Há dias em que, ao acordar, temos a sensação de que não vale a pena tanto esforço....
Apetece-nos fechar os olhos de novo, não sair debaixo do edredon, encostarmos a cabeça à nossa almofada ( tão diferente das que encontramos nos hoteis).
Recusamo-nos a abrir as persianas, mais vale nem ver se o céu está cinzento...
Nada nos faz mover....é mesmo o vazio.
Ultimamente, tenho receio de viver. São momentos de pânico levezinho, não chega a ser pânico a sério. Começo a pensar na vida, nos anos que me faltam, não consigo senão antever um futuro nebuloso e um pouco assustador, que passa pela doença, pela solidão, pela inquietação e ausências.
É só de manhã que me sinto assim e atribuo este estado de espírito à minha condição de incapacidade relativa, não poder andar livremente como dantes, não poder meter-me no autocarro e ir até à Baixa ver duas ou três lojas para me animar, ir até ao Pingo Doce fazer umas compras ou até ao Lordelo ao Chinês ou à florista. Tudo coisas simples que fazia ainda há um ano.
Este inverno deu cabo de mim...e pior, deu cabo da minha disposição. Trabalhei muito de Maio para cá, demasiada pressão, muitos desentendimentos com a equipa, um desânimo total em relação ao valor pedagógico do que já fazia há 30 anos. Estou com a ressaca, amarga e com vontade de escrever barbaridades contra o sistema editorial em que estou inserida. Mas não posso.
Para o ano nada terei para fazer...pelo menos não terei de dar contas do meu tempo.
A ninguém.
Ninguém exigirá nada de mim.
Ninguém precisará de mim. Mesmo ninguém. O que me assusta muito.
Oiço as notícias. Exactamente as mesmas que transmitiram ontem no telejornal. As mesmas imagens, os mesmos depoimentos, enchem o tempo de antena com a repetição de blocos iguais, repetitivos e depressivos. Só más notícias, cortes nas pensões, doentes que morrem sem ser socorridos, catástrofes naturais, corrupção, misérias humanas....um panorama mais negro ainda do que o céu que antevejo da minha janela.
Apetece-nos fechar os olhos de novo, não sair debaixo do edredon, encostarmos a cabeça à nossa almofada ( tão diferente das que encontramos nos hoteis).
Recusamo-nos a abrir as persianas, mais vale nem ver se o céu está cinzento...
Nada nos faz mover....é mesmo o vazio.
Ultimamente, tenho receio de viver. São momentos de pânico levezinho, não chega a ser pânico a sério. Começo a pensar na vida, nos anos que me faltam, não consigo senão antever um futuro nebuloso e um pouco assustador, que passa pela doença, pela solidão, pela inquietação e ausências.
É só de manhã que me sinto assim e atribuo este estado de espírito à minha condição de incapacidade relativa, não poder andar livremente como dantes, não poder meter-me no autocarro e ir até à Baixa ver duas ou três lojas para me animar, ir até ao Pingo Doce fazer umas compras ou até ao Lordelo ao Chinês ou à florista. Tudo coisas simples que fazia ainda há um ano.
Este inverno deu cabo de mim...e pior, deu cabo da minha disposição. Trabalhei muito de Maio para cá, demasiada pressão, muitos desentendimentos com a equipa, um desânimo total em relação ao valor pedagógico do que já fazia há 30 anos. Estou com a ressaca, amarga e com vontade de escrever barbaridades contra o sistema editorial em que estou inserida. Mas não posso.
Para o ano nada terei para fazer...pelo menos não terei de dar contas do meu tempo.
A ninguém.
Ninguém exigirá nada de mim.
Ninguém precisará de mim. Mesmo ninguém. O que me assusta muito.
