quinta-feira, 31 de março de 2016

Regresso a Serralves


Ando numa de turismo no Porto.
Sinto-me bem depois da operação, que me restituiu bastante mobilidade, ainda que não possa fazer grandes esforços , nem estar muito tempo em pé. O problema não está na coluna, mas nos joelhos, que continuam a ter artroses e sofrem com o peso. Mas já ando bem 1km em plano e subo escadas sem muito esforço. Descer é pior, mas a minha filha ajuda-me sempre.




Hoje fomos a Serralves, o santuário da cidade, que agora na Primavera nos oferece panorâmicas maravilhosas das árvores a ressuscitar depois dum curto inverno com muita chuva e sol. Vê-se que estão felizes e que a chuva só lhes traz vida. Há árvores seculares, como o liquidambares, que têm folhas na parte inferior e ainda estão descarnadas e esguias lá no alto.
Não há muitas flores neste jardim, não é como o botânico, as espécies são quase todas verdes, mas as glicíneas já se apresentavam lindas na Casa de Chá, vazia de público.

Há quem goste de ir a Serralves nos dias de Festa. Prefiro pagar os 10 euros e disfrutar do museu e jardim só para mim...o canto dos pássaros é único, sem o barulho da VCI que tanto me incomoda no J. Botânico. A paz que se respira é extraordinária e, mesmo que as amostras culturais nunca me satisfaçam plenamente, só a visita àquele parque dá para recarregar baterias durante muito tempo. O sol com nuvens tb é extremamente fotogénico, os jogos de luz e sombras maravilhosos.

As exposições não são nada de extraordinário, embora a de Wolfgang Tillmans me tenha impressionado pela qualidade e tamanho das fotografias, tiradas com máquinas digitais da 1ª geração, quando ainda não havia Photoshops nem impressoras a laser. Dedicarei nova entrada a este assunto, pois creio que as minhas fotos agradarão à maior parte dos leitores deste blogue.

Foram duas horas apenas a passear. Mas é neste tempo de Primavera que se enche a alma de poesia e de sonho.


segunda-feira, 28 de março de 2016

Nevoeiro e séries policiais

Hoje está mesmo um dia para ressaca.


Da minha janela vê-se mal a rua e as árvores perdem-se no nevoeiro. Há pouco tirei umas fotos que contrastam com as de sol luminoso que ainda ontem nos encheram de alegria.

As festas acabaram, há uma tonalidade triste no ar e choveu todo o dia...

Dormi grande parte do dia, pois, não conseguindo adormecer às 2, tomei dois comprimidos em vez do habitual. Hoje estou meia pedrada, mas condiz com o tempo taciturno e triste.

Ontem acabei de ver a série "And then there was none" extraído do romance policial de Agatha Christie, que li aos 12 anos e me impressionou imenso. A série da BBC é tenebrosa e cria um ambiente de verdadeiro mistério para quem não sabe como se desenrola a história.



Fiquei com curiosidade de verificar as mudanças entre o romance e  a série - mínimas até agora - e comprei o livro pelo Kindle por apenas 7 dolares.

Já não lia um livro da A. Christie há mais de 50 anos!!! Nunca me apaixonou muito o estilo de policial dedutivo, ainda hoje prefiro séries policiais de investigação, mas li tudo na colecção vampiro que a minha  mãe comprava religiosamente. Pensei muito nela ao ver estes três episódios da série, ela adoraria o inglês e a sobriedade da produção.

A Fox Crime é o canal que mais prazer me dá. Não só pelas séries, mas também pela curiosidade que desperta em mim e me faz querer saber mais....

A série está tão bem feita que fiquei completamente apanhada e não consegui dormir.... :)

Spooky, como diriam os ingleses!!

domingo, 27 de março de 2016

Páscoa - o milagre da Natureza

Considero que a Páscoa - este ano coincidente com a chegada da Primavera - é um tempo de exaltação, de renovação, de beleza e ressurreição. Mas não no tradicional modo como os católicos a celebram.
Para mim estar com e na Natureza é o melhor modo de celebrar esta ressurreição.

Quando era nova, praticava todos os actos aconselhados pelos meus pais e padres, cheguei a ir todos os dias da Semana Santa à Igreja dos Jerónimos que era a minha paróquia, lia os Evangelhos, sobretudo a parte relativa à morte de Cristo e acreditava na renúncia ao que mais gostava - doces e festas - na Quaresma.

Hoje já não acredito em nada disso, acho que não passa de tradição e embora aprecie um bom pão de ló ou folar, não sou nada esquisita no que se refere à família e obrigatoriedade de estarmos juntos neste domingo.


