de 2015

Leeds - uma cidade com alma



Cada vez gosto mais desta cidade e não me canso de elogiar o lifestyle dos britânicos, sobretudo nesta zona do país, bem diferente da de Londres, cidade megalómana.

Há uma rua pequena mesmo no centro da cidade, ladeada de prédios de traça vitoriana, muito harmoniosos, contrastando com as lojas modernas que ocupam o r/c das mesmas, como a Body Shop, instalada numa esquina lindíssima.
Os candeeiros são estilosos e, em contra-luz, parecem silhuetas elegantes dignas de uma sala ou palácio antigo.

Uma das coisas que mais aprecio, no entanto é a quantidade de bancos que se encontram nas ruas principais.
Isto revela preocupação em que as ruas não sejam apenas espaços que se percorrem rapidamente em busca de alguma loja ou escritório, mas locais de permanência, onde o cidadão se pode sentar, ouvir música, esperar pelos seus amigos ou familiares, ler ou simplesmente disfrutar do movimento alegre das crianças. Há muitos bébés nesta cidade, a par de estudantes com o seu ar jovial e despreocupado. Também se vêem muitas mulheres de lenço árabe, bonitas e bem arranjadas, à espera dos autocarros com as crianças pela mão.
Andar de autocarro é uma actividade calma, sem stress, completamente diferente do que se vê nas nossas cidades. As pessoas compram o bilhete ao condutor directamente, sem se atropelarem, pedem informações e despedem-se à saída com o tradicional Cheers ou Goodbye. É lindo de se ver...

Na Albion Street, uma das minhas ruas preferidas, os bancos são todos em pedra e em estilo clássico, diferentes uns dos outros. Diverti-me a tirar fotos de cada um e por coincidência havia lá alguém sentado.

Passear pela cidade é um prazer, há poucos carros, grande parte é para pedestres, os carros só





circulam nas avenidas principais como a linda Headrow, onde fica o Museu Municipal e o edifício da Câmara. 
Toda a avenida está decorada com flores em vasos enormes e árvores floridas.





Viver nesta cidade pode ser uma verdadeiro prazer.

terça-feira, 21 de abril de 2015

No aeroporto a recordar Henry Moore

Já conheço este aeroporto de Stansted como as palmas da minha mão . Até jé consigo encontrar os melhores "fauteils" para me sentar no café Starbucks, sem consumir nada, armada do meu pc com internet por 5 libras = cinco horas, skype de graça ( já falei com a minha nora para os EU e com a Luisa para Leeds), o mundo torna-se familiar e sentimo-nos bem.

A Ryanair com todos os seus defeitos é um meio fantástico para conhecermos a Europa, fico com vontade de ir a outros lados, Escócia, Irlanda e Alemanha... quando conhecemos os meandros do processo tudo se torna simples.
O aeroporto aqui despacha as pessoas mais depressa do que o nosso, onde se está horas na segurança. Mandaram-me tirar as botas, não sei se achavam que teria droga debaixo dos pés...era um pouco incomodativo, não acham?




Ontem foi um dia excepcional. Apanhámos dias de primavera lindíssimos e nem um pingo de chuva. Aliás nunca apanhei chuvas torrenciais aqui em Leeds onde neva mais do que chove.
Fomos ao Yorkshire Sculpture Park, que é dedicado a Henry Moore, nascido no Yorkshire e adorado pelos seus conterrâneos. Aliás a admiração por este escultor é universal. Talvez porque é duma simplicidade desarmante, as figuras são toscas, másculas, poderosas. As mulheres têm cabeças pequenas e torsos enormes, pernas reboludas...há esculturas destas em Leeds também no Moore Institute, em frente do meu hotel.






O parque está cheio de esculturas, não só dele como de outros.

Para além disso, durante dois meses haverá uma exposição só com desenhos e esculturas e maquetes feitos por ele. É um gosto observar os pormenores das maquetes e depois comparar com os originais enormes.

O parque é imenso, nem se vê o fim. O lago duma beleza indizível. Sente-se paz e um desejo de ali ficar.

Carneiros e cordeiros andam por ali


a pastar como se nada fosse...

