domingo, 29 de maio de 2016

Regresso

Regressei há um dia e já estou com saudades da Inglaterra...aquela terra tem algo que me seduz e não é só a Natureza, também são as pessoas afáveis, civilizadas e mesmo meigas...

É mesmo verdade, chegar ao Porto, cheio de chuva, cansada, com uma fila enorme para apanhar um taxi  depois de nove horas de viagem desanimou-me.

Ontem andei todo o dia com ressaca, apesar da alegria de ter cá a família toda a ver a final da Liga dos Campeões.
Os meus netos estavam demais e ri-me o tempo todo em que aqui estiveram, prestando pouca atenção ao jogo.

Os três dias que passei em Leeds e nos arredores foram esplêndidos e os locais escolhidos para visitar muito belos, mesmo sendo alguns já conhecidos...

No 2º dia, démos uma volta de taxi pelos Dales - vales extensos, de variegadas cores, do verde ao lilás, amarelo e cinzento - um encanto para os olhos e para a alma, sem ruído, apenas os passarinhos que não se cansam de cantar.  Contemplar tal beleza é uma oferta para quem vem de cidades populosas e cinzentas. O chauffeur de taxi parava quando queríamos e dizia. Fotografem o que quiserem. Eu espero ali do outro lado.

Parámos em York para almoçar e começou a chover intensamente. Apesar disso, andámos a percorrer as ruas dos Shambles - parte velha e histórica à volta da catedral - the Minster - onde se aglomeram lojinhas de todo o género, com artefactos, quadros, postais, pinturas, souvenirs, mas também roupas caras e típicas da região "country". 
Já em 1993 comprei na mesma loja Edinburgh Woolmills um casaco para o meu marido ao estilo do vet de província ( série da BBC que fez furor) e desta vez, trouxe uma camisola linda para o meu filho mais novo e uma camisa de quadradinhos mesmo ao estilo inglês para o mais velho. Os netos ficaram-se com T-shirts de York e apreciaram-nas bastante, pois já são grandinhos e dizem que não têm nada para vestir!!
Se não chovesse, teria sido mais agradável, mas acabámos por vir directamente para Leeds, onde chegámos pelas 3 da tarde.



Na 5ª feira voltámos ao Roundhay Park, onde já tínhamos estado da última vez. É um local divino. A vegetação à volta do lago, onde passeiam cisnes e patos em ameno convívio, é tão variada e está tão bem cuidada que o parque parece um jardim. Vêem-se muitas mães com bébés, cães saltitando livremente, velhotes felizes, grupos de senhoras sorridentes. O restaurante é simpático e repleto de cosas boas. Comi uma sopa de abóbora deliciosa.



À noite fomos ver um musical já clássico: Guys and Dolls, que em tempos foi feito em filme, com Frank Sinatra e Marlon Brando, Jean Simmons, etc. A música é do tipo jazzie e rock n' roll, mas tem graça e ritmo.




A viagem de regresso não deixa saudades. Ao chegar a Stansted, o aeroporto estava caótico, mas ainda tivémos de esperar uma hora até abrirem os check-ins e podermos passar para o lado das Departures, onde há restaurantes e lojas. Havia gente por todo o lado, era 6ª feira e parecia que tudo vinha para casa. Há aviões quase de 5 em 5 minutos. O nosso era o último, às 8.55, de modo que estivémos ali sossegadamente à espera, sem vontade de ver mais lojas - sedutoras, q.b.

A Ryanair tem um je ne sais quoi de antipático e sentimo-nos tratados como underdogs, apesar de termos priority e lugares marcados. As esperas em pé para entrar nos aviões são insuportáveis. Na próxima vou de Easy-jet para Manchester e de lá para Leeds, apenas uma hora comboio.

terça-feira, 24 de maio de 2016

Back to Leeds

Esta cidade tornou-se polo da minha atenção em 1999 quando a minha filha Luisa com 20 anos veio para cá estudar LLM pelo Erasmus. Só tinha ouvido falar de Leeds por causa do futebol, o meu filho ainda tem um cachcol do L United, no tempo em que eles eram bons.


Vim com a Luisa nessa altura para ver as instalações e a Universidade e gostei bastante do ambiente da cidade - alegre, jovem, com zonas lindas, resquícios da revolução industrial tipicamente ingleses, um melting pot de gente, onde predominam os paquistaneses, indianos e chineses. Há empresas que são inteiramente geridas por paquistaneses, como os taxis e transportes.




Os restaurantes de comida exótica abundam, casa, sim, casa não, a par de lojas chics como a Harvey Nicholas e a Louis Vuitton e no meio delas, as Zaras, Marks & Spencers, H&M, etc.

