Foto das pontes D. Maria e de Dom Henrique, tiradas com o Ipod do comboio à entrada no Porto |
Vi nascer e crescer a ponte 25 de Abril em Lisboa nos anos 60, mas nunca me encantou, por ser igual à de S. Francisco e sobretudo, porque os acessos eram complicadíssimos, morosos e chatos em Agosto quando íamos para a Luz, feíssimos junto à Alcântara - zona onde tive de passar e esperar pelo autocarro 38 centenas de vezes - o Largo do Calvário, nome bem aplicado a uma coisa que nem largo é, deprimente q.b.
A ponte Vasco da Gama é um monumento, lindíssima, mas quanto a mim já nem faz parte de Lisboa, pertence ao concelho de Loures, assim como a Expo e não tem a ligação com a cidade que outras pontes têm.
Dantes , quando vinha da província ou de Lisboa e atravessava a ponte para entrar no Porto, sentia um certo calafrio, odiava os fins de semana em casa da minha sogra, a viagem cansativa, nada me seduzia aqui.
Agora após 33 anos a viver na cidade , a minha visão é completamente diferente, Aprendi a amá-la e é nela que me sinto em casa.
O tempo tem destas coisas e só quem não vive a sério é que não muda.
pontes de D. Luis e de D. Henrique vistas do rio |
Hoje e, porque soube que a ponte da Arrábida vai fazer 50 anos e o seu autor, Edgar Cardoso, faria 100 na mesma data, resolvi pôr aqui as minhas fotos desta ponte e de outras tão carismáticas como esta, uma homenagem aos locais que encantam qualquer um nesta cidade.
A ponte é algo de simbólico para nós, é a certeza de que há um outro lado, o traço de união, o chegar e o partir, o saudar o que é nosso e o despedirmo-nos com a certeza de voltar.
As pontes são essenciais aqui nesta cidade, sem elas ficaríamos presos numa ínfima parte do país, que é grande em termos de nobreza, mas diminuta como área ou região.
A ponte da Arrábida vista do Museu Romântico, ao fim da tarde |
E não poderia deixar de lembrar o poema lindíssimo de Carlos T:
Quem vem e atravessa o rio
Junto à serra do Pilar
Vê um velho casario
Que se estende ate ao mar
Quem te vê ao vir da ponte
És cascata, são-joanina
Erigida sobre o monte
No meio da neblina.
Por ruelas e calçadas
Da Ribeira até à Foz
Por pedras sujas e gastas
E lampiões tristes e sós.
E esse teu ar grave e sério
Dum rosto e cantaria
Que nos oculta o mistério
Dessa luz bela e sombria
[refrão]
Ver-te assim abandonada
Nesse timbre pardacento
Nesse teu jeito fechado
De quem mói um sentimento
E é sempre a primeira vez
Em cada regresso a casa
Rever-te nessa altivez
De milhafre ferido na asa
Vi o post através do FB e vim a correr fazer o meu comentário... Está maravilhoso! Costumo dizer que a letra do poema da canção do Rui Veloso é um Hino à cidade do Porto ou um roteiro de viagem!
ResponderEliminarRi-me na parte que escrevo sobre o Calvário. para mim também foi durante algum tempo. Fiz estágio na Liga dos Deficientes Motores,no Casalinho da Ajuda e foi uns tormentos para lá chegar...
Correcção: onde se lê escrevo é escreve
ResponderEliminarObrigada, Madalena.
ResponderEliminarPode parecer que persigo Lisboa nos meus posts, mas a minha experiência de deslocações nessa cidade traumatizaram-me para toda a vida. Perdi dias e dias da minha adolescência, a partir dos 10 até aos 24, a percorrer a cidade por zonas horrendas como aquelas que o autocarro 12 seguia atá ao Marquês de Pombal. Vivia longe de tudo e fiquei mesmo marcada.
