quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Bach divino

Enquanto trabalho no meu projecto oiço um Festival de Bach em Leipzig, programa da Brava, enquanto a minha filha faz step no quarto dela. Parece que está a bater o compasso:)

Hoje tive um dia diabólico daqueles em que se sai e entra em  casa três vezes, sempre com coisas sérias para fazer.

Mas foi uma agradável surpresa ver as sugestões de capas do meu novo manual.

Estão super! Modernas e apelativas. Escolhi uma que penso ser mais original e diferente das que tenho usado nos meus projectos.

Já lhes perdi a conta, mas lembro-e que as capas levavam horas a escolher - uma até a fiz eu própria em maquete e depois a editora adoptou-a, outra foi uma foto que tinha tirado na varanda da minha casa.
Agora são mais sofisticadas, nada que se pareça com as antigas e não nos obrigam a horas de escolha de fotos.

Bach é a música mais repousante que jamais ouvi. Acalma-me sempre quando estou exaltada ou só cansada. Não acredito que alguém fique imune a esta música, mesmo o mais desesperado dos seres, encontraria aqui refúgio para a sua dor.

A Paixão Segundo São Mateus eleva-me a alma, cantada assim por tenores e sopranos entusiasmados, num ritmo rápido, sem cair naqueles solilóquios monótonos. Estes músicos são a nata da nata, uma orquestra barroca com instrumentos da época e um coro pequeno.

Só me apetecia não ter de trabalhar, fechar os olhos e deixar-me levar pelo Anjo da Música......



segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

1500 visitas

O meu blogue recém-nascido vai fazer um mês no dia 1.

Hoje chegou às 1500 visitas e só agora dei por isso, pois estou atafulhada de trabalho e só um polvo conseguiria dar conta do recado. Os meus netos saíram daqui agora e fiquei no sossego do lar, a reflectir naquilo em que me meti ao aceitar de novo um projecto editorial. 

Não sei até que ponto vale a pena, apesar de adorar o que faço. Já não me sinto é com forças para levar a cabo tanto trabalho minucioso e de tanta responsabilidade. 

Às vezes apetece-me mandar tudo às urtigas e partir para um local estranho, onde possa viver uns dias away from it all, como dizem os ingleses. Ontem fiquei aqui até às 3 da manhã a trabalhar com a TV ligada e a repetição dos Prós e Contras, bem interessante por sinal, no ar.
Hoje às 10 já estava a receber emails com mensagens urgentes da editora.

Terei de adiar aquela viagem a Londres que prometi à minha filha, não sei por quanto tempo. 



Na minha idade queremos viver, não trabalhar...queremos gozar os anos que nos restam, muitos ou poucos...mas a juventude que ainda há em nós teima em não nos deixar parar, exige-nos actividade, criatividade e até adrenalina....será bom.?..ou será que devia descansar e passear no meu jardim sem mais preocupações, ver os pores do sol na Foz, ouvir música durante horas, contemplar o mar. ..

Será isto VIVER? I wonder...

domingo, 27 de janeiro de 2013

Chove que Deus a dá




Do "witty" blogue que encontrei por acaso na net:


Segundo a boa velha escola de economia clássica, se a chuva fosse algo de valor, não se dava, vendia-se. Ora sendo desnecessário provar que a chuva é boa (quanto mais não seja no nabal, enquanto faz sol na eira), então se alguém dá alguma coisa com valor, esse alguém é um magnânimo benfeitor sempre disposto a ajudar o próximo e, nos dias que correm, apenas Deus preenche os requisitos para assim ser considerado.





Além disso, “dar” também não é bem o termo mais correcto, porque como bem sabe quem já estudou o ciclo da água na escola primária (felizmente, muito poucos), a chuva irá regressar lá acima por via da evaporação do mar, dos rios e de grandes concentrações de água como a albufeira do Alqueva ou o Orçamento de Estado. Portanto, quando se percebe que quem dá, já está na mira de o receber de volta, passa imediatamente de magnânimo benfeitor a besta egocêntrica, num processo similar aos dos treinadores de futebol. Conclusão: usar esta expressão é o mesmo que falar, só para não estar calado.
E tenho dito.

http://idiomaticasidiotas.blogspot.pt

sábado, 26 de janeiro de 2013

Meio-dia no jardim do Bem


Há um filme do Clint Eastwood, um dos melhores dele, que se chama : Meia Noite no Jardim do Bem e do Mal, é um filme negro, de crime e de sorrisos, com uma interpretação fabulosa de Kevin Spacey e John Cusack, que já vi várias vezes. Hoje o título da minha entrada refere-se a esse filme fabuloso.