Se o paraíso for assim....eu não me importo de morrer já....

domingo, 19 de abril de 2015

Experiências únicas

Já vim mais de dez vezes a Leeds, umas por necessidade, outras por prazer, outras por urgência.
Nunca senti esta Paz, uma felicidade sem limites.
Departamento da Universidade com jardim florido

Nunca estive tão feliz com a minha filha, com quem partilho e partilharei momentos sublimes.


É difícil descrever o que fazemos - e terá interesse? - é mais importante assimilar e viver em pleno todos os minutos e segundos desta partilha mútua, procurando que para lá das imagens, fique a memória.

Desde 4ª feira que tenho passado por estados de alma diversos, desde algum cansaço à chegada até à
contemplação de paisagens que revelam qual bela é a Terra e este país em especial.


Não são só os cenários, são - e muito - as pessoas, que cada vez aprecio mais aqui no West Yorkshire. Dizem que os portugueses são corteses, aqui as pessoas são duma simpatia incomparavel, ternurentos mesmo, prestáveis, sorridentes e duma afabilidade contida.

os Moors
A mistura de raças é indescritível com predominância de asiáticos, indianos e paquistaneses com quem me sinto em casa. Os meus genes comunicam com os deles.
Famílias inteiras de imigrantes já integrados, muitas crianças nos seus carrinhos de bébé, ao colo dos pais, à mesa dos restaurantes,  nas lojas, sorridentes e satisfeitos. Não se vê miséria, nem gente a pedir. Todos parecem mais ou menos contentes com a vida e alguns já pertencem à 4ª geração de imigrantes, como o chofer que nos conduziu à terra das Brontés anteontem à tarde e nos mostrou toda a região.

Come-se bem em Leeds, pois há restaurantes porta sim, porta não aqui no centro, com toda a espécie de gastronomia. Mesmo ao lado do hotel fica o Red Hot, que oferece um buffet de 27 países diferentes, com mais de cem pratos e acepipes à escolha....uma tentação que só acaba porque o estômago não aguenta mais.  Hoje experimentámos uma Steak House, Casa dos Bifes, onde nos deliciámos com um naco grelhado - tipo posta à Mirandesa com cebola frita, puré de batata, molho de cogumelos e uma alface cortada tipo couve cheia de um molho delicioso. Ainda bebemos um copo de cidra, que parecia o nosso vinho verde adamado.
Ao almoço, como sempre uma sopa - há muitas e variadas - com pão. Tenho o feito todos os dias e a glicémia desceu para 147, um nível bem mais consentâneo com o meu normal.

museu dedicado aos Brontés
Anteontem andámos de taxi durante cinco horas - eram para ser três, apenas - pelos Dales, na zona mais bela do Yorkshire, parando sempre que nos apetecia. O chofer era paquistanês, muito jovem, mas já com três filhos, educado, culto e conhecedor de todos os cantos e recantos da zona. Até nos
paisagem rural
Presbitério 
cemitério junto ao presbitério
 convidou para ir a casa dele, imaginem!! Deleitámo-nos com a visita ao presbitério , onde viveram as três irmãs Brontés e donde sairam as suas obras : O Monte dos Vendavais, Jane Eyre, etc. das quais foram feitos belos filmes e séries. O local é mítico e duma beleza rural menos agreste do que parece nos filmes. O verde dos campos contrasta com os montes amarelados, roxos ou acastanhados ao longe. A pedra das casas é muito escura, ainda mais que o granito e as lojas parecem do seculo XIX.
salgueiro junto ao lago no Roundpark

Ontem fomos ao Roundpark que é um dos maiores da Europa, magnífico, com um lago duma beleza absolutamente encantatória.
Dezenas de pais com crianças
espalhavam-se pelo parque, felizes, sem gritos, sem choros, respirava-se uma paz indizível mais parecida com o Éden que a nossa imaginação concebe.

Hoje fico por aqui. Junto algumas fotos das muitas que tirei.

Amanhã é o nosso último dia. Já estou um pouco triste por partir, mas daqui a dois meses a minha Luisinha estará comigo na Praia da Luz onde vamos passar 15 dias à nossa maneira.....e Leeds será mais um pedaço da nossa memória comum.










quinta-feira, 16 de abril de 2015

Na falta de notícias frescas....

vai aqui uma colagem que espelha a nossa felicidade quando estamos juntas.... as fotos foram todas tiradas hoje. Leeds está linda, mais parece um jardim com as árvores todas floridas....ruas e ruas...avenidas....parques...continuo a ter juizo e a comer sopinha e a glicemia baixa alegremente....


