domingo, 26 de julho de 2015

A Foz domingueira



Já há meses que não ia à Foz ao domingo. Em geral o meu filho está cá e passamos o dia aqui em casa a fazer zapping ou a ver futebol. Não é das coisas que mais gosto, prefiro sair, mas ele só está dois dias e aproveitamos para pôr a conversa em dia. Hoje não veio, está a acabar os processos para vir para férias. Aproveitei para arejar...


Resolvi ir à Foz com a minha filha para não perdermos os velhos hábitos. Tudo como dantes. Praia dos Ingleses cheia de povo, estrangeiro e nacional, à vontade na areia, sem toldos mas com a garantia da bandeira azul. O mar cheio de limos, exalando aquele odor característico que é o do mar,  o verdadeiro. Água transparente, mas escura.


Muitas crianças felizes dentro de água ou fora dela, brincando em pocinhas, saltitando. Mulheres em bikinis ousados, aproveitando os raios solares do fim de semana para aperfeiçoar o bronzeado.

No autocarro, os mesmos ranzinzas de sempre. Um velhote dizia ao outro: "Sabes eu agora até dou o meu lugar às raparigas jovens, não quero que elas se estraguem, coitadas! ". Ri-me para dentro.

No i'Pad leio um mail do meu filho mais velho que me deixa saudosa. Está nos EU mais uma vez, longe da família que ficou por cá. Uma vida de cão. Tenho saudades do tempo em que ele era pequeno e eu podia solucionar todos os seus problemas. Agora sinto-me tolhida, cada vez mais trôpega, sem poder acompanhar os meus filhos e netos, sem esforço.

Mas valha-nos o sol. Mesmo quando há nuvens no céu....

quinta-feira, 23 de julho de 2015

Ribeira- local mágico

Ontem um chaffeur de taxi dizia-me filosoficamente: o Porto é a melhor cidade de Portugal e arredores...a que eu acrescentei : e talvez até das galáxias!! Rimo-nos consensualmente. Os elogios à cidade não ficaram por aqui. É linda, romântica, pitoresca, aconchegada, perto de tudo....os turistas adoram vir cá, a comida é excepcional...

Estava realmente uma tarde de sonho, sem nevoeiro, com uma leve nortada que na Ribeira não se sente.

A Ribeira é um local que me atrai porque é internacional, só se ouvem línguas diferentes e é tão portuguesa, simultaneamente! Cada vez está mais "in" com música ao vivo, parzinhos amorosos, crianças, velhotes, pescadores, família inteiras,  vendedores ambulantes, cores sem fim....e a ponte a unir as duas margens num abraço eterno...





















Adoro a Ribeira, adoro as ruelas medievais, os restaurantes em comboio, as mesas todas ligadas como se todos comêssemos juntos, as janelas com a roupa a secar, as pessoas nas varandinhas a espreitar, o fazedor de bolas de sabão gigantes, os empregados simpáticos, os bolinhos de bacalhau, os barcos de todos os feitios e cores, com e sem passageiros, as bandeiras, os reflexos azuis, vermelhos e dourados do rio, Gaia do outro lado, a agitação, as línguas, as máquinas fotográficas, o ar feliz das pessoas...

Deve haver poucos lugares do mundo onde haja tanta harmonia no meio da confusão...e não se paga nada, quase....

terça-feira, 21 de julho de 2015

Poeira no vento

O verão no Porto não existe.

Ou seja, não há verão propriamente dito aqui nesta cidade, há primavera e outono que se mesclam durante os meses de Junho a Setembro, numa tonalidade pastel, manhãs de nevoeiro cerrado, tardes curtas de sol radioso e fins de tarde de neblina rosada. Nunca se sabe se vai estar um belo dia de praia ou se vai chover. Mas não há vento, nem nortadas o que possibilita estar junto ao mar mesmo depois do sol posto.


