quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Prémio merecido - Domingos Loureiro


Foi meu professor durante quase dois anos na Utopia, donde guardo grandes recordações de amizade, proximidade, calor humano e aprendizagem de Arte.

O Professor Domingos Loureiro é uma pessoa excepcional com um currículo invejável, que não o impede de ser uma pessoa acessível, calma, sorridente, extremamente culto e superior no bom sentido. Gostei muito de ser sua aluna.


Quando fiz a primeira exposição no Vivacidade "Cor em Movimento", pedi-lhe que dissesse umas palavras para a introduzir, a que ele imediatamente acedeu. Mais tarde ofereceu-me o texto escrito, cujo extrato coloco aqui por me tocar muito fundo.

A pintura de Virgínia Barros é mais um modo de pulsar do que um modo de representar.

Se imaginarmos os caminhos que esta luta envolve talvez tenhamos dificuldade em encontrar uma definição ou uma gaveta onde colocar a sua obra, porque ela é sem duvida uma forma de sair desse mesmo mundo de definições objectivas. Ela é no seu sentido mais básico, simplesmente pintura, simplesmente respirar, simplesmente sentir. Nunca nos interrogámos porque inspiramos e expiramos, nem porque amamos e (também) odiamos. Sabemos apenas que dependemos disso para continuarmos vivos, para nos sentirmos vivos.

Hoje soube que lhe foi atribuído o Prémio Gustavo Cordeiro Ramos pela Academia Nacional de Belas Artes. Fico muito contente.

MUITOS PARABÉNS, PROFESSOR!


Neste site podem ver algumas das suas obras notáveis: http://www.weart.pt/index.php/artistas/item/8-domingos-loureiro


quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Best Photo of the Day

Este site no Facebook é especializado em fotografia. Todos os dias o tema é diferente e enviamos uma foto que, depois de analisada, pode ser selecionada para o grupo das melhores fotos do dia.

Já tenho sido selecionada mais de uma vez , mas penso que nunca puz aqui a notícia.

Hoje e porque as fotos são mesmo muito belas resolvi pôr a colagem final e a minha foto, tirada na estação da Ferradosa quando esperávamos o comboio para o Porto.



Nunca mais esquecerei aqueles momentos, o silêncio e a paz daquele local. Estou morta por lá voltar, tanto mais que o meu filho há mais de 4 semanas que não consegue vir, dado o volume de trabalho que tem na comarca. As pessoas não imaginam as horas e horas que um Juiz passa a resolver casos de vida, alguns bem dramáticos, que nada têm a ver consigo.

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Um quadro que nada tem a ver com outono :)


Homeland - Segurança Nacional




Tenho descarregado esta série ao Domingo imediatamente depois de ser transmitido nos EU - à 1 da manhã aqui. Ontem vi o 5º episódio da 3ª temporada às 3 e deitei-me quase às 4.

Confesso que me está a desiludir um pouco, pois uma história que era coerente, extremamente tensa, e com suspense até ao último segundo, transformou-se em episódios muito focalizados em poucas personagens, muito obsessivos e previsíveis.


A personagem central, interpretada por Claire Danes, torna-se cansativa , o seu rosto deixa de ser novidade e já não atrai, as suas relações com os agentes da CIA e Co. repetitivas.
Fizeram desaparecer o actor principal, Damien Lewis,  actor britanico, que , para além de ser um sedutor, era uma personagem cheia de carisma e mistério. Foi um tiro no pé.

Fico apreensiva quanto ao desenrolar dos próximos episódios. Será que vai acontecer , como na série 24, um vazio de ideias e estragação de bons actores??? espero que não!

Quanto a Downton Abbey, também perdeu um pouco do seu brilho com a morte prematura duma personagem central, mas a vida continua e a evolução dos costumes da época é muito bem retratada como sempre.

Fico sempre com "saudades" dos actores que desaparecem….. :)

domingo, 27 de outubro de 2013

O sol do outono

Não há descrição que chegue à experiência.

