que tu partiste, e simultaneamente, me partiste o coração.
Ao ler as cartas que nos escrevemos, fica-me a certeza inabalável de que tudo valeu a pena e que, no fundo, nunca me deixaste. E por isso, é tão grande o vazio agora.
Encontrei numa das cartas de 1966 um texto que te ofereci aos 19 anos.
Escrevi-o aos 16.
Gostaste muito. Porque exprimia aquilo que para os dois sonhávamos.
Concretizámos muito desse sonho. Mas a sinfonia ficou incompleta...
A Alguém
Há muito que te escrevo, sem saber quem és, sentindo-te apenas como sombra ao longe, esbatida no contorno pálido do horizonte. Tens cabelos escuros, olhos indefinidos...tuas mãos regem os acordes duma melodia inacabada, buscando talvez o tom menor que desenhe em círculos inextinguíveis os murmúrios de um final patético.
Não te procuro...seria estragar o momento inesperado da descoberta, em que pondo os olhos nos teus, não serei mais que uma criança confiante.
Vem , vem junto a mim...como se todos os caminhos traçados para ti tivessem este fim absoluto e indispensável...vem para mim com a ternura das pétalas desfolhadas, a paz do sol dourado, a união de todas as orações do mundo que se erguem por nós dois.
E depois...quando o teu olhar beijar o meu, quando nada mais houver no mundo para além do nosso Amor...deixa que o silêncio fale! E que nesse abandono de crianças, na certeza invulnerável da nossa Fé, Deus complete em nós perfeitamente a sinfonia há muito interrompida!
Ao ler as cartas que nos escrevemos, fica-me a certeza inabalável de que tudo valeu a pena e que, no fundo, nunca me deixaste. E por isso, é tão grande o vazio agora.
Encontrei numa das cartas de 1966 um texto que te ofereci aos 19 anos.
Escrevi-o aos 16.
Gostaste muito. Porque exprimia aquilo que para os dois sonhávamos.
Concretizámos muito desse sonho. Mas a sinfonia ficou incompleta...
A Alguém
Há muito que te escrevo, sem saber quem és, sentindo-te apenas como sombra ao longe, esbatida no contorno pálido do horizonte. Tens cabelos escuros, olhos indefinidos...tuas mãos regem os acordes duma melodia inacabada, buscando talvez o tom menor que desenhe em círculos inextinguíveis os murmúrios de um final patético.
Não te procuro...seria estragar o momento inesperado da descoberta, em que pondo os olhos nos teus, não serei mais que uma criança confiante.
Vem , vem junto a mim...como se todos os caminhos traçados para ti tivessem este fim absoluto e indispensável...vem para mim com a ternura das pétalas desfolhadas, a paz do sol dourado, a união de todas as orações do mundo que se erguem por nós dois.
E depois...quando o teu olhar beijar o meu, quando nada mais houver no mundo para além do nosso Amor...deixa que o silêncio fale! E que nesse abandono de crianças, na certeza invulnerável da nossa Fé, Deus complete em nós perfeitamente a sinfonia há muito interrompida!
Ah que bem ! Nota-se que sempre teve jeito para a escrita . Este texto é bem requintado .Gostei!
ResponderEliminarSó que me enganei....nas contas sou uma desastrada, afinal é so no dia 25 que faz um mês. Pensei que hoje era 25...
ResponderEliminarSempre escrevi desde miúda e como lia imenso, desenvolvi muito as qualidades lietrárias que eram precisas para tirar um curso de Germânicas no meu tempo. A predominância ia para as literaturas e culturas, não as línguas. Por estas cartas, que são detalhadas sobre o meu percurso universitário, vejo não só aquilo que tive de ler por obrigação, mas também o que li por prazer, pois tanto o Manel como eu adorávamos trocar impressões sobre livros e filmes. As cartas são valiosas porque retratam com precisão toda a nossa vida naqueles anos de universidade. Sem falar de sentimentos, pois esses são só nossos e dolorosos...
Beijinho
Virgínia, que carta tão bonita, incrível tê-la escrita tão jovem, e é algo assim que me faz pensar que tem de haver um sentido, porque se a li bem, escreveu-a quando ainda não o tinha encontrado, mas já era para ele.
ResponderEliminarum beijinho
Gábi
Sem dúvida, Gábi.
ResponderEliminarAo mandar-lhe este texto eu tinha a certeza de que ele era aquele com quem eu sonhava em adolescente e nunca houve outro nem vagamente parecido que se atravessasse no meu caminho assim por acaso. Muitas vezes penso que se não tivesse ido aquela viagem organizada por estudantes de Coimbra e IST, nunca nos teríamos conhecido e amado.
Bjinhos
Um verdadeiro hino ao Amor!
ResponderEliminarParabéns Virgínia, um texto belo e sentido.
Bjinhos
Obrigada, minha querida.
EliminarSerá que tudo acaba assim? Ando muito angustiada....
Nem me apetece pintar, nada.
O que vale é que vou a Leeds no dia 1. Vai-me fazer bem, espero!
Bjinho
É tão belo o que escreveu, Virginia. Fiquei comovida. E deixe-me que lhe diga, a sinfonia do amor não acaba nunca. Sente-se que ela continua a vibrar no seu coração.
ResponderEliminarUm beijinho
Se não vibrasse, eu não estava aqui a escrever sobre nós.
ResponderEliminarBjinho
São insondáveis os desígnios do Cosmos - não digo Deus, porque não acredito que alguma entidade pudesse ser tão sádica, má e viciosa, e se divertisse à custa do sofrimento humano. Belo texto. Belo no sentido real da palavra. Não é bonito, não é giro, não é nada, a não ser belo. Contemplemo-lo, relendo-o vezes sem conta.
ResponderEliminarObrigada, Mano.
ResponderEliminarNa altura eu era uma crente inveterada, como sabes. Continuei a sê-lo até bem tarde e nem sei quando deixei de acreditar em Deus. Como tu acredito, que pertencemos ao Universo e a nossa vida está presa pelas leis cósmicas dos sistemas a que pertencemos. Iremos voltar depois desta passagem...obrigada pelo apoio. Bjo