Gosto muito de estar aqui nestes meses, sinto-me bem depois de ter passado quase um mês fora e com calor bastante. O meu bronzeado ainda não morreu, embora já esteja bem mais atenuado. Emagreci 5 kg desde Abril, acho-me mais bonita (!) e se não fossem as dores artríticas, considerava-me bem feliz.

Ter a minha filha em casa também me dá um prazer inolvidável. Ela está sem se dar por ela. E quando não está, sente-se a sua falta.

Hoje constatei que estou rodeada de pessoas competentes e simpáticas. Fui à Clinica Maló para a consulta habitual e gostei de conversar com a minha médica. Contou-me que o marido teve de ir trabalhar em Luanda e só vem a Portugal de três em três meses. Deve ser dramático criar um filho de 9 anos sem o pai presente. Não lhe perguntei porque não ia também, não gosto de me meter onde não sou chamada. Apesar da vida dura, o sorriso dela é contagiante.

Ontem na fisioterapia, a minha "amiga" Isabel cuidou de mim com um carinho tal que a achei mais competente do que o médico para quem trabalha. É pena que enfermeiros e terapeutas sejam tão mal pagos, pois quando são bons, tornam-se bem mais úteis aos pacientes. E este carinho devia ser recompensado. Já lhe dei um quadro e uma caixinha, mas o que ela me dá é muito mais do que isso.

E não posso deixar de falar da minha empregada Sandra, que voltou para cá, agora a meias com a minha nora. Só cá está duas horas por dia, mas é uma luz que se acende quando a sinto a abrir a porta. Oxalá continue a vir, ajuda-me muito no dia-a-dia e faz umas sopinhas maravilhosas.

Hoje acabei de ler o romance Madame Bovary, que descarreguei do Projecto Gutenberg na semana passada - uma biblioteca fabulosa e grátis de livros imprescindíveis. Adorei o livro, tanto quanto achei o filme medíocre em comparação. A escrita de Flaubert é absolutamente fabulosa. Abriu-me o apetite para ler L'Education sentimentale, que já comprei pelo Kindle a 1€50!! Em francês.

Vive la vie!

Fica aqui uma canção lindíssima duma cantora dos anos 70, Melanie Safka. Vale a pena ouvir esta voz. Encontrei a letra traduzida para quem não compreenda o inglês.



Dust In The Wind

I close my eyes
Only for a moment
And the moment's gone
All my dreams
Pass before my eyes, in curiosity
Dust in the wind
All we are is dust in the wind

Same old song
Just a drop of water in an endless sea
All we do
Crumbles to the ground though we refuse to see
Dust in the wind
All we are is dust in the wind

Now, don't hang on
Nothing lasts forever, but the earth and sky
It slips away
And all your MONEY won't another minute buy
Dust in the wind
All we are is dust in the wind
Dust in the wind
Everything is dust in the wind


Poeira No Vento

Eu fecho meus olhos
Apenas por um momento
E o momento se foi
Todos os meus sonhos
Passam diante dos meus olhos, em curiosidade
Poeira no vento
Tudo o que somos é poeira no vento

A mesma velha música
Apenas uma gota de água em um mar infinito
Tudo o que fazemos
Desaba sobre a Terra, embora nos recusemos a ver
Poeira no vento
Tudo o que somos é poeira no vento

Agora, não espere
Nada dura para sempre, apenas o céu e a terra
Isto escapa
E todo o SEU DINHEIRO não comprará outro minuto
Poeira no vento
Tudo o que somos é poeira no vento
Poeira no vento
Tudo o que somos é poeira no vento


sexta-feira, 17 de julho de 2015

Inspiração

Há alturas em que me apetece pintar...

Sento-me no atelier.
Não pinto de pé porque me custa cada vez mais estar nessa posição a segurar as bisnagas ou a paleta.

Olho lá para fora para o quadro - sim, esse é mesmo um quadro real - com tonalidades magníficas de verde e sinto-me bem.