Oiço no Brava um dos concertos que mais me emocionam já desde miúda, quando o ouvi pela primeira vez nos Concursos Viana de Mota de saudosa memória, dias e dias de música grátis na Aula Magna da UCL: o nº 2 de Saint-Saens. As teclas bailam na minha memória e sinto aquele nó na garganta que teima em regressar de cada vez que oiço os concertos da minha vida, este e muitos outros...



Hoje fui visitar o "meu" jardim ao meio dia.

Levantei-me tarde, mas não me apetecia nada começar logo a rever provas - centenas de páginas a conferir - e resolvi ir tomar o pequeno almoço ao cafe japonês do Jardim Botânico.




Estava uma manhã de sol luminoso e quente e como tinha chovido ontem todo o dia, as áleas estavam escorregadias - por um triz não caí ao tirar um foto mais arrojada - as folhas cobertas de gotas de água, todo o solo verde, as pedras cobertas de musgo, como só vi em Inglaterra e em Sintra, troncos cobertos de líquenes e um pântano tão verde quanto um campo de golfe. Atirei um ramito para ver o efeito e ele ali ficou estático, tal a densidade da água lodosa.



Acabado o concerto, segue-se o divinal Kissin a tocar Chopin. E o nó na garganta aperta-se mais...a minha Mãe tocava Chopin em tempos, há quase tanto tempo....que já nem há lágrimas que resistam.




As árvores continuavam esqueléticas em contra-luz,mas já havia pequenos brotos de folhas nos troncos cortados pelo machado. Também encontrei muitos troncos caídos, partidos e abandonados.

Mas as palmeiras erguiam-se lindas contra a fachada da casa rosa.

Este jardim encanta-me porque descubro sempre recantos, herança das famílias que cá viveram, espólio que se manteve intacto, desde as torneiras entupidas até às janelas enferrujadas, vidros completamente foscos do tempo, portões empanados, vestígios do passado ao lado das plantas vivas, que, também elas nos falam duma época que já não volta.



No portão, o insecto perdeu as asas...com o vento ou com vandalismo? Nunca saberei....mas ele lá está, mais réptil do que insecto. 
Simbolicamente, associo-o a nós todos, que, sem darmos por isso, vamos perdendo as nossas asas...


No Brava, ouve-se agora o último andamento da Sinfonia do Novo Mundo, de Dvorak, aquela que apresenta os constrastes entre o mundo eslavo e o ocidental, aquela peça que o meu pai se recusava a chamar de "novo mundo", pois, segundo ele, toda ela expressava a beleza do mundo antigo.

E agora...agora, choro mesmo sem querer como o grande maestro da Berliner Philarmonie.

O que nos vale é o canto dos passarinhos e o insondável mistério deste jardim aqui plantado.



sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Tunísia

Fui lá há uns quinze anos, na primeira viagem que fiz fora da Europa, a um país exótico no Norte de África.



Fiquei maravilhada, apesar do cansaço das horas de autocarro em estradas más debaixo dum calor tórrido ( que não sentíamos , a não ser quando saíamos), percorrendo o país de lés-a-lés. Um país, que nessa altura, era seguro, onde nos sentíamos bem, em grupo e também, quando ousávamos isolar-nos um pouco da multidão.

Um país que me ficou na memória. Pessoas simpáticas crianças alegres, aparentemente felizes com pouco, sempre na mira duma moedinha a mais, que escorresse dos nossos bolsos...
Lembro-me quão feliz fui naqueles dias, em que cada amanhecer se nos revelava diferente - fossem 4 ou 5 horas da manhã - e repleto de surpresas, paisagens, coliseus e até miragens no meio do deserto, lagos de sal, camelos e beduínos, imagens que fotografei com uma máquina das antigas. As fotos estão todas num album e só digitalizei umas tantas por gostar mesmo delas.


