Este filme parece antigo, out of date no tempo e no espaço, talvez devido ao uso do preto e branco, pouco luminoso, das panorâmicas vastas numa paisagem hostil, sem grandes atractivos, a não ser as estradas rectas sem fim que levam os carros dali para fora.
Por este filme se pode ver a importância que o automóvel tem na América profunda, onde as gentes nascem, vivem e morrem sem ter contacto com a civilização - ou aquilo que se considera como tal - em terras remotas, despovoadas e sem qualquer espécie de futuro.
A família existe para o melhor e para o pior nos filmes de Alexander Payne. Há disfunções , atitudes mesquinhas, invejas, rancores, manipulação...mas também há, subliminarmente, laivos de ternura para compensar os tons negativos que coloram as acções humanas. A família alargada é quase sempre cinzenta ou mesmo negra, a família nuclear, por contraste, um ancoradouro onde é possível a paz e a redenção.
As interpretações - candidatas a dois óscares e ganhadoras dum prémio (de melhor actor para Bruce Dern) no Festival de Cannes - são convincentes, exímias tanto nas cenas de comédia como nas mais dramáticas. As segundas figuras apagam-se um pouco para as fazer brilhar, mas acabam por ser elas próprias os alicerces duma história credível e gratificante.
Não aconselho este filme a todos....embora no site Rotten Tomatoes ( o mais credenciado dos EU) lhe dêem 86% em 100..
Sei de muita gente que achará o filme "uma seca". Mas é um filme singular, tocante e profundo. Um filme que fica na retina e que nos fala dos grandes dramas que assolam orincipalmente os idosos deste mundo.
O filme leva-nos à conclusão de que nenhuma terra, seja ela qual for, é... para velhos.