Não preciso de música...lá fora é poesia pura. Até se ouve o chilrear dos pássaros e o piar das gaivotas...

Tão depressa pinto abstractos, que são meras brincadeiras com o pincel e as cores, como entro no mundo rural e recordo paisagens idílicas que talvez nunca tenha visto na vida...sonho com montes e vales, florinhas salpicando a erva, arbustos ou árvores lá ao longe, céus de chumbo, cinzento e lilás a prometer chuva...tudo na minha imaginação...



Viajo com o pincel e sinto-me completamente feliz.

quarta-feira, 15 de julho de 2015

Inovação?

Há dias andou no Facebook uma fotografia do Papa Francisco, hoje em dia idolatrado pelos crentes, católicos e não católicos, e a transcrição de palavras suas, que, quanto a mim nada trazem de novo.

Achei que eram banalidades e escrevi-o. Houve logo uma série de comentadores que se insurgiram contra mim e o thread foi longo. Até me obrigaram a escrever mais do que queria...


Ao ler Madame Bovary, de Gustave Flaubert, publicado em 1857, descubro uma passagem em que se aborda o papel dos clérigos.
Monsieur Homais, o farmacêutico da vila, a quem acusam de ser ímpio e de não ter religião, profere estas palavras, quanto a mim semelhantes às que o Papa e os crentes pretendem serem inovadoras e revolucionárias.


Tenho uma religião, a minha religião, e até tenho mais que todos eles com as suas momices e imposturas! Pelo contrário, creio em Deus! Creio no ser supremo, num Criador, seja ele quem for, pouco importa, que nos pôs neste mundo para cumprir os nossos deveres de cidadãos e chefes de família; mas não tenho necessidade de ir a uma igreja beijar salvas de prata e engordar à minha custa uma cambada de farsantes que vivem melhor do que nós! Posso honrar a Deus da mesma maneira num bosque, num campo, ou até contemplando a abóbada etérea, como os antigos.  

Quem me dera que as pessoas lessem os clássicos e sublinhassem as grandes verdades já nessa altura expressas com denodo!

terça-feira, 14 de julho de 2015

Mixorofada

Desde que voltei do Algarve que me sinto de mal com o mundo.

A confusão vem, não só de dores constantes que só se atenuam com brufens, mas também da ausência de assuntos interessantes para discutir ou ler.

Os media estão infernizantes com o tópico GRÉCIA, sobre o qual todos comentam, todos opinam, todos acusam, desdizem-se dias depois, repetem-se, massacram e para nada de útil contribuem.


O Facebook não se consegue ler tais são as alarvidades postadas por pessoas que deveriam ter tento no que dizem e pensam.
A incoerência entre o que expressam e o modo como vivem é confrangedora. Não percebem nada de nada - como eu - mas atrevem-se a dizer tudo como se fossem peritos em política europeia...

Estou farta disto tudo e apetecia-me ir com a minha amiga Regina para Trás-os-Montes por dois meses....

Não há mesmo pachorra!

sábado, 11 de julho de 2015

Civilização?

Hoje voltei à vida. Ou àquilo a que se chama a urbanização da mente.

Fui à Vodafone com a ideia de comprar um carregador, pois deixei o meu na Luz, e depois de alguma espera, disseram-me logo que não tinham, nem se deram ao trabalho de ir ver. Fiquei tão incomodada que nem pedi para ver telemóveis novos, como era minha intenção fazer, já que o meu deve ter uns 3 anos e está quase sem côr. Muito bom saiu ele, mas sem fio não me serve de nada e pelos vistos aqueles fios já não existem. Num rasgo, lembrei-me de ir à Fnac, onde tb me disseram não terem os carregadores, mas dum modo mais delicado.
Pedi para ver um modelo nokia - desde sempre a minha marca favorita - e verifiquei que com o vale da fnac que obtivera através dos pontos do cartão de crédito em Dezembro, o aparelho mais simples me ficaria apenas por 9 euros.
Resolvi comprá-lo, sem sequer pedir que me explicassem como funcionava. Acreditei na minha inteligência digital :).
No café Botânica, pedi que me emprestassem um tm e telefonei ao meu filho, dizendo o que se passava, pois estava há dois dias sem comunicação.
Finalmente em casa, li as instruções e foi muito fácil meter o cartão SIm e a bateria, verificar os números, a senha, tudo bateu certo. Não percebo nada disto, mas encanta-me!!!

