terça-feira, 21 de julho de 2015

Poeira no vento

O verão no Porto não existe.

Ou seja, não há verão propriamente dito aqui nesta cidade, há primavera e outono que se mesclam durante os meses de Junho a Setembro, numa tonalidade pastel, manhãs de nevoeiro cerrado, tardes curtas de sol radioso e fins de tarde de neblina rosada. Nunca se sabe se vai estar um belo dia de praia ou se vai chover. Mas não há vento, nem nortadas o que possibilita estar junto ao mar mesmo depois do sol posto.


Gosto muito de estar aqui nestes meses, sinto-me bem depois de ter passado quase um mês fora e com calor bastante. O meu bronzeado ainda não morreu, embora já esteja bem mais atenuado. Emagreci 5 kg desde Abril, acho-me mais bonita (!) e se não fossem as dores artríticas, considerava-me bem feliz.

Ter a minha filha em casa também me dá um prazer inolvidável. Ela está sem se dar por ela. E quando não está, sente-se a sua falta.

Hoje constatei que estou rodeada de pessoas competentes e simpáticas. Fui à Clinica Maló para a consulta habitual e gostei de conversar com a minha médica. Contou-me que o marido teve de ir trabalhar em Luanda e só vem a Portugal de três em três meses. Deve ser dramático criar um filho de 9 anos sem o pai presente. Não lhe perguntei porque não ia também, não gosto de me meter onde não sou chamada. Apesar da vida dura, o sorriso dela é contagiante.

Ontem na fisioterapia, a minha "amiga" Isabel cuidou de mim com um carinho tal que a achei mais competente do que o médico para quem trabalha. É pena que enfermeiros e terapeutas sejam tão mal pagos, pois quando são bons, tornam-se bem mais úteis aos pacientes. E este carinho devia ser recompensado. Já lhe dei um quadro e uma caixinha, mas o que ela me dá é muito mais do que isso.

E não posso deixar de falar da minha empregada Sandra, que voltou para cá, agora a meias com a minha nora. Só cá está duas horas por dia, mas é uma luz que se acende quando a sinto a abrir a porta. Oxalá continue a vir, ajuda-me muito no dia-a-dia e faz umas sopinhas maravilhosas.

Hoje acabei de ler o romance Madame Bovary, que descarreguei do Projecto Gutenberg na semana passada - uma biblioteca fabulosa e grátis de livros imprescindíveis. Adorei o livro, tanto quanto achei o filme medíocre em comparação. A escrita de Flaubert é absolutamente fabulosa. Abriu-me o apetite para ler L'Education sentimentale, que já comprei pelo Kindle a 1€50!! Em francês.

Vive la vie!

Fica aqui uma canção lindíssima duma cantora dos anos 70, Melanie Safka. Vale a pena ouvir esta voz. Encontrei a letra traduzida para quem não compreenda o inglês.



Dust In The Wind

I close my eyes
Only for a moment
And the moment's gone
All my dreams
Pass before my eyes, in curiosity
Dust in the wind
All we are is dust in the wind

Same old song
Just a drop of water in an endless sea
All we do
Crumbles to the ground though we refuse to see
Dust in the wind
All we are is dust in the wind

Now, don't hang on
Nothing lasts forever, but the earth and sky
It slips away
And all your MONEY won't another minute buy
Dust in the wind
All we are is dust in the wind
Dust in the wind
Everything is dust in the wind


Poeira No Vento

Eu fecho meus olhos
Apenas por um momento
E o momento se foi
Todos os meus sonhos
Passam diante dos meus olhos, em curiosidade
Poeira no vento
Tudo o que somos é poeira no vento

A mesma velha música
Apenas uma gota de água em um mar infinito
Tudo o que fazemos
Desaba sobre a Terra, embora nos recusemos a ver
Poeira no vento
Tudo o que somos é poeira no vento

Agora, não espere
Nada dura para sempre, apenas o céu e a terra
Isto escapa
E todo o SEU DINHEIRO não comprará outro minuto
Poeira no vento
Tudo o que somos é poeira no vento
Poeira no vento
Tudo o que somos é poeira no vento


Sem comentários:

Enviar um comentário