quarta-feira, 27 de maio de 2015

O outro lado do Douro

Ontem fui ao outro lado do Douro, donde se disfruta da vista mais maravilhosa da cidade Invicta.

E é , sem dúvida, embora os navios da Douro Azul agora ocupem demasiado espaço do rio e o façam perder um pouco de magia.

Fui jantar ao cais com o meu filho que adora comida indiana. O Real Indiana estava vazio e ficámos numa janela aberta sobre o rio, ainda a tarde estava clara. A pouco e pouco o sol foi-se pondo, o rosa tornou-se roxo e o rio cada vez mais escuro. As luzes acenderam-se aos poucos e a cidade cinzenta tornou-se mágica com as suas torres quais silhuetas recortadas num céu rosado de sonho. A neblina aumentava a sensação de mistério.

Do Yeatman, onde fomos tomar um chá de menta, a vista ainda é mais bela, vendo-se os telhados das caves de vinho do Porto cor de tijolo escuro numa área considerável e em baixo o rio espelhado. O hotel é de luxo mas qualquer pessoa pode lá entrar, dirigir-se ao bar que tem uma varanda espectacular com  sofás, donde se disfruta do panorama à vontade. Ficámos ali quase uma hora, o meu filho e eu, encantados com aquele momento de mother and son  quality time!


No meio de tanto trabalho e stress, este meu filho consegue sempre proporcionar-me algumas horas de prazer renovado e vê-lo cheio de ânimo dá-me imensa vontade de viver para aproveitar todos os minutos da melhor maneira.


Ficam aqui fotos deste belo fim de tarde. Não me canso desta cidade e há sempre algo de novo que descobrimos ao fim de tantos anos....








terça-feira, 26 de maio de 2015

Fins de tarde no Douro


Já há bastante tempo que não ia à Ribeira. No ano passado, fui lá várias vezes com a minha filha em pleno verão e encantaram-me  a vista, o bulício e os turistas que se apinhavam junto aos restaurantes e no cais.


Ontem voltei lá com o meu filho. Fomos a um restaurante muito bom, chamado "O Bacalhau". Muito pitoresco e popular, este restaurante tem um menu bastante selectivo, mas com pratos tipicamente portugueses, como ovos verdes com alheira e açorda de camarão. Ambos estavam uma delícia, há muito que não comia nada tão bem confeccionado.


 Depois passeámos um pouco por ali a admirar o final da tarde, meio nevoenta.

Falámos da vida, coisa que já raras vezes acontece, visto que os kms que nos separam são muitos e ele não tem tempo para se dedicar à família como quereria. Uns contratempos obrigaram-no a ficar mais uns dias aqui no Porto, mas amanhã já partirá de novo rumo aos EU.


O Porto é Só...

O Porto é só uma certa maneira de me refugiar na tarde, forrar-me de silêncio e procurar trazer à tona algumas palavras, sem outro fito que não seja o de opor ao corpo espesso destes muros a insurreição do olhar. 
O Porto é só esta atenção empenhada em escutar osPASSOS dos velhos, que a certas horas atravessam a rua para passarem os dias no café em frente, os olhos vazios, as lágrimas todas das crianças de S. Victor correndo nos sulcos da sua melancolia.



     EUGÉNIO DE ANDRADE

domingo, 24 de maio de 2015

100.000 visitas



Halleluja! 

Bem hajam todos os que por aqui passam e deixam o seu perfume em palavra, em empatia ou no silêncio.

Fica aqui a minha gratidão em fotografia e em música.





sexta-feira, 22 de maio de 2015

Música portuguesa com classe

Sou um pouco avessa à música portuguesa, mesmo ao fado.

Sendo natural de Lisboa era de esperar que adorasse o fado, mas nunca fui muito fã desse género e preferi sempre a música francesa, inglesa , irlandesa ou americana em prejuízo da nossa.
O tipo cançoneta portuguesa, então, faz-me alergia e vejo ( não vejo...) bandas e cantoras pimba a custo. Programas que incluam este tipo de música são recusados liminarmente.

