domingo, 30 de março de 2014

Nebraska - black & white



É um filme simples dum realizador americano que já deu provas mais do que suficientes. Nos seus filmes  mais populares como As Confissões de Schmidt, Os Descendentes ou Sideways, consegue retratar fielmente as difíceis relações humanas - familiares e não só - dum modo equilibrado, sensível, racional e emotivo.
Este filme parece antigo, out of date no tempo e no espaço, talvez devido ao uso do preto e branco, pouco luminoso, das panorâmicas vastas numa paisagem hostil, sem grandes atractivos, a não ser as estradas rectas sem fim que levam os carros dali para fora.
Por este filme se pode ver a importância que o automóvel tem na América profunda, onde as gentes nascem, vivem e morrem sem ter contacto com a civilização - ou aquilo que se considera como tal - em terras remotas, despovoadas e sem qualquer espécie de futuro.


A família existe para o melhor e para o pior nos filmes de Alexander Payne. Há disfunções , atitudes mesquinhas, invejas, rancores, manipulação...mas também há, subliminarmente, laivos de ternura para compensar os tons negativos que coloram as acções humanas. A família alargada é quase sempre cinzenta ou mesmo negra, a família nuclear, por contraste,  um ancoradouro onde é possível a paz e a redenção.

As interpretações - candidatas a dois óscares e ganhadoras dum prémio (de melhor actor para Bruce Dern) no Festival de Cannes - são convincentes, exímias tanto nas cenas de comédia como nas mais dramáticas. As segundas figuras apagam-se um pouco para as fazer brilhar, mas acabam por ser elas próprias os alicerces duma história credível e gratificante.

Não aconselho este filme a todos....embora no site Rotten Tomatoes ( o mais credenciado dos EU) lhe dêem 86% em 100..
Sei de muita gente que achará o filme "uma seca". Mas é um filme singular, tocante e profundo. Um filme que fica na retina e que nos fala dos grandes dramas que assolam orincipalmente os idosos deste mundo.

O filme leva-nos à conclusão de que nenhuma terra, seja ela qual for,  é... para velhos. 

sábado, 29 de março de 2014

Dança macabra

Hoje tenho andado numa dança macabra de sentimentos, numa autêntica paleta, que vai do mais soturno e mórbido até ao mais onírico e esplendoroso.

A realidade é, por vezes, cruel, dá-nos maravilhas com uma mão e tira-nos com a outra.
Contemplamos embevecidos espectáculos como estes e assistimos, quase logo a seguir, a cenas de puro horror e desgraça humana.

"É a vida", dirão os mais despreocupados,
"Deixa p´ra lá" aqueles que se estão nas tintas
"Como é que é possível?" perguntam-se os que realmente se doem por dentro como eu.
 "Que fazer?",  reagem aqueles que, de alma e coração querem remediar os males do mundo.

Mas não há respostas.

Estive umas três horas na Foz. Almocei na Tavi com a minha filha, estava-se bem, ainda que a comida tipo gourmet não me satisfaça assim muito. Saímos de lá para tomar café no bar dos Ingleses, que continuava igual a si próprio, o melhor sitio do mundo para se estar nesta cidade e gozar do mar, apanhando os salpicos, mas não a espuma das ondas que esbarram contra a rocha empedernida a que chamo de esfinge. O estrépito das ondas, hoje, era fulgurante e muitas pessoas hesitavam em se sentar nos belos sofás que agora têm na esplanada, onde nos podemos refastelar ( é o termo), lendo, olhando para o mar, dormitando, ouvindo música ou pura e simplesmente meditando na vida. Os sofás até dão para nos deitarmos com a cabeça apoiada a olhar para o céu ou para o mar.



Há meses, porém,  que não consigo desligar a minha mente da tragédia do Meco e, ao olhar para as ondas a rebentar na areia, vem-me uma angústia enorme, como aquela que senti quando o pianista Bernardo Sassetti caiu das falésias há uns anos. Durante meses não conseguia deixar de pensar no que se teria passado naquele dia e o porquê daquela morte estúpida.