E  cá estou eu com um Nokia lindo, negro, luzidio, letras grandes, números bem visíveis, câmara fotográfica, possibilidade de ligação à net e mais não sei quantas...um pequeno tesouro nas mãos. Compreendo a paixão dos adolescentes por estes aparelhómetros...

Santa Catarina estava cheia, pululava de turistas, vendedores, pedintes, pintores e cantores de rua....nada de novo.

Ainda fui à Casa dos Linhos ver se a linha que encomendei há dois meses para continuar a minha toalha já tinha chegado. "Ainda não... Sabe é que a DMC anda muito atrasada."

Atrasados são eles, vivem no século XX, uma loja que ainda tem o monopólio das linhas ....tudo na mesma, infelizmente,  no centro do Porto.

Na minha varanda crescem  agora uns gladíolos vermelhos lindíssimos que a minha empregada resolveu semear num vaso que estava "desempregado". Ainda não tinham florido e adoro vê-los aqui do sofá.
Também tenho duas nespereiras a crescer na floreira. Plantei os caroços e elas vingaram. Estou entusiasmada :)
Não sei o que poderei fazer depois delas crescerem demais....mas ainda falta tempo para isso!!.

sexta-feira, 10 de julho de 2015

Back home

4 da manhã.

Insónia total. Já tomei 2 comprimidos para dormir e estou acordada como se tivesse dormido a noite inteira. Já descarreguei um novo livro pelo Kindle : Testament of Youth, do qual fizeram um filme inglês, estreado hoje. Promete, à guisa dos clássicos britânicos que nos deixam sempre de lágrima no olho.

Regresso a casa da minha filha que já não vinha desde o Natal. Espero que se adapte de novo a viver comigo, mas é uma incógnita.

Deixei para trás, o azul daquele mar imenso, os barcos cruzando as águas, os jovens a atirarem-se das rochas, as crianças radiantes a comer areia, os beach balls, os adolescentes felizes, as conchinhas todas tão perfeitas.



A praia da Luz é um retrato da felicidade. Quase todas as pessoas se sentem bem ali. Conversa-se com os companheiros de banhos, com os amigos de longa data, com os estrangeiros....há sempre um comentário à temperatura da água, ao vento, à gastronomia...
A vida é simples, mas demasiado linear. Há falta de desafio, de look forward to. Desta vez estava ansiosa por regressar e a viagem da Ryanair foi pacífica e rapidíssima. O aeroporto de Faro está uma nação com vôos para todos os cantos da Europa.

O Porto é sempre especial e talvez por não ser a minha cidade berço, sinto-me ainda melhor nela, nesta casa, com a minha cozinha enorme, o meu televisor que é quase um cinema, esta paz das árvores cheias de folhas. Não há mar, mas há tantas outras coisas aqui.

Home is where you're happy....sem dúvida....

segunda-feira, 6 de julho de 2015

O silêncio e o barulho da futilidade

Habituei-me ao silêncio há muito. E este ano vou estranhar de novo a companhia, o barulho, a ausência de privacidade.

Gosto de ouvir música como este concerto de violoncelo sugerido pelo meu Amigo Mário, que descobre sempre pérolas e as partilha no seu blogue. Só oiço o violoncelo,  em completo silêncio de vozes.

