A felicidade está ao virar da esquina

 Sempre passei férias no Algarve, na Praia da Luz, onde os meus pais construiram uma casa. Para mim, férias era o mar manso e clima ameno da zona mais turística do país.

Quando vim viver para o Norte, passei por Esposende, onde o meu ex- foi colocado como juiz durante oito meses. Não fazia ideia do que era Esposende, mas disse logo que queria vir para aqui, quando ele me disse com um sorriso: É ao pé do mar....

Mais perto do mar era difícil.... e mais belo também.

Enamorei-me das praias do norte, com o seu clima especial, nortadas no verão, humidade a 100%, nevoeiro constante, cheiro a maresia e temperaturas frescas.

Na altura tinha um filho com 1 ano e ia todos os dias com ele à praia. Não descansava um segundo, nem podia deixá-lo só, pois ele já gatinhava que nem um furioso e andava q.b. Foram 3 meses de solidão absoluta, ainda que começasse em Outubro a dar aulas no Carolina Michaelis. Em Esposende não conhecia ninguém, passeava o meu menino pela vila e entretinha-o em casa o melhor que podia e sabia...

Durante muitos anos, nunca mais quis saber deste local, embora me lembrasse desta estadia com saudades, parti para Chaves por dois anos e... mar...não havia...

Há uns quinze anos, na impossibilidade de ir para a Luz - a concorrência era enorme - comecei a vir para Ofir, que fica junto a Esposende, uma língua de terra rodeada de mar e rio por todos os lados, uma praia a perder de vista, onde o olhar se alonga até ao horizonte escondido na neblina, os pulmões se enchem e o coração conhece o êxtase.

Não exagero.
Passar tres dias neste hotel de 4 estrelas, a preço de pensão barata em Lisboa, com direito a jantar de luxo no dia de S. Valentim, é um privilégio, que agradeço aos deuses ( devem ser mais de um para me darem tantas benesses).

                                                                                A minha filha é como eu. Identifica-se com a praia, hoje só não tomou banho de mar porque chegámos já pelas 2 da tarde. Amanhã não sei se resistirá. Esteve horas a dançar com a água pelos tornozelos e depois ficámos à espera do  pôr do sol durante duas horas.

Uma beleza, uma experiência mística...