Mas há excepções, graças a Deus:

1. O Fado de Coimbra sempre me atraiu pois namorei durante anos nessa cidade, onde o meu ex- estudava e onde nos encontrávamos por vezes. Fui a três Queimas das Fitas e, embora me sentisse um pouco despaísada, tinha o meu namorado e os amigos para me acompanharem. Mais tarde uma das minhas irmãs casou foi viver para lá e, Coimbra passou a fazer parte do nosso roteiro habitual. Quando estive na Sertã, os nossos fins de semana eram passados nessa cidade. Era o tempo do Adriano Correia de Oliveira e do Zeca Afonso, das baladas e do entusiasmo juvenil. Ainda os ouvi no Casino da Figueira.


2. A telenovelas portuguesas pecam por muita coisa, têm histórias inverosímeis, personagens toscas, abuso de panorâmicas da cidade de Lisboa ou de qualquer outro recanto do nosso país, mas por vezes oferecem-nos preciosidades musicais, que ficam na nossa memória. Foi assim que fiquei a conhecer canções do Paulo Gonzo, do Abrunhosa, do Miguel Gameiro, Camané ou dos Azeitonas, etc.

Ontem e hoje dediquei-me a ouvir algumas dessas cançoes no Youtube e comovi-me a sério com a música de Pedro Abrunhosa. As letras e as melodias são maravilhosas, tão boas como as de qualquer outro canta-autor francês dos anos 60. A sua dicção é exímia e inspiradora. O mesmo acontece com Paulo Gonzo que tem uma voz linda e canta com muita emoção. Hoje continuei a ouvir uma playlist do Abrunhosa e rendi-me à sua arte.

Deixo-vos aqui quatro das canções que mais me fazem vibrar de momento, mas há outras igualmente inpiradoras....


sábado, 16 de maio de 2015

So you think you can dance?

Não sou fã de ballet, nem de actividades de expressão corporal como espectáculo, a não ser em casos muito particulares, como estes que vou descrever.

Nos anos 70 vi o filme Isadora  e fiquei apaixonada pela Vanessa Redgrave e o seu estilo liberto, alado, leve. Parecia-me estar a conhecer a dança pela primeira vez, a dança solta daqueles passinhos, das amarras do clássico, dos tutus e sapatinhos apertados em pontas. A dança era para Isadora libertação, vôo, beleza estética, mas também sentimento. Foi muito criticada e morreu de uma forma trágica.

Há uns anos vi um filme que me deixou paralisada na cadeira: Pina Bausch. Parece que ainda o estou a ver, a música, o ritmo, as cores, as figuras que se movem num emaranhado abstracto de sons e gestos. Uma maravilha. Apaixonei-me a sério pela dança contemporânea.

Ultimamente tenho-me rendido aos programas da Sic Mulher, que transmitem o programa americano : SYTYCD e mais uma vez, tenho seguido os passos dos jovens talentosos que se apresentam nos mais diversos estilos: hive, foxtrot, broadway, hip-hop, ballroom, African style, etc. Os programas são fascinantes, com um juri sui generis e coreografias do melhor que há no mundo.

Não se compara com a miséria do nosso Dança com as estrelas, em que o compadrio e o ridículo andam de mãos dadas e deviam ser banidos da TV. As danças são mal coreografadas, mal interpretadas e os votos mais que parciais.


Continuo a achar o ballet clássico extremamente monótono - Tchaikowsky, em especial, embora goste da música, em geral.


Mas aprendi a gostar da dança, sobretudo da que liberta, como esta. Ponho aqui dois vídeos dos vencedores da prova em 2014. Admirem o seu talento e elasticidade, competência e sincronização.


sexta-feira, 15 de maio de 2015

Força maior - filme a ver

Lembrou-me Ingmar Bergman, talvez porque é sueco, uma língua melodiosa, mas da qual pouco percebo. Não me incomodou, o ecran é muito grande e as legendas não ocupam tanto espaço como na TV.

É um filme muito plausível, um caso conjugal dramático, que se vai desenrolando como uma bola de neve, tornando-se avalanche. A avalanche do filme é o símbolo da deterioração ou do choque conjugal.
A família é normal, tipicamente sueca, as crianças pouco falam e exteriorizam, mas quando o fazem, é porque a situação é aflitiva. As férias de sonho tornam-se um pesadelo.

Os cenários são espectaculares, os Alpes brancos, de dia e de noite, a fotografia magnífica, o ambiente um pouco claustrofóbico. O fim, inesperado ( ou não?).


Gostei muito. A música é de Vivaldi, o "Inverno". Uma mais valia.

quarta-feira, 13 de maio de 2015

Moods

Oiço o telejornal.