Passar três horas na Foz após um belo almoço na Máscara - fondue grelhada com molhos variados,  o sol a dar na nossa mesa e o azul do mar do outro lado - depois uma longa "sesta"na esplanada, contemplando as ondas sempre coniventes com o bom tempo, as gaivotas inquietas que tão depressa se lançam em vôo planado, quase vindo a tocar-nos,  como se quedam impávidas no cimo duma rocha, olhando as pessoas anónimas que passeiam na praia, portuguesas e estrangeiras  gozando a maravilha






 deste sol quente, as crianças felizes,  saltitando nas rochas ou posando para as fotos dos pais babados, os barcos à vela ao longe, elementos estéticos nesta paisagem, tudo isto nos enche de paz e certezas. Enquanto puder ver este espectáculo domingueiro, sou feliz.

Vale a pena sair de casa - onde tenho passado dias e dias, devido à minha dificuldade em andar e também devido ao trabalho em mãos que não dá tréguas - e deslocarmo-nos de autocarro até à Foz. Não mais de dez minutos e ali estamos no Paraíso por 90 cêntimos. Tal como os velhotes que dão tudo por uma tarde soalheira no quentinho da Foz. O sol aqui , quando nasce, é mesmo para todos.








Hoje, ainda, ouvi música durante mais de uma hora pelo iPod da minha filha. Os Muse, uma das bandas modernas que mais me impressiona, conseguem sempre coadunar-se com a beleza da paisagem e até emprestar-lhe mais dramatismo.



Downton Abbey

Transmitem-na aos Domingos em Inglaterra.
Na 2ª já a tenho no meu laptop igual a si própria.

Não me canso desta série, das personagens, e sobretudo dos olhares, das expressões, dos silêncios, das interpretações magistrais no ecran.


Não me canso daquela paisagem, que dizem ser o Yorkshire que eu tanto amo.

Haverá séries mais vertiginosas como Homeland - que também me entusiasma - outras mais familiares como Parenthood, de que já falei aqui e bastante. Mas não há nenhuma série tão digna, tão sensível e tão arrebatadora como Downton Abbey.

Vejo e torno a ver...


quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Tempo para pintar

Olho pela janela e só vejo as árvores a contorcerem-se com o vento e a chuva a cair desabaladamente. Não há nesga de sol, embora, de vez em quando, o céu pareça um pouco mais claro suspirando por mais luz.

Na TV avisam-nos de que o território está sob alerta laranja -  cor linda, mas também conotada com o estado do país (!),  - os carros deslizam em estradas alagadas, há casas inundadas, sempre nos mesmos locais, que todos os anos são mártires. A Figueira da Foz parece Veneza sem palácios...

Parece que finalmente vai aparecer o guião da reforma do Estado. Tudo contra a função pública. São eles ( nós) os culpados das gorduras e nada melhor que cortar a doer. Pergunto: e se isto não resultar?

Entretanto, vou pintando algumas caixinhas para descontrair do trabalho.

Cá estão elas.


Pintar eleva....faz-nos bem à alma....




terça-feira, 22 de outubro de 2013

Este outono que quase é outono

mas não o é na realidade.
As árvores do "meu jardim" ainda estão bem viçosas e verdejantes, depois da chuvada de ontem que quase as arrancava com raíz. Chovia e ventava loucamente ontem à noite, os relâmpagos iluminavam a Casa Andersen, de vermelho vestida, os ramos contorciam-se numa dança quase macabra.





Mas hoje, e apesar de estar a prometer mais temporal, o jardim parecia calmo, vazio, convidativo e , se não fora este maldito joelho que ainda me tortura, encontraria a paz.  Dou dois passos e sinto logo dores, estou de pé e vacilo, tenho tonturas e confirmo a minha condição. Não melhorei significativamente, embora já não durma tão mal.

Mas consegui admirar o jardim, mesmo numa época pouco interessante - nem é verão, nem outono - há uns indícios de mudança e até já há sinais do Natal.
Há um céu carregado de núvens e lampejos de um sol muito claro - quase inglês.