A morte é sempre odiosa, mas há mortes que nos enraivecem, mesmo quando não conhecemos aqueles que ela levou duma modo hediondo e cruel.
 Não compreendo como é que seis jovens foram levados àquele limite e com que intenção, quero que aqueles pais sejam reconfortados com uma resposta plausível, quero que alguém seja culpabilizado, revolto-me com a atitude de quem se cala perante tanto sofrimento. Numa capa de revista  na tabacaria vi o sorriso do Dux, jovem bonito como tantos outros, cujo silêncio neste momento suscita toda a espécie de sentimentos até o ódio nas pessoas anónimas que acompanham as notícias.

Durante horas estive numa espécie de nirvana - em êxtase - em plena comunhão com a Natureza. Ouvir Vivaldi e Bach diante dum mar de prata e um céu salpicado de nuvens faz esquecer tudo, esvaziamos a nossa mente de pensamentos maus e cantamos hinos ao Criador: "Jauchzet Frohlocket"...

Até que a realidade nos chama de novo e nos diz que o nosso bem estar é um privilégio pois a vida é cruel.

No autocarro, onde muitos velhotes conversam sobre suas doenças, entra uma mulher com um filho ao colo e uma menina, uma miudinha. O miúdo grita : Não, não, mais de vinte vezes. Não sabemos o que é que ele NÃO quer. A filha olha para a mãe com olhos aterrorizados, a mãe berra para ela a ajudar. Diz-lhe exactamente isto : Porque tu és burra, és burra! Quem é que te disse para te levantares? Não vês que não é nesta paragem que saímos, que é no Lordelo? C............, não fazes p......dum c........., minha m........! ( sic). A menina terá uns dez anitos ( a idade do meu Daniel), é franzininha e parece assustada. Pudera! Saem do autocarro no Lordelo e os passageiros olham uns para os outros incrédulos. Ninguém diz nada, está tudo petrificado. Pergunto-me ainda agora: Como será a vida daquelas crianças?

Tanta beleza por um lado, tanta miséria por outro.....



sexta-feira, 28 de março de 2014

As árvores


Hoje deu-me para desenhar.

Passei parte da tarde - depois de o meu neto ter ido para a sua aula de violino e de me ter oferecido aqui um pequeno concerto - destaco a peça da Thais de Massenet que podem ouvir aqui e que me faz vir as lágrimas aos olhos - a desenhar árvores no inverno, sem folhas. A lápis de pau, como se diz na escola. Sem cores.

Oiçam o video abaixo e imaginem o que é ter um neto de dez anos de violino nas mãos com a sua camisolinha vermelha e calças de ganga a tocar isto para vós....é sublime e inspirador.

Ultimamente ando fascinada por Van Gogh cujo aniversário se comemora depois de amanhã. O livro que comprei Vincent's Trees é fascinante e quanto mais o leio , mais vontade tenho de desenhar: árvores, casas e até pessoas.

Outros pintores também pintaram árvores que me inspiram: Mondrian, Monet, etc.

Estou um pouco cansada de cores e do acrílico. A minha filha anda a pintar aguarelas num livro que comprou em Leeds, com desenhos de art nouveau. Ficam lindos com as cores que ela aplica da sua imaginação. Mas cansei-me de pintar a cor...e soube-me bem hoje só usar um lápis para delinear os troncos, ramos e pormenores das árvores no inverno.
Talvez me aventure a usar o pastel amanhã para tornar o desenho um pouco mais rico. Vamos a ver.

Hoje estava um fim de tarde fantasmagórico, a prometer grossa trovoada, que previ e aconteceu. Como ouvi a um velho num filme ontem: a artrite é o melhor boletim metereológico que existe! Sabia que ia trovejar e relampejar quando vi as nuvens a adensar-se no horizonte rosado do por do sol. Não levou mais de meia hora, caíu uma tempestade e chuva. Mas rapidamente sanou.