No meio da confusão que é o folder de imagens que foram recuperadas no meu laptop antigo, encontrei uma - esta que aqui vêem-  e fiquei rendida.

Foi isto que eu vi em tamanho gigante naquela manhã quentíssima em que resolvemos fazer um tour de jeep pelos oásis de Touzeur. Sentámo-nos atrás de todos - eu e o meu ex- de modo que os saltos eram semelhantes aos duma montanha russa da feira popular. mas éramos jovens (!) e divertidos.
Quando saímos do jeep, o calor era sufocante, mas havia pequenas cataratas de água onde se podia molhar os pés. Tenho uma foto a fazê-lo e a minha cara diz tudo.

Gostava de lá voltar...e de conversar com aquele miudinho, que sorriu de orelha a orelha quando , em francês,  eu lhe disse que adorava futebol; foi ao lado detrás da tenda e ofereceu-me meio amachucado um poster da equipa dele, um troféu que ainda hoje tenho guardado.

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Ainda a fotografia...e a pintura

Hoje escrevi uma longa resposta ao meu amigo Paulo sobre Fotografia e não quero repetir o que já escrevi, mas só acrescentar que nunca conseguiria ser uma Fotógrafa, pela simples razão de que me falta a paciência....tempo tenho, máquina também, mas nunca tive, nem terei paciência para estudar o solfejo da fotografia,  matraquear as notas no teclado, nem passar horas a ler o manual de instruções ou a manejar  comandos digitais.

O mesmo me acontece com a pintura, comprei mais de dez livros da Amazon sobre a arte de pintar em aguarela, em guache, em acrílico, a óleo, a pastel de óleo, etc.
Quando me apetece pintar, sento-me ou fico em frente à tela a a pintura sai espontâneamente, sem qualquer preparação psicológica, nem necessidade de consultas ou pesquisas. Por vezes sai mal, por vezes sai bem, por vezes sai assim-assim. Sai o que sai.

Ontem veio aqui a minha casa uma jovem japonesa, amiga da minha filha de Leeds. Ofereci-lhe uma das minhas caixinhas pintadas - aquela que mais gostava e que guardei do Natal precisamente porque a queria oferecer a alguém especial. Mal a conheço, mas o facto de ela ter vindo ao Porto, depois de ter estado em Leeds no mesmo MA da minha filha e de ter passado aqui dois dias com ela a passearem juntas, fez-me pensar que a amizade é algo que merece recompensa, nos dias que correm.

Quando lhe mostrei algumas das minhas pinturas e fotos , ela ficou espantada e vi na sua expressão facial alguma admiração e carinho. Nem queria acreditar que aquela caixinha era para ela, achava que eu deveria guardá-la....era demasiado bonita para eu lhe oferecer...é a mentalidade asiática, muito mais de contenção do que de exuberância.

Sei que nunca serei capaz de vender quadros a sério....nem baratos, nem caros. Acabo por oferecer aqueles de que mais gosto e só às pessoas que merecem e que apreciam. Verifico em todos os Natais que as pessoas de família a quem ofereço quadros- envio-as pelos meus filhos quando não estou com elas -  nem sequer se dignam telefonar-me a agradecer e a dizer que gostaram. Isso desgosta-me e cada vez mais me convenço de que há pessoas e pessoas....por isso, prefiro ofereço-los a quem aqui vem e revela verdadeiro interesse por eles. Este quadro aqui ao lado foi oferecido a uma pessoa, que me disse, mais tarde , ter mudado a cor duma parede da sala para dar bem com as cores da pintura....uma pessoa excepcional, a médica da minha filha, que não esperava a prenda e a adorou.

Exposições , por exemplo, deixaram de me interessar...dão demasiado trabalho, gasta-se dinheiro a emoldurar as obras, mesmo no IKEA e depois não sei até que ponto é que as pessoas compreendem o que aquele quadro...ou aquela fotografia encerra de mim própria, o que ela traduz, tudo o que eu quis dizer no momento em que pintei ou fotografei. E não gosto de me expôr. Cada vez menos.


