Quando era pequena, não havia Barbies, nem nada que se parecesse. As primeiras bonecas de que me lembro eram trazidas de Espanha, dum moreno acizentado com olhos que caíam facilmente e sem graça, com uns vestidinhos muito pirosos que estavam cosidos ao corpo e que não se podiam vestir nem despir. Enfim, penso que foi isso que me fez ser sempre uma maria-rapaz.
Apesar de tudo, tinha uma paixão que era uma boneca de trapos, aliás de borracha, oferecida pela minha avó quando estive com papeira, chamada Mona. Viveu até a borracha começar a cheirar mal, toda cheia de estrias, coitada!! Era a nossa cobaia para brincarmos aos médicos e estava furada das injeções que levava!!
Na nossa casa do Restelo, para onde fomos morar em 1951, tínhamos um quarto que se chamava "quarto das brincadeiras", rés ao jardim. Era um quarto maravilhoso, onde só havia uma mesa enorme que se desdobrava, um sofá e pouco mais. Numa certa altura foi para lá o piano, pois os meus pais cansavam-se de ouvir o barulho das teclas durante as aulas e os ensaios. Éramos seis até 1954, altura em que nasceu mais uma rapariga ( a sexta) e um rapaz, o benjamim. Parecíamos a família Von Trapp, com bibes iguais, mas não éramos tão disciplinadas, pois o meu Pai passava o dia a tratar dos doentes no hospital, no consultório ou nas suas casas e nós entregues às empregadas, que, na altura, se chamavam criadas, de quem éramos amigas e a quem obedecíamos, mas com menos rigor.
Passávamos horas naquele quarto com a janela aberta para um jardim magnífico de que tenho verdadeiras saudades - talvez aquilo que mais me marcou na minha infância e adolescência.
Uma das nossas brincadeiras favoritas, tinha eu uns dez anos, eram as bonecas com fatos, feitas em papel e vestidas por nós. A minha mãe tinha a assinatura da Femme'Aujourd'hui, uma revista cheia de modelos, que nós copiávamos em papel. Cada boneca dava para inúmeras colecções de vestidinhos, calças, saias, blusas, chapés, etc. Pintávamos tudo com lápis de cor. Passávamos horas entretidas quando não nos apetecia ler ou jogar ao monopólio com o meu irmão, que vinha nas férias do Colégio e o nosso primo, bastante mais velho que vivia connosco.
Mais tarde, já casada, voltei a fazer fatos para bonecas, mas, desta feita, já existiam bonecas de jeito, as Nancys, os chorões e as Barbies ou imitações mais baratas. As minhas sobrinhas de 3, 5 e 7 anos obrigaram-me a isso quando estive a viver em Coimbra durante dois meses, devido à minha gravidez de risco, em 1976. Como não podia fazer nada, entretinha-me a vestir as bonecas delas e aos sábados íamos para casa da nossa grande amiga Clara, que era uma artista ( e ainda é) e tinha tudo que se pode imaginar em matéria de "ingredientes" para trabalhos manuais. Ela fazia bonecas enquanto o diabo esfrega um olho e nós olhávamos...
Quando a minha filha nasceu em 1979, adorei fazer-lhe o enxoval com roupinhas de menina e penso que ela teve tudo o que há de mais bonito feito em casa, apesar de vivermos em Chaves. Ela foi a minha bonequinha pessoal em carne e osso. Passava o dia a tricotar nos intervalos das aulas.
Infelizmente dei muitas das roupas que fiz para ela às minhas sobrinhas e já nada resta...
Neste Natal a minha filha apaixonou-se por uma Barbie - tinha tido algumas imitações em pequena - e resolvi oferecer-lhe uma com uns fatinhos que se compram aparte.
Ontem resolvi então fazer-lhe um vestidinho em crochet e passei to
do o serão a engendrar um vestido com restos de lã. Saí-me bem como podem ver na foto!! Isto é como andar de bicicleta, nunca se perde o jeito...foi bom voltar à minha juventude e brincar com bonecas!!
