A minha Mãe teria feito ontem 98 anos. O dia 8 de Julho era sempre um dia especial com jantares na Outra Banda para onde atravessávamos de ferry. Que saudades das tardes de Julho com o sol a morrer no Tejo.
Em Lisboa, costumava ir à Baixa com a minha Mãe quando era criança e adolescente.
No Restelo, onde vivíamos nesta casa, que agora é a Embaixada da Áustria, não havia nada na altura. Algés era uma vila. Belém só tinha algumas lojecas, onde comprávamos o essencial e os célebres pasteis, que nos deliciavam ao domingo depois da missa.
O autocarro 43 ia para a Praça da Figueira, que era o centro do bulício e das compras. A paragem ficava junto à Pastelaria Suíça e no chão, à entrada, havia jornais da tarde para quem quisesse comprar e ler no autocarro.
Muitas vezes comprei o Artes e Letras, à vinda da faculdade na longa jornada até casa. O autocarro era de dois andares e eu gostava de me sentar na frente, donde se disfrutava a vista da Praça toda. Fazia aquele ritual muitas vezes, mas não me cansava, pois gostava de viver em Lisboa.
Ir à Baixa significava perder uma tarde inteira, em geral.
A minha Mãe tinha mil e uma coisas para comprar, desde linhas, até tecidos , botões e fechos éclairs na Rua dos Retroseiros, utensílios para casa na Pollux, prendas para casamentos de amigos na Casa José Alexandre, e algumas preciosidades para os nossos "enxovais" nos Armazéns do Chiado ou Grandella de saudosa memória.
Lanchávamos sempre no Chiado ou no Rossio. Os batidos de iogurte e banana do Expresso ficaram-me na memória. Os de morango da Ferrari eram um luxo. Agora já não me sabem ao mesmo...
Ir com a minha Mãe significava por vezes miminhos a atenção especiais, um par de sapatos novos, um casaco, livros ou objectos escolares. Às vezes um 45 rotações da Valentim de Carvalho, mas era raro.
As nossas roupas eram todas feitas em casa por uma costureira, a Aline, que ia lá duas vezes por semana para provarmos os vestidos e para trabalhar com a minha Mãe, que ia dando dicas para que ficassem ao nosso gosto. A máquina era daquelas antigas, uma Singer, muito pesada, mas excelente. Fazer cinco vestidos iguais era obra, mas tivémos muitos e bonitos para levar nas férias, quando íamos para hoteis ou em viagem. Também usávamos bibes feitos em casa, ainda me lembro duns verdes e doutros cor de rosa...parecíamos meninas de colégio.
Ontem fui à Baixa aqui do Porto.
Já há muito que não passeava num dos locais de que mais gosto, Santa Catarina. Estive lá pouco tempo, mas foi muito refrescante para variar da praia... :)
Não havia muita gente, alguns turistas e muitos jovens sobretudo no Via Catarina, um shopping adorável ( eu que nem gosto de shoppings), cheio de estilo e cor. Por dentro é cosy, com lojas óptimas como o H&M e o Express, supermercado americano com produtos especiais, a Body Shop, a Sportzone e a Worten.
Ontem nem sequer fui à Fnac, nem ao C&A, que ficam mais abaixo, pois já ia carregada. Na Terezinha comprei uma sandálias tipo Scholl por 10 euros que me parecem muito confortáveis...ainda passei pela Body Shop para aproveitar as promoções de um creme que adoro e é feito de moringa.
Vim de metro e senti-me turista na minha cidade. É o meio de transporte ideal, mas infelizmente só vai até à Casa da Música, onde apanhei o 504 para o Campo Alegre com o mesmo bilhete. Em meia hora estava em casa.
É bom viver numa cidade onde há tudo e bem à mão.
Também é bom andar sozinha, sem precisar de ajuda, sentir-me autónoma e saudável. Sou uma sortuda.
Em Lisboa, costumava ir à Baixa com a minha Mãe quando era criança e adolescente.
No Restelo, onde vivíamos nesta casa, que agora é a Embaixada da Áustria, não havia nada na altura. Algés era uma vila. Belém só tinha algumas lojecas, onde comprávamos o essencial e os célebres pasteis, que nos deliciavam ao domingo depois da missa.
foto tirada pelo meu amigo Roland Egil em Abril |
Muitas vezes comprei o Artes e Letras, à vinda da faculdade na longa jornada até casa. O autocarro era de dois andares e eu gostava de me sentar na frente, donde se disfrutava a vista da Praça toda. Fazia aquele ritual muitas vezes, mas não me cansava, pois gostava de viver em Lisboa.
Ir à Baixa significava perder uma tarde inteira, em geral.
A minha Mãe tinha mil e uma coisas para comprar, desde linhas, até tecidos , botões e fechos éclairs na Rua dos Retroseiros, utensílios para casa na Pollux, prendas para casamentos de amigos na Casa José Alexandre, e algumas preciosidades para os nossos "enxovais" nos Armazéns do Chiado ou Grandella de saudosa memória.
