sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Hoje é Carnaval

Esta palavra Carnaval é um pouco ambivalente para mim.


Tenho memórias maravilhosas de carnavais da minha infância, em que brincávamos com serpentinas dias e dias, lançávamo-las da varanda para o jardim e prendiamo-las nas plantas, de modo que elas ficavam dias e dias a tremelejar com o vento, acabando todas encharcadas na relva para nossa tristeza. Também fazíamos harmónios de serpentinas de todas as cores, enormes....

Não me lembro de me fantasiar de nada em miúda, talvez porque não apreciasse muito as festas de Carnaval.

Na adolescência, lembro-me de belos Carnavais com festas dançantes em que nos divertíamos muito e sobretudo arranjávamos pares já mais interessantes. Numa dessas festas comecei o meu primeiro namoro,  ao som de Aznavour, que durou apenas sete meses, mas que me marcou muito, dado que eu estava convencida de que ia durar para toda a vida....o desgosto foi proporcional à paixão....e nunca mais namorei até encontrar o meu ex- dois anos depois.

Passei um Carnaval em Veneza com o meu filho. Já aqui contei como foi essa viagem relâmpago de Munique para o Allgau e daí para Veneza por campos brancos de neve infindáveis. Uma maravilha que nunca mais esquecerei. Veneza com as máscaras, as luzes, as gondolas, pareceram-me algo de surreal.

Hoje fui ao baú buscar uma casaca de sec XVIII que tinha aqui. Era do espólio do liceu e em tempos mascarara o meu filho Zé com ela. De cabeleira branca e calças de cetim, o rapaz ficou lindíssimo.
Hoje, vinte e tal anos depois, repetiu-se a cena com o meu neto Daniel, que embora mais novo, já tem corpo para se vestir a preceito. Ficou muito patusco e não resisto a pôr aqui a sua foto. É um
Mozart sorridente, risonho como no Amadeus!

Há pouco, apesar disso, disse-me que não gostava do Carnaval e que a manhã na escola tinha sido uma "seca". Lembrei-me do seu pai, que fui encontrar lavado em lágrimas no jardim infantil num célebre Carnaval em que foi vestido de palhaço com um pijama meu....e sofreu horrores por causa dos outros colegas...

Forçar o divertimento nunca foi a "minha praia"... sempre gostei de improvisações - mesmo nas aulas - mas não de obrigações.

E já agora podiam passar o entrudo para a 6ª feira, pois é nesse dia que todos os miudos se fantasiam "à séria"!!

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Já chegou a Primavera





Quando vier a Primavera, 
Se eu já estiver morto, 
As flores florirão da mesma maneira 
E as árvores não serão menos verdes que na Primavera passada. 
A realidade não precisa de mim. 

Sinto uma alegria enorme 
Ao pensar que a minha morte não tem importância nenhuma 

Se soubesse que amanhã morria 
E a Primavera era depois de amanhã, 
Morreria contente, porque ela era depois de amanhã. 
Se esse é o seu tempo, quando havia ela de vir senão no seu tempo? 
Gosto que tudo seja real e que tudo esteja certo; 
E gosto porque assim seria, mesmo que eu não gostasse. 
Por isso, se morrer agora, morro contente, 
Porque tudo é real e tudo está certo. 

Podem rezar latim sobre o meu caixão, se quiserem. 
Se quiserem, podem dançar e cantar à roda dele. 
Não tenho preferências para quando já não puder ter preferências. 
O que for, quando for, é que será o que é. 


Alberto Caeiro


ALBERTO CAEIRO/FERNANDO PESSOA NÃO PRECISA DE PANTEÕES PARA SER QUEM É....

terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

expectativas

Há uns dias que ando com uma angústia enorme no peito, sonho sempre com algo terrível ou problemático, acordo aflita e não me apetece sair da cama , nem enfrentar o dia, a chuva, o céu cinzento.

Este ano - 2013-14 tem sido um dos mais difíceis para mim em termos de trabalho - uma verdadeira corrida contra o tempo - também foi muito mau em relação à saúde, pois sinto que não há melhoras, de manhã só sinto estalos na minha perna e uma dor terrível que me impede de andar à vontade. O meu terror é cair na rua e já saio sozinha o menos possível. À tarde as coisas melhoram. Tenho uma saudade infinita de mergulhar numa piscina , de nadar, de fazer exercícios, jacuzzi, todas essas coisas que fazia ainda há bem pouco tempo, mas o médico não mo recomendou.