Fotografei a minha rua mais uma vez. Gosto dela nesta altura do ano, quando milhares de folhinhas brotam dos troncos negros e, dum dia para o outro, ou quase nos inundam de tons variegados de verde. Esta zona do Porto é talvez aquela em que se notam melhor as estações do ano, porque está rodeada de árvores e elas são a imagem viva da Natureza.

O mar tb reflete as estações do ano, encapelado ou mansinho, verde, cinzento ou azul, mas não é um ser vivo como estes áceres e carvalhos que vejo da minha varanda. Elas são a melhor companhia em momentos de solidão.
Se um dia for viver para um local sem árvores, acho que morro mais depressa...e não morro de pé.


quinta-feira, 27 de março de 2014

O vazio

Há dias em que, ao acordar, temos a sensação de que não vale a pena tanto esforço....

Apetece-nos fechar os olhos de novo, não sair debaixo do edredon, encostarmos a cabeça à nossa almofada ( tão diferente das que encontramos nos hoteis).

Recusamo-nos a abrir as persianas, mais vale nem ver se o céu está cinzento...

Nada nos faz mover....é mesmo o vazio.

Ultimamente, tenho receio de viver. São momentos de pânico levezinho, não chega a ser pânico a sério. Começo a pensar na vida, nos anos que me faltam, não consigo senão antever um futuro nebuloso e um pouco assustador, que passa pela doença, pela solidão, pela inquietação e ausências.

É só de manhã que me sinto assim e atribuo este estado de espírito à minha condição de incapacidade relativa, não poder andar livremente como dantes, não poder meter-me no autocarro e ir até à Baixa ver duas ou três lojas para me animar, ir até ao Pingo Doce fazer umas compras ou até ao Lordelo ao Chinês ou à florista. Tudo coisas simples que fazia ainda há um ano.

Este inverno deu cabo de mim...e pior, deu cabo da minha disposição. Trabalhei muito de Maio para cá, demasiada pressão, muitos desentendimentos com a equipa, um desânimo total em relação ao valor pedagógico do que já fazia há 30 anos. Estou com a ressaca, amarga e com vontade de escrever barbaridades contra o sistema editorial em que estou inserida. Mas não posso.


Para o ano nada terei para fazer...pelo menos não terei de dar contas do meu tempo.
A ninguém.
Ninguém exigirá nada de mim.
Ninguém precisará de mim. Mesmo ninguém. O que me assusta muito.

Oiço as notícias. Exactamente as mesmas que transmitiram ontem no telejornal. As mesmas imagens, os mesmos depoimentos, enchem o tempo de antena com a repetição de blocos iguais, repetitivos e depressivos. Só más notícias, cortes nas pensões, doentes que morrem sem ser socorridos, catástrofes naturais, corrupção, misérias humanas....um panorama mais negro ainda do que o céu que antevejo da minha janela.

terça-feira, 25 de março de 2014

40.000 visitas

Atingimos hoje as 40.000 visitas, o que me deixa muito feliz. Mudei o visual pondo uma fotografia que tirei na exposição de Serralves dedicada a  Alberto Carneiro. Ainda não consegui o tamanho ideal, mas enfim...

Tenho constatado que não há dia em que não venha aqui algum leitor.

Infelizmente, não sei as razões que os trazem.

Pois vêm da China, da Rússia ( imaginem lá) e da Alemanha, do Brasil, de Inglaterra...mas nunca escrevem comentários, de modo que deduzo terem vindo por acaso...

Agradeço a persistência de outros, que já considero meus amigos, que comentam, apoiam, opinam, acompanham e são-me muito queridos.

Sabe tão bem ler comentários ao fim do dia!

