Quando se perde alguém, quer-se estar só.
Um passeio a pé num local lindo como a minha rua e jardins anexos fez-me reencontrar o equilíbrio emocional que me tem faltado nestes dias. Hoje estou bem mais calma e, embora continue focada nos acontecimentos que viraram a minha vida ao contrário, consigo pensar no futuro e ajudar os meus filhos e netos, que também precisam duma Mãe e Avó feliz.
Hoje resolvi sair pelas 4 pois ainda estava sol. Não foi por muito tempo, as nuvens começaram a avolumar-se e o frio a instalar-se. Por pouco, já não conseguia tirar as fotos que aqui vêem e que vos dão uma amostra da beleza que é este jardim da Casa Allen, vulgo Casa das Artes.
Num livro belíssimo que comprei na Feira do livro ano passado, " Um Porto de Árvores", tinha visto fotografias de árvores emblemáticas da Invicta, entre as quais algumas que fotografei hoje e já tinha fotografado no outono.
Parecia que tinha chovido rosa e branco no jardim inteiro.
Poucos jardins do Porto conseguem concentrar num espaço relativamente pequeno tanta beleza e harmonia.
A Casa Allen espelhava-se no lago em frente e com ela, a maior magnólia rosa daqui das redondezas. A água agitava-se e a imagem distorcia num bailado abstracto rosa e amarelo desbotado.
Ao fim da tarde, admirei os contra-luzes sob um céu carregado, os troncos das árvores despidas mas arrendadas, uma cerimónia de silhuetas enigmáticas.
Hoje levei a minha Lumix e valeu a pena. Já tinha saudades de tirar fotos a sério :).
O inverno, já a entrar na Primavera, é duma beleza indescritível. A minha alma atormentada apaziguou-se um pouco.
É isso, fica-se por uns tempos a ver imagens angustiantes , desde o levantar ao deitar . Eu penso que, quem tem a capacidade de ver o belo , quer na Natureza ou nas artes em geral , encontra algum conforto . A vida continua e há que cuidar dos vivos .
ResponderEliminarAgora voltando às fotos : nunca me apercebi das magnólias brotarem flores tão bonitas. Muito se aprende !
Não há outro modo de viver...
EliminarLi no outro dia que " Morremos todos, mas nem todos vivemos". Procuro viver, antes que a morte me venha buscar. O meu marido tinha a minha idade, há um ano ninguém pensava que ele fosse desaparecer assim. No dia dos meus 70 anos festejámos juntos na Foz. Nunca pensei que fosse a última vez...no Natal já não estava capaz de sair de casa. A vida é cruel. Se não olharmos para o que é Belo, como é que sobrevivemos?
Lindíssimas fotos Virgínia!
ResponderEliminarÉ bem verdade o que diz a Madalena"quem tem a capacidade de ver o belo na Natureza ou nas artes, encontra SEMPRE algum conforto".
E isso vai ajudá-la. A Virgínia tem essa capacidade que é inata em si.
Um beijinho grande
Encontro conforto, mas não "ersatz" como dizem os alemães. Todos somos insubstituíveis, embora se diga o contrário.
ResponderEliminarTirar fotos e pintar tem sido uma forma de criar, reagir e não cair em depressão. Hoje fiz uma aguarela muito bonita. Enquanto pintava sentia-me em paz. O mesmo aconteceu no meu passeio a pé.
Estou sozinha em casa, o meu filho voltou para o seu apartamento depois de passar aqui a semana toda. O quarto da Luisa está vazio. Custa muito.
Um beijo tb para ti, Geninha.
Não gastar tempo com coisas, pessoas e discussões fúteis... aproveitá-lo, enquanto resta e enquanto não temos encontro aprazado com a morte, desta forma, admirando o belo, o frugal e o singelo... e reparti-lo e partilhá-lo, como tão bem fizeste. Beijinhos e continua à procura da serenidade.
ResponderEliminarObrigada, Mano.
ResponderEliminarFpram meses de verdadeiro horror e agora estou a sentir a ressaca mesclada de alívio e tristeza.
Hoje recomecei a arrumar coisas do Manel e não só, fiz almoço para mim e vou acender uma lareira para ouvir música e ler sossegada. Não quis ir ao cinema com os netos, pois não me sentia com coragem e ir para o barulho.
Tb já fiz contas com a empregada do Manel, pois ele queria que ela recebesse uma soma avultada pela sua dedicação total durante mais de 30 anos.
Estou em paz...
Fotos belíssimas, como sempre. Obrigada pela partilha.
ResponderEliminarBjs
Regina
Esta zona é um convite à fotografia. Até hoje que chove copiosamente. Os céus choram.... e eu também.
EliminarBjo
Imagens lindíssimas.
ResponderEliminarFiquei a pensar que um dia destes gostava de ir passear por lá.
um beijinho
"Águas das fontes, calai; ó ribeiras chorai, que eu não volto a cantar". Fica a voz, a memória e tudo o que é íntimo, arcano e recôndito.
ResponderEliminarTantas vezes ouvi o Zeca Afonso com o Manel...era Coimbra, erma as baladas, era a revolução, era a voz inegualável do meu cantor português preferido. Ofereceu-me Traz outra Amigo Também que ainda lá está na estante em casa dele. Saudades que teimam em assolar-me. Como este tempo triste que começou no dia em que ele morreu.
ResponderEliminarBjo
Deus costuma usar a solidão
ResponderEliminarPara nos ensinar sobre a convivência.
Às vezes, usa a raiva para que possamos
Compreender o infinito valor da paz.
Outras vezes usa o tédio, quando quer
nos mostrar a importância da aventura e do abandono.
Deus costuma usar o silêncio para nos ensinar
sobre a responsabilidade do que dizemos.
Às vezes usa o cansaço, para que possamos
Compreender o valor do despertar.
Outras vezes usa a doença, quando quer
Nos mostrar a importância da saúde.
Deus costuma usar o fogo,
para nos ensinar a andar sobre a água.
Às vezes, usa a terra, para que possamos
Compreender o valor do ar.
Outras vezes usa a morte, quando quer
Nos mostrar a importância da vida...
Paulo Coelho
Beijo
Filipe
Tão verdadeiro, mas tão doloroso.
EliminarObrigada. Bjo enorme.