Acabei ontem de ler o livro de Miguel Esteves Cardoso, que comprei depois de ouvir a entrevista que ele deu à RTP e que me surpreendeu pela simplicidade e facilidade de expressão, ainda que MEC não seja das pessoas que mais aprecio.
Há qualquer coisa nele que me repele, não sei se é o falar lisboeta com muitos "não sei quê" ( repetido até à exaustão), se são as banalidades e clichés que bota para fora, se é, ainda, a importância que dá a si mesmo, ao seu dia-a- burguês e a tudo o que é gourmet ou se é a sensação de que nem tudo o que ele faz e pensa interessa a 80% das pessoas do país...para mais em crise.
O livro tem sido bestseller, mas confesso que me desiludiu muitíssimo. Li-o quase todo num dos meus sítios preferidos para a leitura ( a casa de banho, desculpem-me mas é assim mesmo!), li-o com paciência, pois, a páginas tantas, apetecia-me colocá-lo na estante... na esperança de o voltar a ler nas férias, mas forcei-me a meditar sobre algumas das suas cogitações. Tudo espremido, ficam-me umas observações sobre os portugueses bem vistas e pertinentes. Pouco mais.
Pergunto-me o que aconteceria se todos nós escrevêssemos livros destes - a falar de tudo e de nada - e os publicássemos (!). Que audiência teríamos e quem nos compraria?
As pessoas compram os livros devido à publicidade que é feita sobre os mesmos, não porque folheiem e gostem do que lêem. Ou então compram-nos e ficam na estante à espera de melhores dias. Não são lidos.
Qualquer dos livros que li ultimamente , como A Manhã do Mundo, de Pedro Moreira Jesusalém de Mia Couto ou a Arte da Viagem de Paul Theroux, sem falar de Mau Tempo no Canal de Vitorino Nemésio, oferece-me muito mais do que este tipo de livro, que nem sei qualificar, mas está muito na moda. Para gáudio dos editores como a PE.
O escritor abre-se ao mundinho, exprime sentimentos banais, observa e compara, reflecte num dia de verão, filosofa sobre o sexo dos anjos, critica atitudes do homem da esquina suavemente e paternalisticamente para não ferir ninguém, diz umas balelas sobre o seu dia-a-dia, sobre a temperatura da água na Praia das Maçãs, o cócó dos passarinhos, o tempo atmosférico em Portugal e na loira Albion, a qualidade do peixe e do marisco, a doçura das cerejas, a tentação dos vinhos nacionais e a esperança em melhores dias.
Ri-se das nossas fraquezas e salienta algumas qualidades para manter o equilíbrio.
Isto chega para fazer um livro? Acho que não...e digo mais: sem a tal publicidade e o nome badalado do autor, o livro seria ignorado, pois há mais vinte parecidos nas bancas, quiçá do mesmo tipo e igualmente enfadonhos. Não cito aqui nomes para não ofender ninguém. A minha editora anda agora à pesca deles, rejeitando os que, segundo eles, não se vendem ( como a poesia da minha amiga Regina, que é 100 vezes mais original e mais válida).
Já depois de escrever esta entrada, enquanto procurava uma foto do livro em questão, encontrei uma outra entrada, casualmente, num blogue, que até parece ter lido os meus pensamentos.
http://thoughloversbelostloveshallnot.blogspot.com/2013/04/como-e-linda-puta-da-vida-de-miguel.html
E agora sou eu que entro em cogitações: o tempo é tão pouco para lermos...para quê perder tempo com croniquetas que se encontram em todos os jornais e revistas de fim de semana?
Não gosto de comprar gato por lebre.
O dinheiro que gastei dava para um bilhete da CdM. E sabia melhor.
O MEC que me desculpe. Gosto mais de o ler de vez em quando nos jornais. Quando me apetece. Por junto, é dose.
