Gosto de filmes alemães, embora neste caso, se trate duma produção australiano-alemã.
São sóbrios, lentos, expressivos, melancólicos e sem humor. Há excepções como o espectacular Goodbye Lenine, que nos traz um sorriso nostálgico não muito categórico.
Lore doi. Doi sobretudo porque a expiação recai sobre cinco crianças indefesas, crianças que sempre viveram com a sua família abastada e que subitamente, se vêem sem Pai nem Mãe, diante do caos, numa Alemanha vencida, destruída, descrente da realidade, vazia de significado e sem qualquer comiseração pelos vencidos.
As crianças têm de sobreviver durante dias e dias e Lore torna-se adolescente, tentando manter naquela situação extrema os princípios em que foi educada pelos seus progenitores fiéis a Hitler.
Não gosto de estragar o prazer a quem não viu o filme, de modo que me abstenho de comentar o desenrolar da história.
LORE é um filme inquieto do princípio ao fim, sem redenção, acompanhando o crescimento forçado duma jovem de cândidos olhos azuis e dos seus irmãos numa Alemanha desértica e perigosa.
A cinematografia é belíssima, as cenas violentas curtas e quase sempre seguidas de imagens belas da natureza. O filme é talvez um pouco lento demais, mas aquela lentidão é necessária para compreendermos quão penosa é a viagem.
Quando o filme acaba, sentimo-nos bem por vivermos em paz e por nunca termos sabido o que é um pós-guerra num país destroçado.
E neste país, o Fuhrer prometera aos cidadãos uma paz milenária.
É uma filme a ver. Mas para sofrer.
Tenho de ir ver urgentemente, antes que desapareça. Senão, lá vem DVD...
ResponderEliminarVá ao Arrabida, o cinema estava às moscas e receio que o filme não fique lá muito tempo.
ResponderEliminarNão é uma obra-prima, mas gostei muito.