Lanchávamos sempre no Chiado ou no Rossio. Os batidos de iogurte e banana do Expresso ficaram-me na memória. Os de morango da Ferrari eram um luxo. Agora já não me sabem ao mesmo...
Ir com a minha Mãe significava por vezes miminhos a atenção especiais, um par de sapatos novos, um casaco, livros ou objectos escolares. Às vezes um 45 rotações da Valentim de Carvalho, mas era raro.
As nossas roupas eram todas feitas em casa por uma costureira, a Aline, que ia lá duas vezes por semana para provarmos os vestidos e para trabalhar com a minha Mãe, que ia dando dicas para que ficassem ao nosso gosto. A máquina era daquelas antigas, uma Singer, muito pesada, mas excelente. Fazer cinco vestidos iguais era obra, mas tivémos muitos e bonitos para levar nas férias, quando íamos para hoteis ou em viagem. Também usávamos bibes feitos em casa, ainda me lembro duns verdes e doutros cor de rosa...parecíamos meninas de colégio.
Ontem fui à Baixa aqui do Porto.
Já há muito que não passeava num dos locais de que mais gosto, Santa Catarina. Estive lá pouco tempo, mas foi muito refrescante para variar da praia... :)
Não havia muita gente, alguns turistas e muitos jovens sobretudo no Via Catarina, um shopping adorável ( eu que nem gosto de shoppings), cheio de estilo e cor. Por dentro é cosy, com lojas óptimas como o H&M e o Express, supermercado americano com produtos especiais, a Body Shop, a Sportzone e a Worten.
Ontem nem sequer fui à Fnac, nem ao C&A, que ficam mais abaixo, pois já ia carregada. Na Terezinha comprei uma sandálias tipo Scholl por 10 euros que me parecem muito confortáveis...ainda passei pela Body Shop para aproveitar as promoções de um creme que adoro e é feito de moringa.
Vim de metro e senti-me turista na minha cidade. É o meio de transporte ideal, mas infelizmente só vai até à Casa da Música, onde apanhei o 504 para o Campo Alegre com o mesmo bilhete. Em meia hora estava em casa.
É bom viver numa cidade onde há tudo e bem à mão.
Também é bom andar sozinha, sem precisar de ajuda, sentir-me autónoma e saudável. Sou uma sortuda.
Bem me lembrei, e disse aos netos mais novos. Apenas um a conheceu, ou ela o conheceu, dado que morreu quando ele tinha 12 meses. As memórias perduram - e às vezes, depois de tantas e tantas conversas, de Verões passados com ela no Algarve - muito criticado por familiares que não entendiam que se levasse a Mãe sempre de férias -, e de uma enorme cumplicidade que surgiu já na adolescência tardia (creio que ela não gostava muito de crianças pequenas, preferia os filhos e netos já numa fase mais adiantada da vida), gostaria de a ter aqui, para saber o que ela diria de tantas e tantas coisas, desde as hipocrisias "major" e "minor", dos governos às atitudes dos filhos e netos. Não a temos. A casa do Restelo ficou amarela (falta de gosto, devo dizer, comparando com a cor que tinha), e ela nunca pôde ter a liberdade de ter a sua casa num apartamento onde visse gente. "Da minha janela vejo o Tejo, mas o Tejo não fala comigo", dizia, quase como um poema. Queria mudar, sair de onde estava, para um apartamento numa zona da cidade, tipo Praça de Londres, onde pudesse sair, ver gente da janela, ir à pastelaria, fazer comprar sem o risco de ser atropelada na maldita Vasco da Gama onde morreu tanta gente, incluindo o economista Alfredo de Sousa. Não o conseguiu porque o egoísmo de alguns suplantou a vontade da própria. Espero que isso nunca me aconteça! Os filhos, por vezes, podem ser empecilhos, tantas vezes são cadilhos ou sarilhos... mas podem ser mesmo filhos, quando relembram a Mãe, como tu fizeste aqui. Beijinhos
ResponderEliminarSó hoje vi este comentário tão saboroso!! Sim, tu tiveste uma cumplicidade enorme com a Mãe quando eu já não "existia" quase para ela de vido à distância enorme que nos separava.Ainda tenho cartas dela a aconselhar-me calma e juizo, o que nem sempre era acatado, pois as circunstâncias não o permitiam. Tb a levei para o Algarve várias vezes, mas nem sempre as coisas correram tão bem, ela não conhecia bem os meus filhos, embora eles gostassem muito dela. Tenho pena de não ter ido mais vezes a Lisboa, mas também achava que ela vivia muito longe do centro e numa zona bastante isolada. Sempre a apoiei no desejo de mudar, aliás sou parecida com ela quanto a isso...
ResponderEliminarTenho pena que ela não tenha vindo ao casamento do João, foi o desgosto maior que me deu...mas perdoo porque ela já andava muito preocupada com o nosso mano.
Nada tenho a dizer dos meus filhos. Estão presentes nas ocasiões mais prementes e nunca faltaram nas crises.