terça-feira, 26 de setembro de 2017

Memorabilia



Objectos que nos recordam uma época, uma experiência, pessoas, lugares, sensações passadas com valor ou interesse especial.
É com essas coisas que estou a lidar neste momento, com objectos que tenho de deitar fora por razões de conveniência ou para ter a casa mais vazia, mais leve. Não se pode viver numa casa atafulhada de coisas por muito belas que elas sejam. Nunca dei muita importância  a loiças, roupas ou mobílias, mas os discos, CDs, cassetes, etc foram sempre preciosos e significaram muito no decurso da minha vida. O meu marido criticava-me por gastar rios de dinheiro em aparelhagens acústicas e em CDs para os meus filhos, mas nunca me preocupei muito com isso. 
É claro que hoje muitas dessas coisas estão ultrapassadas e há que vermo-nos livres delas por absoluta necessidade. O mesmo acontece com livros. Já leio mais pelo Kindle do que pelos livros de papel devido à falta de vista para ler letra miudinha. Não gosto de usar óculos para ver ao perto e muito menos progressivos. Há livros que se enchem de pó e só servem para criar bicho :)


Hoje encontrei num armário mais de duzentos CDs - alguns são só capas - de música que eram meus e dos meus filhos em tempos idos. A minha filha ficou contentíssima, pois ainda ouve com leitor de CDs. Eu há muito que não os oiço, optei pelo Spotify com bluetooth e possibilidade de ouvir pela coluna Bose, que é bastante boa. Também oiço música do Mezzo, que continua a transmitir música clássica directamente de salas de concertos. Sou fã incondicional de canais de música e só me admira como é que os nossos canais não transmitem nunca concertos das salas portuguesas, onde há intérpretes magníficos todos os anos. Isto só prova que a TV não educa os telespectadores, limita-se a dar-lhes drama e a comédia mais baixa possível, o futebol, as eternas discussões de politiquice barata, os telejornais sensacionalistas. No meio, não há mesmo nada que se aproveite...

Em casa do meu ex-marido existem coisas que me custa muito vender ou dar.
Resolvi deitar fora coisas minhas para poder guardar as dele: uma colecção de BD que já data dos anos 50, discos vinyl que ambos comprámos, livros clássicos, soldadinhos de chumbo, etc.


Talvez seja saudosismo ou sentimentalismo, mas estes objectos mantém viva a presença duma pessoa que foi essencial na minha vida. Tê-los aqui faz-me lembrar que fui feliz em tempos.



4 comentários:

  1. Como eu a compreendo, Virgínia!
    Foi a primeira vez que me vi confrontada com uma situação destas e digo-lhe: é muito forte sobretudo emocionalmente. Há a tentação de tudo guardar porque ao desfazer-mo-nos de algum objecto pensamos que não estamos a honrar as suas vidas, que eles( lá onde estiverem) estariam tristes por não termos tido respeito por aquilo que guardaram toda a vida! Mas não é verdade! A vida não são "tarecos".
    Sim, guardamos algumas coisas, até pelas nossas memórias de infância e significado, mas não tudo!
    Bjs e coragem!

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  2. É exactamente o que sinto. Ontem passei o dia a recordar e a preservar na memória aquilo que infelizmente terei de dar ou vender. Mas são tantas coisas! E papelada!! Ainda só comecei e isto vai durar meses, pois não há mais ninguém para ajudar. A Luisa vai no sábado para Leeds e os filhos trabalham. Enfim...com calma lá chegaremos a bom porto. Guardei coisas quando o M. morreu, mas agora já não vou guardar muitas mais, sobretudo se puderem ser úteis a alguém, roupas, utensílios, cobertores, etc. Também não gosto de fotos antigas , só tenho as da minha família directa.
    Beijinhos e obrigada.

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  3. Acho sempre muito difícil deitar fora seja o que for, nessas circunstância ainda mais e até estar mesmo só a vê-las e a escolher, imagino como seja difícil
    um beijinho e um bom dia

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  4. Se é, mas tem de se fazer. Nos anos 70 mudámos de casa, dum casarão no Restelo para um andar na Visconde Valmor. A minha Mãe passava tardes inteiras na casa e vinha de lá arrasada. Tínhmaos lá vivido 20 anos e não deitávamos nada fora. Foi terrível, eu estava a fazer o estágio e não pude ajudar nada. Beijinhos, Gabi.

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