Até surge um gato - será das histórias de fada de Sophia?
As plantas acolhem-me como se fosse família.
 Devem pensar que fugi da cidade em busca da tal paz prometida.




segunda-feira, 21 de outubro de 2013

a cidade

Cidade


Sophia de Mello Breyner Andersen



Cidade, rumor e vaivém sem paz das ruas,
Ó vida suja, hostil, inutilmente gasta,
Saber que existe o mar e as praias nuas,
Montanhas sem nome e planícies mais vastas
Que o mais vasto desejo,
E eu estou em ti fechada e apenas vejo
Os muros e as paredes, e não vejo
Nem o crescer do mar, nem o mudar das luas.
Saber que tomas em ti a minha vida

E que arrastas pela sombra das paredes
A minha alma que fora prometida
Às ondas brancas e às florestas verdes.




sábado, 19 de outubro de 2013

A Late Quartet


Há críticos que deram uma estrela a este filme.

O público em geral deu quatro.





O que se passa neste mundo do cinema?  Para que é que se escrevem críticas? Para fingirmos que somos uns blasés e que nada do que aparece no ecran vale um chavo?

Ou será que o mundo do cinema , o verdadeiro, visto no escuro no silêncio duma sala vazia, é uma experiência pessoal, privada, sem vontade de compartilhar, mas antes de absorver e deixar-se enlevar, rir e chorar, sentir infinitamente, esquecer quem somos, o que somos, onde somos?

Hoje vi um filme que me tocou profundamente. Mas que pode não tocar aos outros. Àqueles que são blasés de cinema e que só gostam de intelectualidades sonantes ou filmes de países exóticos porque é in, porque estiveram nos festivais de Veneza, Berlim ou Cannes.

Um filme sobre música clássica, que segundo um crítico, só pode agradar a quem goste de Beethoven ou dos actores. Uma blasfémia porque, para além de Beethoven, há inúmeras razões para se gostar deste filme.


Tem pausas. Tem silêncios. Tem rostos. Instrumentos que falam. É um filme sobre música feita em conjunto, envolvendo pessoas e vidas. Música que transforma as pessoas e que as limita simultaneamente. Música que fere e desgasta, mas sem a qual não se pode viver. É um filme lindo, tocante, com interpretações fabulosas de actores que nunca nos desiludem. Um filme a ver e a rever.

E que tem Beethoven.

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

The Power of Hope

Hoje encontrei um site muito interessante sobre campos de férias para jovens de todas as raças, religiões, etnias, estratos sociais, etc. que durante uma semana convivem com adultos do mundo das artes e não só promovendo workshops de expressão artística, debates sobre multiculturalismo, literacia mediática, educação para o ambiente, dança, justiça social, etc.

As famílias podem reunir com os seus filhos e amigos todas as noites e cooperar nas actividades propostas.



Estes campos já começaram em 2007, mas o seu sucesso fez com que se estendessem a várias zonas do Canadá, USA e Inglaterra. Seria fantástico promover este tipo de acções cá em Portugal, onde vivemos em casulos e os jovens poucas ocasiões têm para lidar com outros jovens de estratos sociais diferentes e mesmo raças e etnias variadas.
Este tipo de experiências fazem com que os jovens desenvolvam qualidades diferentes das que são incutidas nas escolas, onde há muita competição e pouco entendimento.


Lembro-me que a minha filha foi há muito anos passar 15 dias em

Alfândega da Fé num campo de trabalho onde só ela era portuguesa e adorou a experiência, apesar do calor que se sentia em Agosto. O meu filho também esteve na Alemanha a recuperar um castelo - tratando da eletrificação circundante e a estadia fez-lhe bem em todos os sentidos.
Quando era jovem era avessa a campos de férias, mas gora penso que os jovens têm mais abertura e independência.















quarta-feira, 16 de outubro de 2013

All work and no play makes Jack a dull boy

Dizem os ingleses que só trabalho e nenhuma distracção fazem do João um chatarrão!! ( tradução livre)

Estive a ver um daqueles programas americanos de transformação de casas por solidariedade, colaboração de uma comunidade, horas de trabalho que não são pagas, famílias com problemas que se tornam famílias felizes, tudo num American Dream, meio piroso, meio consolador e esperançoso num mundo melhor.
Como sabemos que há milhões de pessoas no mundo que precisariam de ajuda e não a têm, ficamos perplexos sem saber se havemos de dar graças a Deus porque alguns conseguem o milagre de mudar as suas vidas e superar as suas adversidades ou se devemos perguntar ao mundo o que deve fazer por todos os outros que nada têm e nem futuro para onde olhar.