A minha filha foi para a praia munida dos seu tesouros: livro, iPod e creme solar. É igual a mim. Desaparece quando há barulho.
O meu neto foi ao correio levar duas cartas enormes para os amigos de Mountain View, que deixou apenas há 15 dias, mas de quem já tem saudades.

Fechei as janelas todas e nem sequer oiço o barulho do mar. Que maravilha!

Acho que entrei na fase da negação. As pessoas irritam-me. Os mails cheios de PPs, as anedotas, os recados e avisos encharcam a minha mailbox e pôem-me do contra. Ainda agora protestei contra um da minha mana com tulipas da Holanda dispostas em tabuleiros - milhares deles de todas as cores. Flores feitas a martelo não me entusiasmam nada, prefiro a beleza dum hibisco singelo, nascido aqui num vaso, quase sem água e muito calor.

Fotos assim de enfiada são mesmo para que não aprecia a simplicidade do que é genuíno e puro.

Alguém se queixava - e com plena razão - do novo Museu dos Coches, que parece uma nave espacial com modelos de coches dos séculos passados, sem patine, nem História, sem nobreza e com milhões de euros investidos só para turista ver.


As pessoas estão cada vez mais showoffish, só se querem armar, mostrar que têm isto e aquilo, mas nada apreciam na realidade. O barulho ensurdecedor que fazem quando estão juntas é impressionante. Felizmente aqui há mais famílias nórdicas que portuguesas e essas tb apreciam o sossego, excepto quando à noite bebem copos a mais e então a algazarra é igual.

Nunca estive tanto tempo em férias aqui...ou seja desde há mais de 40 anos, pelo menos.

Não vou voltar a ficar tanto tempo...tenho saudades do meu filho mais novo, da minha casa, do jardim Botanico... e estou farta deste ramerrame todos os dias.

Mas vou ficar saudosa deste mar sem fim, que me enche os olhos todos os dias....

Não se pode ter tudo!!



domingo, 5 de julho de 2015

Requiem para as calhetas


Quando eu era jovem vínhamos de barco a remos junto à costa de modo a contornarmos todas a enseadas e ilhotas, rochas e falésias aqui da zona. Conhecíamo-las pelos nomes de Cama da Vaca ou Antecâmara da Vaca ( inventado) e adorávamos mergulhar naquelas águas escuras mas transparentes...era um local excelente para namoriscar, isolado e lindíssimo.





Já foi há muito, já nem consigo lá ir a pé pelas rochas como os meus pais faziam. Só as vejo da estrada do Burgau, um caminho bastante ruim, ladeado de casas de ingleses, que cultivam os seus jardinzitos e admiram a vista espectacular da Ponta da Piedade ao pôr do sol.



Hoje fui lá com o meu neto. Andámos cerca de 3km e foi grande a minha decepção. Deixaram crescer o tojo de tal modo que, da estrada, mal se vê a costa, só o mar lá mais longe.
Os caminhos estão perigosos e escorregadios.
A vista só se vê dalguns pontos, poucos.



Havia flores, havia plantas silvestres, caminhitos escondidos e lá em baixo as enseadas - criques - românticas, belas, azuis e verdes, locais quase inacessíveis...agora parece que já não há magia.

Mesmo assim tirei fotos, até que a bateria acabou, também ela cansada de trabalhar.

sábado, 4 de julho de 2015

Ressaca

Já ando ansiosa por voltar a casa.

Não é por haver aqui beleza demasiada ( piada que só o meu leitor Anonimus) compreende), mas porque a minha forma física é péssima e o que poderia ser uma verdadeira cura psíquica torna-se numa tortura física. Todo o dia passeio por entre as rochas, mas depois de uma hora ou duas, as dores começam a sentir-se e só com brufens, aguento esta constante inquietação e dor.

