Quando tinha 4 anos, em 1950, fui para um colégio inglês como todos os meus irmãos mais velhos. O colégio chamava-se Queen Elizabeth School e ficava numa rua antiga e estreitinha; era uma quinta senhorial, solene e bastante envelhecida. O edifício - ainda me lembro - era enorme, com corredores altos e compridos. O refeitório tinha mesas compridas e bancos corridos. O jardim tinha um gradeamento enorme, onde uma vez tive um acidente bastante chato.
Logo no primeiro dia fiquei aterrorizada. Puseram-me um copo de leite à frente à hora do lanche. Detestava leite, já não o bebia desde os meus oito meses, segundo a minha Mãe, e vomitei tudo. Foi o primeiro trauma naquela casa.
Na 1ª classe, a escola mudou para o edifício de Alvalade, onde ainda hoje se encontra. O edifício era novinho em folha, estávamos nos anos 50, no pós guerra e o ambiente era de alegria e respeito pelos Aliados, sobretudo pela gloriosa Inglaterra, que tinha ganho a guerra.
Habituei-me desde pequena a considerar esse país como nosso irmão, cantava o God Save a plenos pulmões na Assembly logo pela manhã, olhava para a foto da Rainha por todo o lado e o meu patriotismo era duplo. De manhã era portuguesa, à tarde inglesa...
Em 1956 mudei para o Liceu Maria Amália no coração de Lisboa e o contraste foi total. Custou-me muito a adaptar e senti-me perdida numa instituição salazarenta e sem liberdade de espécie nenhuma. Detestei os 4 primeiros anos e só comecei a sentir-me gente no 6º ano quando pude estudar as cadeiras de letras, as minhas preferidas, entre elas o inglês, que tão mal ensinado era nessa altura.
A Rainha veio a Lisboa em 1957 e fomos todos para a janela do consultório do meu Pai que ficava na Av. da Liberdade para ver o coche passar. O meu Pai filmou tudo. Foi emocionante.
Hoje a Rainha faz 90 anos.
Nunca pensei que se conservasse no poder por tantos anos, a minha vida inteira, quase. Mas este facto prova que os ingleses são extremamente fiéis às suas crenças, tradições, liberdades. Gosto deles.
GOD SAVE THE QUEEN!
Esta entrada foi escrita a 21 /4, antes da meia-noite.
Logo no primeiro dia fiquei aterrorizada. Puseram-me um copo de leite à frente à hora do lanche. Detestava leite, já não o bebia desde os meus oito meses, segundo a minha Mãe, e vomitei tudo. Foi o primeiro trauma naquela casa.
Na 1ª classe, a escola mudou para o edifício de Alvalade, onde ainda hoje se encontra. O edifício era novinho em folha, estávamos nos anos 50, no pós guerra e o ambiente era de alegria e respeito pelos Aliados, sobretudo pela gloriosa Inglaterra, que tinha ganho a guerra.
Habituei-me desde pequena a considerar esse país como nosso irmão, cantava o God Save a plenos pulmões na Assembly logo pela manhã, olhava para a foto da Rainha por todo o lado e o meu patriotismo era duplo. De manhã era portuguesa, à tarde inglesa...
Em 1956 mudei para o Liceu Maria Amália no coração de Lisboa e o contraste foi total. Custou-me muito a adaptar e senti-me perdida numa instituição salazarenta e sem liberdade de espécie nenhuma. Detestei os 4 primeiros anos e só comecei a sentir-me gente no 6º ano quando pude estudar as cadeiras de letras, as minhas preferidas, entre elas o inglês, que tão mal ensinado era nessa altura.
A Rainha veio a Lisboa em 1957 e fomos todos para a janela do consultório do meu Pai que ficava na Av. da Liberdade para ver o coche passar. O meu Pai filmou tudo. Foi emocionante.
Hoje a Rainha faz 90 anos.
Nunca pensei que se conservasse no poder por tantos anos, a minha vida inteira, quase. Mas este facto prova que os ingleses são extremamente fiéis às suas crenças, tradições, liberdades. Gosto deles.
GOD SAVE THE QUEEN!
Esta entrada foi escrita a 21 /4, antes da meia-noite.
Perguntei à minha mãe onde estava e ela contou-me que teve a sorte de ver a rainha no carro a passar à sua frente numa rua que cruzava a Av. Duque d'Ávila onde a minha mãe morava. Gostei muito de ver hoje as imagens da vista em 1957.
ResponderEliminarFoi muito excitante para nós e como essa visita muitos outros acontecimentos, a coroação real e outros. Vivi sempre em dualidade e ainda mais quando a minha filha foi viver em Inglaterra, tinha ela 20 anos. Dentro dum mês volto lá, é uma espécie de retorno às origens! Bjinho
ResponderEliminarLembranças interessantes. Temos em comum o facto de não apreciar leite, desde tenra idade . Só se for disfarçado com café .
ResponderEliminarMinha mãe era assinante de revistas e por isso, desde muito nova acompanhei a vida da família real britânica . Muito mais tarde, quando visitei Londres percebi o que descreve muito bem . Prezam tudo ao pormenor.
Melhoras para os seus netos ! na resposta que me deu ontem percebi que estão com doença que costuma dar nas crianças.
Beijinhos e bom fim-de-semana.
Gosto muito de escrever sobre memórias passadas...
ResponderEliminarNós também líamos muitas revistas mas mais francesas que inglesas.
Os meus netos já estão melhores. Obrigada.
Bjinho