Quando aqui venho sinto sempre um misto de alegria, nostalgia e drama. Foi aqui que passei os momentos mais dolorosos e inquietantes da minha vida. Mas segui a regra que diz: Não deves voltar aos lugares onde foste feliz ao contrário. Quis voltar a este lugar para esconjurar todos os fantasmas que possam assombrar-me.

A minha filha adora a cidade dum modo quase obsessivo. Tem saudades do inglês, das pessoas, do ambiente cosmopolita da universidade , das livrarias, dos bares e pubs, dos musicais e até do tempo incerto, destes céus cinzentos com fímbrias prateadas.



Também sinto uma afinidade enorme com este povo, dada a minha educação e até proximidade com o sangue asiático. Desde que tive filhos, vim mais vezes a Leeds do que a Lisboa, por estranho que pareça. Penso que nestes 17 anos, terei vindo umas 20 vezes ou mais, portanto é como se estivesse em casa...no Radisson Blu Hotel.
O Hotel fica mesmo no centro e sendo caro, é muito bem localizado e sossegado. A mobília é simples e bem escolhida em tons de negro e branco, assim como a casa de banho. Tudo muito requintado, sem excessos.

Ontem a viagem foi longa, mas tivémos a sorte de apanhar o comboio 15m depois de termos recolhido a mala em Stansted. Depos, em Peterborough, onde se muda de comboio, também fio só mudar de cais e metermo-nos no Virgin Westcoast, que vai até Leeds.

A paisagem estava lindíssima, campos dum verde que até doía. Não custa nada viajar assim...
Não tirei fotos porque os vidros não o permitiam e havia reflexos por todo o lado.

À noite, jantámos no Nando's, que é uma cadeia portuguesa de renome ( até na Austrália, imagine-se) e que fica aqui mesmo junto do hotel. Tem um frango delicioso, com piri-piri e uma espécie de maionese de couve e cenoura avinagrada chamada coleslaw, que eu adoro.


Hoje fomos para o Hyde Park, um dos parques mais bonitos que conheço, apesar de minúsculo ao pé do verdadeiro HP de Londres. Estava uma manhã de sol, sem uma nuvem...indescritível. Tirei dezenas de fotos, mas só ponho aqui algumas...

A minha Luisa vai agora jantar com um amigo de longa data, de quem ela gosta muito, um músico muito cool que conheceu há muitos anos...estou feliz por ela...


quinta-feira, 19 de maio de 2016

A Correspondência


Às vezes tenho receio de falar dos filmes que vejo, pois a minha reacção a eles varia de momento para momento e nem sempre o que escrevo corresponde exactamente ao que, dias depois, deles penso.
Tento em geral, não influenciar ninguém, mas gosto de expressar o que me vai na mente depois daquelas duas horas no escuro e no silêncio a assimilar uma história, uma situação ou um conflito, longe da realidade e do quotidiano, longe da minha vida e dos meus, imersa num mundo que é totalmente diferente e produto da imaginação de realizadores, argumentistas, actores e todos os outros que contribuem para nos proporcionar essa experiência única. São horas de evasão bendita.



Hoje fui sozinha, A minha filha foi ver outro filme à mesma hora, em que estava mais interessada. Na sala havia uma dezena de pessoas, todas elas já seniores.

Fui ver o filme principalmente por causa do actor Jeremy Irons, por quem tenho um fraquinho desde que o vi na série Brideshead Revisited, uma das séries mais maravilhosas que já vi. Gravei-a em vídeo, mas agora já nem tenho leitor. A música do genérico leva-me aos píncaros do sentimentalismo. O meu filho toca-a no piano...

Jeremy Irons é um actor carismático. A sua presença física, a voz, a classe são para mim de primeira água. Tem um "je ne sais quoi" que me atrai desde sempre. Vi os seus filmes todos, incluindo alguns mauzitos, como o Last Train to Lisbon, mas nunca me arrependi. E há algumas personagens que me ficaram na memória, como  o missionário em The Mission.

O filme A Correspondência é original e inverosímil, mas, por isso mesmo, mágico.
Fiquei presa a ele durante os 113 minutos que dura e, contrariamente ao que diz Luis Miguel Oliveira na sua arrogância crítica, não me aborreci nem um bocadinho.
Talvez encurtasse um pouco a história, mas o ritmo vagaroso ajuda a compreender o drama vivido por aquela jovem universitária - interpretada por Olga Kuryulenko - apaixonada por um professor muito mais velho e pela Astrofísica e as galáxias.

Pode haver um amor que sobreviva a tudo? Pode. Todos sabemos.
Pode haver imortalidade sem  presença física? Pode.
Pode haver comunicação depois da morte? Não sabemos.

Mas assim como se estudam as estrelas depois da sua morte, pode-se manter um grande amor depois do nosso desaparecimento.

