sábado, 30 de setembro de 2017

O Porto é quase uma ilha



rodeada de mar por todos os lados.



Ás vezes tenho a sensação de que a menos de 15m de autocarro, posso estar junto ao mar e num raio de 50 km há praias magníficas, tanto para norte como para sul. Todas elas com bandeira azul e areais imensos, paliçadas, passerelles, civilização.


No meio ficam estas cidades, Porto, Gaia, Matosinhos, Vila do Conde, cada uma com a sua especificidade e beleza.


Já ambicionei viver junto ao mar, mas cheguei à conclusão de que é bem melhor viver mais perto do centro e deslocar-me como ontem até à orla marítima.

Um taxi custa 6.00 daqui à Matosinhos onde fui almoçar na Cufra. É um ritual meu e da Luisa, adoramos as gambas ao alho. Ontem estavam excelentes e a vista das janelas era lindíssima. O ambiente calmo, empregados gentilíssimos.


Saímos dali para a praia. A temperatura do ar era de 25º, sem pinga de vento, lindo, em tons pasteis, azulados e dourados, jovens surfistas a andar para cá e para lá, turistas em grupos, raparigas loiras muito elegantes, parzinhos, etc. Só não se viam crianças, estariam na escola.

A água estava tão boa que molhámos os pés até aos joelhos e rimos imenso com a ameaça das ondas subirem ainda mais. As rochas estavam pejadas de moluscos, lapas e mexilhões, musgo, líquens, um cheiro a mar que se notava à distância.

A gaivotas agrupavam-se junto à ribeira que desagua no meio das
praias e que não augura nada de bom, nem sei se é salubre. Elas ali estavam, às dezenas dando  um ar selvagem à praia, que aprecio bastante.



Deitámo-nos na areia e ali estivémos umas horas largas. A paz era total...

Depois viémos a pé até ao autocarro 200 no Castelo do Queijo. Um homem meditava a olhar para o mar...






Um passeio maravilhoso pela areia molhada com a neblina a envolver-nos e sol quente. Andei de manga curta durante todo o passeio. Ao todo andámos 4, km e 500.


A Luisa ainda quis ir lanchar ao BBGourmet, aqui perto. Bebemos chá e comemos scones à inglesa.

À noite veio o meu filho e fomos jantar à Máscara para despedida da Luisa, que parte hoje para Leeds. São 6 da manhã e escrevo aqui para não chorar...
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Já partiu, como há 18 anos, pela primeira vez...nessa altura fui levá-la e partiu-se me a alma, ela parecia uma menina. Agora já está bem mais madura e adulta.


Veio-me à cabeça aquela canção linda e triste dos Chats Sauvages:  Derniers baisers... que cantávamos em coro na praia da Luz nas despedidas...bons tempos...


terça-feira, 26 de setembro de 2017

Memorabilia



Objectos que nos recordam uma época, uma experiência, pessoas, lugares, sensações passadas com valor ou interesse especial.
É com essas coisas que estou a lidar neste momento, com objectos que tenho de deitar fora por razões de conveniência ou para ter a casa mais vazia, mais leve. Não se pode viver numa casa atafulhada de coisas por muito belas que elas sejam. Nunca dei muita importância  a loiças, roupas ou mobílias, mas os discos, CDs, cassetes, etc foram sempre preciosos e significaram muito no decurso da minha vida. O meu marido criticava-me por gastar rios de dinheiro em aparelhagens acústicas e em CDs para os meus filhos, mas nunca me preocupei muito com isso. 
É claro que hoje muitas dessas coisas estão ultrapassadas e há que vermo-nos livres delas por absoluta necessidade. O mesmo acontece com livros. Já leio mais pelo Kindle do que pelos livros de papel devido à falta de vista para ler letra miudinha. Não gosto de usar óculos para ver ao perto e muito menos progressivos. Há livros que se enchem de pó e só servem para criar bicho :)


Hoje encontrei num armário mais de duzentos CDs - alguns são só capas - de música que eram meus e dos meus filhos em tempos idos. A minha filha ficou contentíssima, pois ainda ouve com leitor de CDs. Eu há muito que não os oiço, optei pelo Spotify com bluetooth e possibilidade de ouvir pela coluna Bose, que é bastante boa. Também oiço música do Mezzo, que continua a transmitir música clássica directamente de salas de concertos. Sou fã incondicional de canais de música e só me admira como é que os nossos canais não transmitem nunca concertos das salas portuguesas, onde há intérpretes magníficos todos os anos. Isto só prova que a TV não educa os telespectadores, limita-se a dar-lhes drama e a comédia mais baixa possível, o futebol, as eternas discussões de politiquice barata, os telejornais sensacionalistas. No meio, não há mesmo nada que se aproveite...