Envelhecer é isto com certeza. Mas não esperava que viesse já. Não estou preparada. Sinto-me indefesa...
A minha empregada é viçosa e cheia de força, revejo-me nela em certos aspetos, quando tudo fazia para ganhar mais uns tostões. Mas ao mesmo tempo, às vezes, cansa-me.


Vou a Inglaterra em Março, mas sinto-me com um misto de ansiedade e medo simultaneamente. A ideia do avião e do comboio, das longas filas de espera assustam-me, por outro lado apetece-me sair daqui, ver outras paisagens, outras gentes, falar inglês, passear na cidade que já conheço tão bem, ir a um museu, sentir a cidade à noite. O hotel para onde vamos é mesmo no centro e isso facilita muito as saídas à noite e a independência da minha filha, que, em Leeds, se sente como peixe na água.

Por ela faço tudo. Mesmo TUDO!






domingo, 23 de fevereiro de 2014

Bem aventurados os momentos

em que a família consegue reunir-se , num Domingo cheio de sol, numa Foz belíssima, num restaurante simpático em ambiente paradisíaco.


Foi o que aconteceu hoje.

O meu ex- fez anos a 2ª, mas um dos meus filhos estava nos EU, o outro na Pesqueira e era dia de trabalho, não se festejou.
Hoje conseguimos estar os nove e depois de alguma atribulação acabámos por ir à Máscara comer fondue. Gosto sempre daquele restaurante, servem depressa, bem e o serviço não é demasiado caro.

Estávamos todos contentes, apesar das minhas dores e constipação. Ver os filhos a envelhecer, os netos a crescer, faz-me sempre pensar no Tempo.

Que Tempo me reatará para ver o mar da Foz, sempre belo e prateado, gozar da presença daqueles que me são mais queridos, estar presente também, estarmos todos felizes?

A vida é tão efémera, dizia  minha amiga Graciete. é como a desta camélia,
que daqui a pouco estará no chão meia morta.

E é, realmente; os últimos dez anos desde que o Daniel nasceu parece que voaram e tanta coisa brutal aconteceu que nos parece quase um milagre haver assim uns momentos de tranquilidade e paz...
Para o ano, provavelmente, o meu filho mais velho irá para os EU com a família, a minha filha para Inglaterra, o meu mais novo não sei para onde....tudo isto são  suposições em que não quero pensar....temos de agarrar o presente..e vivê-lo com fremência.

Vim pelo Jardim Botânico com a minha filha.....ela estava linda e tão feliz....


 Sophia estava só no seu jardim com algumas flores. Parecia triste....

sábado, 22 de fevereiro de 2014

Os jardins da minha vida

jardim dos cactos
Estive toda a tarde - ou quase - a ler sobre Sophia de Mello Breyner.
Ontem fiquei a pensar longamente sobre o que escrevi no post e senti uma necessidade enorme de ir ao reencontro da sua obra, da sua vida, das sua memórias.
Encontrei muita informação no site da PEditora, agora detentora dos direitos  de edição, que tem estado a pôr cá fora todos os seus livros, a sua obra completa. Quando lá vou, folheio-os, mas nunca comprei nenhum. Tenho alguns em casa e li muitos da biblioteca da escola. Nem tudo me encanta, mas há uma particularidade em Sophia com que me identifico sobremaneira: a sua paixão pelos jardins, mais, a sua necessidade vital de os ter por perto...

pedras com musgo
Nasci numa rua tradicional de Lisboa e já éramos seis filhos quando mudámos da Rua Rodrigo da Fonseca para o Restelo, local ermo - talvez parecido com o Campo Alegre do tempo da Sophia menina - onde abundavam as terras ainda não adquiridas, os campos de papoilas e as joaninhas, lagartixas e espiguinhas que picavam as pernas. Como ela refere, também eu andava sempre com as pernas todas cheias de arranhões e nódoas negras, pois além de usarmos vestidinhos com as pernas ao léu, éramos estabanadas até dizer basta. Adorávamos saltar o muro que separava o nosso jardim clássico com choupos, eucaliptos, mimosas, trepadeiras, pinheiros, tílias e árvores de fruto, para ir descobrir o secret garden, onde diziam existir colónias de ciganos, de quem tínhamos medo a valer.

