quinta-feira, 23 de junho de 2016

L'Avenir ou a grata condição feminina


Fui ver l'Avenir.  Em boa hora.


Um filme francês que não poderia ser de outra nacionalidade.
Sóbrio, mas não muito.
Seco mas não tanto.
Original, mas não demais.
Quase sem música, a não ser uma canção de Schubert, lindíssima e uma de Woody Guthrie dos anos 60 em momentos diferentes do filme.


Uma história com que me identifiquei em parte, mas que não se assemelha muito com as situações da minha vida. Um amor que acaba, filhos que nos deixam, mães que partem.  Alunos que passam por nós e nos marcam. Autoria de manuais escolares que as tecnologias e a voragem das editoras tornam antiquadas e obsoletas. Uma mão cheia de nada... mas um coração cheio de tudo.

Natalie corta com o passado por razões diversas da minha. O seu "avenir", qual balão de S. João, contém a mesma beleza e efemeridade.

Natalie sabe que o avenir é nebuloso, que vai chegar e subir devagarinho, levando-a uma felicidade calma, feita de pequenos nadas, independência indesejada mas aceite como a inexorável passagem do tempo. O seu neto recém-nascido é o princípio do seu futuro.

Um filme que gira à volta duma Mulher, interpretada maravilhosamente por Isabel Huppert, que contrasta violentamente com Nicole Kidman, a Mulher do Deserto, que vi há semanas.

Não há overacting. Uma performance segura e sóbria. Natalie não pretende ficar na História, mas tão somente viver intensamente aquilo que a Vida lhe vai trazendo.

Este filme é a minha praia. Gostei muito.




4 comentários:

  1. Pela sua descrição (e sabe como eu confio nelas), sei que este é cá dos meus! Irei vê-lo com toda a certeza. É só uma questão de arranjar algum tempo livre, o que não está fácil, de momento.

    Um beijinho, Virginia, e bom São João :)

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  2. É um bom filme, ontem foi um dia lindo para mim até às 3 da manhã quando comecei a ouvir as noticias em directo da Sky news ; CNN e BBC. Não me conformo, nem acho que isto seja bom para o RU que está completamente dividio, graças ao Mr Cameron.
    Bjinho

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  3. Dado o seu bom gosto e boas análises sobre cinema que vê, hoje meti-me ao caminho para ir ver este filme ao Corte Inglês, que é onde está a rodar mais perto de mim. Fui sozinha e muito bem na minha companhia. Gostei muito. Realmente a vida faz-se por etapas e em cada uma há sempre bons incentivos...Não me digam que não há !
    Vi o seu último post e acho que há uns tempos para cá anda mais animada o que me satisfaz. A idade, como ouvi alguém dizer, mede-se pela nossa saúde.
    A foto da roda está excelente e agora as cores estão mesmo em movimento. Beijinhos.

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  4. Obrigada, Madalena. Ainda bem que a ajudei a escolher um bom filme. Nem sempre acerto, mas já tenho muitos anos de cinema e sempre gostei de escrever críticas - sem contar a história.... :)
    Esta roda é um símbolo de momentos de felicidade. Andei nela com a Luisa e gritámos como adolescentes!! Foi muito giro!!
    Bjinho

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