Em casa do meu ex-marido existem coisas que me custa muito vender ou dar.
Resolvi deitar fora coisas minhas para poder guardar as dele: uma colecção de BD que já data dos anos 50, discos vinyl que ambos comprámos, livros clássicos, soldadinhos de chumbo, etc.


Talvez seja saudosismo ou sentimentalismo, mas estes objectos mantém viva a presença duma pessoa que foi essencial na minha vida. Tê-los aqui faz-me lembrar que fui feliz em tempos.



quarta-feira, 20 de setembro de 2017

num dos mais belos lugares da Terra



Passei alguns dias sem escrever.

Estive em Ofir, longe de tudo e sem computador, o que foi óptimo para arejar a vista. Escrevi no meu diário, mas não vou transcrever para aqui.

Ficam apenas algumas fotos dum dos locais mais belos que conheço.

Sinto-me fora do mundo quando lá estou.

A Felicidade existe ali.










quinta-feira, 14 de setembro de 2017

Alma do Porto

É o nome dum grupo do Facebook, a que pertenço há uns meses.
Há mais grupos dedicados ao Porto, mas este, não sei porquê, tem-me cativado dum modo especial. Talvez seja pelas pessoas que dialogam entre si, pelos comentários e respostas, pela alma que transparece nas fotografias magníficas da Invicta.

https://www.facebook.com/groups/893858460681548/

Se alguém gosta desta cidade e aprecia os pormenores que ela contém na sua especificidade e cultura histórica, não deve deixar de consultar este tipo de sites, onde os fotógrafos, amadores ou não, nos alegram todos os dias com fotografias indescritíveis, mensagens amistosas, humor à Porto, poesia mais ou menos elaborada e um encanto muito nortenho e familiar.

Penso que a criadora do site é Nídia Sequeira, cujas fotografias nos deixam sem palavras.
Coloco aqui algumas - com assinatura - para os leitores verem.



Também aparecem outras fotografias igualmente belas. Como as de Alberto Costa Pinto:



ou as de Laurinda Teixeira, uma verdadeira artista, cujas fotografias parecem poemas.




É nestas alturas que me sinto extremamente inapta. As minhas fotos são belas para mim porque me recordam momentos únicos, mas em termos de técnica, nunca foram extraordinárias. Ultimamente uso só o Huawei, pois é leve e prático. Já há meses que nem sequer levo a Lumix quando saio.

Conhecer estes fotógrafos é uma honra. Mencioná-los neste blogue um dever.

quarta-feira, 13 de setembro de 2017

A netflix: séries policiais de qualidade.




Aderi à Netflix, há uns meses e já vi muitas séries excelentes ao ritmo que quero, quando quero, com a adrenalina e o suspense necessários para que as histórias nos envolvam, as personagens deixem a sua marca, os temas fiquem a bailar na nossa mente.
Gosto de ler as reviews, os foruns de discussão, biografias de actores, depois de ter visto bem a série. É completamente diferente de ver episódio atrás de episódio durante semanas na Fox.



A Netflix contém séries, filmes, documentários, entrevistas, concertos, etc. e serve para crianças, jovens e adultos, podendo seleccionar-se segundo o perfil do utente. Pago, 9,99 $D por mês.




Já vi séries francesas, como Marseille, mas na sua maioria são americanas ou inglesas. A melhor que vi foi Broadchurch, mas há muitas excepcionais, como The Killing, American Justice, How to get away with Murder, The Good Wife, House of Cards, etc.

Estou cansada da Fox Crime, que acaba por ser repetitiva, ainda que transmita as melhores séries criminais do panorama britânico. Canso-me dos detectives sempre muito originais, dos ambientes rurais ou da cidade de Oxford, muito posh e rebuscada.

Ultimamente comecei a ver uma série que é quase um documentário sobre a Justiça americana, o sistema judicial, as condenações injustas, as confissões forçadas, as comunidades desprotegidas e ignorantes, etc.
Fiquei impressionada com a quantidade de pessoas que , desconhecendo os seus direitos, são manipulados pelos agentes  da Polícia, de modo a confessar crimes que não cometeram, convencidos de que se verão livres do pesadelo que enfrentam nos calabouços dos xerifes. Muitas vezes essas confissões gravadas são as únicas provas apresentadas em tribunal, ignorando os procuradores outras provas que poderiam levar a novas e verosímeis pistas.


