domingo, 28 de junho de 2015

Nasci



nos dias quentes de verão....não há muito tempo...a minha mãe lembrava-se...

mas o que são anos, comparados com as galáxias e o universo inteiro?

Sou mais um grãozinho de areia,vivo e cheio de energia. Mas é só isso.

Mais um dia que passa...a caminho do desconhecido.

Amo a vida.

Amo-vos também.


quinta-feira, 25 de junho de 2015

Pérolas do mar 2



Sonhos são como as conchas que o mar depositou na costa. Você deve coleccioná-los e ouvir a sua voz.


Flavio Gonçalves Filho

Pudesse eu ser a concha nacarada,
Que, entre os corais e as algas, a infinita
Mansão do oceano habita,
E dorme reclinada
No fofo leito das areias de ouro...
Fosse eu a concha e, ó pérola marinha!
Tu fosses o meu único tesouro,
Minha, somente minha!

Ah! com que amor, no ondeante
Regaço da água transparente e clara,
Com que volúpia, filha, com que anseio
Eu as valvas de nácar apertara,
Para guardar-te toda palpitante
No fundo de meu seio!

Olavo Bilac

terça-feira, 23 de junho de 2015

Pérolas do mar

Há maravilhas escondidas nos fundos dos mares, mas também há outras aqui à superfície que todos os dias desaguam aos nossos pés ou se escondem nas águas transparentes. 




Ontem apanhei estas dentre as muitas que se espalhavam pela areia. Cheiram a mar, são lindíssimas quando molhadas. Davam para fazer colares originais. Não há uma igual à outra...



Não há jóias mais belas do que as naturais....

segunda-feira, 22 de junho de 2015

Um tempo para colher

Sempre me extasiei diante de algumas palavras da Bíblia e sempre fui uma leitora fiel da mesma, sobretudo quando era mais nova e crente.
Hoje , e a propósito duma postagem da HSC no seu blogue de um excerto dos Evangelhos, reencontrei esta passagem do Ecclesiastes, que me relembrou o percurso de vida que todos devemos ter presente, mesmo nas alturas em que ela nos parece mais inútil ou mais fútil.





Aqui, neste deserto de sofisticação e quase só de paisagem natural, reler a Bíblia é revigorante, mesmo quando não se tem fé, aquela que faz mover montanhas...

Transcrevo a passagem em Inglês, pois me parece mais bela.

Peço desculpa a quem não compreende a língua. Facilmente encontrarão a mesma na net em português.


Ecclesiastes 3:1-15, A Time for Everything


"There is an appointed time for everything. And there is a time for every event under heaven ~
2 A time to give birth, and a time to die; A time to plant, and a time to uproot what is planted.
3 A time to kill, and a time to heal; A time to tear down, and a time to build up.
4 A time to weep, and a time to laugh; A time to mourn, and a time to dance.
5 A time to throw stones, and a time to gather stones; A time to embrace, and a time to shun embracing.
6 A time to search, and a time to give up as lost; A time to keep, and a time to throw away.
7 A time to tearAPART, and a time to sew together; A time to be silent, and a time to speak.
8 A time to love, and a time to hate; A time for war, and a time for peace.

domingo, 21 de junho de 2015

A magia de Junho

Os Celtas acreditam que o solstício traz mutações. Eu também.

Nasci neste mês e a minha mãe queixou-se do enorme calor que se fazia sentir no quartinho onde ela me pariu. Também dizia que só lhe apetecia comer cerejas nessa altura. Talvez por isso é uma das frutas que mais gosto, sobretudo quando são de Resende ou das quintas do norte.

Aqui têm estado tardes das mais diversas. Tão depressa está vento de sueste com ondas barulhentas, como de repente, o mar se amansa , tornando-se quase imperceptível. O céu surge com nuvens o que é raro em Agosto.
Apetece estar fora de casa até muito tarde pois a noite nunca mais vem. Já se vê uma unha de lua no meio do céu rosado. Ontem estava um céu especial, parecia uma daquelas pagelas religiosas que nos davam na catequese, afirmando que Deus habitava os céus lá em cima e olhava por nós.

 Tomo sempre os meus banho pelas 2 da tarde, já está calor a sério e a água sabe muito bem. Hoje até estava morna e com ondas, como gosto. Consigo furá-las e é um prazer renovado todos os anos.
No norte, nunca vou à praia propriamente dita, a temperatura é gélida e tenho receio de ter algum ataque de coração. Gosto mais de me sentar nas esplanadas.