Por essa razão, achei muito bem que o meu filho e família fossem para fora todos juntos. Estive todo o dia com a minha filha - no ano passado passei a Páscoa sozinha - e jantei com os meus filhos mais novos aqui em casa, comida caseira, sem pretensões.
 

A minha Páscoa foi uma ida à Foz com direito a passeio a pé da praia dos Ingleses até ao farol onde o espectáculo era algo de feérico e indescritível. Vários malucos ousavam ir quase até à ponta do molhe, onde as ondas batiam fortes, fazendo repuxos altíssimos e perigosos.
Em dada altura, dois polícias começaram a mandar todos embora, mas enquanto lá estive, deu para tirar fotos magníficas.

Esta Foz é dos locais mais bonitos e variados que conheço, o Porto tem uma situação geográfica invejável. Muitos turistas andam nos autocarros embevecidos com a vista da nossa costa e do rio.

Como sempre, a minha filha e eu sentíamo-nos bem e em uníssono. Rimos, tirámos selfies, almoçámos juntas um prego no prato - nada pascal - e andámos imenso. Viémos de autocarro para casa , e nem o termos de esperar 25m pelo mesmo nos estragou a Páscoa...a espera na paragem do autocarro faz parte da festa!!

sábado, 26 de março de 2016

O caso Spotlight


Em tempo de Páscoa parece um pouco profano escolher um filme que retrata o trabalho duma equipa editorial do Boston Globe para desmascarar o silêncio da Igreja perante centenas de casos de pedofilia que tiveram lugar no seculo XX e XXI no seio das instituições tuteladas pela Igreja.

Já tinha visto um belíssimo documentário sobre a pedofilia na Itália onde também se assistiu a um silêncio cúmplice das dioceses e dos seus mandatários.

O esforço dos repórteres e jornalistas da equipa Spotlight, que já em anos anteriores tinha arquivado os documentos sem lhes dar grande importância, foi tão grande em 2001 e obteve tal resposta que os mesmos receberam o Prémio Pulitzer por relevante Serviço Público.

Para minha satisfação fiquei a saber que um dos "heróis" é português, Michael Rezendes, interpretado por Mark Ruffalo, nomeado para vários prémios, entre os quais o Óscar de Hollywood. O filme, aliás, ganhou o Óscar de Melhor Filme e melhor Argumento.

O filme é sublime porque não explora o tema dum modo emotivo ou subjectivo. Ninguém é mais importante do que os factos e a verdade. Os caminhos tortuosos das entidades eclesiásticas são descritos sem sensacionalismo, mas com sobriedade e até uma relativa distância.
O interrogatório às vítimas também não revela nada de íntimo ou de mais chocante. Temos de ler nas entrelinhas, sem ver imagens.
O filme tem um ritmo excelente, sobretudo nos ultimos 2/3, criando suspense q.b.

Gosto de filmes sobre vida real. Cada vez mais.
Gosto sobretudo do impacto que causam na sociedade, levantando questões que todos devemos conhecer e julgar.


sexta-feira, 25 de março de 2016

Maravilhoso

A minha amiga Manuela Lourenço enviou-me um vídeo que é um hino à Música e que me faz saudades, já que o meu filho João cantou na Carmen aos dez anos. Foi uma experiência única, ainda me lembro dele com uma camisinha aos quadrados e calções velhos a dar pontapés ( fictícios) no traseiro dos gendarmes.


Um fim de semana Santo!

quinta-feira, 24 de março de 2016

A Sagração da Primavera

Foi a cerimónia a que assisti hoje mais uma vez - alle Jahre wieder, diriam os alemães - no jardim de Sophia, cujo busto foi levado para não sei onde.

Uma verdadeira tarde de primavera com sol radioso e um céu azul que até fere. Um cheiro a glicíneas, a erva molhada, a alfazema...

Havia muita gente a passear, grupos de crianças duma escola, um ambiente que parecia dos tempos antigos quando a casa era habitada por uma das famílias mais abastadas e nobres do Porto.
Uma rapariga de vestido vermelho chamou-me a atenção, parecia ter saído dum quadro impressionista.





Senti-me feliz, apaziguada com a vida, grata por poder gozar a maravilha da paz nestes tempos conturbados. Pergunto-me como é que as pessoas habituadas a uma vida calma, mesmo que buliçosa, conseguem enfrentar momentos de pânico e terrorismo hoje em dia. Abstenho-me de tecer comentários sobre as instituições europeias e as medidas tomadas em relação aos acontecimentos porque nada sei.

Limito-me a reflectir, enquanto passeio pelas áleas repletas de flores de rododendro, azálea, malmequeres, camélias e estrelícias. Enquanto houver ar , espaço e água para estas flores desabrocharem, só posso dar graças por estar viva e poder disfrutar delas todos os anos até morrer.