Espero continuar este blogue com optimismo e alegria de viver, apesar de as "minhas" cores nem sempre estarem em movimento :)

Happiness is looking forward to!




domingo, 23 de março de 2014

La solitude



Hoje estou na mó de baixo, o que é natural, depois da euforia de Leeds, a chegada, a visita dos meus netos ontem, a vinda rápida do meu filho mais novo, o jantar na Máscara....enfim, foi uma sucessão de bons momentos, que me deixaram vazia horas depois.


Todo o dia de hoje me assolou uma sensação de abandono e uma tristeza nostálgica.

O meu filho mais velho regressou dos EU e nem sequer me telefonou a dizer que tinha chegado. Propositadamente também não tentei contactar com ele e só agora umas horas  largas depois dele chegar,  é que o meu neto me telefonou, perguntando se eu tinha comido o pastel de Belém que ele me trouxe de Lisboa. Claro que o comi, quanto mais não seja em memória de tantos que devorei em adolescente. Morava a 10m deles e íamos lá por vezes, depois da missa do meio-dia. Mas ontem não o comi quando ele mo trouxe pois eram quase horas do jantar e não queria perder o apetite para a fondue.

A minha filha está sorridente e querida, mas saiu durante toda a tarde para se distrair e fazer a sua meditação habitual. Nada de novo. É excelente que ela o faça.

Estive a pintar e a arrumar algumas coisas no meu atelier e encontrei uma série de livros que me entreterei a ler quando já estiver só de todo a partir de Setembro. É isso é que me anda a deprimir,  ficar sem os netos ( nos EU durante um ano), sem a filha ( em Leeds) e sem o filho mais novo ( numa terriola qualquer por aí).

Vou sentir na pela o que é solidão. Não consigo encará-la com optimismo, já ando há meses a acordar de noite e a pensar como vai ser.

Os ateliers, os encontros culturais, os spas não substituem a família. E eu não tenho família aqui no Porto a não ser os meus. A música, a pintura, os concertos, os cinemas não substituem os sorrisos, os abraços, as meiguices dos meus netos.

Mas a vida continua...e eu já vivi o meu quinhão.

Continuarei a ir ao Botanico - onde tirei estas fotos ontem -  e a viajar para ver os meus meninos....isto se conseguir andar o que é muito duvidoso!

sábado, 22 de março de 2014

A Primavera chegou


sem ruído, com um ventinho gélido, sol enganador, ela aí está no jardim das maravilhas, que vejo daqui da minha janela da sala. Está uma luz estranha, rolos de nuvens negras acumulam-se no céu, prometendo uma noite de chuva.
Uma gaivota passou agora rente à Casa Andresen, como que a fugir do mau tempo. O vento parou. As nuvens mais baixas ficam douradas ao sol poente.

Hoje voltei ao Botânico. Já lá não ia há umas semanas. Uma parte está agora vedada ao público, o que torna o espaço mais reduzido. O café japonês fechou até Outubro. É preciso reparar as estufas e revitalizar uma parte deste espólio precioso. Mas custa muito, nesta época do ano, não poder percorrer as áleas todas...ver as folhinhas a nascer, o jacarandá florido! Cortaram as glicíneas quase todas e já não se veem as grinaldas arroxeadas, tão leves quanto os brincos duma princesa asiática, que adornavam as colunas de pedra e o banco de azulejos.

As camélias estavam lindas, mas, como sempre, havia mais flores pelo chão do que nas árvores. Enquanto vivas, uma perfeição. Depois de mortas , atapetam os caminhos para a noiva passar!

Fui ao meu local de eleição....sim, esse mesmo, o lago dos nenúfares. Ali estive sentada durante tempos infindos pois os ossos continuam a doer até dizer basta e não me permitem grandes veleidades
Esta união com as plantas e as árvores de grande porte - hoje não se ouviam os pássaros - enche-me de paz melancólica. Compreendo os artistas românticos e impressionistas que consideravam o contacto com a natureza algo de divino e pintavam o que viam, ou melhor, o que sentiam.