Falam de calor, de praia e esplanadas em Lisboa. Só falam da capital. O resto do país é paisagem....

No Porto só estão 19º. Nada de especial. Nem sequer me apetece muito ir à Foz, dado que o céu está cinzento.


Hoje estou um pouco indisposta, penso que é da medicação para a glicemia que me deixa sempre enjoada e sem apetite.
Um caldo verde feito ontem pela minha empregada com couves da aldeia ajudou bastante a subir a minha moral. Já há muito que não comia caldo verde e é realmente saboroso quando feito assim.

Há dias em que me apetecia ficar na cama todo o dia. Dizem que é sinal de depressão. Talvez seja.Vou aninhar-me a ler. Só me falta um gato....

terça-feira, 12 de maio de 2015

Ainda a fotografia no FB

Continuando com o tema, no Facebook, há grupos de tudo e mais alguma coisa, mas no que respeita a fotografia, parece que pululam. É só aderir e depois pesquisarmos no nosso arquivo fotos interessantes sobre esses temas. Em geral, o organizador faz uma selecção das melhores por dia ou por tema.

Gosto muito de dois grupos a que aderi, embora nem sempre tenha fotos para lá colocar :

The Best of boats and the sea, que engloba tudo o que diz respeito ao mar, farois, barcos, redes, pescadores, etc.
e
Aquelas janelas viradas para o mar, que é dum amigo meu do Woophy: José Soares . Nele se podem ver janelas e portas portuguesas de todo o género com a indicação do local onde as fotos foram tiradas.


Já contribuí para ambos os grupos. Aqui estão algumas das minhas fotos, que me lembram experiências maravilhosas.









segunda-feira, 11 de maio de 2015

Less is more

Felizmente ouvi na TV a notícia de que os STCP estavam em greve.
Já me preparava para ir à piscina e hoje a minha empregada não pode vir de modo que não tinha boleia. Desisti, resolvi ir almoçar ao café - uma alheira com arroz e sumo natural de laranja - e andei a passear um pouco, sem máquina fotográfica.
Encontrei uma antiga colega da Paleta, o meu atelier de estimação onde aprendi realmente a pintar e onde fiz os meus quadros mais bonitos. Fiquei com saudades daquele sossego, a sala grande, o professor sérvio Nicola e os colegas simpáticos que conheci. Era mesmo familiar e sem confusão, aberto a qualquer hora, com duas pessoas permanentes, artistas elas próprias. Infelizmente, fecharam o atelier há seis anos e nunca mais reabriu. A colega que encontrei hoje é uma senhora belga casada com o grande Dr. Portela da Bial e saudou-me assim: "Ainda continua a pintar?  Pintava tão bem!".

É bom saber.... :)

Aderi a um grupo novo do FB, que se chama Unique Simplicity Photos. A iniciar distingue simplicity de minimalism. O motto é : To be less is more ( menos é mais!). Gosto do princípio.

Encontrei algumas fotos que se inserem neste tipo.









sexta-feira, 8 de maio de 2015

A Humilhação - Só Al Pacino


Filme que promete imenso - até porque se centra no enorme Al Pacino, foco de todo o enredo e drama retratados.

Mas peca por excesso. A história é rocambolesca e um pouco estranha, o fim previsível e as cenas demasiado longas, causando um mal estar irritante. Quase que saí do filme a meio, mas não gosto de o fazer.


Al Pacino é uma actor notável, mas quanto  a mim sempre dado ao overacting - excesso de performance, demasiadas expressões e gestos, demasiado centrado em si próprio.
Já nos últimos filmes, fui notando a sua "deterioração" como actor. É pena.

Pode ser que ganhe um Óscar, mas quanto a mim a sua personagem é caricatura, não funciona.

Vou ler o livro de Philip Roth, pode ser que me ajude a compreender melhor o enredo do filme.

Para já, não foi uma humilhação, mas desilusão!

terça-feira, 5 de maio de 2015

O Botânico já reabriu

Nunca esteve fechado, mas os tapumes das obras impediam o acesso a grande parte do jardim.

Já tiraram todos os tapumes e sinais de obras, só vi alguns trabalhadores a cuidar das plantas , tão maltratadas durante estes meses. Vai levar muito tempo a ficar como era.




Muitas flores foram cortadas, as glicíneas, por exemplo, estão mesmo tristonhas. Felizmente outras flores conseguiram medrar e estão lindas, frescas depois desta chuva desoladora. Já havia nenúfares e os malmequeres estavam revigorados.