É a isto que chamo VIDA!


CLIQUEM PARA VEREM MAIOR!! VALE A PENA  :)

terça-feira, 14 de abril de 2015

See you in Leeds


Hoje de madrugada parto para Leeds, a minha segunda cidade favorita,  depois do Porto.

Lá espera-me a minha filha linda,


ansiosa por "quality time" com a sua Mummy, como ela me chama.

A viagem é longa porque chegando a Stansted tenho de apanhar um comboio, que vai até Peterborough. Lá terei de mudar para um outro que vem de Londres e em geral, bastante cheio. Há uma certa confusão no cais e tem de se andar um pouco o que me faz confusão e atrapalha. Levo uma mala com trolley e uma pasta com o laptop, iPad e máquina fotográfica, os meus instrumentos indispensáveis.  Os comboios são caros ( mais que o avião) mas confortáveis e não é preciso marcar.
Gosto daquela viagem, que já percorri tantas vezes.

Desta vez não vou apanhar o pôr do sol como da última vez, pois vou muito mais cedo.

Em Leeds fico instalada num belo hotel - dou-me a esses luxos quando viajo - com a minha Luisa, que quer estar comigo todas as noites. Ao serão, ou vamos ao cinema ou a um musical, ou ficamos no quarto e ver TV e a net.

Também passearemos no Hyde Park, muito mais pequeno que o de Londres, mas lindo de morrer....

Conto ir num tour de taxi passear pelos Dales, a parte mais linda do Yorkshire, ou aos Moors, mais agreste, mas igualmente belos. Infelizmente já não posso dar ao luxo de subir pelos montes a pé como dantes fazia, nem seque posso caminhar durante muito tempo. Mas aproveitarei na mesma...

Vou escrevendo no blogue, talvez menos amiúde e pondo algumas fotos do centro da cidade que é sempre animado e diferente.

Sair do Porto, onde estou há meses, será uma lufada de britishness. I love Britain!!







sexta-feira, 10 de abril de 2015

Quisera ser um peixe


para poder viver imersa num enorme mar, lago ou mesmo rio....nadar até esgotar todas as minhas forças, mergulhar ,  ver o mundo ao contrário...


Quisera ser um peixe para deslizar sem esforço e sem peso, levemente, afastando-me veloz,
 refugiando-me no meu canto quando o barulho fosse demasiado tronitruante.

Hoje senti-me tão feliz na piscina completamente sozinha, que me pergunto como é possível haver pessoas que precisam de companhia constante para serem felizes ou passam horas a debitar patacoadas num café, nas vernissages, nas festas vips, nos shoppings e nos restaurantes.

Cada vez estou mais avessa a eventos, saboreio a vida no sossego e no silêncio dos espaços vazios de gente.

Nadei durante uma hora, por cima e debaixo de água, fiz exercícios e senti-me no céu.

ZEN deve ser algo assim, atinge-se o nirvana e a vida é linda.

Tinha um amigo que me dizia sempre isto  à guisa de despedida : "Que a vida te seja leve."

Nunca mais me esqueci.  É mesmo o melhor que se pode desejar a alguém.


Lembrei-me desta canção enquanto nadava....

Há dias assim...

quarta-feira, 8 de abril de 2015

Não se pode ser doce


Descobri nos últimos dias que sofro de diabetes e que isto não anda nada bem. De um momento para o outro a glicemia subiu drasticamente  e vejo-me numa situação muito comum de ter de medir os meus índices todos os dias, tomar medicação, fazer uma dieta daquelas que já tentei n vezes... para desistir semanas depois....


Fiquei em choque, dado que sempre medira a glicemia nas farmácias e, embora estivesse alta, não era nada de aflitivo. Agora é.

Vou para Inglaterra para a semana, munida da máquina de controlo da glicémia e dos medicamentos. Espero que tudo corra bem. Ando a ansiar por esta viagem há muito, não só porque tenho saudades da minha filha, mas também porque amo esse país lindo que, na primavera, mais belo se torna.

Hoje pensei que envelhecer é realmente chato e acredito que as pessoas se tornem hipocondríacas.

 Exames, consultas, farmácias, tratamentos e quejando nunca foram a minha praia....adoro a saúde e sempre disse que sem ela não valia a pena viver.