Transcrevo aqui umas frases do livro que comprei em Leeds sobre Van Gogh "Vincent's Trees". Estou a lê-lo aos poucos e cada vez me identifico mais com este pintor, cujas cartas ao irmão Theo se podem ler na íntegra na Internet.
Em dez anos, produziu uma obra admirável, quadros que nos deixam sem fala. Muitos deles , cerca de 45% retratam árvores e mesmo quando pinta figuras humanas, baseia-se em troncos, raízes, ramos esguios e ondulados. A Natureza em Van Gogh é algo de esplendoroso, é um hino ao Criador. Não se compreende o seu sentimento permanente de perda e pouca auto-estima..

Nature for Vincent, possessed a strong, emotional significance, he singled out trees as having a particular dynamic force and spiritual essence- an "expressions and a soul". "What I think is the best life, oh without even the slightest shadow of doubt, is a life made up of long years of being in touch with nature out of doors".








sexta-feira, 21 de março de 2014

A memória dos bons momentos


Há quem diga que o melhor das viagens é a recordação das mesmas...
Não concordo inteiramente com esta afirmação, mas acredito nela em parte.
Há momentos que se vivem na hora, naqueles precisos minutos... que uma ou mais fotografias nunca nos devolverão do mesmo modo...

Esta viagem a Leeds foi um bálsamo, quase uma catarse. Não, não estou a ser dramática.
Atravessava um período cinzento da minha vida, sem grandes expectativas para o futuro e, sem elas, a vida para mim, não tem encanto.

Por alguma razão, o meu lema de vida é Happiness is looking forward to, que traduzo por A Felicidade está no anseio por algo ou alguém, frase que li uma vez numa revista como tendo sido proferida pelo guitarrista dos Dire Straits, Mark Knopfler, uma banda mítica dos anos 80.

Ele acrescentava ironicamente: Há quem só anseie pelo almoço do dia seguinte...

Antes de fazer o check-in online na 3ª feira, perguntei à minha filha que tal se adiássemos a viagem para Maio. A expressão do seu rosto disse-me tudo. Imediatamente me arrependi de ter sugerido tal coisa. Só lhe disse: Vamos, vamos...mas vais ter que me aturar, pois estou com muita dificuldade em andar, para mais com malas...deu-me um abraço e os olhos luziam.

Aguentei esta viagem por ela. Porque sabia que voltar a Leeds é uma espécie de ritual que a mantém estável. Não me arrependo nada de ter ido. Foi muito especial também para mim.


Há locais onde volto sempre como o Hyde Park, a Headrow, avenida principal, a Briggate , rua pedonal com lojas maravilhosas,  aos cinemas do The Light, ao The Grand, teatro antigo do século XIX, ao Museu e ao Moore Institute.
Descubro sempre novos quadros, cada um deles uma pequena obra-prima que observo de novo, novas esculturas de Moore cheias de força e vigor,

Também há restaurantes que nunca falham, como o Nando's, cadeia portuguesa, espalhada em todo o mundo, o Bella Italia, o Red Hot e ao Le Rouge, com comida francesa.
Os pequenos almoços no Café Nero ficam na nossa memória gustativa,  logo pela manhã, assim como o shortbread com caramelo, delícia das delícias. da Bagel, confeitariazinha junto ao hotel.

Ontem quando saí no Porto, senti uma angústia enorme.

Mas cheguei a casa e tudo estava limpo e arrumado pela minha querida Sandra, cheirava a limpeza, até os sofás ela tinha lavado!! Havia sopa fresca no frigorífico, que me soube pela vida. Num dia só, limpou-me a casa, como se não houvesse amanhã....

Como não me sentir feliz?