Hoje quase sinto o cheiro daquela terra inculta e a monte e da erva molhada.....que saudades.

o velho eucalipto
Quando saímos dessa casa, em 1971, e fomos viver para um andar, pequeno em tudo, mas com uma localização privilegiada no centro de Lisboa, muita falta senti do nosso jardim imenso.
Mas tinha 25 anos , já trabalhava e o tempo para meditações não era muito. Mesmo assim, a proximidade do Jardim da Gulbenkian, onde preparei aulas e trabalho do estágio e onde ia nas horas vagas, compensava um pouco a falta do espaço a que estava habituada.

Só voltei a ter um jardim, com esse nome, aqui no Campo Alegre. Durante trinta anos não soube o que era passear por entre flores, árvores de grande porte, no outono ou no inverno. O que mais se aproximava dum jardim era a Rotunda da Boavista , onde passei horas com os meus filhos pequeninos. Sem carro tinha dificuldade em deslocar-me até muito longe e o meu ex- trabalhava que nem louco aos domingos.

Há sete anos que habito aqui nesta zona - precisamente onde Sophia nasceu ( a sua casa é agora a
A casa onde Sophia nasceu, na Rua Antonio Cardoso
Galeria Cordeiros, uma casa lindíssima que podem ver aqui), não muito longe da Casa Andresen ( da sua Avó) e da Quinta do Campo Alegre, que ela descreve nas suas memórias:

Papiros refletidos no lago dos nenúfares
http://www.portoeditora.pt/conteudos/imagens/campanhas/sophia/Ler_01122012.pdf

Ao ler estas linhas hoje, pela primeira vez, pois pertencem a escritos que não foram publicados, pareceu-me estar a ler uma página do diário que nunca escrevi mas que poderia ter escrito, descrevendo o encanto e as tropelias que os meus manos e eu fazíamos no nosso jardim do Restelo nos anos 50.

Percebi bem hoje por que gosto tanto deste local e me identifico totalmente com ele.

fonte de granito
Um dia - sonho com isso -  criarei um livro só com fotografias minhas tiradas aqui....ficará como uma memória para os meus netos  dos mais belos momentos que vivi.

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Sophia no Panteão?

Álea do Jardim Botânico do Porto
Nunca fui ao Panteão em Lisboa. Fui ao de Paris, salvo erro. Não gosto de locais fechados onde se enterram pessoas.

Não sou fã de sítios uniformes onde é pressuposto honrar as grandes figuras da nação.
Caracterizar o que faz de uma personalidade uma grande figura da nação é muito subjetivo e teria de ser amplamente discutido antes de se transladarem os corpos - à custa do erário público já bastante depauperado - e de se encherem as páginas dos jornais, blogues ou redes sociais sobre o assunto.

Quero ser cremada, já o disse aos meus filhos pois não acredito que haja vida para alem da morte. As cinzas podem ser deitadas aqui neste jardim botanico maravilhoso...ou no mar da Foz, onde tantas horas passei embevecida.

Só espero que Sophia Melo Breyner, a grande poeta e escritora portuguesa, não seja mais uma a servir os interesses políticos dos nossos governantes e parlamentares, que tão desacreditados estão.

Diz Helena Sacadura Cabral no seu Fio de Prumo:

Os partidos com assento parlamentar assinaram um projecto de resolução conjunto, que deu entrada no parlamento na terça-feira, para avançar com o processo de trasladação de Sophia de Mello Breyner Andresen.
A proposto foi subscrita por todos os partidos com assento na Assembleia da República”. 
“É uma homenagem justa a uma das grandes referências da língua e da cultura portuguesas”. 
O documento é assinado por 11 deputados, de todas as forças políticas representadas e propõe a constituição de um grupo de trabalho para “determinar a data, definir e orientar o programa da trasladação” para o Panteão Nacional, em articulação com outras entidades públicas. 
A intenção é homenagear “a escritora universal, a mulher digna, a cidadã corajosa, a portuguesa insigne” e evocar “o seu exemplo de fidelidade aos valores da liberdade e da justiça”.

Não deve existir um único cidadão português que se não congratule com a decisão!


Permito-me discordar e, felizmente, já vi que há mais leitores desse blogue com a mesma opinião.


O meu comentário foi este:
Busto de Sophia ( Jardim Botânico do Porto)
Quem conhece o Jardim Botanico do Porto, que Sophia percorreu em menina e adolescente - a Quinta do Campo Alegre com a sua Casa Andresen lindíssima - não a imagina noutro local que não neste. Aqui vem centenas de pessoas só para passear e ver o jardim de Sophia!
Os contos para crianças que escreveu basearam-se nestas referências que vejo amiude, pois o jardim fica em frente da minha casa. No ano passado montaram lá um busto de Sophia, que tenho fotografado, no jardim de flores variadas, lírios , tulipas, gladíolos e rosas. 