Apesar de tudo, tinha uma paixão que era uma boneca de trapos, aliás de borracha, oferecida pela minha avó quando estive com papeira, chamada Mona. Viveu até a borracha começar a cheirar mal, toda cheia de estrias, coitada!! Era a nossa cobaia para brincarmos aos médicos e estava furada das injeções que levava!!
Na nossa casa do Restelo, para onde fomos morar em 1951, tínhamos um quarto que se chamava "quarto das brincadeiras", rés ao jardim. Era um quarto maravilhoso, onde só havia uma mesa enorme que se desdobrava, um sofá e pouco mais. Numa certa altura foi para lá o piano, pois os meus pais cansavam-se de ouvir o barulho das teclas durante as aulas e os ensaios. Éramos seis até 1954, altura em que nasceu mais uma rapariga ( a sexta) e um rapaz, o benjamim. Parecíamos a família Von Trapp, com bibes iguais, mas não éramos tão disciplinadas, pois o meu Pai passava o dia a tratar dos doentes no hospital, no consultório ou nas suas casas e nós entregues às empregadas, que, na altura, se chamavam criadas, de quem éramos amigas e a quem obedecíamos, mas com menos rigor.
Passávamos horas naquele quarto com a janela aberta para um jardim magnífico de que tenho verdadeiras saudades - talvez aquilo que mais me marcou na minha infância e adolescência.
Uma das nossas brincadeiras favoritas, tinha eu uns dez anos, eram as bonecas com fatos, feitas em papel e vestidas por nós. A minha mãe tinha a assinatura da Femme'Aujourd'hui, uma revista cheia de modelos, que nós copiávamos em papel. Cada boneca dava para inúmeras colecções de vestidinhos, calças, saias, blusas, chapés, etc. Pintávamos tudo com lápis de cor. Passávamos horas entretidas quando não nos apetecia ler ou jogar ao monopólio com o meu irmão, que vinha nas férias do Colégio e o nosso primo, bastante mais velho que vivia connosco.
Mais tarde, já casada, voltei a fazer fatos para bonecas, mas, desta feita, já existiam bonecas de jeito, as Nancys, os chorões e as Barbies ou imitações mais baratas. As minhas sobrinhas de 3, 5 e 7 anos obrigaram-me a isso quando estive a viver em Coimbra durante dois meses, devido à minha gravidez de risco, em 1976. Como não podia fazer nada, entretinha-me a vestir as bonecas delas e aos sábados íamos para casa da nossa grande amiga Clara, que era uma artista ( e ainda é) e tinha tudo que se pode imaginar em matéria de "ingredientes" para trabalhos manuais. Ela fazia bonecas enquanto o diabo esfrega um olho e nós olhávamos...
Quando a minha filha nasceu em 1979, adorei fazer-lhe o enxoval com roupinhas de menina e penso que ela teve tudo o que há de mais bonito feito em casa, apesar de vivermos em Chaves. Ela foi a minha bonequinha pessoal em carne e osso. Passava o dia a tricotar nos intervalos das aulas.
Infelizmente dei muitas das roupas que fiz para ela às minhas sobrinhas e já nada resta...
Neste Natal a minha filha apaixonou-se por uma Barbie - tinha tido algumas imitações em pequena - e resolvi oferecer-lhe uma com uns fatinhos que se compram aparte.
Ontem resolvi então fazer-lhe um vestidinho em crochet e passei to
do o serão a engendrar um vestido com restos de lã. Saí-me bem como podem ver na foto!! Isto é como andar de bicicleta, nunca se perde o jeito...foi bom voltar à minha juventude e brincar com bonecas!!
