quarta-feira, 15 de julho de 2015

Inovação?

Há dias andou no Facebook uma fotografia do Papa Francisco, hoje em dia idolatrado pelos crentes, católicos e não católicos, e a transcrição de palavras suas, que, quanto a mim nada trazem de novo.

Achei que eram banalidades e escrevi-o. Houve logo uma série de comentadores que se insurgiram contra mim e o thread foi longo. Até me obrigaram a escrever mais do que queria...


Ao ler Madame Bovary, de Gustave Flaubert, publicado em 1857, descubro uma passagem em que se aborda o papel dos clérigos.
Monsieur Homais, o farmacêutico da vila, a quem acusam de ser ímpio e de não ter religião, profere estas palavras, quanto a mim semelhantes às que o Papa e os crentes pretendem serem inovadoras e revolucionárias.


Tenho uma religião, a minha religião, e até tenho mais que todos eles com as suas momices e imposturas! Pelo contrário, creio em Deus! Creio no ser supremo, num Criador, seja ele quem for, pouco importa, que nos pôs neste mundo para cumprir os nossos deveres de cidadãos e chefes de família; mas não tenho necessidade de ir a uma igreja beijar salvas de prata e engordar à minha custa uma cambada de farsantes que vivem melhor do que nós! Posso honrar a Deus da mesma maneira num bosque, num campo, ou até contemplando a abóbada etérea, como os antigos.  

Quem me dera que as pessoas lessem os clássicos e sublinhassem as grandes verdades já nessa altura expressas com denodo!

10 comentários:

  1. Para não ferir susceptibilidades, silenciosamente vou passando aqui.

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    1. Religião,política, e futebol (a ordem, é arbitrária),
      nunca foram, não são, e jamais serão a "minha praia" ,
      [ou antes] o meu....mar.!

      Resto de semana, pleno de venturas.



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    2. Há momentos em que temos de sair da nossa praia e vaguear pelos campos :)

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  2. Esta lavagem cerebral dura! Eu não posso com esta coisinha medieval. Só me convencem quando a igreja não tiver qualquer tipo de intenção nem intervenção política. Isto do papa vai muito além da religião e de Deus. Não me incomoda a necessidade da religião, nem a fé em Deus. Incomoda-me, preocupa-me e assusta-me que homens tenham inventado que um homem pode representar um deus na terra. Até Jesus Cristo quando foi embora disse que cá deixava o Espírito Santo. Não pôs ninguém sentado num trono a receber beijos no cachucho.

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    1. Concordo consigo e agradeço o seu comentário. A Igreja é mais do que um homem, é uma instituição que domina os povos católicos e ainda influencia outros que não o são. Para o bem e para o mal....mas só acredita nestas personalidades quem quer.

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  3. Não me quero meter em polémicas, muito menos quando se referem a coisas que são do domínio do irracional, como a fé. Respeito todas as crenças e religiões, salvo quando fazem mal a alguém, mas apenas peço que respeitem o meu agnosticismo, o acreditar num qualquer desígnio cósmico da Humanidade, e o ter a certeza de que as Igrejas, sejam quais forem, são construções dos homens e, como tal, estruturas corporativas que exigiriam, em muitos casos, alguém que varresse os "vendilhões do Templo.".
    Posto, isto, não podemos menosprezar a influência (boa ou má, neste momento não é isso que está em discussão para mim) da Igreja Católica na sua esfera de influência, entre a qual este país à beira mar plantado, chegando ao ponto de Amato Lusitano, perseguido pelos Inquisição no século XVI, ser escolhido pelo Papa para seu médico pessoal. E mesmo condenado à morte no seu país - o nosso -, escolheu para seu nome Amato e Lusitano.
    Depois de uns Papas mediáticos, mas conservadores nos costumes (que, goste-se ou não, é o que comanda o quotidianos das "gentes"), e de um Papa "rato de biblioteca" que talvez se entendesse bem com Schaubble mas hermético no que diz respeito aos mortais temos um argentino quase livre-pensador, alegre, e que tem tido coragem de enfrentar coisas como, além da Cúria, a hipótese de , como se pensa ter acontecido com João Paulo I, alguém lhe "limpar o sarampo".
    Acabei de ler, há 3 dias a Encíclica sobre o ambiente. Gostaria de ter sido eu a escrevê-la, salvo a forma necessariamente "papal", e acho que a a denúncia que faz do capitalismo, da cupidez, da ganância de tudo o que é exploração do homem e o "ave verum" às tecnologias é de louvar, porque sendo o Papa, poderá influenciar positivamente alguns. Provavelmente, não aqueles que,se sentam nos conselhos europeus ou nos eurogrupos, mas ajudará, decerto a criar uma consciência cívica.
    São banalidades? Eventualmente, mas é banalidade uma miss Portugal dizer que deveria haver paz no mundo e a fome acabar... mas não deixa de ser verdade e se as palavras dela ficam pelos 5 minutos de fama da televisão, as deste Papa terão - espero - um alcance muito maior.
    É por isso que o Gaitán tem de continuar a ser do Benfica... (estou a bvrincar).
    Abraços a todos

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  4. É pertinente o teu comentário. Quando escrevi isto estava um pouco agressiva por causa do FB e do que li por lá. É calro que este Papa é diferente, mas já não consigo desligá-lo de tantas barbaridades que a Igreja tem feito mesmo neste século...sou anti-clerical, mais do que agnóstica!

    Bjo

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  5. Eu idem, apesar de ter, como você, três tios padres... mas dois deles eram santos, o que vem baralhar as coisas...

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    1. Nunca incluí os tios neste rol de padres a quem "tenho pó", mas ainda andam por aí alguns que me lavaram o cérebro na minha adolescência, que se pavoneiam com os grandes senhores, aparecem a toda a hora e me fazem arrepiar. Alem disso, a história da pedofilia na igreja é aterrorizante e nós sabemos que o que vem a lume nem é da missa a metade!! O Papa ainda não teve uma mensagem convincente sobre esses casos.
      Gostava de saber o que associações ONGs, sem fins lucrativos, etc fariam com o dinheiro dos Jogos da Santa Casa. Não acho bem que todos esse dinheiro vá para a Igreja, que nem sempre gere o montante em prol dos que realmente precisam. Distribuido pelas autarquias, seria o ideal.

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