A ânsia de encontrar culpados, a ambição dos agentes em subir nas carreiras, a vulnerabilidade dos suspeitos, acabam por conduzir a uma condenação pesada por 12 jurados mal informados.
Revolta-me que isso aconteça, mas estes casos são reais, e em geral, fazendo uma pesquisa na net, leio mais sobre o assunto e chego à conclusão de que foi mesmo assim.

Não há invenção, nem parcialidade, apenas factos reais e entrevistas com pessoas antes e depois do crime. Mesmo quando se prova que houve um mau serviço da Lei, não voltam atrás e os presos continuam presos sem direito a liberdade condicional.

Este sistema tem sido muito criticado por escritores como John Grisham, por exemplo, mas não suficientemente exposto. Há séries como a fabulosa Rectify, que descreve a experiência de um condenado que é libertado 20 anos mais tarde por se provar a sua inocência.

Nada disto é muito uplifting, nem deixa a pessoa muito bem disposta como séries de humor, mas faz-nos pensar na vida e na injustiça a que as pessoas mais pobres ou mais vulneráveis estão sujeitas por incúria ou ganância de quem está no poder.

Deixo-vos aqui com o genérico de Broadchurch, música fabulosa e inquietante de Olafdur Arnalds.


sexta-feira, 8 de setembro de 2017

Take my leave of you


Walk down to the water
Stare out across the blue
Look to where our love was stolen
I take my leave of you.


What I'd give to be unbroken
Find again the love we knew
But now with our past around you
I take my leave of you.


Shall we meet in the sunrise
Stand one last time as two
I'll look deep into your eyes
Can I take my leave of you?



                                                    Olafur Arnalds - Take My Leave Of You 




quarta-feira, 6 de setembro de 2017

Há sete anos


Escrevi esta entrada do meu blogue antigo ( 2009-2012). Porque gosto dela e ainda penso e sinto exactamente o mesmo , transcrevo-a aqui e anexo a fotografia que tirei nessa altura nas rochas da Calheta onde passava férias em Junho.

Pode-se explorar nas cidades, nas casas, nas ruas, nos jardins, nos becos mais antigos, nos recantos escondidos, nas calçadas, nas escadinhas, nos sótãos ou em salões. Numa cidade, encontra-se sempre alguma coisa de novo, uma inscrição, um grafitti, um nome, um vestígio, traços , pegadas, riscos ou desenhos. Uma cidade é feita pelos homens e tem a beleza, a variedade e a fealdade dos que a habitam e a construíram. 



A Natureza, a verdadeira, tem dificuldade em respirar no meio de uma grande cidade. Ninguém apanha cardos, rosas bravas ou espigas. Compram-se flores a sério, cortadas ou em vaso, semeiam-se bolbos, plantam-se cactos, colocam-se-se árvores dentro de casa para simular aquilo que se não tem: a Natureza.
Saímos da cidade e encontramos uma explosão de maravilhas. A Natureza é pródiga em nos oferecer os seus encantos, prendas, simples ou sofisticadas, mas sempre produzidas por ela, sem recurso a nenhum artifício...os anos, os meses, os dias encarregam-se de moldar estas ofertas, a chuva, os ventos e o sol são os seus artistas privilegiados. Há esculturas na pedra que parecem feitas pelos homens, mas não são. Há plantas duma variedade infinita que nascem entre as rochas mais fustigadas pelo mar e onde se diria que nem os cardos poderiam alguma vez medrar, há arranjos florais lindíssimos na terra a céu aberto que nenhum de nós conseguiria inventar. É só preciso olhar, observar e admirar.
Nesta colagem vão os resultados da minha exploração de hoje à tarde, aqui a dois passos do jardim. 
Foi só descer as escadas...e a exploração começou. 
Bem haja a Natureza. É bom viver.



terça-feira, 5 de setembro de 2017

Ser eu









Não cobiço nem disputo os teus olhos
Não estou sequer à espera que me deixes ver através dos teus olhos
Nem sei tão pouco se quero ver o que vêem e do modo como vêem os teus olhos
Nada do que possas ver me levará a ver e a pensar contigo
Se eu não for capaz de aprender a ver pelos meus olhos e a pensar comigo.

Não me digas como se caminha e por onde é o caminho.
Deixa-me simplesmente acompanhar-te quando eu quiser.
Se o caminho dos teus passos estiver iluminado
Pela mais cintilante das estrelas que espreitam as noites e os dias
Mesmo que tu me percas e eu te perca
Algures na caminhada certamente nos reencontraremos


Ademar Santos

domingo, 3 de setembro de 2017

Anda comigo ver os aviões


É uma canção que me enternece, sempre gostei dela, embora não seja fã da banda.