 Esta foto do avião , por exemplo, que foi muito elogiada no FB, não revela nenhum skill especial, mas apenas um momento, um segundo, em que disparei o botão...quando o avião pairava sobre as nuvens e se preparava para aterrar.

Quando vejo uma paisagem bela, desejaria que todos os meus amigos ou filhos estivessem ali comigo e pudessem sentir o mesmo que eu....aconteceu-me isso no Brasil, por exemplo.

Na impossibilidade de isso acontecer, tiro fotografias, pode ser que ao vê-las no blogue ou no FB, as pessoas sintam num milésimo de segundo aquilo que eu senti.

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

A propósito


de FOTOGRAFIA..... e porque me meti com o meu amigo Paulo e levei com a resposta inteligente do mesmo, hoje li este conselho no FB, posto por uma fotógrafa holandesa que conheço do Woophy, Liesbeth Peters, e que me cala de vez quanto às qualidades das máquinas que cada um possui.




Da próxima vez que, ao olharem para a sua obra, comentarem: WoW, você deve ter uma bela máquina", responda assim:  "Claro...e o Van Gogh tinha um pincel diabólico. " ( tradução minha)

O sentido do humor é a coisa melhor do mundo nestes dias de gaivotas em terra....

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

tempo de aguaceiros


 Está um tempo de inverno, muito inconstante e imprevisível. Tão depressa chove como faz sol, um sol pálido e luminoso, que a meias com as nuvens negras nos oferece imagens espectaculares.


Prefiro os aguaceiros e até as trombas de água à chuva miudinha, que por vezes cai sobre o Porto, mixto de nevoeiro e água a sério, que não me molha a mim, não,  pois não sou tôla e ando com chapéu de chuva sempre que saio à rua..:)

Os efeitos da natureza, nestes dias, são extraordinários e se perdermos uns minutos a contemplar o horizonte, ou a skyline que se avista de algum ponto alto da cidade , podemos admirar ainda melhor as tonalidades, os cambiantes de luz e cor, reflexos num céu habitualmente azul em Portugal.

Quando eu era miúda, dizia-se que sol e chuva eram " as bruxas a pentear-se". Nunca percebi porque é que as bruxas haviam de se pentear, dado que aqueles penteados se devem manter assim durante anos, sem necessidade de irem ao cabeleireiro, como nós pobres humanos.


Hoje tenho uma sessão de formação em Gaia, num hotel com uma vista espectacular sobre o rio Douro. Vou levar a minha máquina para capturar imagens maravilhosas da Foz do Douro ao fim do dia, com o mar encapelado, atirando-se contra o betão que agora construiram para o domar.



Tenho pena do mar, constantemente refreado pelos desígnios dos homens e secretamente, regozijo-me quando oiço nos telejornais que ele conseguiu galgar as paredes com que se defronta em dias de temporal...desde que não morra ninguém, nem destrua casas e restaurantes, é belo vê-lo a erguer-se contra tudo e contra todos. No Facebook têm aparecido fotos espectaculares do farol de S. João, mas é extremamente perigoso ir até lá e já lá morreram pessoas desavisadas.

Gosto desta cidade, que ainda ontem apelidei de decadente. A decadência está nos homens, a natureza continua pujante e este ano, com a chuva, aguaceiros ou temporais, parece regozijar e abençoar o Criador.

As gaivotas lutam pelo seu lugar no céu, sem necessidade de rotas, nem GPSs ; são gaivotas, gozam de todos os privilégios no ar, na terra e no mar, furam as nuvens, fazem-se ao piso molhado, pousam nos telhados, cornijas, chaminés e candeeiros, passam pelas bruxas e sorriem coniventes....





segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Decadência


Faz-me cada vez mais impressão ir ao centro do Porto e ver a decadência a instalar-se , primeiro em pequenos passos, depois a uma velocidade vertiginosa.