Ainda por cima recebi uma mensagem de que o meu neto tinha arrancado o 1º Prémio em violino da sua categoria na 2ª fase do concurso, em Lisboa e tocava ontem no concerto dos Laureados no Coliseu da capital!!

 A vida é curta.....mas tão bela....!!


quinta-feira, 20 de março de 2014

No aeroporto de Stansted

Conheço este local como as minhas mãos...ou talvez melhor ainda, já que no outro dia me queimei violentamente numa delas e a pele caiu toda, ainda está a sarar, vermelha e sensível.

Gosto destes letreiros luminosos, destes placards com viagens que nunca farei e mile e uns posters de comidas, pratos, joias, acessórios, roupas, eletronica, etc. É o mergulho no mundo do consumismo, este baratinho, pois a Ryanair é praticamente dona deste aeroporto e só andam nela os menos abastados. Não tem 1ª classe, nem executiva - mas agora já tem lugares marcados dentro do avião o que é excelente.

Arranjei um sofá no Starbucks com cadeiras para pôr os pés ( hábito meu) e estou como nunca....

Deixaram aqui um jornal que diz que a Maddie foi raptada por um homem que atacou 5 raparigas inglesas. Espero que não estejam a arranjar um bode expiatório português para ilibar os McCann!!! :) Ainda não li a notícia!

Hoje foi mesmo a depedida, nada fizémos a não ser comprar uma tampinha para a lente da minha máquina que perdi no botanico. Esta tem um elástico que se agarra à máquina e não sai.

Vou ter saudades do belo hotel e sobretudo da educação das pessoas com quem se convive nas lojas, ruas, museu, restaurantes . São duma delicadeza impar aqui em Leeds, o mesmo não acontecerá em Londres, mundo cão!!

Bom, vou ver se me alimento, pois só comi meia sande de atu há quatro horas e estou a precisar dum brufen para ver se aguento a entrada para o avião. Para já não me doi nada....

See you in Porto!!!







quarta-feira, 19 de março de 2014

Do museu ao... musical jazzistico

Foi um dia cultural. Maravilhoso.

Há já uns anos que não ia ao Museu municipal - aliás galeria de arte - que fica aqui a dois minutos do hotel. É um museu pequeno, muito acolhedor com algumas obras de pintores ingleses francamente bons e esculturas de Henry Moore, que me deixam sempre boquiaberta, tal é a força das figuras femininas, planturosas, cheias de vida. Não há dietas que as tornem mais magras....e para isso basta o Giacometti!! Há muito que sou fã incondicional de Moore e visito tudo o que é possível só para ver a obra dele. O YSP em Wakefield, a 5 kms daqui também é um local fantástico sobretudo na Primavera, um parque enorme cheio de esculturas magníficas.

Depois da ida ao museu apanhámos um taxi para o Hyde Park Corner aqui de Leeds, um local quase místico onde a Luisa e eu  vamos sempre. Almoçámos lá num restaurante que serve comida do norte de África, umas almôndegas com couscous, delícia das delícias. Depois percorremos o parque todo a pé, mas infelizmente a minha máquina perdeu o pio ( a bateria) de modo que só tirei umas três fotos. O parque tb faz parte do imaginário da minha filha, tem recordações boas e más, mas vou lá sempre para espantar o mau olhado...

 Vim depois para o hotel de autocarro onde me deitei um pouco até ela voltar a pé. Saímos depois e passámos mais duma hora na Waterstones a livraria de que vos falei , onde me enamorei dum livro sobre o amor de Van Gogh pelas ávores. É pequeno, mas sedutor...já li uma parte...e identifico-me em pleno com esta paixão dele...

Entretanto soube que o meu neto tinha feito uma prova de violino muito boa em Lisboa, onde foi para a 2ª etapa do Jugend Musiziert, o tal concurso de que já falei aqui. Ainda não sabe os resultados, mas temos estado em contacto permanente, pois me pareceu que ele se sentia um pouco sozinho na casa dum colega do colégio alemão de Lisboa. Hoje estava feliz... ainda tinha um concerto, hoje e amanhã uma festa de máscaras, em que irá de Mozart, enfim, uma semana de cultura e brincadeira.