A minha filha anda feliz, goza destes prazeres ainda mais do que eu, faz-me lembrar a minha atitude na sua idade, embora eu fosse mais intempestiva. Ela é uma doçura, calma, sorridente e prestável. Sabe o que me dá prazer e eu tb sei como fazê-la feliz. É uma simbiose perfeita.

Para a semana vêm os meus meninos, depois de oito meses de ausência. Nem consigo acreditar que posso finalmente abraçá-los e mimá-los. Ando à míngua de carinhos de crianças. E aqui há muitas...







sábado, 20 de junho de 2015

De ouro


Por alguma razão lhe chamaram praia da luz..

Mas não, diz-se que o nome da vila - LUZ - vem de Nossa Senhora da Luz , a padroeira da bela Igreja.


De qualquer modo, os fins de tarde quer aqui na Calheta, quer na praia grande são um regalo para a vista, com as falésias a reflectirem-se no espelhado das ondas já mortas ou na fortaleza iluminada pelos últimos raios de sol.


Quem não for contemplativo, morre de tédio neste resort.

Este ano há animação nestes dois fins de semana com os Santos Populares, tendinhas, música, bailarico popular, doces regionais de comer e chorar por menos ( glicémia). A malta inglesa junta-se à nacional e divertem-se...

Tudo muito pacato, sem loucuras, mas com encanto.




Eu prefiro o silêncio da areia dourada....

sexta-feira, 19 de junho de 2015

Ontem


Eu ontem passei o dia 
Ouvindo o que o mar dizia. 

Chorámos, rimos, cantámos. 

Falou-me do seu destino, 
Do seu fado... 

Depois, para se alegrar, 
Ergueu-se, e bailando, e rindo, 
Pôs-se a cantar 
Um canto molhado e lindo. 

António Botto




Caixinha de surpresas

foto tirada pela minha filha ontem à tarde
Esta praia, como tantas outras, é todos os dias diferente.

É o que mais gosto no mar. Modifica-se a toda a hora.

No céu, as estrelas estão fixas, aparentemente. Olho o céu estrelado nestas noites sem luzes neon e prescruto o silêncio das galáxias, mas não fico espantada, nem surpreendida sequer pela imensidão lá em cima.

Quando olho para o mar, tudo é diferente. Num dia, ele vem beijar as rochas em frente à nossa casa, noutros está lá mais longe e a prainha torna-se grande. Durante a manhã o azul é acizentado, à tarde a água parece verde e à tardinha fica tudo rosado.

Muda conforme o vento. O vento é quem manda. Mal sabemos quanto.

Se está norte, como nos primeiros dias, o mar é mansinho, transparente, dum azul escuro com


manchas aveludadas, que deslizam em direcção ao horizonte. Se está de oeste, vêm as ondinhas irritantes que predizem chuva. Se está de sueste, como aqui se chama ao Levante, a transformação é total. Numa noite ( esta foi assim) o mar enfurece-se e ouve-se bater com estrondo na areia. Lentamente, as ondas vão sendo cada vez maiores e até julgaríamos ter mudado para o Hawai.


Hoje esteve dia de sueste, o que equivale também a fins de tarde de sonho, rosa com neblina, suaves como um quadro a pastel.





quarta-feira, 17 de junho de 2015

No paraíso não há palavras


só imagens:

vista parcial do nosso jardim

a calheta onde tomamos banhos

A igreja Nossa Senhora da Luz

hibisco simples

domingo, 14 de junho de 2015

The meaning of life

Ultimamente tenho-me dedicado ao tema "sobreviventes do Holocausto" e aos seus legados, pensamentos e sobrevivência em situações extremas, que são extremamente positivos, surpreendendo-nos com atitudes duma dignidade , inteligência e visão da vida exemplares.

Há umas semanas li o Diário e as Cartas de Etty Hillesum, sugeridas pela minha leitora Miss Smile no seu blogue. Também comprei na Almedina um livro sobre ela, descrevendo a sua transformação durante os últimos anos de liberdade ( relativa) até à viagem derradeira para Auschwitz.
Esta personalidade quase desconhecida ( mas traduzida em português pela Assírio e Alvim ) dá-nos uma verdadeira lição de humanidade e coragem perante toda a espécie de adversidades a que foi submetida. Um simples arco-íris reflectido numa poça de água lamacenta a fazia sorrir...

Depois foi o caso de Maria Altmann, o filme Mulher de Ouro,
documentários e livro citados, também eles uma fonte inesgotável de informação positiva e de reconciliação com a vida, com os sentimentos e com a certeza de que enquanto cá estamos, podemos contribuir para a felicidade dos outros e para a nossa própria realização.

