Ando em maré de extasiamento perante a primavera e esta cidade.
Com os sentidos à flor da pele - a música do filme ainda vibra aqui no meu cérebro e não me canso de a ouvir - e um desejo de evasão cada vez maior, nada como sair e ir até Serralves num dia esplendoroso como este.
Quisera que todos pudessem fazer o mesmo. Não acredito que se possa usufruir de espaços mais belos do que este, unindo a estética, a cultura e a natureza . A primavera no seu esplendor, este ano, mais bela do que nunca.
O Botânico ontem encantou-me com a sua floração intensa e não me canso de olhar para as fotografias que lá tirei. Hoje, Serralves foi o corolário desta evasão to the wonder .
Exposição de Alberto Carneiro, Arte e Vida. Já conhecia parte da sua obra desde que a Utopia organizou uma visita guiada à sua exposição em S. Tirso; escultor original, usa a madeira em bruto, troncos de laranjeiras, oliveiras, bambus e videiras, folhas e espelhos para montar as suas instalações com textos sempre originais. Uma maravilha para quem gosta de árvores, como eu.
" Eu e a arte não sabemos ao certo quem somos mas temos a certeza de sermos um do outro e isto é tudo de que precisamos para a vida."
Serralves tem tudo o que é preciso para montar uma exposição destas, que exige enorme espaço, desenhos de luz, sombras. Contemplam-se as obras de longe, como devem ser observadas e as sensações que despertam em nós são múltiplas e quase tácteis. As janelas a dar para o parque são elas próprias obras de arte com as árvores vivas a "assistir" à performance dos troncos já mortos.
Fotografei tanto e de tal modo que, quando cheguei a meio do passeio pelo parque, a bateria não colaborou mais e deixou-me órfã...
Já há muito que não via uma exposição tão boa em Serralves, as últimas têm-me desanimado. Esta foi completa, não só porque estava alguma gente, o suficiente para compôr um ambiente humano espectacular, mas também porque a minha disposição era propícia depois de ver um filme eminentemente estético, que pode não ser bom para os críticos, mas que se entranha em nós duma forma invulgar ( falo de mim e da minha filha, que é em quase tudo como eu).
Ir a Serralves é sempre como entrar numa catedral, uma experiência panteísta, mística, retorno à belle époque das crianças felizes e livres, que olham extasiadas para as gaivotas e para os aviões, época das famílias unidas, entrada no mundo dos turistas que sorriem para nós rendidos ás maravilhas desta cidade, para mim a mais people friendly, romântica e apetecível das que conheço no país.
Perto da fonte, deitámo-nos na relva por baixo duns cedros - lembro-me de ver os frutos redondos e castanhos - iguais aqueles com que brincávamos no nosso grande jardim - nas árvores por cima da minha cabeça.
Onde estávamos ouvia-se a água da fonte a gorgolejar, os passarinhos ao desafio, vozes esparsas e um ou outro avião que sobrevoam o parque, já quase a aterrar.
Sinto-me nas nuvens e só me apetece dançar como aquela actriz francesa do filme To the Wonder.
Estarei a ser piegas e delicodoce? Infantil e inconsciente? Escrevo uma prosa feita de clichés? Oiço Mozart e vibro com Rossini?
Seja,
mas como diz Alberto Carneiro : " Isto é tudo o que preciso para a vida".
Muito bonito o seu post, nada piegas nem delicodoce, digo eu, que gosto muito das suas descrições, totalmente sensíveis e impressionistas.
ResponderEliminarViaja-se consigo por esses lugares. A continuar, portanto ;)
Beijinho
Isabel
Obrigada, Isabel.
ResponderEliminarGosto de descrever as experiências como as sinto e não como soa bem. Por isso escrevo no próprio dia em que tudo aconteceu, quando as coisas estão quentes...
É bom partilhar.
Bjo
Fotos e texto dignos de Serralves!!!
ResponderEliminarUm abraço.
Sim, Graciete, mas Serralves é mesmo digno de louvor...um verdadeiro milagre que nos ofereceram.
ResponderEliminarHá que agradecer....
Bjinho
Muito obrigada pelas belíssimas imagens.
ResponderEliminarPartilhei no G+, como sendo de sua autoria, evidentemente. Importa-se? Se se importar, retirarei imediatamente.
helenafactome@gmail.com