Fui ver Great Expectations, como não podia deixar de ser. Filme inglês produzido pela BBC não me escaparia.
Mas foram esperanças vãs de ver algo de novo que me tocasse fundo ou se assemelhasse àquela maravilhosa tela matizada de humanidade, solidariedade e crueldade que Dickens expressa em toda a sua obra.
É um dos meus romancistas preferidos de todos os tempos . Li praticamente todos os seus livros desde miúda. Tremi de horror diante de Fagin como o pequeno Oliver, sonhei nos meus pesadelos que o homem terrível me vinha buscar. Chorei ao vê-lo a ser troçado pelos miúdos do orfanato e ri-me com David Copperfield ao chegar a casa da sua Tia Miss Trotwood, uma das personagens mais encantadoras e realistas da história do romance.
Sofri com os amores e desamores românticos e desesperados de todas as personagens femininas.
Vi os filmes e séries extraídas das suas obras, Hard Times, My Mutual Friend, A Christmas Carol, David Copperfield e mesmo esta obra Great Expectations.
Todos eles me fizeram estar pregada ao écran da RTP2, no tempo em que havia televisão em Portugal.
O filme é lindo cenicamente, bem interpretado, quase perfeito, mas falta-lhe alma e tem erros de casting monumentais, como a de Helen Bonham-Carter, que mais parece um desenho animado do seu marido Tim Burton do que a senhora abandonada em jovem no dia do seu casamento. A actriz que faz de Estella é completamente inexpressiva e repete tantas vezes que no lugar do seu coração tem uma pedra, que até acreditamos que houve transplante avant la lettre.
Os actores masculinos são excelentes, todos eles. Mas a história é atabalhoada, sobretudo para o fim, parecendo mais uma telenovela desbobinada numa época distante com actores muito sec XXI, demasiado inexpressivos e vazios.
Ultimamente, os filmes que vejo desiludem-me poucas horas passadas de os ver. Reajo ao retardador, talvez porque a música me embala sempre do princípio ao fim. Saio do cinema ainda sob o efeito do celuloide, mas depois de beber um café e conversar com a minha filha e de desabafar, passar a ponte d'Arrábida e chegar a casa, sinto sempre que, em vez de grandes esperanças tenho, afinal, uma grande... desilusão.
Uma boa crítica (sua) e uma pergunta (minha): vale o bilhete...?
ResponderEliminarBeijos,
Tudo depende da disposição e da vontade de ver um clássico de Dickens, sem acrescentar muito ao que já foi produzido. As críticas - minhas - são sempre muito subjectivas e sou muito exigente. A minha filha adorou!
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