As lojas que pressupúnhamos iriam durar toda a vida saldam para fecho total, sem dó nem piedade. Já nem sequer é para balanço, as contas estão feitas e não há lucros, mesmo em franchising. E até há prejuizo, como me contou uma das empregadas. Felizmente, o meu cabeleireiro que também pertence a uma cadeia tem sempre clientela, embora os preços vão subindo. Nunca percebi como é que as pessoas vão lá tão frequentemente e podem pagar tratamentos de estética, que nunca faria, a não ser que me desse algum desvario:)


 



Há lojas que já existiam há mais de 20 anos, onde comprámos mil e umas coisas para a casa, como a PRT- Pórtico. e que vão fechar. Era uma loja cheia de encanto - mesmo que vendessem objectos supérfluos - eram pequenas coisas que embelezam os nossos espaços, dando-lhes cor e algum afecto.
Comprei lá almofadas que estão aqui na minha sala, por exemplo, molduras para pôr as fotos dos meus entes queridos, utensílio para as pastilhas nespresso,  toalhas de cozinha, tabuleiros, etc.

Só espero que a Livraria Leitura não feche, pois ainda hoje lá comi uma sopa óptima, enquanto folheava o livro do Mário de Carvalho, que estava na coluna dos bestsellers. Na papelaria Carlin também compro acrílicos e pinceis, embora ultimamente, poucas vezes pinte. E gosto sempre de dar uma vista de olhos pelas camisolas da Springfield ou da Zara....

Ando tão cheia de trabalho, que  neste momento só uso o atelier para olhar pela janela e contemplar o verde dos arbustos perenes da Casa das Artes e do Colégio que ficam aqui à beira. Gosto daquela vista sempre verde, que contrasta e muito com os troncos esguios dos choupos e das tílias descarnadas, dos jardins vizinhos.

Tenho pena que a cidade esteja aparentemente morta durante o dia, já que à noite, parece haver zonas muito animadas com novos espaços, cafés, bares, galerias, etc. Pouco saio à noite, de modo que acredito sem ver. Porque o que vejo é cada vez mais uma cidade sem vida.

domingo, 20 de janeiro de 2013

1000 visitas

Ainda não fez um mês que abriu este novo blogue.

Já atingiu as 1000 visitas. Estou feliz por ter recuperado um espaço só meu e vosso no ciberespaço, depois da desilusão que foi perder o outro.

Pode parecer narcisista da minha parte, mas não é.

Aqui gosto de falar da vida em geral, não de mim apenas. Sobretudo, gosto mesmo é de falar das coisas belas que me rodeiam.


Obrigada por virem até aqui. Bom Domingo!

sábado, 19 de janeiro de 2013

O fogo e a música

Dois elementos essenciais...


Ter lareira em casa num dia como o de hoje em que o vento faz um barulho ensurdecedor lá fora e também cá dentro e chove torrencialmente, é um privilégio com que sonhei durante anos e só consegui concretizar quando me separei  e fui viver para uma casa moderna....um apartamento com mais conforto e sobretudo mais calor. A minha casa era boa, mas não tinha aquecimento central, nem lareira, claro.


Desde que mudei, primeiro para o apartamento onde vive o meu filho, depois para aqui, comecei a não dispensar a lareira de vez em quando, sobretudo quando me apetece desligar de tudo e deixar-me levar pelos sentidos - a vista e o ouvido...

Oiço a madeira a crepitar, o vento lá fora, mas também  música, escolhida a dedo, dos Dead Can Dance a Leonard Cohen, cujas canções são poemas perenes a embalar os meus sonhos e desejos.

A vista não se consegue descolar das achas vermelhas e das chamas que sobem das pinhas em brasa. Vou mexendo nelas e vou sentindo aquele calor também na alma.

Estou demasiado lamechas hoje, há dias que praticamente não saio de casa, não só porque está um tempo horrível, mas também porque ando a acabar a escrita do meu projecto, antes que venham as provas e com elas todo o trabalho de revisão.

Hoje tirei algumas fotos para experimentar a Lumix com o fogo. Ficaram fantasmagóricas, sobretudo as que que foram tiradas sem flash. Quase queimam....



Fica aqui uma canção do Leo. Inconfundível....como ele.


"Who By Fire"

And who by fire, who by water, 
who in the sunshine, who in the night time, 
who by high ordeal, who by common trial, 
who in your merry merry month of may, 
who by very slow decay, 
and who shall I say is calling? 
And who in her lonely slip, who by barbiturate, 
who in these realms of love, who by something blunt, 
and who by avalanche, who by powder, 
who for his greed, who for his hunger, 
and who shall I say is calling? 