Sophia adorava a praia da Granja, onde passava férias e, na minha humilde opinião, deveria ter sido enterrada no Norte de Portugal, donde são originários os seus filhos, se não me engano.

Mas sim, Sophia é universal. E por isso a sua alma já está a milhas dos panteões e dos mosteiros, das campas fechadas, buracos enclausurados, já se libertou há muito desses grilhões.



E aqui fica um poema de Sophia, que, quanto a mim, espelha a sua personalidade



Evadir-me, esquecer-me


Evadir-me, esquecer-me, regressar
à frescura das coisas vegetais,
Ao verde flutuante dos pinhais
Percorridos de seivas virginais
E ao grande vento límpido do mar.







Acham que Sophia ansiava por ficar no Panteão??



terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Surpresas

A vida é cheia de surpresas e são elas que nos fazem aguentar a monotonia dos dias de inverno, sempre cinzentos - ou quase sempre - sempre curtos de luz, mas longos na sua escuridão.

Hoje, pela primeira vez em meses, não tenho trabalho para a editora.

Senti um vazio esquisito, depois de vir da fisioterapia, não me apetecia andar muito, mas também não me apetecia ficar em casa. Quase automaticamente acabei por vir. A tarde estava cheia de sol, a varanda iluminada.
Este sol dos dias de inverno é duplamente mais quente e mais belo do que o de verão. É esbranquiçado com os reflexos das nuvens a jorrar sobre as plantas agradecidas. Pedaços de céu azul espreitam por entre os castelos acizentados, numa jiga-joga de esconde-esconde.

Pensei em ver um filme....há tantos nesta TV....pensei em fazer um bolo de laranja, que não como há anos e o meu pai adorava....pensei em começar a ler um livro que a minha filha me ofereceu no Natal e que ainda não abri. Pensei em pintar uma paisagem de mar que há muito desejo copiar duma foto tirada em Matosinhos... mas não estava inspirada. Que fazer?


De repente tocou o telemóvel.  maldito, pensei eu, deve ser o homem do gás que ficou de vir acertar contas.

No meio do silêncio, soou a vózinha querida do meu neto Daniel...muito aguda , quase feminina, do alto dos seus dez aninhos. Perguntava-me se eu estava em casa, se podia vir para aqui ensaiar com o seu violino, ansioso por que eu dissesse que sim.

Hà momentos em que é tão bom nada ter para fazer!

O som do violino toca uma melodia eslava e triste... mas nada pode entristecer o meu coração neste momento.

domingo, 16 de fevereiro de 2014

Fevereiro sem sol ou quase....

Fevereiro é um mês esquisito.

Só com 28 dias, com ou sem Carnaval, quase sempre com frio e chuva.

Mas Fevereiro também é o mês do dia a mais, que pode ser de chuva ou de sol e só vem de 4 em 4 anos para animar o fim do mês.


Fevereiro, para já, só deu chuva...mas ontem numa reviravolta súbita, resolveu brindar-nos com um dia luminoso de sol que perdurou ainda hoje....e será que amanhã??

O mar visto da Ponte d'Arrabida parecia um lago...quem diria que ainda ontem assustava os intrépitos mirones junto ao farol?

Ontem à tarde. tirei fotos do céu com as nuvens das janelas da minha casa. Todas diferentes, tantas tonalidades, tão belos estes céus "britânicos" que iluminam os dias carregados e invernios!

Lembrei-me dum poema que andou muito em voga quando as telenovelas brasileiras chegaram a Portugal:

Nuvem Passageira

Hermes de Aquino




Eu sou nuvem passageira
Que com o vento se vai
Eu sou como um cristal bonito
Que se quebra quando cai
Não adianta escrever meu nome numa pedra
Pois esta pedra em pó vai se transformar
Você não vê que a vida corre contra o tempo
Sou um castelo de areia na beira do mar
A lua cheia convida para um longo beijo
Mas o relógio te cobra o dia de amanhã
Estou sozinho, perdido e louco no meu leito
E a namorada analisada por sobre o divã
Por isso agora o que eu quero é dançar na chuva
Não quero nem saber de me fazer, vou me matar
Eu vou deixar um dia a vida e a minha energia
Sou um castelo de areia na beira do mar


sábado, 15 de fevereiro de 2014

Haja SOL



 E os portuenses saem à rua....felizes e agradecidos.


