Os portões estavam fechados. Não percebi porquê. Que eu saiba hoje não é feriado.
Felizmente o portão dos estudantes, lateral e mais estreito, estava aberto e por aí entrei.
O jardim no inverno está inundado de sol e até queima...
As árvores estão sem folhas, esguias, erguendo-se para o céu dum azul límpido como se não vê no verão. Tudo deixa entrever a fase de pousio, de descanso, de retiro.
Não há nenúfares, só papiros. Não há flores, mas as camélias continuam a forescer e centenas de botões preparam a chegada da primavera.
Por entre os troncos que assumem formas estranhas mas interessantes, passam os raios de sol muito ténues. a luz é linda como se estivéssemos numa catedral.
Ouvem-se os passarinhos, poucos e esparsos. Com este sol devem sentir-se bem como eu.
Último dia do ano, que muitos dizem foi mau.
Comparando uma foto do Natal do ano passado e deste ano noto uma grande diferença. O meu ex-marido não está. Na foto do ano passado via-o a sorrir para os netos a fazerem o seu show. Este ano só tiraram uma foto em casa dele e notam-se as sequelas da doença grave que não tem fim. Nada será igual no ano que vem...
Não, não espero que o a próximo ano seja muito melhor. O meu filho mais velho vai finalmente conseguir assentar mais aqui pelo Porto e viajar menos para os EU, já que a Veniam fechou a sua base na California e abriu uma nova em NY, bem mais perto. Assim seja, para bem de nós todos que gostamos de o ter por perto.
A minha filha parte depois de amanhã para Leeds, de novo. Vai-me fazer muita falta...mesmo muita. Nestes dias habituei-me à presença serena dela, à sua companhia, a sua meiguice e sorrisos. Não fizémos tudo o que queríamos, ir ver as iluminaçõesa da Baixa e comer gambas ao alho em Matosinhos. Mas estivémos bem, aqui à lareira....
Vou-me sentir mais só. Mas inspirada e com forças para viver.
Adeus 2016.
Venha 2017.