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Foz do Douro |
Continuo entusiasmada com o
grupo DK ( decay= decadente).
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António Cardoso- Casa de Sophia M.B. Andersen |
As fotografias que todos os dias são descarregadas para apreciação vão aumentando e encantando.
É claro que todas elas obedecem à lei da decadência. Janelas modernas não têm interesse nenhum, em geral são metalizadas, com grandes vidraças.
As janelas antigas têm um
je ne sais quoi que nos fala de histórias antigas, de famílias e também de miséria ou de degradação.
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Ribeira |
Coloco aqui algumas das minhas ( duma grande colecção que tenho) e por fim, colagens das janelas seleccionadas esta semana.
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s. João da Pesqueira |
Fica aqui um poema em prosa de Baudelaire
Les Fenêtres
Celui qui regarde du dehors à travers une fenêtre ouverte, ne voit jamais autant de choses que celui qui regarde une fenêtre fermée. Il n'est pas d'objet plus profond, plus mystérieux, plus fécond, plus ténébreux, plus éblouissant qu'une fenêtre éclairée d'une chandelle. Ce qu'on peut voir au soleil est toujours moins intéressant que ce qui se passe derrière une vitre. Dans ce trou noir ou lumineux vit la vie, rêve la vie, souffre la vie.
Par delà des vagues de toits, j'aperçois une femme mûre, ridée déjà, pauvre, toujours penchée sur quelque chose, et qui ne sort jamais. Avec son visage, avec son vêtement, avec son geste, avec presque rien, j'ai refait l'histoire de cette femme, ou plutôt sa légende, et quelquefois je me la raconte à moi-même en pleurant.
Si c'eût été un pauvre vieil homme, j'aurais refait la sienne tout aussi aisément.
Et je me couche, fier d'avoir vécu et souffert dans d'autres que moi-même.
Peut-être me direz-vous: «Es-tu sûr que cette légende soit la vraie?» Qu'importe ce que peut être la réalité placée hors de moi, si elle m'a aidé à vivre, à sentir que je suis et ce que suis?
A tradução:
As Janelas
Aquele que olha de fora através de uma janela aberta, não vê nunca tantas coisas quanto aquele que olha uma janela fechada. Não há objeto mais profundo, mais misterioso, mais fecundo, mais tenebroso, mais radiante do que uma janela iluminada por uma candeia. O que se pode ver à luz do sol é sempre menos interessante do que o que se passa por detrás de uma vidraça.Neste buraco negro ou luminoso vive a vida, sonha a vida, sofre a vida.
Para além do ondular dos telhados, avisto uma mulher madura, já com rugas, pobre, sempre debruçada sobre alguma coisa, e que nunca sai. Com seu rosto, com sua roupa, com seu gesto, com quase nada, refiz a história desta mulher, ou melhor, sua lenda e, por vezes, a conto a mim mesmo chorando.
Houvesse sido um pobre velho homem, teria refeito a sua com igual facilidade.
E me deito, feliz por ter vivido e sofrido em outros que não eu mesmo.
Vocês talvez me digam: "Tem certeza de que esta lenda é a verdadeira?" Que importa o que possa ser a realidade situada fora de mim, se ela me ajudou a viver, a sentir que sou e o que sou?