A vista da paragem do autocarro 200

Não refeitos do prémio que lhes foi atribuído há dias de "melhor destino europeu para 2014", eis que Deus ou Alguém lhes oferece um sábado repleto de sol, céus magníficos, ondas gigantescas, tempo amenos e paisagens cenicamente perfeitas... o que é que se pode desejar mais?

O sol quando nasce é para todos, mas há uns que o apreciam mais que outros.
Praia dos Ingleses
EU, pessoalmente,  sinto-me com um índio a quem deram a dádiva da chuva após dias de seca. Apetece-me dançar à volta da mesa , lançando gritos roucos de agradecimento. O que vale é que a câmara não fotografa aquilo que eu não quero!!

Hoje tencionava ir ver o filme HER, que não quero perder.
Mas quando abri a janela e vi uma nesga de céu azul, bem azul, no meio de nuvens fantasmagóricas, perguntei à minha filha: Cinema ou Foz?...já certa da resposta. 100% em uníssono.
Forte de S. João

E foi a Foz...no nosso autocarro do costume, o 200, que nos levou rapidamente até ao mercado. Estava quente, apesar dum ventinho fresco, que sabia bem.
A Tavi tinha uma mesa mesmo encostada à janela, donde só se via o mar, enorme, imenso, prateado dum lado ao outro da praia dos ingleses e alargando-se ainda pela Praia da Luz e do Ourigo.
 Por 20 euros comemos bem, uma tosta mista tipo francesinha e uma sanduich americana, bolo de chocolate, cafés, cerveja e coca-cola. O sol entrava tão quente pela janela, que parecia verão. As pessoas liam o Expresso e conversavam dum modo agradável, sem telemóveis, benza-os Deus.
O ambiente era cinco estrelas.

as gaivotas em concílio no paredão
Os mirones e curiosos
Depois foi um longo e audacioso passeio até ao forte de S. João, um monumento lindissimo, que guarda a cidade junto ao célebre farol de Felgueiras que tão fotografado tem sido no último mês. Os mirones apinhavam-se nos morrinhos de relva bem verde, com as suas câmaras com algum receio da espuma que , de vez em quando, ultrapassava o murete e vinha espraiar-se na marginal...

O novo molhe
farol de Felgueiras
Desde que fizeram o novo molhe, o mar foi domado na Foz do Douro e o rio parece um lago, ainda que hoje estivesse lodoso e muito cheio. A fúria das ondas desaba na ponta do molhe e no farol, que aguentam os espasmos de raiva do mar em fúria....o panorama é lindo....

à volta ainda passámos no Botânico, mais invernoso que nunca ,
Nenufares no inverno
com as camélias a brotar por todo o lado...muito tristes naquele mar de troncos descarnados....em breve virá a Primavera.....anseio por ela como nunca....e os meus ossos, a latejar, ainda mais.

camélias do Botânico


sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Música e gente que nos eleva

Hoje tenho estado um pouco na maré cheia ...ou se preferirem em quarto crescente...

Arranjei uma empregada nova que é cinco estrelas - a mesma do meu filho e nora - uma rapariga  cheia de vida, com tres filhas, trabalhadora até mais não, capaz de nos fazer acreditar de novo no valor da nossa casa, dos nossos bens materiais já bem velhinhos, simpática, prestável e com carro!! Trabalhou em restauração com o marido, mas deixou o emprego por causa dos horários incompatíveis com o das crianças. Vê-se que se entusiasma com tudo o que faz e limpou a minha casa de alto a baixo em cinco tardes que aqui esteve.

Prestável, sempre preocupada em ir-me buscar à rua o que eu preciso e não preciso, terna com os miudos que vai buscar todos os dias ao colégio, um achado ( por anúncio no Pingo Doce) da minha nora que, amavelmente, resolveu propor-me a sua contratação para mais umas horas, dado que as dela não lhe preenchiam as oito horas. Aceitei, pois há muito que só tinha quatro horas de "ajuda" e cada vez estava mais insatisfeita. Havia coisas que pura e simplesmente deixava para depois.
Sinto-me nas nuvens, com tempo para tudo, armários arrumadissimos, até o meu atelier, que é tão meu que estranho ver lá a mão de outra pessoa, foi limpo e (des)arrumado para eu poder depois arrumá-lo de novo como gosto.

