Há quem diga que não vale a pena ir a S. João da Pesqueira pela Ferradosa, que é preferível sair na Régua e apanhar um taxi, encurtando a viagem em quase uma hora.
Fazê-lo, quanto a mim, seria um crime de lesa-douro, lesa-paisagem, lesa-alma, lesa-tudo. Porque o percurso da Régua à Ferradosa é uma viagem pelo sonho, pela Natureza mais sublime, um verdadeiro bálsamo para o espírito e para os olhos. Tem um significado simbólico para mim.
Percorremos uns 30km numa hora, mas essa hora é divinal, sobretudo se formos sozinhos à janela e não desfitarmos os olhos do que corre na nossa frente.
Não sei descrever como me senti grata nestes dias. Grata a Alguém que me proporcionou uma experiência magnífica numa altura difícil da minha vida, em que o meu estado físico me impede de realizar muitos dos meus sonhos.
Contemplar paisagens que pensamos não existirem antes de as vermos com os nossos próprios olhos é uma dádiva. Sinto-me grata por viver....e por não saber o que me espera daqui a um ano, como não sabia, há um ano, que, nestes dias, iria festejar o nascimento do meu filho mais novo numa terra tão longe quanto bela.
Também não sabia há 40 anos quando me casei ( no dia 17 de Novembro de 1973) que me viria a separar vinte e nove anos mais tarde.
Sabia, apenas, com a mesma certeza que sei hoje, que nunca me separaria do meu ex- em espírito porque foi a sua inteligência, a sua cultura, a sua curiosidade perante as coisas e o modo de avaliar o mundo com realismo e frieza que me levaram a apaixonar por ele, naquela viagem já há quase 50 anos. Nesse Agosto de 1965, pensei que ele estava a anos luz de mim, uma adolescente meia insegura e um pouco carente.
Afinal tínhamos ambos só 19 anos.
O cais da Ferradosa é, simbolicamente, como o meu casamento. Algo sublime que permanece intacto no que é essencial. Uma beleza intocável que nos ligará para toda a vida. Mesmo que vivamos separados no nosso dia a dia.
Haverá sempre uma ponte de ferro verde de esperança a unir-nos. E o sorriso da nossa filha a abençoar-nos, dando-nos a certeza de que o que fizémos os dois valeu a pena.
Fazê-lo, quanto a mim, seria um crime de lesa-douro, lesa-paisagem, lesa-alma, lesa-tudo. Porque o percurso da Régua à Ferradosa é uma viagem pelo sonho, pela Natureza mais sublime, um verdadeiro bálsamo para o espírito e para os olhos. Tem um significado simbólico para mim.
Percorremos uns 30km numa hora, mas essa hora é divinal, sobretudo se formos sozinhos à janela e não desfitarmos os olhos do que corre na nossa frente.
Não sei descrever como me senti grata nestes dias. Grata a Alguém que me proporcionou uma experiência magnífica numa altura difícil da minha vida, em que o meu estado físico me impede de realizar muitos dos meus sonhos.
Contemplar paisagens que pensamos não existirem antes de as vermos com os nossos próprios olhos é uma dádiva. Sinto-me grata por viver....e por não saber o que me espera daqui a um ano, como não sabia, há um ano, que, nestes dias, iria festejar o nascimento do meu filho mais novo numa terra tão longe quanto bela.
Também não sabia há 40 anos quando me casei ( no dia 17 de Novembro de 1973) que me viria a separar vinte e nove anos mais tarde.
Sabia, apenas, com a mesma certeza que sei hoje, que nunca me separaria do meu ex- em espírito porque foi a sua inteligência, a sua cultura, a sua curiosidade perante as coisas e o modo de avaliar o mundo com realismo e frieza que me levaram a apaixonar por ele, naquela viagem já há quase 50 anos. Nesse Agosto de 1965, pensei que ele estava a anos luz de mim, uma adolescente meia insegura e um pouco carente.
Afinal tínhamos ambos só 19 anos.
O cais da Ferradosa é, simbolicamente, como o meu casamento. Algo sublime que permanece intacto no que é essencial. Uma beleza intocável que nos ligará para toda a vida. Mesmo que vivamos separados no nosso dia a dia.
Haverá sempre uma ponte de ferro verde de esperança a unir-nos. E o sorriso da nossa filha a abençoar-nos, dando-nos a certeza de que o que fizémos os dois valeu a pena.
Si je te quittes nous nous souviendrons
En te quittant nous nous retrouverons.
Paul Éluard ( 1895-1958)
http://www.youtube.com/watch?v=WyOJ-A5iv5I
ResponderEliminarUm beijo.
Obrigada, Graciete. Gracias à la vita! E aos amigos......
ResponderEliminarBjo
Ainda bem que hoje aqui cheguei e li este belo texto. Em comum consigo, tenho sempre o prazer supremo de ir de Lisboa à Régua
ResponderEliminarpara fazer o percurso de combóio até ao Pocinho. E é realmente um tempo maravilhoso em que me sinto envolvida com o Douro, com
a paisagem, com o rodar do combóio, com os nomes lindos das estações que embora quase abandonadas, fazem pensar quanta
gente por ali teria passado há muitos anos . É tudo tão belo, que só se pode sentir e quase impossível de descrever. Adoro o nome
da estação Freixo de Numão-Mós do Douro, tão estranho, tão misterioso. Os meus olhos nunca se desprendem da paisagem.
Nesses momentos até consigo ser feliz. Agradeço o seu post que me trouxe à memória as minhas viagens nesse combóio com o
Douro ao lado. Tudo de bom para si!
M.Júlia
Muito obrigada, M.Júlia. É tão bom saber que as pessoas sentem aquilo que eu senti. E que sentirei da próxima vez que for visitar o meu filho, pois nem penso em carro...o comboio é maravilhoso e muito mais barato. Irei lá quando nevar...
EliminarFelicidades!
Comovida com tudo e com vontade de conhecer esta região transmontana que me falta visitar. Penso que é a única que não conheço em Portugal continental ! Embora tivesse estado na Régua de passagem.
ResponderEliminarÉ bem verdade, "o que é o amor sem liberdade"? Tanto que esta frase tem para dizer.
Quanto à sua saúde, vai ficar bem! Tudo a seu tempo.
Beijinho e fico feliz por ter estes momentos!
Não acredito....tem de ir a Tras-os-Montes, como eu tenho de ir aos Açores outra vez. Só vi S. Miguel e não me sai do pensamento.
EliminarO amor...é complicado...ou nós é que complicamos o que é simples....não sei.
Bjinhos