Delicioso texto e ao mesmo tempo divertido! Na minha infância nem sabia o que era uma Barbie, mas tive bastantes bonecas. Umas de plástico ou borracha e umas de pano que a minha irmã mais velha fazia. Ainda me lembro de vê-la ripar meias de vidro já gastas para fazer os cabelos (risos) O meu preferido é um boneco de olho muito azul, ainda o tenho. Em 1965 minha mãe foi ao Canada e trouxe-me uma boneca que me dava pela cintura, mais ou menos. Nem lhe conto as roupas que fiz. Em 2011 visitei Portugal dos Pequenitos e encantou-me aquela montra de bonecas com roupas desde a Idade da Pedra até quase aos nossos dias. Que trabalheira que está para ali!..Olhe, o vestido em crochet está giro!
ResponderEliminarObrigada por fazer-me recordar bocados da minha meninice.
Estou neste momento a fazer um casaco a dar com o vestido, tipo Chanel ;-).
ResponderEliminarDescansa-me a mente e faz-me esquecer o tempo horrível que faz aqui. Chuva, vento e frio. A minha mãe tb tinha bonecas de papel b
vestidas por ela de tecidos vários, maravilhosas. Aliás , ela é que nos ensinou a fazer muitas coisas, pois até bem velhinha fazia tudo. Via muito bem, como eu. É uma sorte!!
Boa semana!
O teu post sugeriu-me um em que também vou falar das minhas bonecas. Ma, tal como tu, adorava as bonecas de papel de vestir. Quando a Rita era pequena descobri uma colecção que ainda trazia essas bonecas e ambas lhe fizemos vestidos em papel. Mas regressando às minhas (estou a falar das de papel), além de lhes fazer as roupas, também fazia bonecas e eram famílias inteiras a que associava a empregada com vestido e avental a combinar, em xadrezinho azul...
ResponderEliminarTambém fiz muitas roupas em tricot para filhos ( inclusive já universitários) e bonecas e, ainda por vezes, faço para as bonecas das netas ( para os netos já não pois as costas "reclamam" e de que maneira...
É bom recordar esses tempos..
Um grande bj
Regina
O meu Daniel ainda cortou alguns vestidos de um caderno que lhe comprei com bonecas e fatos, mas eram muito desengraçadas e ele gostava mais de lego e outros brinquedos!! :)
ResponderEliminarNão me lembro da minha adolescência e juventude sem tricots e mesmo muitos anos de casada em que tricotar era a minha terapia. O meu ex- ainda usa um casaco que lhe fiz em 1978 em Chaves, imagina!! Adora aquele casaco para estar em casa e rejeita outros que lhe trouxe do Yorkshire muito mais bonitos.
Ainda agora os meus netos pôem sempre os seus pulovers feitos pela Vóvó no Natal e nas festas e levam para a escola camisolas feitas por mim ( que são mais quentinhas...). Adoro fazer trabalhos de mãos e nunca me aborreci.... :)
Bjo
Eu tive bonecas lindas e até uma casinha de bonecas. Nós morávamos numa casa grande e havia um quarto só para mim onde eu até fazia chás para as minhas amigas, usando as minhas loucinhas de brincar. Cheguei a fazer alguns vestidos para bonecas mas cosidos à máquina da minha avó. Depois o meu avô morreu, a nossa vida desmoronou-se um pouco e eu fui perdendo o gosto e o jeito. Quem fazia vestidinhos de crochet para as bonecas da Susana era a minha mãe. Felizmente que todas as minhas filhas/o tiveram bastantes brinquedos e o Filipe, rapaz, adorava os chorões. Mas Barbies, não. Nem sei se eram do tempo delas.
ResponderEliminarÉ bom recordar.
Um beijo.
Não deviam ser. As Barbies só vieram para Portugal pelos anos 70 , creio eu.
ResponderEliminarTambém me lembro das loicinhas pequeninas em que faziamos chás para as bonecas ;-)
Também fiz vestidos cosidos à máquina, mas gostava mais de crochet pois moldavam-se melhor ao corpo das meninas :) Choróes nunca tive, mas a Luisa teve um, muito feinho :)
Bjo