Sempre gostei muito de barcos.
Da minha varanda da casa de infância, viam-se todos os barcos que entravam na barra do Tejo. Conhecíamo-los todos, as companhias, os nomes e até atribuíamos a cada uma de nós a pertença fictícia destes navios gigantes. Não tínhamos TV, esse era uma dos nossos passatempos. Recordá-lo comove-me, não sei porquê.
Os cruzeiros fizeram sempre parte do meu imaginário, embora o único a sério que fiz tenha sido o do Nilo, em 1999, que me ficou na memória e cujas fotos estão num album à antiga ali na estante.
Na praia da Luz usava um barco de borracha da marca Pirelli, que o meu Pai comprou nos anos 60. Adorava remar e o mar era um apelo constante. Não havia perigo, excepto em dias de nortada, como uma vez aconteceu. Nessa tarde, tive de me atirar borda fora e puxar o barco com uma corda para poder chegar a terra. Assustei-me bastante, confesso, pois ainda estava a alguma distância da praia.
Adorava fazer um cruzeiro pelo Mediterrâneo e outro pelos Açores, mas a incapacidade de andar tem-me impedido de me inscrever nessa aventura. No barco, passeamos, mas em terra temos de usar as pernas e estou muito mal para caminhadas. Pode ser que ainda consiga fazer o cruzeiro do Douro este ano.
No grupo Boats a que pertenço no Facebook, propuseram-nos o tema Minimalism in Boats, o que me permitiu dar largas à imaginação, servindo-me das minhas próprias fotografias. Com elas resolvi fazer uma colagem, que aqui vos apresento acima.
Fica também a canção : Os Argonautas cantado pelo grande Caetano Veloso.
Os Argonautas
Caetano Veloso
O Barco!
Meu coração não aguenta
Tanta tormenta, alegria
Meu coração não contenta
O dia, o marco, meu coração
O porto, não!...
Navegar é preciso
Viver não é preciso...
O Barco!
Noite no teu, tão bonito
Sorriso solto perdido
Horizonte, madrugada
O riso, o arco da madrugada
O porto, nada!...
Navegar é preciso
Viver não é preciso
O Barco!
O automóvel brilhante
O trilho solto, o barulho
Do meu dente em tua veia
O sangue, o charco, barulho lento
O porto, silêncio!...
Navegar é preciso
Viver não é preciso...
"Pus o meu sonho num navio
ResponderEliminare o navio em cima do mar;
depois abri o mar com as mãos,
para o meu sonho naufragar."
(...)
Cecília Meireles
Partilho do seu gosto por barcos. Navegar é preciso :)
Um beijinho
Gosto muito da poesia de Cecília Meireles. Obrigada pela quadra, é linda. Neste momento sinto-me tão impedida de andar - nem sequer ao Botânico consigo ir - que sonho em navegar, em andar de barco pelos mares afora. Não passa dum sonho - ou será lamento?
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