É um cliché dizer-se que a Primavera chegou.
Mas a realidade é essa, não há que negar . E até em casa podemos ter um vislumbre dessa transformação.
No jardim junto à minha casa, ontem às 3 da manhã, quando me deitei, ouviam-se passarinhos a cantar ao desafio com o gorgolejar da pequena fonte que os meus vizinhos pôem a funcionar de noite. Estive de janela aberta, contemplando as silhuetas esguias das árvores em frente, o esqueleto ainda esquálido da grande tília que anseio por ver florescer, o suave latido dos cães a grande distância. As flores já apareceram, os canteiros do meu vizinho encheram-se de pelargónios de todas as cores. E até os nossos canteiros mais pobrezinhos já estão com cachos rosa.
Os pores do sol prometem a continuação do tempo estival, ainda que umas nuvens comecem a ensombrar o horizonte.
Na minha sala, oiço no Brava a sinfonia nº 4 de Beethoven, menos conhecida, mas tão beethoveniana quanto as outras. Parece que estou numa sala de concertos rodeada da primavera por todos os lados.
caixinha pintada |
Estou só, mas tão acompanhada!
Mal escrevo isto, soa o skype. É a minha Luisa com o seu sorriso contagiante. Todos os dias nos encontramos nesta sala a esta hora e quase sempre oiço música ao mesmo tempo. Está feliz....e isso é o que mais me importa. Também me fala da primavera em Leeds e do parque onde os estudantes se encontram para gozar do sol, jogar à bola, conversar e até dormir...que saudades dos momentos em que fomos felizes as duas.
Os sopros continuam trinitroar, oboés, clarinetes, trompas, flautas sobrevoam os violinos e violoncelos que, numa fúria, atacam ferozmente uns acordes, para se calar logo a seguir.
Isto é Beethoven. Na minha sala...
segue-se Dvorak e o maravilhoso Truls Mork ao violoncelo. Um dos meus concertos de eleição, que ouvi em Praga com os meus Pais em 1971. Les sanglots des violons....et des cellos como diria Verlaine.
A primavera sem música não teria alma.
Sou amante de clássica e jazz.
ResponderEliminarAcontece, chegando a primavera, é no jazz que encontro a simbiose , que conjuga a estação do ano com a música.
Os solos de piano de Keith Jarrett , são um hino à primavera.
Nunca fui amante de jazz a não ser ao vivo em pubs ou cafés. Ouvir jazz aqui não me passa pela cabeça e quando experimento ouvir no Mezzo, não me sinto atraída pela música ...
ResponderEliminarBoa semana!
No primeiro fim de semana deste mês fui a Trás-os-Montes. Estava um tempo primaveril (ao contrário do que aconteceu aqui). Na viagem, como sempre a ouvir a antena 2, passou a iniciação à dança de Weber, que já não ouvia há muito tempo. Tive também essa sensação fantástica de associar a primavera à música.
ResponderEliminarBjs
Regina
Invitation a la valse. Toquei-a no piano quando era adolescente. Nunca mais me esqueci.
EliminarBjo
Ouvir jazz na rua , em Nova Orleães, é uma experiência inolvidável que nada tem a ver com o que se ouve por aí! Gostava, digo bem, gostava, mas é lá tão longe! E então agora que $1 é = a 1€! Quando lá fui 1€ era = a $1.40 ! Faz alguma diferença!
ResponderEliminarInfelizmente não ouvi música nenhuma nos States, nem sequer em San Francisco. Só ouvios meus filhos e netos a tocarem e a cantarem na Missa, o que me comoveu entremente. Tb adoro música na rua, em Munique era em todo o lado....
EliminarFalando em experiência inolvidável, com jazz ao vivo, temos os fins de tarde/noite, lá mais para o verão, nos jardins de Serralves. A não perder.
ResponderEliminarJá uma vez ouvi um concerto lá na Primavera e gostei bastante.
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