And who by brave assent, who by accident, 
who in solitude, who in this mirror, 
who by his lady's command, who by his own hand, 
who in mortal chains, who in power, 
and who shall I say is calling?



sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Os Nenúfares

É o nome dum célebre quadro de Monet que todos conhecem. Na web, há referências várias a esta pintura, assim como a muitos outros quadros com o mesmo tema. Tentei pintá-los em tempos, mas o quadro acabou por ficar no atelier Utopia e nunca o acabei...




Nenúfares é um óleo sobre tela de Claude Monet, pintado no ano de 1904.
O quadro retrata os nenúfares no lago do jardim do pintor, em Giverny. A tela é um testemunho vivo da busca pela perfeição lumínica de Monet, nos seus trabalhos. A paleta de cores é exuberante, variando entre verdes, castanhos, azuis e rosas esquiços ou salmão, remetendo-nos para o início da matina, o nascer do sol. Na água do lago estão patentes perfeitos reflexos das árvores, que rodeiam o lago de Giverny.
Ao contrário de algumas das telas da mesma série, esta não exibe qualquer vestígio de movimento. Pelo contrário, o lago e os seus nenúfares parecem estáticos, imóveis. As cores e o jogo lumínico remetem o espectador para o nascer da manhã, no jardim do pintor, muito frequentemente retratado pelo impressionista.

É curioso como este comentário se encaixa perfeitamente nas inúmeras imagens destas plantas, que tenho capturado com as minhas máquinas ao longo dos anos e me fazem compreender bem o fascínio que o pintor teria sentido por elas. 

Os efeitos de luz , os reflexos, os matizes da água, as sombras e as superfícies iluminadas pelo sol, os desenhos das ervas e folhas que se acumulam junto às folhas, são elementos únicos num painel artístico de beleza incomparável.


Poderia criar um livro só com fotografias de nenúfares em várias épocas do ano, nas várias horas do dia, com chuva e com sol, com o vento a vibrar na água, as árvores negras a projectar-se nela, o céu azul ou acizentado como fundo.

Nunca me canso de os olhar e sinto sempre curiosidade em experimentar mais e melhor. Aqui fica uma homenagem ao grande pintor, talvez o meu preferido de todos...e mais algumas fotos que tirei neste lugar mágico.


Um nenúfar flutua
na mesma água
que a lua

Jorge Sousa Braga



quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Ondas

Há dois anos ofereci este quadro ao meu irmão.

Pensava que não tinha ficado com nenhuma foto, mas hoje encontrei-a perdida num ficheiro qualquer que entretanto surgiu do nada.

Sempre gostei de ondas, das verdadeiras , no mar. Sou capaz de estar horas a olhar para elas, como para as chamas da lareira, sem conseguir desfitar os olhos.

Volto a pô-lo aqui com um poema de Fernando Pessoa

HORIZONTE

Ó mar anterior a nós, teus medos
Tinham coral e praias e arvoredos.
Desvendadas a noite e a cerração,
As tormentas passadas e o mistério,
Abria em flor o Longe, e o Sul sidério
'Splendia sobre as naus da iniciação.

Linha severa da longínqua costa ---
Quando a nau se aproxima ergue-se a encosta
Em árvores onde o Longe nada tinha;
Mais perto, abre-se a terra em sons e cores:
E, no desembarcar, há aves, flores,
Onde era só, de longe a abstracta linha.

O sonho é ver as formas invisíveis
Da distância imprecisa, e, com sensíveis
Movimentos da esp'rança e da vontade,
Buscar na linha fria do horizonte
A árvore, a praia, a flor, a ave, a fonte ---
Os beijos merecidos da Verdade.

                            Fernando Pessoa 

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Quadro abstracto


Ontem pintei este quadro....que pode ser tudo e até virado ao contrário....tudo depende do gosto.

E até se pode não gostar de todo.

Não sei se gosto muito...qualquer dia mudo tudo....para já foi para me distrair do trabalho que estou a fazer: fichas simplificadas para alunos com menos capacidades. Hoje em dia tudo é em duas versões para alunos bons e menos bons, só falta fazer  duas versões de manuais...:)

Também era engraçado fazer duas versões do mesmo quadro para satisfazer todos os gostos:))