Até um gatinho se espreguiçava feliz junto aos cactos na esperança de que o sol viesse mais depressa.

Começou a chover, mas continuei a andar pelas áleas protegidas pelas copas das árvores bem espessas, metendo a máquina no seu estojo.

Horas passadas, o sol brilha esplendoroso.

Já passou o mau tempo e a Primavera voltou. 

segunda-feira, 4 de maio de 2015

Mundo cão


Na Inglaterra, faz-se a festa e deitam-se os foguetes, milhares de pessoas saem à rua só para verem a nova princesinha acabada de vir à luz. Fazem-se apostas sobre o nome da pequenina. Abundam as fotos dum bébé bem nutrido, bem tratado e protegido de qualquer mal. Aquela criança nasceu num berço de ouro.

Segundos depois, reporta-se a notícia de uma menina nascida hoje de noite num navio italiano que acolheu centenas de emigrantes provenientes da Síria algures no Mediterrâneo, onde tantos já pereceram. O que vai ser daquela menina, que futuro a espera? Será que a mãe sobreviveu a tanta violência?

Passa-se daí para o Nepal, onde  se escavam os escombros há dias e dias e se encontram pessoas soterradas que conseguiram sobreviver à custa da sua própria resistência física e anímica. Deus saberá como.

Entretanto , continuam a abrir os telejornais com notícias macabras de pais que violam filhas de 13 anos...

Como acreditar num Deus que permite tais disparidades e tanta crueldade?

Lá fora está um temporal medonho, hoje quase levantava vôo quando fui à piscina, onde consegui apaziguar a minha revolta.

Em minha casa está quente, tenho tudo o que preciso. Mas sinto a alma vazia e ansiosa por respostas.

sexta-feira, 1 de maio de 2015

Em casa

Lá fora a chuva cai e o que lá vai, lá vai....estas são as palavras duma canção de Adelaide Ferreira que o meu filho mais velho gosta de trautear por brincadeira de vez em quando.

Um dia típico de inverno, se não foram as temperaturas amenas lá fora. Cá dentro, ainda tenho o aquecimento ligado, pois sinto frio.

Estive a ver um filme , um thriller, daqueles que nos entretêm , mas não tem grande congruência e no fim a psicopata "enrola" o detective e trama-o de todas as maneiras e feitios. Nada de muito atraente e que valha a pena, mas o TV Cine existe e raramente o uso, mesmo quando há filmes capazes. Hoje resolvi experimentar.

Cinema é na sala do dito. Tudo o mais acaba por ser apenas um devaneio. Durante 100m estive a olhar para o écran estupidamente, em vez de ler o livro que comprei ontem e que me está a entusiasmar: Cartas de Etty Hillesum, uma judia corajosa e apaixonante, que relatou num diário e em cartas a situação dos judeus na Holanda de 1941-43.
Há pessoas como esta jovem  que são quase desconhecidas e que, no entanto, fizeram mais pelos seus semelhantes do que tantas outras santificadas, medalhadas ou "famosas".

Ainda bem que publicaram o seu Diário - como o de Anne Frank - para que os vindouros pudessem ter uma noção, mesmo que tardia, do que foi o holocausto.

Fica aqui uma citação sua que me impressionou entre muitas, escrita em Westerbork, o campo-ghetto para onde eram enviados os judeus e imigrantes antes de serem deportados para Auschwitz:

A miséria aqui é realmente terrível e , ainda assim, à noite, quando o dia caiu num abismo atrás de mim, costumo caminhar a passo enérgico ao longo do arame farpado e nessas alturas, volta a assolar-me o sentimento de que esta vida é algo de glorioso e magnífico e , que , um dia, teremos de construir um mundo totalmente novo.

Etty estava em regime aberto de início, podia entrar e sair de Westerbork, trabalhando como voluntária para prestar auxílio aos internados no campo. As suas cartas falam de casos e vidas que lhe passaram à frente no decurso desses anos.
Em Setembro de 1943 foi deportada para Auschwitz, vindo a falecer aí dois meses depois.
capo de Westerbork com monumento aos judeus deportados

Hoje estou só, mas não me sinto só. Sinto-me privilegiada e cheia de vigor.

Apesar do mau tempo lá fora e da chuva que cai incessantemente.