O que mais gosto no Porto é poder ir a todo o lado em pouco tempo, mesmo de autocarro, é raro esperar mais de 5 minutos por ele e passam aqui à porta. Em Lisboa andava kms e chegava cansada ao liceu e à escola. Nem me quero lembrar....
Bjinho
Eu vi nascer a Ponte da Arrábida, lindíssima, inovadora e totalmente portuguesa.
ResponderEliminarÉ uma jóia a ligar as duas margens do Rio.
Um beijo.
Sem dúvida, Graciete, duma simplicidade majestosa e agora que foi restaurada ainda está mais bonita. É a minha ponte, fica a 5 minutos da minha casa, atravesso-a quando vou ao cinema em Gaia e aquela vista do rio e do mar entrelaçados faz-me sempre olhar, olhar perdidamente....
ResponderEliminarBjinhos
Lindíssimas fotografias; e redundância dos meus comentários... Mas as verdades são para ser ditas! Gosto muito das "suas" pontes e fico ainda com mais vontade de ir ao Porto, ver isso tudo.
ResponderEliminarMas também gosto das "minhas" pontes, as de Lisboa. Para mim, uma das melhores sensações de "chegar a casa" é entrar em Lisboa vindo do sul e ver Lisboa preguiçosamente deitada junto ao rio, na magnífica vista da Ponte sobre o Tejo. E é também maravilhosa, aqui como aí, a "vists do rio e do mar entrelaçados" ;)
E a propósito desta bonnita passagem do seu post. "a certeza de que há um outro lado, o traço de união, o chegar e o partir, o saudar o que é nosso e o despedirmo-nos com a certeza de voltar", lembrei-me de outra canção:" e eu e tu/ perdidos e sós/ amantes distantes/ Que nunca caiam as pontes entre nós"
(Pequeníssimo reparo que espero não me leve a mal:julgo que o autor do texto de "Porto Sentido" é Carlos Tê, como de resto de todas as canções de Rui Veloso. Mas é um pormenor irrelevante. O texto, verdadeiro hino ao Porto, lindíssimo, tornou-se conhecido na música e na voz de Rui Veloso. E hoje é um bocadinho de todos nós - mesmo dos lisboetas :D - brincadeirinha!)
Beijinho. Grande!
Isabel
Verifiquei a autoria do poema porque tb pensava que era do Carlos Tê, mas deu-me que o autor é o próprio Rui Veloso. Pode estar mal, mas foi o que encontrei na net.
ResponderEliminarQuanto às pontes, confesso que não me sinto nada emocionada quando atravesso - já não o faço há dezenas de anos - a ponte sobre o Tejo , dada a imensidão em frente dos olhos, a luz quase sempre demasiado branca, sem contornos definidos, da cidade de Lisboa. É grandiosa, mas não é minha, nem sequer a sinto como casa. É um pouco como Budapest e Praga, ambas tem rios magníficos, Budapeste é sumptuosa, mas Praga é duma beleza única, o rio duma cor espectacular, as pontes seguidas....
Bom, há muitas cidades bonitas, mas umas são mais íntimas e Lisboa, mesmo sendo a minha cidade, onde passei quase 30 anos da minha vida, não me diz nada agora a não ser os postais ilustrados que constantemente aparecem nas telenovelas, os telhados, as vistas de cima, o rio, o Terreiro do Paço, etc.
Não gosto especialmente do Rui Veloso, mas esta canção é linda....
Afinal, Isabel , sempre foi o Carlos T que compôs a letra da canção....a net tem destas coisas.....desculpe.
