Habituei-me ao silêncio há muito. E este ano vou estranhar de novo a companhia, o barulho, a ausência de privacidade.
Gosto de ouvir música como este concerto de violoncelo sugerido pelo meu Amigo Mário, que descobre sempre pérolas e as partilha no seu blogue. Só oiço o violoncelo, em completo silêncio de vozes.
A minha filha foi para a praia munida dos seu tesouros: livro, iPod e creme solar. É igual a mim. Desaparece quando há barulho.
O meu neto foi ao correio levar duas cartas enormes para os amigos de Mountain View, que deixou apenas há 15 dias, mas de quem já tem saudades.
Fechei as janelas todas e nem sequer oiço o barulho do mar. Que maravilha!
Acho que entrei na fase da negação. As pessoas irritam-me. Os mails cheios de PPs, as anedotas, os recados e avisos encharcam a minha mailbox e pôem-me do contra. Ainda agora protestei contra um da minha mana com tulipas da Holanda dispostas em tabuleiros - milhares deles de todas as cores. Flores feitas a martelo não me entusiasmam nada, prefiro a beleza dum hibisco singelo, nascido aqui num vaso, quase sem água e muito calor.
Fotos assim de enfiada são mesmo para que não aprecia a simplicidade do que é genuíno e puro.
Alguém se queixava - e com plena razão - do novo Museu dos Coches, que parece uma nave espacial com modelos de coches dos séculos passados, sem patine, nem História, sem nobreza e com milhões de euros investidos só para turista ver.
As pessoas estão cada vez mais showoffish, só se querem armar, mostrar que têm isto e aquilo, mas nada apreciam na realidade. O barulho ensurdecedor que fazem quando estão juntas é impressionante. Felizmente aqui há mais famílias nórdicas que portuguesas e essas tb apreciam o sossego, excepto quando à noite bebem copos a mais e então a algazarra é igual.
Nunca estive tanto tempo em férias aqui...ou seja desde há mais de 40 anos, pelo menos.
Não vou voltar a ficar tanto tempo...tenho saudades do meu filho mais novo, da minha casa, do jardim Botanico... e estou farta deste ramerrame todos os dias.
Mas vou ficar saudosa deste mar sem fim, que me enche os olhos todos os dias....
Não se pode ter tudo!!
Gosto de ouvir música como este concerto de violoncelo sugerido pelo meu Amigo Mário, que descobre sempre pérolas e as partilha no seu blogue. Só oiço o violoncelo, em completo silêncio de vozes.
A minha filha foi para a praia munida dos seu tesouros: livro, iPod e creme solar. É igual a mim. Desaparece quando há barulho.
O meu neto foi ao correio levar duas cartas enormes para os amigos de Mountain View, que deixou apenas há 15 dias, mas de quem já tem saudades.
Fechei as janelas todas e nem sequer oiço o barulho do mar. Que maravilha!
Acho que entrei na fase da negação. As pessoas irritam-me. Os mails cheios de PPs, as anedotas, os recados e avisos encharcam a minha mailbox e pôem-me do contra. Ainda agora protestei contra um da minha mana com tulipas da Holanda dispostas em tabuleiros - milhares deles de todas as cores. Flores feitas a martelo não me entusiasmam nada, prefiro a beleza dum hibisco singelo, nascido aqui num vaso, quase sem água e muito calor.
Fotos assim de enfiada são mesmo para que não aprecia a simplicidade do que é genuíno e puro.
Alguém se queixava - e com plena razão - do novo Museu dos Coches, que parece uma nave espacial com modelos de coches dos séculos passados, sem patine, nem História, sem nobreza e com milhões de euros investidos só para turista ver.
As pessoas estão cada vez mais showoffish, só se querem armar, mostrar que têm isto e aquilo, mas nada apreciam na realidade. O barulho ensurdecedor que fazem quando estão juntas é impressionante. Felizmente aqui há mais famílias nórdicas que portuguesas e essas tb apreciam o sossego, excepto quando à noite bebem copos a mais e então a algazarra é igual.
Nunca estive tanto tempo em férias aqui...ou seja desde há mais de 40 anos, pelo menos.
Não vou voltar a ficar tanto tempo...tenho saudades do meu filho mais novo, da minha casa, do jardim Botanico... e estou farta deste ramerrame todos os dias.
Mas vou ficar saudosa deste mar sem fim, que me enche os olhos todos os dias....
Não se pode ter tudo!!
Querida Virginia, há quem diga que o melhor de ir de férias é quando se regressa :)
ResponderEliminarTodos precisamos de momentos de recolhimento. Por vezes, "less is more".
Um beijinho
Tem razão. As vezes invejam-se as pessoas que vivem junto ao mar porque podem gozar da vista todos os dias. No entanto, a vista cansa e ao fim de anos, já nem notamos nos pormenores que tanto nos encantaram no início. Sempre quis casas com luz, mas não especialmente com vista...aqui é o mar imenso que nos cerca e se vê de todos os lados...uma imagem que fica na retina durante toda a nossa vida...
ResponderEliminarComo sabes, adoro a Luz onde já não vou há muitos anos, mas também sei que, por mais aprazível e encantador que seja um lugar, a dada altura sentimos necessidade de regressar ao nosso cantinho.
ResponderEliminarBom regresso e até breve.
Bjs
Aparelhei o barco da ilusão
ResponderEliminarE reforcei a fé de marinheiro
Era longe o meu sonho, e traiçoeiro
O mar...
(Só nos é cedida
Esta vida
Que temos;
E é nela que é preciso
Procurar
O velho paraíso
Que perdemos)
Prestes, larguei a vela
E disse adeus ao cais, à paz tolhida.
Desmedida
A revolta imensidão
Transforma dia a dia a embarcação
Numa errante e alada sepultura...
Mas corto as ondas sem desanimar
Em qualquer aventura,
O que importa é partir, não é chegar.
......................Miguel Torga
AnonimU, gosto das suas intervenções poéticas....são muito reconfortantes.
EliminarNeste momento estou mais a pensar em chegar....
Tinha escrito resposta à Regina e desapareceu, acontece-me frequentemente com esta net diabólica. Tenho pensado em ti quando vejo aslindas buganvilias por aqui....
ResponderEliminarUm comentário relativamente ao silêncio... e à sua necessidade.
ResponderEliminarAS PALAVRAS
Sem palavras
Não existimos
Não dizemos
Não expressamos
Não comunicamos
Não sentimos.
Sem palavras
Seria o nada
Porque não havia descrição
Nem sujeito ou predicado
Nem verbo nem acção
Nem redacções ou ditados
Ou conjugações.
Sem palavras estaríamos sós.
E, contudo,
Como é bom estar só.
Em silêncio.
Na noite bucólica e pastoral
Em que apenas os cães falam,
Mas como não lhes conheço a linguagem
Não lhes descodifico os símbolos
Não lhes entendo os argumentos
As frases, os diálogos, os monólogos.
Talvez por isso não me inquietem
Não me perturbem
Não me interroguem
Não me firam.
Como o fazem as palavras.
Adoro o poema....as palavras estão omnipresentes em tudo o que fazemos, respiramos, sentimos ou planeamos. Não conseguimos viver sem elas....mesmo o silêncio está repleto delas, mas devemos lutar para termos momentos de vácuo...
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