Faz hoje 11 anos que faleceu a minha querida Mãe.
Tinha-me separado há pouco, estava sozinha no meu novo apartamento e subitamente, às 7 da manhã, tocou o telefone. Uma das minhas irmãs deu-me a notícia de chofre. A minha Mãe tinha tido um ataque de coração súbito e morrera a meio da noite.
Senti-me completamente de rastos. Não podia falar com ninguém , tinha de esperar que acordassem, dar-lhes a má notícia. Foi o que aconteceu. Telefonei ao meu filho em Munique e ele ficou surpreendido, a princípio, pensando que tinha sido a outra Avó e não a minha Mãe. Ele gostava muito das duas e ficou petrificado por não me poder abraçar. Como a distância às vezes é cruel! Ele queria abraçar-me e eu, desesperadamente, a ele.
Segui para Lisboa com o meu ex- e fui calada durante o caminho todo, pois a nossa separação tinha uns sete meses e não conseguíamos exteriorizar o que nos ia na alma. Só me apetecia chorar....sentia remorsos por ter estado tanto tempo sem ir a Lisboa, sem lhe telefonar, sem a abraçar, sem lhe dizer o quanto a amava. Mas isto é o que acontece com todos nós, só avaliamos as pessoas quando as perdemos.
A minha Mâe foi, talvez, a pessoa mais importante que alguma vez conheci, embora o meu Pai fosse uma pessoa muito conhecida no mundo da medicina e na universidade. A minha
Mãe era única. E, em adolescente, só queria parecer-me com ela.
Com a minha Mãe aprendi tudo....ou quase tudo o que considero ser importante na minha vida. O ambiente na nossa casa era de liberdade e de alegria, dando valor a tudo o que acontecia, mesmo o mais insignificante. Não havia grandes dramas, embora houvesse birras e amuos, choros e invejinhas. Éramos oito, é natural que não fôssemos uns anjos!!
Lembro-me da minha Mãe me aconselhar em diversas ocasiões, mesmo já depois de casada, quando tinha de escrever alguma composição mais rebuscada para a escola, lia os meus poemas ( poucos) que nada valiam, levava-me sempre a sério, lia catadupas de livros, fazia tricot, bordados, crochet, passava a ferro maravilhosamente, tocava piano, dançava por vezes com o meu Pai, arranjava flores na perfeição, gostava de musicais ingleses, ouvia música clássica e chansons francesas, contava-nos histórias, adorava o mar como eu, embora não soubesse nadar, falava das suas viagens com o meu Pai e tudo fazia com prazer, como se não lhe custasse, como se tivesse todo o tempo do mundo.
Agora, passados tantos anos, chego à conclusão de que foi essa a grande prenda que nos deu: todo o tempo do mundo.
Tinha-me separado há pouco, estava sozinha no meu novo apartamento e subitamente, às 7 da manhã, tocou o telefone. Uma das minhas irmãs deu-me a notícia de chofre. A minha Mãe tinha tido um ataque de coração súbito e morrera a meio da noite.
Senti-me completamente de rastos. Não podia falar com ninguém , tinha de esperar que acordassem, dar-lhes a má notícia. Foi o que aconteceu. Telefonei ao meu filho em Munique e ele ficou surpreendido, a princípio, pensando que tinha sido a outra Avó e não a minha Mãe. Ele gostava muito das duas e ficou petrificado por não me poder abraçar. Como a distância às vezes é cruel! Ele queria abraçar-me e eu, desesperadamente, a ele.
Segui para Lisboa com o meu ex- e fui calada durante o caminho todo, pois a nossa separação tinha uns sete meses e não conseguíamos exteriorizar o que nos ia na alma. Só me apetecia chorar....sentia remorsos por ter estado tanto tempo sem ir a Lisboa, sem lhe telefonar, sem a abraçar, sem lhe dizer o quanto a amava. Mas isto é o que acontece com todos nós, só avaliamos as pessoas quando as perdemos.
A minha Mâe foi, talvez, a pessoa mais importante que alguma vez conheci, embora o meu Pai fosse uma pessoa muito conhecida no mundo da medicina e na universidade. A minha
Mãe era única. E, em adolescente, só queria parecer-me com ela.
Com a minha Mãe aprendi tudo....ou quase tudo o que considero ser importante na minha vida. O ambiente na nossa casa era de liberdade e de alegria, dando valor a tudo o que acontecia, mesmo o mais insignificante. Não havia grandes dramas, embora houvesse birras e amuos, choros e invejinhas. Éramos oito, é natural que não fôssemos uns anjos!!
Lembro-me da minha Mãe me aconselhar em diversas ocasiões, mesmo já depois de casada, quando tinha de escrever alguma composição mais rebuscada para a escola, lia os meus poemas ( poucos) que nada valiam, levava-me sempre a sério, lia catadupas de livros, fazia tricot, bordados, crochet, passava a ferro maravilhosamente, tocava piano, dançava por vezes com o meu Pai, arranjava flores na perfeição, gostava de musicais ingleses, ouvia música clássica e chansons francesas, contava-nos histórias, adorava o mar como eu, embora não soubesse nadar, falava das suas viagens com o meu Pai e tudo fazia com prazer, como se não lhe custasse, como se tivesse todo o tempo do mundo.
Agora, passados tantos anos, chego à conclusão de que foi essa a grande prenda que nos deu: todo o tempo do mundo.
Infelizmente também sei o que é perder uma mãe, subitamente, quase com 90 anos, mas na plena posse de todas as suas faculdades!!!
ResponderEliminarUm abraço.
Há quem diga que é melhor do que morrer com cancro ou doença prolongada. O meu Pai sofreu bastante mais depois dum AVC que o tornou paraplégico e dependente. Oxalá não venha a morrer assim aos poucos......
ResponderEliminarbjinho
Que lindas lembranças! Assim sendo, as mães nunca morrem, apenas ausentam-se!...
ResponderEliminarBeijinhos.
Acredito que sim e como vivi "ausente" da minha mãe durante quase 30 anos, houve alturas em que pegava no telefone para lhe telefonar, esquecida de que ela já lá não estava.....custou-me muito e ainda me doi!
ResponderEliminarbjinhos