Agora compreendo bem as pessoas idosas que parecem estar sempre de pé trás. É que não é só o pé, é as pernas, os joelhos, as costas, é tudo. Só apetecia metermo-nos numa máquina de massagens e ficar por lá até as dores passarem. Invejo duas casa aqui ao lado que têm piscinas, onde se pode passar o dia na água sem ter de galopar por entre rochas, nem arrostar com o frio da água e o calor impiedoso do sol.


Este ano já passei o meu limite....ainda faltam uns seis dias que espero aguentar, mas se fosse por mim, ia já amanhã embora para a minha casa e para a minha fisioterapia, de que necessito urgentemente. Ainda por cima a minha máquina de medir a glicémia levou com chá derramado da minha filha e estragou-se-, agora só indo à farmácia medi-la.

 Entretanto à falta de melhor, interferi num thread do FB a propósito das palavras do Papa Francisco e tramei-me.
Não consigo encontrar excelência nos seus discursos e embirro com os católicos fanáticos que passam o tempo a exaltar os feitos e discursos papais.
Fiquei mal disposta....pois fui apelidada de intolerante quando a intolerância vem toda da parte daqueles que me acusam...

Mais vale ligar à terra, é aqui que florescem as mais lindas buganvílias, os mais lindos cactos com flores todo o ano, as piteiras preguiçosas, os hibiscos perfeitos. Aqui posso olhar para as conchas multivariegadas apanhadas pelo meu neto durante as suas pescarias e a secar ao sol.

Ainda posso admirar os fins de tarde e sentir nos poros as noites de luar..


sexta-feira, 3 de julho de 2015

Os dias esboroam-se


Quando a beleza é demasiada, não temos palavras para a definir
Receamos perder a sensação de plenitude ao querer traduzir aquilo que nos rodeia.

Foram dias magníficos que aqui passei com os meus filho e netos, em simbiose.

Verifiquei quanto envelheci este ano em que estive sem eles. É difícil equilibrar os nossos hábitos com os das crianças, embarcar nas suas palermices por vezes sem nexo, rir quando eles riem, pactuar com os seus devaneios e brincadeiras. Houve alturas em que me excedi nos ralhetes, pois ele tiram-me do sério, como agora se diz. Os três juntos são difíceis de aturar, por vezes, mas cada um por si é uma joia. E ainda bem que os tenho.

Ficou cá o mais velho, apenas, aquele que melhor me compreende, que me ama incondicionalmente, pois desde pequenino se habituou a estar comigo. Os outros dois estão muito agarrados aos Pais ainda e nem sempre sou capaz de sentir a mesma sintonia.

Hoje estou melancólica porque passei uma noite com dores nos ossos e resolvi ficar em casa sozinha a ouvir música depois de ter ido com o meu neto ao supermercado e à cafeteria tomar o pequeno almoço, algo que gosto muito...

Tinha escrito uma enorme entrada mas não consegui gravar e desapareceu. Estava demasiado triste e até foi bom desaparecer...

Às vezes receio não conseguir acompanhar o futuro e de me tornar demasiado negativa - como diz o meu filho - sempre ansiosa, nervosa, incapaz de me apaziguar a mim própria.

Anteontem fui a minha praia de eleição : Castelejo na costa vicentina. Já aqui falei dela por diversas vezes.

 
É um local místico. 

A força das ondas, o ruído quase ensurdecedor do embate da rebentação na areia, as falésias negras e ameaçadoras sobre o mar, a areal imenso, a neblina permanente que resulta da humidade do mar, o cheiro a maresia que respiramos fundo, tudo isso faz desta praia um local fora de tudo, que não existe.

Do alto do miradouro da Arrifana, a vista é espantosa e até a pequena marina parece um grão. O mar imenso mete respeito.


Ficam aqui algumas fotos das muitas que tirei...e que me lembrarão sempre os momentos maravilhosos que passei junto aos meus num dos lugares mais sagrados à face da terra. Oxalá os vindouros saibam apreciar a beleza destas paisagens, que serão sempre um sinal do Criador e a promessa de uma vida melhor.