domingo, 4 de dezembro de 2016

Em veia bucólica


Sempre gostei de pintar paisagens, desde o início.

Vi muitos quadros figurativos em Inglaterra e em França quando era jovem pelos museus onde havia Constables, Turners, Manets, Monets, Van Goghs, etc.etc.  Em Leeds descobri o maravilhoso John Atkinson Grimshaw, que quse ninguem conhece.

durante os primeiros anos comprava revistas caríssimas de aguarelas e pintura em geral, livros de capa dura e olhava mais para as fotografias do que para o texto. Fiz alguns quadros baseados nas fotos que via....mas nunca coasguia - nem queria - copiar exatamente o que lá estava.


No outro dia o meu neto pediu-me que lhe oferecesse um quadro pelo Natal. Tem 13 anos e dorme num quarto onde estão dois quadros dos primeiros que fiz em pastel de óleo e que estiveram expostos na Utopia. Até há pouco tempo, ele não sabia que os quadros eram meus, pensava que teriam sido pintados por uma amiga alemã dos pais que já lhes ofereceu e vendeu muitos quadros.
Acrescentou que adora estar na cama a olhar para um dos quadros que tem uma paisagem de neve, muito simples...e que fiz para que o meu filho recordasse a "sua" Alemanha...


Também me disse que preferia quadros figurativos aos abstractos que lhes ofereci e que os pais têm por cima do piano. Gosto muito deles.

Este fim de semana fiz mais quadrinhos pelo processo que descrevi na última entrada. São paralelos, mas existem em separado! As fotos não estão famosas por causa dos reflexos.




 Aqui ficam juntamente com poemas de Alberto Caeiro, o poeta que, para mim,  melhor apreciou e interpretou a Natureza.

Não tenho ambições nem desejos
Ser poeta não é uma ambição minha
É a minha maneira de estar sozinho.
E se desejo às vezes
Por imaginar, ser cordeirinho
(Ou ser o rebanho todo
Para andar espalhado por toda a encosta
A ser muita cousa feliz ao mesmo tempo),
É só porque sinto o que escrevo ao pôr do sol,
Ou quando uma nuvem passa a mão por cima da luz
E corre um silêncio pela erva fora.
Quando me sento a escrever versos
Ou, passeando pelos caminhos ou pelos atalhos,
Escrevo versos num papel que está no meu pensamento,
Sinto um cajado nas mãos
E vejo um recorte de mim
No cimo dum outeiro,
Olhando para o meu rebanho e vendo as minhas ideias,
Ou olhando para as minhas ideias e vendo o meu rebanho,
E sorrindo vagamente como quem não compreende o que se diz
E quer fingir que compreende.

Alberto Caeiro - Cancioneiro

1 comentário: