sábado, 31 de dezembro de 2016

Farewell 2016



Os portões estavam fechados. Não percebi porquê. Que eu saiba hoje não é feriado.

Felizmente o portão dos estudantes, lateral e mais estreito, estava aberto e por aí entrei.

O jardim no inverno está inundado de sol e até queima...

As árvores estão sem folhas, esguias, erguendo-se para o céu dum azul límpido como se não vê no verão. Tudo deixa entrever a fase de pousio, de descanso, de retiro.

Não há nenúfares, só papiros. Não há flores, mas as camélias continuam a forescer e centenas de botões preparam a chegada da primavera.

Por entre os troncos que assumem formas estranhas mas interessantes, passam os raios de sol muito ténues. a luz é linda como se estivéssemos numa catedral.

Ouvem-se os passarinhos, poucos e esparsos. Com este sol devem sentir-se bem como eu.

Último dia do ano, que muitos dizem foi mau.






Comparando uma foto do Natal do ano passado e deste ano noto uma grande diferença. O meu ex-marido não está. Na foto do ano passado via-o a sorrir para os netos a fazerem o seu show. Este ano só tiraram uma foto em casa dele e notam-se as sequelas da doença grave que não tem fim. Nada será igual no ano que vem...

Não, não espero que o a próximo ano seja muito melhor. O meu filho mais velho vai finalmente conseguir assentar mais aqui pelo  Porto e viajar menos para os EU, já que a Veniam fechou a sua base na California e abriu uma nova em NY, bem mais perto. Assim seja, para bem de nós todos que gostamos de o ter por perto.






A minha filha parte depois de amanhã para Leeds, de novo. Vai-me fazer muita falta...mesmo muita. Nestes dias habituei-me à presença serena dela, à sua companhia, a sua meiguice e sorrisos. Não fizémos tudo o que queríamos, ir ver as iluminaçõesa da Baixa e comer gambas ao alho em Matosinhos. Mas estivémos bem, aqui à lareira....

Vou-me sentir mais só. Mas inspirada e com forças para viver.


Adeus 2016.

Venha 2017.

sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

Four seasons



Eis o produto terminado.

Gosto.





Quando vier a primavera
Se eu já estiver morto,
As flores florirão da mesma maneira
E as árvores não serão menos verdes que na Primavera passada.
A realidade não precisa de mim.
Sinto uma alegria enorme
Ao pensar que a minha morte não tem importância nenhuma.
Se soubesse que amanhã morria
E a Primavera era depois de amanhã,
Morreria contente, porque ela era depois de amanhã.
Se esse é o seu tempo, quando havia ela de vir senão no seu tempo?
Gosto que tudo seja real e que tudo esteja certo;
E gosto porque assim seria, mesmo que eu não gostasse.
Por isso, se morrer agora, morro contente,
Porque tudo é real e tudo está certo.
Podem rezar latim sobre o meu caixão, se quiserem.
Se quiserem, podem dançar e cantar à roda dele.
Não tenho preferências para quando já não puder ter preferências.
O que for, quando for, é que será o que é.



“Poemas Inconjuntos”. In Poemas de Alberto Caeiro. Fernando Pessoa.

Four seasons: Summer



Quadro a acrílico sobre MDF - Summer


No Entardecer dos Dias de Verão

No entardecer dos dias de Verão, às vezes, 

Ainda que não haja brisa nenhuma, parece 
Que passa, um momento, uma leve brisa... 
Mas as árvores permanecem imóveis 
Em todas as folhas das suas folhas 
E os nossos sentidos tiveram uma ilusão, 
Tiveram a ilusão do que lhes agradaria... 
Ah, os sentidos, os doentes que vêem e ouvem! 
Fôssemos nós como devíamos ser 
E não haveria em nós necessidade de ilusão ... 
Bastar-nos-ia sentir com clareza e vida 
E nem repararmos para que há sentidos ... 
Mas graças a Deus que há imperfeição no Mundo 
Porque a imperfeição é uma cousa, 
E haver gente que erra é original, 
E haver gente doente torna o Mundo engraçado. 
Se não houvesse imperfeição, havia uma cousa a menos, 
E deve haver muita cousa 
Para termos muito que ver e ouvir ... 


Alberto Caeiro, in "O Guardador de Rebanhos - Poema XLI" 


Vivaldi:  Summmer

terça-feira, 27 de dezembro de 2016

Four seasons: Winter





Velho, velho, velho

Chegou o Inverno.

Vem de sobretudo,

Vem de cachecol,

O chão onde passa

Parece um lençol.

Esqueceu as luvas

Perto do fogão:

Quando as procurou,

Roubara-as um cão.

Com medo do frio

Encosta-se a nós:

Dai-lhe café quente

Senão perde a voz.

Velho, velho, velho.

Chegou o Inverno.

Eugénio de Andrade (1923 –2005)  in Aquela nuvem e outras  


sábado, 24 de dezembro de 2016

FELIZ NATAL


Inspiração



Há épocas em que nada pinto, meses a fio em que não pego num pincel.

Faz-me falta, mas não me sinto inspirada e nada me sai bem.

Este mês foi o contrário. Fiz uma série de quadrinhos que me satisfazem. Esta colecção é de aguarelas em cor pastel.  Ofereci-os a quem aprecia.



              Nestes últimos dias, resolvi começar uma série intitulada Four seasons. Já fiz o primeiro Spring e o terceiro Autumn.
Penso que ficaram interessantes, entre o abstracto e o figurativo.






Podem ser acompanhados por Vivaldi, que é sempre uma música festiva e inspiradora.




quinta-feira, 22 de dezembro de 2016

Tesourinhos








                                                                                                                                                             Tenho andado a arrumar coisas várias em gavetas que parecem baús, cheias de objectos sagrados, prendas que nunca usei, jóias falsas, mas bonitas, lenços, echarpes, cachecois que davam para viver duas vezes, lencinhos, toalhetes, carteirinhas, cartas, fotografias, máquinas fotográficas, enfim, um manancial de tesourinhos que um dia não sei onde irão parar. Não gosto de re-ver estas coisas pois trazem-me à mente muitas memórias esparsas mas um pouco inquietantes. Por outro lado, tenho prazer em ter algumas coisas só minhas e que me dizem muito.





Guardo o meu anel de noivado e aliança num estojo, um colar de pérolas da Majorica, que me ofereceram pelos meus 18 anos, mas que o meu filho partiu em 1978 e nunca mandei arranjar, um alfinete que comprei com o dinheiro da editora, um relógio que a minha Mãe usava sempre e... pouco mais. São todos os meus tesouros.


Também andei a vasculhar as minhas pinturas e encontrei algumas de que já não me recordava. Tinha as fotos no 1º blogue de modo que consegui recuperar o ficheiro de pinturas só minhas. Dá sempre jeito saber o que já fiz há quase dez anos...


Pintei muito em guache e depois parei.  Aqui ficam alguns quadros que fiz em 2008-10. Alguns ofereci como este da praia, que foi muito bem conseguido, na minha opinião. O último está aqui na minha sala juntamente com dois da Teresa Vieira que comprei. Gosto muito dele pois parece mesmo lascas de madeira.

quarta-feira, 21 de dezembro de 2016

Inverno

Quando Está Frio no Tempo do Frio

Quando está frio no tempo do frio, para mim é como se estivesse agradável, 

Porque para o meu ser adequado à existência das cousas 

O natural é o agradável só por ser natural. 






Alberto Caeiro, in "Poemas Inconjuntos" 


quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

As memórias do Facebook - MY SOCIAL BOOK e ainda 150.000 leitores!!


Porto arquitectonico
O Facebook pode ter muitos defeitos. Pode ser altamente pernicioso para homens , mulheres e crianças. Sobretudo para os adolescentes vulneráveis, para as personalidades conhecidas e os famosos. Não nego e até posso dar exemplos.
Há pessoas que afirmam com desprezo que não precisam do Fb para nada, que é um café onde todos se auto-elogiam ou hetero-lisongeiam, não contribuindo para o bem estar de ninguém. è muito mais do que isso, na minha opinião.

Aderi ao FB em 2010, creio eu, e até agora só tive benefícios que ultrapassam de longe os aspectos negativos.
A Foz e Matosinhos
Jardim Botânico

Consegui recuperar contacto com várias pessoas da família do meu Pai, que vieram de Goa ou de Moçambique depois do 25 de Abril e que habitam nos mais variados países, Australia, India, Inglaterra, Suiça, etc. Todos comunicamos através do FB e muitos de nós, primos direitos, só nos conhecíamos de ouvir falar na infância duns supostos parentes que viviam longe. Os meus primos direitos que são mais de 20, tiveram filhos, esses filhos já têm prole e assim vamos sabendo uns dos outros com frequência. Volta e meia há mesmo encontros marcados " ao vivo" para passar do virtual ao real.

Alguns alunos meus também me contactaram através deste meio, assim como ex-estagiários, colegas e fotógrafos do Woophy Photo Club, que me conhecem há muitos anos. Os encontros são mais esparsos - tinha grande dificuldade em andar ainda há pouco tempo - mas a simpatia, a amizade, as perdas e os ganhos são todos registados e partilhados. As fotografias maravilhosas que alguns destes Amigos tiram, os prémios que ganham, os resultados de experiências, tudo isso é benefício real em termos de socialização.

 Sou fã incondicional do FB, sobretudo porque posso lá pôr e tirar o que quero, fazer comentários que vão animar as pessoas, desabafar sobre alguns problemas, colocar fotografias à medida que as vou tirando, às vezes brincar a propósito do futebol, partilhar as minhas alegrias e os trabalhos que vou fazendo. Há poucos comentários, mas os que existem são sinceros e sei que as pessoas são mesmo minhas amigas.


Temos um grupo da família, em que ninguém entra se não nós - oito irmãos  e proles -, mas esse é mais para partilharmos algumas proezas dos nossos filhos e netos ou combinarmos coisas em comum. Não sou particularmente fã desse grupo e penso que a família alargada não é o meu objectivo principal no FB. Pelo contrário. Muitos deles nem sequer são meus Amigos.

Este ano resolvi encomendar um Social Book relativo ao ano de 2016.  Chegou anteontem, muito bem embalado , com a sua capa dura.
O meu encontro com a Nelly após 60 anos de ausência

Ofir
Foi o meu presente para mim própria que me vai dar um enorme prazer folhear para o resto da vida. Poderia ter feito um sobre anos mais antigos, mas achei que este ano era o ideal para recordar eventos vários importantes, como ter festejado os meus 70 anos e o meu filho mais velho os seus 40. Os netos também já estão crescidos - dos 7 aos 13 - e já fazem coisas bonitas, embora eles nunca sejam expostos no FB. As nossas férias na Luz foram lindas.


Ficam aqui algumas páginas que fotografei com dificuldade, pois o livro ainda está muito fechado e custa a fotografar. Tem 400 páginas, centenas de fotos, textos que escrevi, poemas, comentários, eventos, viagens, férias, tudo separado em cada mês do ano. Não sei quem faz a selecção, nem quantos designers estão envolvidos, mas sei que foi feito com gosto e interesse. Não é aleatoriamente que se escolhe fotografias que nos dizem muito para as páginas principais. As fotos são todas minhas, salvo raríssimas excepções.

É um verdadeiro album de recordações bem vivas na minha memória e na dos que me amam.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

As cores do Outono


Tenho fotografado muitas folhas de outono. Todas elas lindíssimas. A multiplicidade de cores é infinita.

Procurei fazer uma colagem a partir duma pintura a pastel de óleo que era bonita, mas não fazia este efeito. O pastel de óleo é um material fantástico, nunca me canso dele, embora ultimamente pinte mais a acrílico.


Na realidade trabalha-se com poucas cores. O que dá a ilusão do seu numero é serem postas no seu justo lugar.

Pablo Picasso

quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

Cubismo home made


Dia da Mãe


                           
Isso era dantes.  Agora já não.

Mas os meus filhos lembraram-se e convidaram-me para ir almoçar a Leça.

Num dia esplendoroso como todos os que têm estado ultimamente, oferecendo-nos espectáculos inolvidáveis, panoramas de céus que parecem nunca mais acabar...






Hoje Leça estava vazia. Anda tudo a fazer compras, mas os meus netos deliram com a praia, as rochas, trepar e olhar lá de cima felizes.

Ainda estão na idade do amor ao espaço aberto, do prazer simples, da família aconchegada, Deus os conserve assim.


Vê-los a correr para mim pela areia a fora ou a ajudar-me a subir às rochas, a fazer caretas para as fotografias ou a contemplar o mar é uma benesse.

Adoro-os e só queria que esta felicidade se mantivesse durante longos anos.

Nada é melhor para nos animar.








Agora em casa, descarrego as fotos poucas que tirei com i'Phone e saboreio o silêncio da música coheniana, embalo-me neste swing e quase adormeço.




( foto do google)      placa com quadra de António Nobre

Na praia lá da Boa Nova , um dia
Edifiquei ( esse foi o grande mal)
Alto Castello, o que é a phantasia,
 todo de lápis lazzuli e de coral.


quarta-feira, 7 de dezembro de 2016

Gincko biloba - a árvore que a tudo sobreviveu


Há uns anos que nesta época do ano visito a parte mais funda do jardim botânico , onde se vê a maldita VCI e se ouve o ruído infernal dos veículos que a toda a hora por ali circulam.

Tudo por causa destas árvores que me supreendem sempre no outono - já no finzinho - com as suas folhas tipo pétalas douradas.

A delicadeza destas árvores é indescritível, parecem rendas que se espreguiçam nos seus ramos escuros e contrastantes.

Uma beleza que não dispenso, esta semana já lá fui três vezes e hoje levei os meus netos para eles as verem.




Por um sobrinho que trabalha na mata do Vidago - mais propriamente no campo de golfe - fiquei a saber que o seu nome em português é avenca. Conhecia as avencas de casa e tive várias. Eram lindíssimas, mas com sol quente murchavam. Não sabia que estas árvores se chamavam assim e lá no local só está o nome em chinês.

Transcrevo aqui um excerto da wiki, que me parece interessante. Fica aqui também o poema que Goethe dedicou a esta bela árvore e uma outra em espanhol de Elena Martin Vivaldi.

Ginkgo biloba, de origem chinesa, é uma árvore considerada um fóssil vivo, pois existia já no tempo dos dinossauros, há mais de 150 milhões de anos. 
É símbolo de paz e longevidade por ter sobrevivido às explosões atômicas no Japão.






Foi descrita pela primeira vez pelo médico alemão Engelbert Kaempfer por volta de 1690, mas só despertou o interesse de pesquisadores após a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), quando perceberam que a planta tinha sobrevivido à radiação em Hiroshima, brotando no solo da cidade devastada. 
São árvores caducas, isto é, que perdem todas as folhas no inverno. Atingem uma altura de 20 a 35 metros (alguns espécimes, na China, chegam a atingir os 50 metros). Foram, durante muito tempo, consideradas extintas no meio natural, mas, posteriormente verificou-se que duas pequenas zonas na província de Zhejiang, na República Popular da China, albergavam exemplares da espécie. Hoje, a planta existe em praticamente todos os continentes e no Brasil há exemplares produzidos de sementes.
Goethe, famoso cientista, filósofo, poeta e botânico alemão, escreveu um poema sobre ele em 1815 falando da unidade-dualidade simbolizada na folha do ginkgo.



GINKGO BILOBA 
[ÁRBOL MILENARIO]
Un árbol. Bien. Amarillo
de otoño. Y esplendoroso
se abre al cielo, codicioso
de más luz. Grita su brillo
hacia el jardín. Y sencillo,
libre, su color derrama
frente al azul. Como llama
crece, arde, se ilumina
su sangre antigua. Domina
todo el aire rama a rama.
Todo el aire, rama a rama,
se enciende por la amarilla
plenitud del árbol. Brilla
lo que, sólo azul, se inflama
de un fuego de oro: oriflama.
No bandera. Alegre fuente
de color: Clava ascendente
su áureo mástil hacia el cielo.
De tantos siglos su anhelo
nos alcanza. Luz de oriente.
Amarillo. Aún no imagina
el viento, la desbandada
de sus hojas, ya apagada
su claridad. Se avecina
la tarde gris. Ni adivina
su soledad, esa tristeza
de sus ramas.
                                          Fue certeza,
alegria – ¡otoño ! - . Faro
de abierta luz.
                                        Desamparo
después. ¿Dónde tu belleza ?
                              Elena Martín Vivaldi

terça-feira, 6 de dezembro de 2016

Inspiração a guache



Apesar de não ter recebido nenhuns comentários sobre as minhas ultimas entradas, continuo a "expôr" aqui os quadros que vou fazendo ou encontrando pelas inúmeras pastas e armários da minha casa.

Hoje encontrei este guache que fiz ainda na Paleta, o meu primeiro atelier. Já nem me lembrava de o ter feito e foi uma agradável surpresa.

Também encontro alguns de que não gosto, mas enfim, são experiências que, na altura, me ensinaram o que é belo e o que não é.

O guache tem umas cores e um brilho que as aguarelas não têm. Quanto a mim é um dos materiais mais bonitos de usar.

Pena é nas escolas nunca usarmos estes materiais com criatividade, lembro-me de odiar as aulas de Desenho e de esborratar tudo!!


domingo, 4 de dezembro de 2016

Em veia bucólica


Sempre gostei de pintar paisagens, desde o início.

Vi muitos quadros figurativos em Inglaterra e em França quando era jovem pelos museus onde havia Constables, Turners, Manets, Monets, Van Goghs, etc.etc.  Em Leeds descobri o maravilhoso John Atkinson Grimshaw, que quse ninguem conhece.

durante os primeiros anos comprava revistas caríssimas de aguarelas e pintura em geral, livros de capa dura e olhava mais para as fotografias do que para o texto. Fiz alguns quadros baseados nas fotos que via....mas nunca coasguia - nem queria - copiar exatamente o que lá estava.


No outro dia o meu neto pediu-me que lhe oferecesse um quadro pelo Natal. Tem 13 anos e dorme num quarto onde estão dois quadros dos primeiros que fiz em pastel de óleo e que estiveram expostos na Utopia. Até há pouco tempo, ele não sabia que os quadros eram meus, pensava que teriam sido pintados por uma amiga alemã dos pais que já lhes ofereceu e vendeu muitos quadros.
Acrescentou que adora estar na cama a olhar para um dos quadros que tem uma paisagem de neve, muito simples...e que fiz para que o meu filho recordasse a "sua" Alemanha...


Também me disse que preferia quadros figurativos aos abstractos que lhes ofereci e que os pais têm por cima do piano. Gosto muito deles.

Este fim de semana fiz mais quadrinhos pelo processo que descrevi na última entrada. São paralelos, mas existem em separado! As fotos não estão famosas por causa dos reflexos.




 Aqui ficam juntamente com poemas de Alberto Caeiro, o poeta que, para mim,  melhor apreciou e interpretou a Natureza.

Não tenho ambições nem desejos
Ser poeta não é uma ambição minha
É a minha maneira de estar sozinho.
E se desejo às vezes
Por imaginar, ser cordeirinho
(Ou ser o rebanho todo
Para andar espalhado por toda a encosta
A ser muita cousa feliz ao mesmo tempo),
É só porque sinto o que escrevo ao pôr do sol,
Ou quando uma nuvem passa a mão por cima da luz
E corre um silêncio pela erva fora.
Quando me sento a escrever versos
Ou, passeando pelos caminhos ou pelos atalhos,
Escrevo versos num papel que está no meu pensamento,
Sinto um cajado nas mãos
E vejo um recorte de mim
No cimo dum outeiro,
Olhando para o meu rebanho e vendo as minhas ideias,
Ou olhando para as minhas ideias e vendo o meu rebanho,
E sorrindo vagamente como quem não compreende o que se diz
E quer fingir que compreende.

Alberto Caeiro - Cancioneiro