Oiço neste momento, no Mezzo, Jordi Savall, o mágico da música antiga. Nunca me canso de o ouvir e de observar esta orquestra de instrumentos antigos, que parece saída da capa dum disco de vinil dos anos 50.


Aqui ficam as Folias de Espanha. Para ouvir enquanto se olha para as fotos.... :)

Dedico as flores a todos os meus Amigos que por aqui passam e deixam sempre palavras cheias de energia positiva:  Miss Smile, Gaby, Regina, Dalma, Manuela, Mário, etc.etc. Há tantos cujo nome desconheço....é uma pena!

segunda-feira, 21 de março de 2016

domingo, 20 de março de 2016

Hoje...o Porto

Hoje começa a Primavera e o dia está soalheiro, com nuvens, como eu gosto.

Havia muitas  pessoas na florista a comprarem ramos de flores!


Na próxima semana, muda a hora e as tardes já permitem passeios a pé até mais tarde. Gosto muito desta mudança e de sair ao fim da tarde até à Foz ou a Ribeira.




Domingo passado dei um passeio de teleférico em Gaia com a família toda

 e adorei ver a vista de cima. Paga-se 8 euros por adulto, as crianças até aos 12 nada pagam, de modo que valeu a pena.

Lá em cima tem um terraço, onde se podem tirar fotos magníficas e admirar esta bela cidade de Porto-Gaia...numa perspectiva diferente daquela que se tem em baixo.












Fica aqui um poema ao Porto, cidade que não é a minha, mas que adoptei e me adoptou. Já não mudava daqui para lado nenhum.

"A minha cidade"

A minha cidade não se chama Lisboa,
não tem cheiro a sul 
e nem por ela passa o Tejo,
mas como ela, tem nascentes
leitosas e marmóreas...
Na minha cidade os Poentes são de ouro
sobre o Douro e o mar; 
e só ela tem a luz do entardecer 
a enfeitar o granito...
Na minha cidade, tal como em Lisboa, 
há gaivotas e maresia 
mas não há cacilheiros no rio,
há rabelos 
transportando nectar e almas...
Da minha cidade nasce o Norte 
alcantilado, insubmisso 
e o sol, quando chega, penetra-a 
delicadamente, carinhosamente, 
depois de vencido o nevoeiro...
Na minha cidade também há pregões,
gatos, pombas, castanhas assadas e iscas 
e fado pelas vielas, pendurado com molas, 
como roupa a secar nos arames...
A minha cidade tem também tardes languescentes, 
coretos nas praças 
velhos jogando cartas em mesas de jardim 
e o revivalismo de viuvas e solteironas 
passeando de eléctrico...
É bem verdade que, na minha cidade, 
a luz não é como a de Lisboa, 
mas a luz da minha cidade 
é um frémito de amor do astro-rei 
a beijá-la na fronte, cada manhã!...

Maria Mamede

site http://mulher50a60.weblog.com.pt/arquivo/2005/01/a_minha_cidade.html

Poderia acrescentar mais umas linhas da minha autoria:

Da minha varanda não se vê o largo Tejo, nem os enormes transatlânticos
que outrora da minha casa eu via,
Mas da minha janela agora vejo sequóias e áceres centenários 
e, de noite,
sinto o perfume da maresia.

sábado, 19 de março de 2016

RIP Inspector Morse

Foi nesta semana que terminou a série fabulosa Inspector Morse, que nos apaixonou ( falo por mim) durante semanas. Foram transmitidos cerca de 33 episódios de 105-120m das 8 temporadas, que , infelizmente, terminam com a morte do protagonista.

Coincidência ou talvez não, o actor John Thaw, apreciado por milhões de pessoas que viram a saga, veio a falecer um ano depois, com apenas 60 anos.

A vida deste grande, enorme actor, que nos fascinava com o olhar duma profundidade e e azul impressionantes, é ela própria um verdadeiro romance.

Um pouco da sua biografia extraída do IMDB.
E para quem estiver realmente interessado em saber mais sobre o Homem por detrás da personagem quase mítica, um vídeo comovente.
Para quem não compreende inglês, aqui fica a referência a um blogue excepcional em português do Brasil: http://literaturapolicial.com/2015/09/16/longa-vida-aos-sherlocks-de-oxford/

Há séries que nos deixam saudades. Esta é uma delas.