O programa de Inglês do 11º ano é pesado, os temas têm todos a ver com problemas sérios: multiculturalismo; trabalho ( e a falta dele); consumismo; ambiente.

Acabámos ontem de escrever o manual propriamente dito e sinto que nele extravazámos o nosso desejo de que o mundo melhore, quer na escolha dos textos, quer nas atividades propostas, quer nas sugestões de projectos a levar a cabo pelos alunos.
Sem querer ser paternalistas, procurámos dar uma imagem do mundo positiva, que ajude os alunos a pensar mais fundo nestes problemas que assolam a sociedade. Não sei se conseguimos os nossos objectivos , mas tentar não custa.
Ainda temos muito que fazer pois um projecto não se resume ao livro do aluno, ainda há muitos outros elementos a acrescentar, por vezes ainda mais trabalhosos e criativos. Mas o principal está feito....

Tenho estado em casa, quase sem sair à rua, até porque chove e tenho medo de escorregar....estou um pouco temerosa, embora me sinta bem melhor. Ainda não ando bem, ainda me doi o joelho, não consigo estar de pé muito tempo, mas acho que melhorei a performance. Oxalá daqui para a frente seja só melhorar ainda mais. Trabalhar é uma benção neste caso, pois distraio-me e nem me faz falta sair e ver coisas. A casa está cosy, sinto-me aqui bem, a minha filha aparece quando lhe apetece, traz jantar, coisas do supermercado e faz companhia no seu modo calmo e silencioso.

Graças a Deus, tenho um sustento e um lar, mesmo que para o mês que vem já vá receber menos da minha pensão. Sou uma felizarda.

domingo, 13 de outubro de 2013

Chuva










Um dia de chuva é tão belo como um dia de sol.
Ambos existem; cada um como é.

fernando pessoa

Seis da manhã - Memórias do meu Avô

Acordei há uma hora como se tivesse dormido a noite inteira. Deitei-me eram 2 da manhã, de modo que dormi apenas três. Não conseguia estar na cama....
Acabei agora mesmo de ler o livro sobre o meu Avô, escrito pelo meu Irmão mais novo e apresentado há uma semana. O meu filho esteve no seu lançamento na Sociedade de Geografia e comoveu-se extraordinariamente com a presença de inúmeras pessoas da família e outras que ele não conhecia, todos interessados num livro biográfico - mas não só - que levou, segundo o meu Irmão, oito anos a compilar, a selecionar, a recortar e a comentar.

O que gosto neste livro é do equilíbrio entre a aproximação e o distanciamento que o meu irmão, enquanto narrador, consegue estabelecer nos diversos capítulos do livro.

Há capítulos que analisam momentos históricos e que nos são descritos pela mão do meu Avô,  um homem nascido em Goa, onde viveu até aos 25 anos,  patriota, viajado, perfeitamente lúcido e crítico do seu país e do mundo em geral.  Pelo meio, surgem outros capítulos mais ego-centrados, onde a sua personalidade emerge, deixando-nos um testemunho luminoso mas pungente do dia a dia na "pútrida" Lisboa, que ele considerava um mundinho mesquinho e cheio de si, sem noção da sua pequenez e insignificância social.

O meu Irmão limita-se a comentar em notas de rodapé alguns enganos que, anos mais tarde, provariam como o meu Avô estava iludido, por exemplo,  quanto ao amor que a sua filha, demasiado ocupada com a casa, a vida profissional do meu Pai,  ou os seus oito filhos, ainda jovens e a frequentarem o liceu, lhe dedicava. O meu Avô não se conformava com a distância das pessoas que amava.

