domingo, 31 de dezembro de 2017

The world of Steve McCurry


Há cerca de 30 anos foi publicada na National Geographic Magazine uma fotografia que impressionou o mundo inteiro. Tratava-se de uma rapariga afegã, apanhada de surpresa por um fotógrafo inglês, que visitava a sua escola. A expressão do seu olhar, semi-incrédula, semi assustada correu mundo e catapultou o autor para a fama, que já era alguma.

Ontem fui ver a Exposição na Alfândega do Porto. É impossível descrever as sensações que me assaltaram naquelas duas horas. O local é magnífico, a apresentação brilhante, a luz adequada, o ambiente óptimo.

As fotos são o que são. Entram por nós adentro, deixa-nos sem fala, desejosos de saber mais. Isso é possível com algumas, se tivermos um controle remoto que nos narra a história da fotografia pelo próprio autor. Fascinante.

Há muito tempo que não tinha experiência cultural deste calibre. A exposição acaba hoje, mas gostaria de a ter visto mais duma vez. Vale bem a pena.

Nos anos 90 comprei um livro Portraits de Steve McCurry da Phaidon e ontem estive a rever as fotos. Muitas não estão nesta exposição que abarca outros temas como a guerra, os refugiados, a religião, os costumes, a família, a pobreza dos países mais variados.  São rostos que ficam, imagens eternas.

Ficam aqui algumas das fotos que tirei.










A minha filha foi comigo. Aqui está ela no décor da exposição.  Apetecia-me fotografar :)



quinta-feira, 21 de dezembro de 2017

A ausência



Poema de Natal
Vinicius de Moraes

Para isso fomos feitos:
Para lembrar e ser lembrados
Para chorar e fazer chorar
Para enterrar os nossos mortos —
Por isso temos braços longos para os adeuses
Mãos para colher o que foi dado
Dedos para cavar a terra.
Assim será nossa vida:
Uma tarde sempre a esquecer
Uma estrela a se apagar na treva
Um caminho entre dois túmulos —
Por isso precisamos velar
Falar baixo, pisar leve, ver
A noite dormir em silêncio.
Não há muito o que dizer:
Uma canção sobre um berço
Um verso, talvez de amor
Uma prece por quem se vai —
Mas que essa hora não esqueça
E por ela os nossos corações
Se deixem, graves e simples.
Pois para isso fomos feitos:
Para a esperança no milagre
Para a participação da poesia
Para ver a face da morte —
De repente nunca mais esperaremos...
Hoje a noite é jovem; da morte, apenas
Nascemos, imensamente.



segunda-feira, 4 de dezembro de 2017

Hoje de manhã






Hoje de Manhã Saí Muito Cedo


Hoje de manhã saí muito cedo, 
Por ter acordado ainda mais cedo 
E não ter nada que quisesse fazer... 

Não sabia por caminho tomar 
Mas o vento soprava forte, varria para um lado, 
E segui o caminho para onde o vento me soprava nas costas. 

Assim tem sido sempre a minha vida, e 
assim quero que possa ser sempre — 
Vou onde o vento me leva e não me 
Sinto pensar. 

Alberto Caeiro