Ontem descobri mais uma obra notável através do Facebook.


Chama-se Man's search for 
Meaning e foi escrito por um psiquiatra judeu, Viktor Frankl, que sobreviveu a Auschwitz, embora todos os seu familiares tenham perecido, incluindo a mulher grávida.
Frankl decidiu escrever o livro em 1945 , depois da libertação,  para narrar os detalhes, o sofrimento e instinto de sobrevivência que ele testemunhou no campo de concentração.


O livro foi um best-seller na America quando o seu autor resolveu publicá-lo anonimamente. Segundo disse numa entrevista, o sucesso não se deve tanto a uma proeza da sua parte, mas à necessidade que os leitores têm de saber  mais sobre o significado da vida.

" I had wanted simply to convey to the reader by way of a concrete example that life holds a potential meaning under any conditions, even the most miserable ones. "

Neste ponto, Viktor e Etty assemelham-se muito. Enfrentam os problemas com a certeza de que "We are never left with nothing as long as we retain the freedom to choose how we will respond."

Vou para férias com estas leituras no meu iPad.

Serão um momento especial, um retiro e reflexão sobre o significado da minha vida. Sozinha com a minha filha, radiosa por estar junto ao mar, tenho a certeza de que todas as dúvidas sobre a minha existência se dissiparão.

                                                    A Natureza e o mar fazem milagres.





quinta-feira, 11 de junho de 2015

O quadro

Há dois meses fui ver uma exposição à Afurada.
Falei aqui da mesma e até coloquei as fotos de alguns quadros que no conjunto me pareceram mais interessantes e apelativos.

Devo dizer que não aprecio quadros figurativos que se limitam a "copiar" a realidade, mesmo que sejam perfeitos na sua imitação do real. Para isso, prefiro uma fotografia bem tirada e até a preto e branco de preferência.

Na altura, fiquei enamorada dum quadro da minha colega da Utopia Becas Laranjo, cujas obras já  elogiara anteriormente. Embora este não seja um quadro típico dela, é extremamente sugestivo, tem uma leveza e sobretudo um colorido lindíssimo. Resolvi comprá-lo e hoje fui buscá-lo à Utopia, onde recordei as horas que ali passei num óptimo ambiente e com colegas muito simpáticas há uns dois anos.

O quadro é realmente bonito, como podem ver.



Ainda não sei bem onde o vou pôr.

Na minha sala tenho um em cima do aparador que é meu, pintado a pastel e que poderia ser substituído, mas a moldura é enorme, o que dificulta colocá-lo noutro local.
Em cima do sofá tenho um da Teresa Vieira, minha Amiga,  que imita uma biblioteca em tons de castanho e ocre, que dá muito bem com o tapete e com o resto da decoração. É quente e habituei-me à sua presença.

O quadro em questão precisa de luz e a sala não tem muita, de modo que resolvi pô-lo no meu quarto para já.

Vejo-o todos os dias logo ao acordar e talvez me anime para o resto do dia.

É um quadro cheio de movimento e de luz. Ainda bem que o adquiri. É muito raro comprar coisas para mim e pareço uma criança entusiasmada.

terça-feira, 9 de junho de 2015

O meu jacarandá


Todos os anos o visito.
Todos os anos o admiro na sua altivez e fragilidade.
É o meu jacarandá, o único que há nestas redondezas e, como diria o Principezinho,  é "unique au monde".
Para mim.

Há semanas quase chorei por pensar que ele teria florido sem eu dar por isso. Hoje ele brindou-me com as suas grinaldas lilazes, a beleza das folhas rendilhadas e a delicadeza das suas flores. O chão atapetou-se para eu passar e a luz esmerou-se para as minhas fotografias.

Enquanto viver e puder, estarei ali ao pé dele. É o meu jacarandá.





O jardim parecia que tinha rejuvenescido. Havia flores por todo o lado....mas nenhuma chegava ao meu jacarandá em cor e em suavidade.


domingo, 7 de junho de 2015

Maria Altmann

Há quem acredite que os sobreviventes do Holocausto são todos eles judeus arrogantes, sequiosos de vingança, traumatizados e incapazes de aceitar os factos da História.
O mesmo se pensa dos herdeiros dos "Nazis", que vivem sob o estigma dos seus avós ou familiares e do Holocausto.

O tempo não faz nem deve fazer esquecer, mas em muitos casos limpa os fantasmas e permite que as pessoas refaçam as suas vidas com dignidade e mais amor.