He was the working class boy from Manchester whose intensity and natural honesty made him British television's most bankable actor. He studied at the Royal Academy of Dramatic Art. His first starring role on TV was as Sgt John Mann in Redcap (1964). His first great success, though, was as Detective Inspector Regan in The Sweeney (1975). Violent and uncompromising, the series changed the portrayal of police work on British television and was one of the defining dramas of the 1970s.
For Inspector Morse (1987), Thaw was yet again cast as a policeman, but this time a more cultured character than Regan. The leisurely-paced series, set in beautiful Oxfordshire, was Thaw's most popular and long-running project. 
John Thaw was a quiet, private man. His marriage to actress Sheila Hancock was generally regarded as one of the strongest in show business. When he died at the age of 60, the BBC website was inundated with tributes from the viewing public. His "Inspector Morse" co-star Kevin Whately simply described him as the country's finest screen actor.




quinta-feira, 17 de março de 2016

Os surfistas

Durantes estes dias que passei em Ofir, dei-me ao luxo de observar os laboriosos surfistas que, quer faça chuva ou faça sol, entram intrépidos por entre as ondas e andam por lá a surfar que nem doidos. Poucos conseguem pôr-se de pé e vir até à areia sem cair, Muitos andam apenas a fazer body board, ou seja a patinar dentro de água. Alguns conversam junto ao mar, outros fazem aquecimento, são bem constituídos e felizes.







Invejo a sério este tipo de entretenimento. Se houvesse surf no meu tempo, teria certamente ousado experimentar. Infelizmente, quando era jovem, só fiz esqui aquático, e andei em barcos dos amigos. Também remei muitas vezes no nosso barquito pirelli, que dava para duas pessoas e era um prazer.

Pergunto-me muitas vezes que mais modalidades aquáticas irão inventar. O surf é, hoje em dia, a grande moda e  tenho várias pessoas na família que o praticam regularmente.

É bem melhor que ir para o café ou estar em casa agarrado ao laptop, como eu!!

quarta-feira, 16 de março de 2016

Acordar

com esta vista da minha janela e varanda todos os dias é suficiente para me pôr feliz.


 A vida quotidiana cansa.
O ramerrame casa, meninos, televisão, volta ao quarteirão, dedos de conversa no café, bate-papo com a empregada 3 xs por semana, um cineminha de 15 em 15 dias, ida ao shopping para  abastecer-me...e nada mais.
Tudo limitado, sem grande chama nem horizontes.


Aqui respiro, aqui sinto-me gente e parte da natureza, aqui acredito que há mais vida para lá do Campo Alegre.

Os pinheiros nem bulem, não há pinga de vento, o céu está dum azul pleno com uma leve neblina, oiço as ondas a quebrar no areal, lá em baixo a minha filha aventura-se a mais um banho de piscina que deve estar a 14º. brrrr.....

Vou ter com ela não vá ela virar bloco de gelo.

 Vou andar, respirar fundo, gozar mais este dia glorioso e agradecer por estar viva....

terça-feira, 15 de março de 2016

Nicolau Breyner




Faz parte do meu imaginário cinematográfico, televisivo, show musical, revista à portuguesa. Admirava a sua postura de Homem com princípios, mas liberto de preconceitos. Era uma pessoa de carne e osso, que apaixonava qualquer um, por quem se sentia empatia natural e sedução até.
Tinha a idade do meu irmão mais velho e a minha Mãe costumava dizer que eles se pareciam um com o outro, embora não houvesse nenhuma relação familiar.
Há actores que nos atraem, outros que nos repelem, independentemente dos papeis que encarnam. Nicolau Breyner convencia-nos e, sem querer, tomávamos o seu partido. Lembro-me da sua personagem em LoucoAmor, a última novela que vi com ele, onde a coragem se alia ao seu carisma.

Veremos Nicolau muitas vezes mais...dizer adeus é que custa!

EU NÃO TENHO MEDO DA MORTE, TENHO PENA É DE NÃO VIVER!

quinta-feira, 10 de março de 2016

Caminhar

Foi ordem do médico.

Quanto mais, melhor para a coluna que, pelos vistos, não se compadece com posições confortáveis como sentada ou deitada. A dificuldade está em caminhar sem escorregar ou aguentar muito tempo os joelhos a suportar o peso do corpo. Não está fácil.


Mas tento. Todos os dias agora dou uma volta de meia hora pelo Botânico ou pelas ruas aqui à volta, vou à Baixa ou à Foz. Andar a pé era coisas que não fazia há meses e deslocava-me sempre com dores. Ando bem sozinha e ao meu ritmo. Nada pior do que querer acompanhar o ritmo de outras pessoas que se movem como passarinhos, fico extenuada ao fim de cinco minutos. A experiência é boa, mesmo espiritualmente.

Hoje levei o meu iPad em vez da câmara fotográfica e as fotos ficaram estranhas , mas belas. O céu
de Março tem estado muito especial, acho que nunca vi céus tão lindos aqui no Porto.
Na próxima semana vou para Ofir e já imagino as imagens do mar com nuvens ao pôr do sol. Can't wait!