À noite fomos ver o Musical 42nd Street, que é banal, mas nos deixou bem dispostas para a despedida. Gosto sempre de me despedir em beleza e a música é do tipo All That Jazz, muito barulhenta, cheia de tap dance e diálogos pandegos, mas sem a chama doutros musicais, que já vi.

Amanhã voltamos para o Porto. Mais optimistas, mais felizes, certamente mais cultas.....e se é possível ainda mais amigas.









terça-feira, 18 de março de 2014

Do frenesim das compras ao sossego do hotel e uma sessão de cinema

Hoje foi um dia calmo, embora muito atarefado a fazer coisas, como gostamos.

Fomos até ao centro, onde almocei um English breakfast delicioso com feijão e tudo, ovos estrelados, bacon e batatas óptimas ( ai o colesterol!!). O Trinity shopping estava a regurgitar de pessoas, uma animação incrível ao meio-dia.
Adoro ver pessoas bem vestidas a passear em shoppings, de pasta e gravata, ou casais de avós com os netos no carrinho, estudantes jovens, estrangeiros, sorridentes. Nos restaurantes não há caras fechadas se se pede só um prato para partilhar ou se não se come sobremesa. Trazem o queijo ralado, a pimenta, os molhos todos ao local. É uma delícia. E estão sempre a perguntar se está tudo a contento.

Ontem fomos ao Red Hot jantar, o tal restaurante de que falei, aqui ao lado. É mesmo um ritual. Para já , o restaurante está todo decorado com referências a viagens de avião, com janelas de bordo, check-ins, malas acumuladas, e até o menu num placrad gigante, como se de partidas e chegadas se tratasse. Lá dentro tem várias salas todas decoradas a vermelho e um buffet com comida de vinte países diferentes - mediterranicos, asiáticos, sul americanos, chineses, italianos, franceses e ingleses etc.
Espectacular! Pode-se comer de TUDO - desde entradas até pratos quentes, sobremesas maravilhosas e só se paga 15 libras! As entradas só por si são já uma refeição, deliciosas, como podem ver na foto.

Hoje separàmo-nos por umas horas. Fui fazer umas compras ao M&S, minha loja de eleição desde os anos 70. Comprei duas saias muito fixes para o verão. Também fui à Body shop que tem tudo em saldo.
A Luisa foi passear a pé até Headingley - a 3km de Leeds, local onde ela viveu durante 4 anos numa casa alugada a estudantes e de que tem saudades. Costumo ir com ela, mas desta vez tenho de me poupar e ela precisa de espaço. Cheguei a casa derreada só de andar um pouco a pé.

Aproveitei o fim da tarde para tirar umas fotos daqui da janela do quarto com vista para a Headrow, a avenida principal de Leeds, com a torre da Town Hall e o museu em evidência. Também se vê o monumento ao soldado desconhecido, que está sempre cheio de papoilas.








Fomos depois ao cinema ver um filme muito original do realizador Wes Anderson, o mesmo de Moonrise Kingdom, que discuti aqui no blogue há um ano. O filme chama-se The Grand Budapest Hotel, foi extraído dum livro de Stephan Zweig e é uma paródia com bons atores, tipo Allô, Allô, com música fenomenal e um ritmo alucinante. Nem todos gostarão, é um filme para amantes cinéfilos restritos!

Agora a Luisa está fazer zapping - que nunca faz no Porto ! - e a ver uma comédia inglesa. Jantámos num belo restaurante aqui no centro por 17 libras, que meteu Tiramisu e gambas com presunto em macarrão ( delicioso)! Ai as calorias!!

Até amanhã!  Obrigada por lerem isto!