Tenho passado estes dias, desde que vi/li a fabulosa história de Maria Altmann em Mulher de Ouro, a extasiar-me perante esta personalidade tão carismática.

Maria Altmann perdeu tudo aos 22 anos, pouco tempo depois de casar; foi obrigada a largar os Pais e a sua Viena, fugir na calada da noite para Colónia, Amsterdão até Liverpool. Aí instalada com o seu marido durante 2 anos, foram obrigados a partir novamente quando a Inglaterra decretou que os cidadãos alemães ou austríacos não podiam residir no país, nem como refugiados. O casal conseguiu viajar até aos EU, onde viveram quase sem nada durante meses.

Mais tarde graças ao espírito empreendedor do seu cunhado Bernard abriram um fábrica de lanifícios semelhantes às que os Nazis lhe tinham confiscado na Europa com predominância para as roupas em cachemira, cuja marca Bernard Altmann foi uma das mais prestigiadas no mundo da moda nos anos 50-60. O meu Pai teve uma camisola desta marca, linda e macia como nenhuma.

Vi vários documentários que aqui vos deixo onde se pode descobrir esta Mulher, inegualável, com uma  doçura, classe e distinção acima de qualquer descrição.
É um prazer ouvi-la durante mais de uma hora a ser entrevistada por uma jovem da família Rotschild ou ver factos reais sobre a sua luta para recuperar os quadros de Klimt, roubados à família em 1938. O inglês é muito claro e pausado.




Entretanto através do Kindle adquiri  também um livro publicado há três anos The Accidental Caregiver- How I met, loved and Lost Legendary Holocaust Refugee Maria Altmann, escrito por Gregor Collins, um actor no desemprego, que aceitou o lugar de assistente e "caregiver" em sua casa nos três últimos anos de vida.  Maria faleceu com 94 anos em Los Angeles.

O livro escrito sob a forma de diário é fascinante e com um sentido de humor encantador.

Ainda há tanto por descobrir....


quinta-feira, 4 de junho de 2015

Gold woman - a incontornável Helen Mirren

Cada vez mais me fascinam filmes baseados em acontecimentos verídicos e há histórias de vida muito mais interessantes do que ficção. A ficção permanece no celuloide, a vida real continua e é mais impressionante.

Hoje fui ver o filme Mulher de Ouro, que se estreou. A minha filha já me tinha falado nele, pois já o viu há umas semanas em Leeds e gostou muito.


O que me seduziu mais no cartaz foi a actriz principal: Helen Mirren.
Admiro-a já há muito e até de séries da BBC como o Prime Suspect, que comprei em DVD pela Amazon. É uma pessoa atraente , sem ser bonita, com uma personalidade cativante, mas cheia de personalidade. A sua performance em A Rainha valeu-lhe um Óscar mais que merecido, embora não tenha sido o filme dela que mais me cativou.


A mulher de ouro é o retrato de Adéle Bloch Bauer pintado por Klimt em 1905, pertença duma família de judeus abastados, negociantes e patrocinadores das Artes, que viviam em Viena num  ambiente aristocrático e num apartamento recheado de obras primas.
Na 2ª GG, os nazis fizeram um convénio - Anschluss -  com a Áustria e apossaram-se de milhares de obras de arte dos judeus, espoliando as suas casas e pertences e enviando-os para o exílio forçado ou para campos de concentração. Houve alguns que conseguiram escapar antes da razia total dos anos 40 fugindo para os EUA, que os acolheu sem terem nada de seu.

Curiosamente muitos deles conseguiram reconquistar a sua posição social e prosperar em negócios altamente inovadores, como lanifícios e outras indústrias. Neste caso, Maria Altmann, a protagonista principal do filme, instalou-se com o seu marido em Los Angeles, onde singraram no negócio de camisolas de cachemira, desconhecidas nos EU.

O filme narra a odisseia de Maria, sobrinha de Adéle,  durante as décadas de 80 e 90 - para recuperar os quadros de Klimt, que ela recordava dos seus tempos de criança e adolescente. e que estavam expostos na Belvedere Gallerie em Viena.

Um outro filme foi feito em 2007, contracenando as pessoas reais descritas neste filme. É um documentário e chama-se Stealing Klimt.

Nada mais conto para não tirar o suspense a quem não viu o filme.

Os críticos dão 1 estrela a um filme que me empolgou do princípio ao fim. A música de Hans Zimmer ( lembram-se de Gladiator?) é arrebatadora, os cenários lindíssimos, os flashbacks muito bem enquadrados, as personagens credíveis. Falta-lhe talvez um pouco de profundidade, o humor é um pouco forçado por vezes, mas o tema é interessante e tratado com delicadeza.

