sábado, 2 de julho de 2016

Os jacarandás da minha vida


   É uma das árvores mais belas que conheço, das mais suaves e rendilhadas, maravilhosa nos seus tons de púrpura, lilaz e azul. Uma beleza.


Andava ansiosa por ver o meu - o do Jardim Botânico, que é único - florido e até pensei que já teria perdido a flor sem que eu desse por isso.

Ontem fui lá ao fundo do jardim visitá-lo. E de repente foi como que uma visão. Uma pintura lilaz no meio da buganvília, dos cactos, dos rododendros, como se duma festa se tratasse. Tão lindo que até apertei a mão da minha filha mais forte.

O chão já tinha um tapete de folhas lilazes e salmão da buganvília, parecia ter sido atapetado especialmente para a minha chegada.
Estive ali maravilhada durante uns largos minutos, feliz por ver que não tinha sido defraudada pela minha árvore favorita.





 As fotos foram todas tiradas pelo meu i'phone, prenda de anos do meu filho, de modo que não terão a mesma definição das anteriores. Mas tinha que experimentá-lo e gostei do efeito.

Fica aqui um poema do meu irmão que já aqui puz mais vezes e de que gosto imenso.

E no fim um quadro a pastel que ofereci à minha sobrinha em 2010.




Jacarandás



Lisboa abriu-se hoje por inteira




Como no canto mais belo a Oxalá




Foi em Maio que a cidade foi ribeira




De água roxa, perfumada e tafetá.




Em Lisboa abriu-se a alma verdadeira




E sentiu-se o que existe para lá




Da magia e da arte feiticeira




Lisboa explodiu jacarandás.




Mário Cordeiro








4 comentários:

  1. Também gosto muito da policromia dos jacarandás. O problema é em Lisboa, que quando as flores caem, mancham a tinta dos carros e é um sarilho para tirar aquela seiva.

    Bonito poema do seu irmão. E excelente quadro. Parabéns.
    Beijinhos, Virgínia :)

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  2. Em Lisboa há muitos, a avenida da Torre de Belém enchia a alma! Aqui há menos, mas este é uma beleza. Hoje fui com os meus netos lá de propósito e eles nunca mais se vão esquecer desta planta. Os nenufares estavam esplendorosos, as buganvílias de cores lindíssimas, é uma época do ano em que parece que tudo acorda depois dum longo sono. Até rãs havia ao sol.
    Bom fim de semana, Paulo! Cheio de sol....

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  3. Lisboa está repleta de jacarandás, um pouco por todo o lado, mas então na zona da Rodrigo da Fonseca/Parque e nas Avenidas Novas, abundam.
    Para mim, significam Primavera, Feira do Livro e cor. Concordo com o Paulo, o peganhento das folhas e o cheiro adocicado não é das coisas mais agradáveis... mas são os "espinhos da rosa". O seu significado simbólico é muito grande.
    Obrigado, Virgínia, por recuperar este meu poema. Gosto da maré roxa que invade a cidade. Aliás, um pouco como você, cada dia descubro novos ângulos, novas coisas para fotografar, no fundo o Belo que a Natureza nos dá. Pena é que a palavra "belo" esteja tão mal e pouco usada. Enfim, são estes momentos que nos fazem esquecer e relativizar as traições, demagogias, "merdolências" e mesquinhezes das pessoas que nos rodeiam ou que, por azar do destino, nos estão próximo.
    Bem haja este Blogue! Tivemos muita desavenças à volta dele, mas essa é a capacidade que muitos inveja: ultrapassar a divergência, dirimir o conflito e estar aquim«, agora, "porque apenas sim". Bjs e bom domingo.
    PS: só fiquei chateado porque estava a torcer pela Itália, embora reconheça que a Alemanha merecia ter ganho por... meio golo!

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  4. Quando olho para um jacarandá lembro-me da nossa Avó que nos falava deles do Brasi onde tinha nascido. Também me lembro de ti, pois sei que os amas e até escreves poemas sobre eles. Outra pessoa que os adorava era o Stewart Scott do Woophy, um fotografo como eu nunca vi, que me mandou mais de 20 fotos com elas. Fiz outra pintura baseada numa foto dele, mas não gosto tanto. Penso que ta dei.
    Numa família há sempre quem queira tudo e quem não queira nada se não paz e sossego. Os que querem tudo, espezinham, invejam e tentam à viva força destruir a paz de quem é livre. Já estou livre há muito, foi a melhor coisa que fiz: deixar Lisboa, apesar dos jacarandás, e sair daquele labirinto em que me sentia perdida.
    Aqui no norte, sou gente e tenho voz....ninguém me impôe fidelidades caninas, nem carneiradas
    sem sentido.
    Mas isto nada a ver tem com o Euro!!! A Alemanha ganhou, verdammt noch mal! É sempre assim...
    Bom Domingo e manda-me mais uns poemas. Bjo

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