terça-feira, 12 de abril de 2016

Pintura surreal


O Fb veio-me recordar que há 4 anos tinha pintado este quadro.

Lembro-me bem dele, ainda o tenho. Não quis retratar a Primavera, mas depois de acabado, consegui ver elementos desta estação muito nítidas no quadro: árvores, folhas, riachos, um pássaro, etc.

Hoje estive a pintar um quadro sobre a Foz para oferecer aos meus amigos suiços que vêm no próximo fim de semana. É figurativo. Muito diferente deste, mas também não me parece desinteressante.



E aqui um poema de José Régio, surreal também.

Canção de Primavera
Eu, dar flor, já não dou. Mas vós, ó flores, 
Pois que Maio chegou, 
Revesti-o de clâmides de cores! 
Que eu, dar, flor, já não dou. 

Eu, cantar, já não canto. Mas vós, aves, 
Acordai desse azul, calado há tanto, 
As infinitas naves! 
Que eu, cantar, já não canto. 

Eu, Invernos e Outonos recalcados 
Regelaram meu ser neste arrepio… 
Aquece tu, ó sol, jardins e prados! 
Que eu, é de mim o frio. 

Eu, Maio, já não tenho. Mas tu, Maio, 
Vem com tua paixão, 
Prostrar a terra em cálido desmaio! 
Que eu, ter Maio, já não. 

Que eu, dar flor, já não dou; cantar, não canto; 
Ter sol, não tenho; e amar… 
Mas, se não amo, 
Como é que, Maio em flor, te chamo tanto, 
E não por mim assim te chamo?

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