Já não estava habituada a ter pessoas com quem falar em casa, a minha filha passa sempre a tarde fora e é muito calada, mesmo quando está. Não sou muito conversadora, mas às vezes gosto de companhia. Os meus netos também vêm por cá menos tempo. Ando mais feliz.

Hoje tenho estado a ver provas, mas enquanto as vejo, oiço música da melhor, no Spotify, o tal site onde se pode ouvir o que se quer sem pagar nada...interpretações magníficas...os melhores CDs que se pode imaginar. Nunca a música clássica foi tão acessível e tão barata...só não ouve quem não quer. Até na fisioterapia me pergunto porque é que, em vez de música pimba ou rock dos anos 70, não pôem musica clássica para os pacientes ouvirem enquanto estão a fazer os exercícios. Levo o meu iPod, mas em fundo oiço sempre a música deles!!

Estou para aqui a fazer conversa num dia de chuva contínua.
Não houve uma aberta....mas também já não se pode aguentar os telejornais a falarem do mau tempo e do estado do mar.

Por que não se calam.....e não pôem... música clássica?



quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

PORTO: o melhor destino europeu 2014


Já há muito que andávamos a votar online. Uma campanha dinamizada pela Câmara do Porto, através do seu presidente e abraçada pelos milhares de fãs desta cidade.


Estátua do Homem do Leme

Miradouro do molhe
Queríamos ganhar porque achamos a nossa cidade linda.
Tem tudo para oferecer a turistas, a estudantes, a visitantes e aos amantes de cidades pequenas e românticas, onde o olhar não se perde nas lonjuras, mas no detalhe, nas inscrições, nos azulejos, na pedra trabalhada, nos ferros forjados, nos telhados, nas janelas decoradas, nos sinos das igrejas, nas casas ancestrais, nos becos cheios de musgo, nos jardins espalhados pela cidade ....e no maravilhoso rio que nos conquista a cada momento e qualquer hora desaguando no mar encapelado da Foz.

Jardim da Cordoaria


O PORTO foi eleito o melhor destino dentre 20 cidades europeias magníficas.
Leiam aqui parte da notícia do PÙBLICO ( Fugas) e congratulem-se connosco.

Venham visitar-nos....esta cidade merece!!



Porto eleito melhor destino europeu do ano

Por Luís J. Santos


É oficial: Porto, European Best Destination 2014. Derrotou os outros 19 destinos em competição, incluindo a Madeira, que conquistou um honroso 6.º lugar.
Nem Roma nem Barcelona, nem sequer Londres, Paris ou Berlim. A votação online no Porto para melhor destino europeu cilindrou a concorrência de peso: contas feitas, a Invicta, confirmou a organização do evento à Fugas, conseguiu 14,8% dos votos, muito à frente da segunda classificada, a croata Zagreb (10,2%). A votação decorreu online, aberta a todos, entre 22 de Janeiro e 12 de Fevereiro. O top 5 europeu completa-se com Viena (Áustria), Nicósia (Chipre) e Budapeste (Hungria).
É a segunda vez que o Porto vence a competição European Best Destinations (EBD) promovida pela European Consumers Choice, "organização sem fins lucrativos de consumidores e especialistas", com sede em Bruxelas, que "avalia produtos e serviços", além de realizar rankings turísticos. Este ano, segundo dados da organização, foram batidos "todos os recordes" neste que é "o maior evento de e-turismo na Europa", congregando "centenas de milhares de viajantes": no total, foram apurados 228.688 votos.


domingo, 9 de fevereiro de 2014

Felicidade pura


Haverá algo melhor que estar em casa em frente a uma lareira bem acesa, ouvindo M. João Pires  a tocar diversos compositores no Spotify , site para audição de música a nosso gosto com tudo o que se possa imaginar...

Daqui a pouco chegam os meus dois netos mais velhos para me fazer companhia, lanchar e ver TV, para além do futebol.

Sou uma felizarda, apesar de ter provas para entregar amanhã sem falta, nem que me deita às 3 da  manhã, como já é meu hábito.

Lá fora a chuva cai e o vento não dá tréguas....o mar continua à solta e ninguém se atreve a desobedecer às ordens da guarda costeira...ver, só pela TV.

É uma tarde de Domingo especial....cheia de coisas boas :)
 Laos Deo!