É neste fenómeno que se inspira Tornatore - o realizador dum dos mais belos filmes que já se fez: "Cinema Paradiso".

E é nisso que acreditamos ao ver este filme tão dramático. Gostei muito....

sexta-feira, 13 de maio de 2016

O "charme natural " dos netos


Hoje resolvi ir dar uma volta pelo Botânico com o meu neto do meio, depois de comermos uma torrada e uma tosta mista no café. Ele precisava de arranjar uma flor natural para apresentar à professora de Biologia, de modo que apanhámos duas do chão, que eu guardei preciosamente na  bolsa da máquina fotográfica.






Os nenúfares já estão a brotar depois duma longa hibernação, São tão puros e dum rosa tão suave. Fazem-me lembrar a minha Avó materna que sempre associei a essa cor. Tinha uma suavidade espantosa, que não se reflectiu em nenhuma das netas. Somos todas muito impulsivas e impacientes como a minha Mãe...
As glicíneas estavam no seu auge, mas o jacarandá ainda não tem flores o que me espanta. Parte do jardim estava interdito, não sei porquê. Sei que vai haver um concerto no dia 21 com a ópera Dido e Eneias de Purcell, mas não é por isso.




Expliquei várias coisas ao meu neto, que mas ia perguntando, enquanto saltitava de murete em murete nos lagos, todo feliz.
Tem 10 anos e uma curiosidade do tamanho do mundo. Também se sai com cartadas filosóficas do tipo: "É a destruição do universo, nada de especial "....ou "Avó, é o Círculo da Vida"....

Hoje tirei-lhe umas fotos sentado nas escadinhas. Quando eu disse que tinham ficado bonitas, respondeu:" É o meu charme natural....". E riu-se.

Promete!!!

Gozando a beleza da vida


Hoje tive um dia que me encheu de forças como há muito não sentia.

De tarde fui ao ginásio para uma avaliação física e tive a sorte de encontrar uma pessoa excelente, que vai certamente ter um peso grande na minha vida.
Acontece-me frequentemente encontrar na vida por acaso pessoas que são uma presença viva e influenciam beneficamente o meu estado psicológico.
Feita a avaliação, combinámos o programa a implementar doravante para que o exercício físico seja útil à minha recuperação e melhoria em geral. Constatei que emagreci 5kg desde que fui operada, muito por causa do exercício que agora posso fazer para minha satisfação e também duma relativa dieta que vou tentando não comprometer.





Tencionava jantar em casa, mas a minha filha insistiu em que fôssemos jantar fora. Há muito que lhe tinha prometido irmos a Matosinhos ver o pôr do sol num dia com núvens. São os mais belos e hoje estava uma tarde linda , luminosa. O restaurante Cufra às 7 da tarde estava vazio - esperavam um grupo de 70 pessoas para as 9 - e o serviço foi impecável e rápido.

Apeteceu-nos marisco. Comemos uma sopa de camarão que estava deliciosa e depois, como prato principal, gambas ao alho, que me souberam a lagosta!! Um prato de estalo, com um molho picante saborosíssimo, acompanhado de pão torrado com manteiga. Só de me lembrar das gambas, vem-me a água à boca. Divinais.

A praia estava linda, o céu pastel com nuvens acasteladas sobre o mar.
Os cargueiros ao longe pareciam uma miragem.
Havia pessoas , silhuetas negras, que contemplavam o mar, descansavam, pedalavam ou corriam por ali, felizes. Dá gosto ver os jovens a praticar desportos. Ainda havia surfistas no mar.


Saímos do restaurante e fomos até à praia. Não havia vento, só uma brisa de norte,

que ia afastando as nuvens para sul. O Castelo do Queijo, imperial em contra-luz.

Viémos de autocarro para casa e chegámos em 15m.



Há horas felizes. É bom ter uma filha que se deslumbra tanto como eu com estas experiências.

segunda-feira, 9 de maio de 2016

O prazer do exercício

Hoje fui ao ginásio.

Estive meia hora a andar na passadeira e curiosamente, senti-me bem, não me custou nada aquele tempo maquinal, mexendo pernas dum lado para o outro.

Estavam muitas pessoas, jovens na sua maioria, e via-se o esforço que fazem para manter o corpo activo, mesmo à hora de almoço. Fiquei admirada com o prazer com que se despem, vão fazer exercícios e voltam a vestir-se para o trabalho, como se nada fosse.

Lembro-me que depois de dar aulas, às 13.15, só me apetecia dormir. Durante anos, almoçava e deitava-me, nem que fosse por meia hora. Fazer ginástica nunca me passou pela cabeça, nem sequer tinha dinheiro para pagar ginásios, mas mesmo que tivesse, não teria coragem para lá ir.