Saí de lá ansiosa por saber mais sobre a família Bloch-Bauer que desconhecia em absoluto.

Hoje em dia gosto sempre de pesquisar sobre personalidades e factos históricos. Estes filmes apaixonam-me.


Vão ver... se gostam de histórias reais. E da Helen Mirren. E da música colossal de Hans Zimmer. :)

terça-feira, 2 de junho de 2015

The best of boats and the sea

Aderi a este grupo há semanas e cada vez ando mais entusiasmada com as fotos relacionadas com barcos e com o mar ( faróis, costas, ondas, etc), um mundo lindíssimo pelo qual sempre senti um fascínio, seguindo o exemplo do meu Avô materno que era oficial de Marinha e escreveu sobre a relação dos Portugueses com o mar, sobre os descobrimentos e colonizações na India e em África.
A minha Mãe , que não sabia nadar, era uma apaixonada por tudo o que lembrava o mar e até escolhia quadros sobre esse tema preferencialmente.

Cedo comecei a adorar a praia,  de tal modo que só saía da água gelada de Carcavelos com os lábios roxos e porque me obrigavam. Era destemida e até me arrisquei demasiado muitas vezes, sendo enrolada pela rebentação numa manhã de marés vivas.

Quando me dão a escolher onde passar alguns dias fora de casa, prefiro um local perto da praia acima de todos os outros.

O cenário, o cheiro a maresia, a neblina, o horizonte sem fim, o canto das ondas, o piar das gaivotas, a areia dourada....tudo me atrai. Sem mar não conseguia viver...ou viveria muito mal. Mesmo quando estive a viver em Chaves, vinha ao Porto e ia até Leça ao domingo para olhar o mar. Era uma necessidade.

Esta semana o tema das fotos é  Close-ups- Boats B&W, ou seja macros de barcos a preto e branco.

Duas das minhas fotos foram seleccionadas já esta semana e tenho mais três de que gosto muito.

Aqui ficam , juntamente com uma canção que adoro dos Beach House: On the sea. 

O vídeo é curioso, um conjunto de desenhos a preto e branco a condizer com as minhas fotos.

Come aboard!!







segunda-feira, 1 de junho de 2015

Problemas

Não tenho escrito no blogue porque não me tem apetecido.

Vários factores contribuíram para essa ausência e se hoje escrevo, não é porque tenha visto ou fotografado nada de novo, mas porque tenho necessidade de desabafar.

A vida às vezes é complicada.

O meu filho que é Juiz teve de preencher os impressos para o Movimento que vai haver este ano. Levou 17 horas a fazê-lo. Parece incrível, não é?
Há umas 1600 vagas em comarcas do país e ilhas e ele foi forçado a classificá-las de acordo com as suas prioridades, desde a 1ª até à última, rezando para que não lhe dêem Porto Santo ou Flores, Seia, Sabugal ou Beja, entre outras. Até Julho vai ser "suspense", sem saber o que lhe caberá em sorte.
Há 4 anos que muda de comarca todos os anos. Em Setembro recomeça o trabalho de novo, com novos colegas, funcionários e casa arrendada para onde leva o essencial. Nunca sabe para onde vai ao certo, depende das listas e da antiguidade.

Pergunto-me como é que uma pessoa nesta situação pode constituir família, aspirar a estabilidade e paz de espírito. Os processos são aos milhares, os dramas familiares tiram-lhe o sono ( literalmente), as crianças institucionalizadas, as abusadas, as negligenciadas preenchem-lhe a mente ainda jovem.

Fala-me disso ao de leve quando nos encontramos aos sábados. Nesse dia procura lavar a alma e descobrir algo de bom que ainda persista em existir. Rimo-nos de pequenas coisas. Entendemo-nos bem. Ele foi sempre o meu filho mais próximo.


Hoje pensei nisto tudo enquanto deambulava pelo Botânico. Nem sequer levei a máquina fotográfica, tinha necessidade de espairecer.
O jardim botanico está, também ele, abandonado, parece que acabaram as obras, mas esqueceram as plantas, que são razão de ser deste local.
O jacarandá já começou a florir e talvez lá vá um destes dias fotografá-lo, é uma das minhas árvores favoritas. A árvore-chama estava linda, vermelha no meio do verde quase tropical das palmeiras e bananeiras. Esta foto foi tirada em 2012.

Senti a minha angústia projectada nas rosas sequiosas...