Felizmente ainda há a Natureza e a Música.

Fica aqui um dos meus cantores actuais preferido. É relaxante.




sábado, 4 de abril de 2015

Aleluia! A Natureza canta.



Ir ao Botânico é o mesmo que entrar numa igreja em dias de Páscoa. Uma igreja um pouco esquecida e descuidada.

A Natureza persistente neste local canta Aleluias em todos os tons, os pássaros chilreiam, há sol a rodos, luminosidade intensa e um deserto de pessoas. É lindo, mesmo quando ninguém se importa.

A cidade está vazia, atravesso o Campo Alegre quase sem olhar para os lados, nunca vi esta rua tão silenciosa.


Pego na máquina e disparo a torto e a direito, tudo é fotogênico, apetece fixar estas imagens para sempre, mesmo sabendo que, para o ano, haverá outras iguais ou parecidas e o meu entusiasmo será igual, se conseguir manter-me viva :).

Os rododendros são os arbustos mais generosos em flor e colorido. Há-os por todo o lado, nos caminhos, áleas e veredas. Fotografo-os como se não houvesse amanhã.

As árvores de maior porte estão a ganhar folha verde clara e onde havia troncos esquálidos, há ramos viçosos, que cobrem o céu quase por completo.


Os nenúfares tão desprezados este ano por causa das obras flutuam nos lagos esquecidos. Se Monet visse estes lagos, choraria....fotografo-os na mesma, amo-os mesmo assim.

Por mim passa um grupo de jovens - benditas criaturas que preferem o jardim à praia. O pior é o telemóvel que está sempre a tocar.


A glicínea - a única que ainda resta junto ao jardim dos cactos- está toda florida, mas sequiosa. Não choveu na última semana e o sol é quente. Os cachos dum cheiro penetrante enchem-se de abelhões que não desarmam mesmo quando nos aproximamos.

A estufa de que falei há dias foi toda reconstruída, mas onde havia vidro agora há betão. Só o topo é transparente. dà vontade de chorar....


O gradeamento foi todo pintado de vermelho escuro, não fica mal, mas é uma cor pesada e não vai durar muito, é mais frágil que o verde, que se confundia com a folhagem das camélias. Também pintaram as decorações junto à porta de entrada.


Eram douradas e tinham uma patine lindíssima. Infelizmente agora tudo é vermelho, parece que sobrou tinta e quiseram aproveitá-la.

Os cidadãos que aqui vivem nunca são ouvidos , nem achados. Não custaria muito fazer um questionário e deixá-lo nas caixas do correio. A junta da freguesia não tem voto na matéria, o jardim pertence à Universidade do Porto. Os moradores nicles.

Um aviso no portão diz que as obras acabarão em Novembro de 2014.

Aleluia!!! Já passou!

quinta-feira, 2 de abril de 2015

A Foz do Cávado e Ofir




Vivi seis meses em Esposende de Julho a Janeiro de1977.


Foi uma das experiências mais interessantes da minha vida nómada, quando andei com a casa às costas como o caracol ( era só recheio, não a casca!!).
Durante três meses estive num dos locais mais bonitos do país, a dois passos de rio e do mar, local ventoso mas duma beleza selvagem indescritível, que, no inverno, me fazia lembrar os países nórdicos, os tons róseos sobre o rio em mesclas, entremeados com o verde das ervas, onde por vezes pastavam vaquinhas junto á agua.

Foi o local onde me senti mais só, apesar de ter um bébé de 14 meses que me acompanhava todos os dias à praia e à vila, que se ria para todos com um à vontade tal que encantou uma senhora francesa de 84 anos, residente num castelo no Loire, que me foi visitar umas duas vezes antes de partir para França e ainda me mandou um postal convidando-me para a ir ver no Loire. Nunca fui...

 Vivi esses três meses quase só em contemplação da Natureza e do meu filho, que crescia a olhos vistos e me encantava todos os dias. Mas tudo o que é bom acaba.

Em Outubro comecei a dar aulas no Porto e tive de "viver" Esposende só aos fins de semana. Em Janeiro partimos para Chaves.
 
 Ainda hoje adoro ir a Esposende, embora passe muitos dias em Ofir do outro lado do Cávado, que é um paraíso, área protegida com pinhal e um mar sem fim, como podem ver nestas fotos. Voltar a estes locais é como renascer....