A Primavera que tarda

Há quem diga que não vamos ter primavera este ano, apenas inverno e verão. Os dias incertos, os céus plúmbeos em constantes mutações cinzentas, o vento de oeste a ameaçar chuvada da grossa, a falta de sol em consonância com a crise e as parangonas dos jornais e telejornais, tudo junto numa iminência de catástrofe anunciada, faz-nos macambúzios e tristonhos, quando não irascíveis e injustos.

Mas, afinal, a primavera já chegou. Basta ir a um jardim, contemplar da janela,  olhar para o céu em vez de fitar o chão....

As árvores encheram-se de folhas quase dum dia para o outro, as flores de trevo multiplicaram-se pelo solo, as azáleas estão tão repletas que os abelhões têm dificuldade em saltitar de flor em flor, até as palmeiras estão cheias de cachos doirados, os nenúfares já andam à tona depois do seu sono profundo, há aromas no ar e a esperança de dias mais quentes e verdejantes.

O Botânico estava lindo, ainda que a chuva torrencial de ontem tivesse feito estragos.

 o sol parece que vai finalmente brilhar esta tarde. Somos uns afortunados, apesar das nossas desgraças demasiado apregoadas.

Quem dera a tantos ter a água abundante, as temperaturas amenas, o sol mesmo por detrás das nuvens....e flores de todos os tons e com esta perfeição.