terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Acabem com a música!


Ouvi hoje nas notícias da SIC que o governo espanhol obrigou os músicos ambulantes das calles do país a apresentarem-se para audições com júri, de modo a obterem licenças para tocar publicamente. Quase não conseguia acreditar no que os meus ouvidos me faziam chegar ao cérebro.

Onde vai chegar a estupidez das pessoas?

Lembrei-me do encanto que constituíam as praças e ruas de Munique nesta época do advento com os seus mercados de Natal e grupos musicais a tocar e a cantar e a encher o nosso coração de calor humano. Tenho saudades do advento nessa cidade, onde passei alguns dias durante sete anos da minha vida. Todos os transeuntes paravam para ouvir, davam moedas aos executantes, que poderiam ser de música clássica ou ligeira. Todos podiam tocar nas ruas.

Também me lembrei imediatamente do meu neto Daniel, que este ano, tocou violino  de moto próprio durante 45 minutos ao fim da tarde na praia da Luz em cinco dias alternados, conseguindo angariar algum dinheiro para comprar o telemóvel dos seus sonhos. A alegria com que o fazia, a expressão facial dos ouvintes que passavam ao vê-lo, a popularidade que foi grangeando, tudo isso foi tão espontâneo e compensador, que me ficará na memória para sempre.

Se acabam com a música, também deviam acabar com os pedintes. Um dos entrevistados espanhois dizia que os músicos desempregados só têm essa possibilidade para sobreviver, tocar para o público anónimo. E que é uma alegria no dia a dia dos transeuntes que entram e saem dos seus empregos.

Fica aqui um video esclarecedor da importância da música na cultura urbana. Uma orquestra que surpreendeu os utentes dum grande centro comercial e os encheu de música.

8 comentários:

  1. É uma pena ,realmente, não deixarem os músicos expressar-se livremente nas ruas. Tão belos trechos eu tenho ouvidos, em várias regiões, dos músicos peruanos e outros. Mas agora tudo paga impostos. Ainda se fossem bem aplicados!!!!!
    Um beijo.

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  2. Acho isto um crime lesa cultura. Devia haver uma manif contra com os musicos todos a tocar em conjunto. Mas cá não se passa nada, é tudo em Espanha, graças a Deus...para já.
    Tenho pena dos musicos dos paises de leste que tocam bem e aqui não tem emprego, espero que lhes dêem uma chance.
    Em 1969, todos os domingos havia um concerto ao ar livre no parque da cidade....:)

    Bjo

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  3. Estou também a lembrar-me das bandas nos coretos dos nossos jardins. Era lindo!!!!
    Um beijo.

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  4. Nunca percebi porque é que há tantas bandas e tão boas e nunca tocam nos jardins, nem ao ar livre. Tive alunos fantásticos na escola profissional de música, que tinham aprendido nas bandas e acabavam tocando nas orquestras. Esta foto foi tirada nos Açores, onde uns músicos esperavam a banda.

    Bjo

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    1. Nos Açores havia o hábito das bandas filarmónicas tocarem em jardins.Talvez por isso gosto de as ouvir.

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  5. Que disparate a exigência do Governo espanhol. Não sabia. Uma das coisas que mais gosto de ver nas cidades é ver músicos tocarem nas ruas. No Chiado tem muito dessa animação e músicos com alguma qualidade. Tristeza!

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  6. Também acho um ataque à cultura e às pessoas! Bjo

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