Hoje fui sozinha não ver os aviões, pois não era essa a minha intenção, mas à Feira do Livro numa tarde cheia de sol, a convidar a passeio. Tinha pensado em ficar em casa à espera do jogo da selecção que se está a desenrolar agora, mas depois de ter ido almoçar fora com o meu filho, não me apeteceu voltar para casa. Ele deixou-me junto ao Palácio, onde gosto de passear, mesmo quando está cheio de gente. Já uma vez lá estive num S. João a ouvir um concerto e achei graça às pessoas sentadas e deitadas na relva, os picnics, o ambiente de festa que os portuenses amam.

A primeira vez que fui ao Palácio não conhecia o Porto, tinha 21 anos e namorava o M., que pacientemente, me mostrou a cidade a pé. Lembro-me muito bem do beijo que ele me deu às escondidas, num canto do  jardim.








 Hoje havia muitas mais pessoas todas na esperança de ver os aviões da Red Bull Air Race, ao vivo. Fiquei curiosa e aproximei-me dos locais donde se disfrutava a vista do rio, sempre belo, sempre azul lá em baixo.

Nas margens as pessoas apinhavam-se e em Gaia, viam-se formigas circulando dum lado para o outro. Consegui fotografar dois aviões em posições estratégicas, embora eu estivesse numa zona pouco propícia e não ousasse meter-me no meio da multidão.

Sentei-me num banco, donde se entrevia o rio por entre as árvores e só esse cenário sem aviões já valia a pena.

Por fim dirigi-me a uma espécie de morro, subi-o e sentei-me no meio das pessoas.



Infelizmente, já só passaram caças ruidosos a marcar o final da corrida.




As pessoas perguntavam-se se aquilo era tudo, pareciam um pouco admiradas, umas turistas francesas não percebiam nada do que se estava a passar e ainda lhes expliquei, mas elas acabaram por se ir embora.



Vim pela Feira do Livro que entretanto, estava pejada de gente. Mesmo assim consegui comprar dois livros, um que andava há muito à procura e que tive a sorte de comprar por 7 euros, a Nave do Loucos, do qual foi realizado um filme nos anos 60 que nos impressionou imenso, a mim e ao M. Discutimos por cartas as personagens todas, identificando-nos com duas delas. Estava morta por ler o romance, procurei-o no Kindle , mas não consegui. Já tenho que ler por semanas.

Foi uma tarde com o "povo" como dizia uma tia minha muito castiça. Ás vezes sentimo-nos bem acompanhados por pessoas anónimas.


sábado, 2 de setembro de 2017

Um oásis de paz

Se fosse a contar as entradas neste blogue que já escrevi sobre o jardim botânico do Porto, as dezenas de fotografias que já lá tirei, os momentos maravilhosos que aqui experimentei e conseguisse exprimir plenamente o que sinto quando lá estou, seria uma pessoa completa.



Podia fazer um livro sobre este local maravilhoso, que tenho a sorte de ver do outro lado da rua.

Não me contento com a contemplação das magníficas árvores da minha varanda, que vão mudando de cor segundo as horas do dia e as estações do ano.

Não, eu conheço-as de cor, visito-as constantemente, "falo" com elas mais do que com os meus filhos, oiço-lhes as mágoas da secura, da falta de cuidado, da falta de respeito a que são sujeitas.

Eu amo estas plantas e ficaria extremamente triste se um dia tivesse de me privar deste prazer espiritual que é passear pelas áleas iluminadas pelo sol ou sombrias devido aos enormes ramos que escondem o astro-rei. 

Como conseguiria passar sem me sentar durante horas naqueles muretes cheios de musgo em frente aos lagos de nenúfares, olhando o arco íris dos reflexos na água, sempre diferentes conforme o vento?

Descer as escadinhas com cuidado para não escorregar no musgo que atapeta os degraus, sentar-me num tronco das dezenas que lá há, respirar o cheiro do eucalipto gigante - agora circundado por uma vedação que nos proíbe de chegar perto - apanhar folhas das magnólias ou pétalas de camélias, extasiar-me diante da glicínea que cobre o banco de azulejos, tão antigo como os antepassados de Sophia, fotografar as flores, as rosas, as dálias, os hibiscos, os lírios, a lantana, as tulipas, os gladíolos, tantas e tantas cores e cheiros diferentes, tudo isto é um culto, uma religião. A minha.




Deixo-vos com a música que ultimamente oiço pelos auriculares enquanto passeio ou medito. Ela complementa o cenário na perfeição.