Oiço as notícias. Exactamente as mesmas que transmitiram ontem no telejornal. As mesmas imagens, os mesmos depoimentos, enchem o tempo de antena com a repetição de blocos iguais, repetitivos e depressivos. Só más notícias, cortes nas pensões, doentes que morrem sem ser socorridos, catástrofes naturais, corrupção, misérias humanas....um panorama mais negro ainda do que o céu que antevejo da minha janela.
Virginia, o mal dos outros não nos serve de remédio, mas talvez nos dê algum conforto quando experimentamos algo parecido!...Há pouco mais de um mês, tem dias que me sinto apática e faço esforços mentais grandes para sair do marasmo que nem queira saber. Chego a desconhecer-me porque não tenho razões para tal ! Em conversas com A e B vejo que está haver uma espécie de praga neste sentido . Parece que há muita gente em baixo de forma.Bem sei que não me dou bem com a estação primaveril, mas este ano está demais...Acredito que vai passar!
ResponderEliminarQuanto à sua pouca mobilidade: sabe que isto leva tempo recuperar do problema no joelho, mas se não se ponha com desânimos que isto há-de ir ao lugar. Recordo-me de uma doente que tratei em tempos. Na altura tinha 91 anos com experiências de vida riquíssima que me fascinava. Não tinha doenças e a sua única queixa era mesmo fragilidade num dos joelhos. Dizia que nuns anos atrás, esteve com operação marcada, mas entretanto meteu-se as férias do verão e adiou-a. Numa praia portuguesa, não me recordo o que lhe aconteceu lá, um senhor abordou-lhe. Começaram na conversa e veio a saber que ele era um médico suíço. Claro que a senhora sabia falar francês . Então o que lhe disse? que tínhamos tantos remédios naturais em Portugal à nossa volta para certos problemas do esqueleto e músculos e não dávamos conta disso . Ensinou-lhe a ir buscar um tipo de algas, colocar sobre o joelho e por ao sol.Seguiu o conselho religiosamente e o que é certo melhorou por muitos anos... Não sei! Pode não fazer bem a todas as pessoa . Vai depender dos problemas que não são todos iguais mas mal mal não deve fazer!...
E vamos lá aprender a não sofrer por antecipação! O conselho também serve para mim! Beijinhos.
Obrigada, Madalena.
ResponderEliminarÀs vezes também penso que é idiotice da minha parte estar a desperdiçar o que a vida tem de bom e que realço a todo o momento aqui no blogue. Neste momento , por exemplo, tenho aqui os meus dois amores mas novinhos. Estão a ver um filme A Revolta dos Perús, completamente embevecidos!! Já estivémos no pátio a jogar à bola, mas estava muito humido e frio. Tenho saudades de sol, este tempo cinzento é deprimente. Isto são fases, infelizmente, sou bastante de altos e baixos....
Já tentei acupuntura, mas não deu efeitos. Algas nunca experimentei e se gosto do mar.....!
Bjinhos
Olá Virgínia
ResponderEliminarNem sabe como compreendo a sua angústia. Eu também já sinto um certo desconforto em viver. Estou mesmo à porta da saída(ainda ontem faleceu um colega e amigo meu) e vou deixar um mundo cheio de problemas e com filhos e netos meus com poucos vislumbres de esperança!!!!!! O que eu sofro antecipadamente com o que será a sua vida e a saudade que eu já sinto por ter que os deixar. Enfim, a conversa não é muito animadora mas pode ser que venha realmente a PRIMAVERA e que os pensamentos tristes se desvaneçam.
Um grande beijo.
Nunca estamos completamente sossegados em relação aos filhos e netos. O futuro não é brilhante e os jovens de hoje em dia têm muito menos saídas do que nós tínhamos, mais competição, necessidade de auto-estima, confiança, etc. Assusta-me tb o futuro das famílias pois não é posivel constituir famílias sem um mínimo de segurança e certezas.
ResponderEliminarBom fim de semana e que ainda fique por cá muitos anos, Graciete, a vida agora é mais longa e vem os bisnetos......:)