Depois fui à piscina, onde em contrapartida não estava ninguém. Tinha acabado a aula de hidroginástica. Estava um silêncio fantástico, deixei-me estar durante outra meia hora, em imersão benéfica.

Na 5ª feira vou fazer uma avaliação física para verificar que exercícios posso fazer sem causar danos à coluna ou aos joelhos.

Entretanto terminei a leitura do livro Broadchurch de Chris Chibnall, em edição KIndle,

que comecei a ler depois de ter visto a série excelente, transmitida pela ITV em Inglaterra em duas temporadas. Foi das séries que mais me envolveu nestes últimos tempos. Infelizmente a Fox não a comprou até agora. Espero ansiosamente a terceira temporada. Um thriller cheio de profundidade, que não se limita a investigação dum crime, mas à análise psicológica de todos os que vivem na pequena vila de Broadchurch, onde decorre a acção.

Nestes dias de chuva com que S. Pedro nos tem brindado, a vida é calma e está-se bem....

sexta-feira, 6 de maio de 2016

Google homenageia Mário Miranda, cartoonista luso-indiano


Mário Miranda é hoje homenageado pelo Google, que lhe dedica um 'Doodle' na página inicial do motor de busca, no dia em que o artista faria 90 anos.

Nascido a 2 de maio de 1926 em Loutolin, Goa, quando a Índia estava ainda sob domínio português, Mário Miranda era filho de pais católicos e começou cedo a desenhar nas paredes de casa: a mãe ofereceu-lhe um caderno em branco para que desse asas à imaginação.
Começou a carreira na área de publicidade, mas acabou por se destacar como cartoonista quando a revista The Illustrated Weekly of India publicou alguns dos seus trabalhos.  Foi-lhe atribuída uma bolsa da Fundação Calouste Gulbenkian, que lhe permitiu viajar e viver em Portugal durante um ano. Mudou-se depois para Londres, onde permaneceu cinco anos. Regressou a Mumbai (antiga Bombaim), na Índia, onde trabalhou para o The Times of Indiae viria a casar com a artista Habiba Hydari. Teve dois filhos.
Além de cartoonista, Miranda assinou ainda vários murais em inúmeros edifícios indianos, tendo mais tarde dedicado grande parte da sua atividade artística à pintura. Morreu a 11 de dezembro na cidade natal, Loutolin. 
O Doodle que esta segunda-feira assinala o seu nascimento, há 90 anos, recupera as cenas cómicas de multidão que gostava de retratar nos seus primeiros desenhos. É da autoria do norte-americano Aaron Renier, conhecido por desenhar massas de pessoas, tal como Miranda.

DN, 2 de Maio 2016

segunda-feira, 2 de maio de 2016

A terapia aquática e o Dia da Mãe

Após quase seis meses de ausência voltei ao meu ginásio e piscina no Bom Sucesso Health Club, de que tinha saudades. Senti-me a pessoa mais feliz do mundo.


É curioso como, mesmo nestas actividades, me sinto muito melhor sozinha - hoje estive 45m com a piscina só para mim - do que acompanhada com grupos de senhoras da 3ª idade a fazer exercícios de hidroterapia ao som de música altíssima e berros do instrutor. Ainda assisti a 15m e fingi que estava a participar. :)

Não me entusiasma nada estar na água com barulho e o que mais gosto é do silêncio por baixo de água, onde sonho com os mares do sul, a fauna e flora sub-aquáticas....

O meu neto quando era pequenino e a quem ensinei a nadar, ia ao fundo da piscina buscar colares de pérolas para mim, dizia ele....nunca o desiludi, embarcava nessa ilusão porque eu própria acreditava nesse sonho.

Vir de autocarro na maior, sentir-me quase a 100%, chegar a casa e comer uma canja acabada de fazer é um privilégio que agradeço a todos os que contribuiram ou contribuem para este estado de espírito, que é bem diferente de há 3 meses atrás. Ando bem, não sinto dores nenhumas e pergunto-me como é que estive tanto tempo sem perceber que o mal principal era da coluna que não do joelho.

Ontem, o meu filho mais velho que está mais uma vez na California, mandou-me uma foto  com um beijo, uma selfie que adorei e apresento aqui depois dum telefonema longo e detalhado das suas démarches.

 O mais novo, que passou todo o dia a fazer uma sentença que tinha de ser lida hoje de manhã em Bragança,  pôs uma mensagem já ao cair da noite no FB, no site do Boavista FC, que entretanto festejou a manutenção na 1ª Liga. Escreveu:









Partilho só porque gosto de aliar o melhor clube do mundo à melhor pessoa do mundo.




São momentos como estes que nos fazem adorar a Vida!

smile emoticon