ResponderEliminarNão tem nada para desculpar, Virgínia, a questão não tem assim tanta relevância. E mesmo que tivesse... O que é isso diante da beleza do seu post? A emoção que lhe dá lugar é muitíssimo mais relevante que essas "minudências". Foi mesmo um pormenor ;)
EliminarBeijinho e um óptimo fim de semana :)
(Vou estar de férias a partir de 3ª e até ao fim do mês. Se for ao Porto ainda lhe peço mais umas "dicas". Mais beijinhos )
Três reparos para começar em beleza:
ResponderEliminar1- O Parque das Nações não pertence a Loures, mas é uma freguesia de Lisboa;
2- A Ponte Vasco da Gama é tão de Loures como todas as pontes do Porto são de Gaia;
3- Porto Sentido é um hino reacionário contra o Benfica, veja lá se não fala em lampiões e em milhafres feridos na asa... :)
Outra coisa, o nome correcto da ponte D. Luís é Ponte D. Luís I...
O que se salva? As belas fotos... :))))
Beijos,
Que chorrilho de asneiras, Paulo!!
ResponderEliminar1. O Parque das Nações foi construido em 2/3 de território pertencente a freguesias de Loures e 1/3 dos Olivais ( esse, sim de Lisboa) É claro que pertence ao concelho de Lisboa, como Alfragide ou Massamá (?), mas é uma zona limítrofe, que não se encaixa em Lisboa totalmente. Mesmo assim dou de barato que é mais um aglomerado de construções lisboetas, qual delas mais feia e mais cara!!!
2. As pontes do Porto SÂO TODAS de Gaia, porque Porto e Gaia são uma única cidade em dois, que amam o Rio Douro e se contemplam mutuamente. Há harmonia perfeita. Quem é que sabe onde vai dar a Ponte Vasco da Gama???? Nowhere!! E mesmo a ponte sobre o Tejo? Vai dar a um dos locais mais feios do mundo, a querer imitar o Corcovado (hahaha) com um Cristo ridículo, construído durante o Estado Novo ( por um vizinho meu, que morava mesmo ao lado.
3. Porto Sentido não tem segundos sentidos, só um: o amor à cidade!!
As fotos nem são tão belas assim....já fiz melhor!! :(((((
Paulo:
ResponderEliminarA ponte chama-se Ponte Luis I para tua informação. Está escrito no pilar. Não tem Dom.
Mas a gente daqui diz sempre ponte D. Luiz, tout court.
Bjo
Outro chorrilho de asneiras :)))
ResponderEliminar1- Recentemente toda a Expo foi para o Concelho de Lisboa, chamando-se freguesia do Parque das Nações. Alfragide não pertence ao concelho de Lisboa, mas ao de Amadora e Massamá ao de Sintra. Errado, portanto.
2- A Ponte Vasco da Gama vai dar à nossa Luz e quem não sabe isto, não sabe nada! A estátua do Cristo Rei tem exactamente as mesmas dimensão do Cristo Redentor no Rio. Só não está no cimo de um morro. E a ponte 25 de Abril une Almada a lisboa. Errado, portanto.
3- Porto Sentido tem camuflado um milhafre ferido na asa e uns lampiões tristes e sós. Quem me disse? O próprio Rui Veloso numa visita à Rádio Comercial.
4- Retiraram o Dom, porque vocês aí no Puarto andavam a dizer Dão e Dão é uma região vitivinícola...
5- Se eu digo que as fotos estão boas é porque estão e não se fala mais nisso, ok?
:)) Beijos
OK.
ResponderEliminarLisboa para variar subtraiu o que lhe interessava a outro concelho e deu o que não prestava a mais dois. Brilhante!!
Comparar uma águia a um milhafre é um erro científico brutal. Só têm em comum serem aves de rapina. Por acaso, não percebo bem o que é o que milhafre tem a ver com o Porto, mas só perguntando ao Carlos T e ele já morreu.
Vocês??? Eu nummmm sou do Puerto, nem digo Dão, a não ser aquando peço binho do dito.
Está incrustrado no pilar em letras do seculo XIX Ponte Luiz I, podes ver nas fotos da ponte.
Oh, acabaram as picardias??? :((((
Ok, por hoje chega, mas eu adoro ter picardias consigo... :))
ResponderEliminarBeijos,
Ohhhhhhhhhhhhh:(((((((((((((((
EliminarCalma! É tudo na brincadeira... :)
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