Há qualquer coisa nele que me repele, não sei se é o falar lisboeta com muitos "não sei quê" ( repetido até à exaustão), se são as banalidades e clichés que bota para fora, se é, ainda, a importância que dá a si mesmo, ao seu dia-a- burguês e a tudo o que é gourmet ou se é a sensação de que nem tudo o que ele faz e pensa interessa a 80% das pessoas do país...para mais em crise.
O livro tem sido bestseller, mas confesso que me desiludiu muitíssimo. Li-o quase todo num dos meus sítios preferidos para a leitura ( a casa de banho, desculpem-me mas é assim mesmo!), li-o com paciência, pois, a páginas tantas, apetecia-me colocá-lo na estante... na esperança de o voltar a ler nas férias, mas forcei-me a meditar sobre algumas das suas cogitações. Tudo espremido, ficam-me umas observações sobre os portugueses bem vistas e pertinentes. Pouco mais.
Pergunto-me o que aconteceria se todos nós escrevêssemos livros destes - a falar de tudo e de nada - e os publicássemos (!). Que audiência teríamos e quem nos compraria?
As pessoas compram os livros devido à publicidade que é feita sobre os mesmos, não porque folheiem e gostem do que lêem. Ou então compram-nos e ficam na estante à espera de melhores dias. Não são lidos.
Qualquer dos livros que li ultimamente , como A Manhã do Mundo, de Pedro Moreira Jesusalém de Mia Couto ou a Arte da Viagem de Paul Theroux, sem falar de Mau Tempo no Canal de Vitorino Nemésio, oferece-me muito mais do que este tipo de livro, que nem sei qualificar, mas está muito na moda. Para gáudio dos editores como a PE.
O escritor abre-se ao mundinho, exprime sentimentos banais, observa e compara, reflecte num dia de verão, filosofa sobre o sexo dos anjos, critica atitudes do homem da esquina suavemente e paternalisticamente para não ferir ninguém, diz umas balelas sobre o seu dia-a-dia, sobre a temperatura da água na Praia das Maçãs, o cócó dos passarinhos, o tempo atmosférico em Portugal e na loira Albion, a qualidade do peixe e do marisco, a doçura das cerejas, a tentação dos vinhos nacionais e a esperança em melhores dias.
Ri-se das nossas fraquezas e salienta algumas qualidades para manter o equilíbrio.
Isto chega para fazer um livro? Acho que não...e digo mais: sem a tal publicidade e o nome badalado do autor, o livro seria ignorado, pois há mais vinte parecidos nas bancas, quiçá do mesmo tipo e igualmente enfadonhos. Não cito aqui nomes para não ofender ninguém. A minha editora anda agora à pesca deles, rejeitando os que, segundo eles, não se vendem ( como a poesia da minha amiga Regina, que é 100 vezes mais original e mais válida).
Já depois de escrever esta entrada, enquanto procurava uma foto do livro em questão, encontrei uma outra entrada, casualmente, num blogue, que até parece ter lido os meus pensamentos.
http://thoughloversbelostloveshallnot.blogspot.com/2013/04/como-e-linda-puta-da-vida-de-miguel.html
Miguel Esteves Cardoso, MEC para os amigos, tem vindo a perder qualidades ao longo do tempo, as crónicas no Público - que agora só leio de quando em quando, quando alguém as reproduz em blogs ou nas redes sociais - enfim, no facebook - que o Público deixei de o comprar há muitos anos - tornaram-se repetitivas, monótonas, aborrecidas - insonsas. Tantas qualidades perdeu que agora vai ser produto de hipermercado na Porto Editora.
E agora sou eu que entro em cogitações: o tempo é tão pouco para lermos...para quê perder tempo com croniquetas que se encontram em todos os jornais e revistas de fim de semana?
Não gosto de comprar gato por lebre.
O dinheiro que gastei dava para um bilhete da CdM. E sabia melhor.
O MEC que me desculpe. Gosto mais de o ler de vez em quando nos jornais. Quando me apetece. Por junto, é dose.
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