A vida corta sempre os laços entre pais e filhos por muito que os queiramos manter à nossa beira.  A distância entre a nossa casa no Restelo e a dos meus Avós era de uns dez kilometros, o autocarro levava meia hora e nem sempre tínhamos tempo para os ir visitar, mas, mesmo assim, muitas vezes almoçámos por lá, passámos tardes de sábado inteiras (que adorávamos) naquela bela marquise cheia de plantas lindas e peças indianas ou no seu escritório,um verdadeiro manancial de objectos com a marca do meu Avô, desde as caveiras que nos metiam medo até aos Mefistófeles esguios, Budas em várias posições, caixas de sândalo e uma estante giratória com livros encadernados e por vezes forrados por ele com letras douradas.
 O que me surpreendeu mais foi verificar pelas suas Memórias que o meu Avô foi um Homem muito só, apesar de estar rodeado de pessoas que lhe queriam bem. A sua argúcia levava-o a pintar o seu mundo dum modo hipercrítico, mas infelizmente, verdadeiro. Também a si próprio se julgava com severidade, sabendo no fundo que estava certo nas suas posições políticas ( exemplares), na defesa da sua pátria pela qual lutou ano e meio no palco da 1ª GG, nas suas posições religiosas, que compartilho inteiramente e na sua visão do mundo, deslumbrada por vezes, céptica amiúde, desapontada e triste quase sempre.
O meu Avô viveu quase um século nos períodos mais conturbados da nossa história, a sua experiência de vida era riquíssima e não conseguia ignorar a mediocridade dos novos governantes e senhores dos destinos do país, as suas vistas curtas, a ignorância total acerca da História e da importância de Goa, como único marco da grandeza do nosso país. O seu repúdio por Salazar é constante, reduzindo a sua
corte a um grupo de oportunistas ou mentecaptos, prediz a sua "queda" e um triste fim oito anos antes disso vir a acontecer. O meu Avô faleceu em 1963.

Um livro que todos devíamos escrever, ou seja, Memórias que todos devíamos deixar aos nosso netos para que eles saibam bem donde viémos, quem nós fomos e o que sentimos perante a vida.

Um livro que me deixa com mais vontade ainda de conhecer o meu Avô, que mais me une a ele e me dá certezas quanto às minhas raízes.
Não consigo deixar de estar grata ao meu Irmão por mais este feito, que demonstra também como, na nossa família, nos sentimos orgulhosos daqueles que nos precederam.

sábado, 12 de outubro de 2013

Parenthood

É uma fabulosa série sobre a família - sobretudo na qualidade de pais biológicos ou adoptivos - com uma profundidade e ternura absolutamente impares.


As pessoas tornam-se-nos familiares e amamos ou sofremos com elas problemas absolutamente reais que nos poderiam acontecer ou acontecem mesmo a nós. 
Revemo-nos nos pais dos quatro protagonistas principais, já a entrar na velhice, sempre solidários com os filhos, mas também com sonhos e frustrações próprias da idade.
Revemo-nos no filho mais velho, sempre prestável pra os irmãos,  mas com um estatuto e conduta que por vezes se torna difícil de acatar. Revemo-nos na filha mais velha, divorciada dum artista hippie, cujos filhos são extraordinariamente interessantes com os seus problemas graves, carências e afecto indescritível. 
Sofremos com a evolução do filho autista, que é uma ralação para os pais, mas que também lhes oferece momentos surpreendentes. Acompanhamos a adaptação duma criança hispânica numa das famílias aparentemente mais bem sucedidas com uma miúda superdotada, enfim, é uma panóplia de personagens e actores, já na 5ª temporada, que nos fascina e entretém, de quem temos saudades quando a série acaba e que nos regozija quando recomeça.
Apesar dos tiques americanos, que não são demais, não perderia esta série por nada desta vida. Estou feliz por poder descarregar e ver os episódios logo que eles surgem na TV americana, em inglês, sem legendas. Aprende-se muito assim. Aconselho a todos.

sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Pintura para espantar as dores

Ontem resolvi pintar uma caixinha de madeira, das várias que tenho aqui.

Quando passo num chinês, compro sempre umas tres ou quatro ( custam apenas 1- 2 euros), pois é bom ter uma prenda aqui para alguém que faça anos ou seja minha amiga em especial. No Natal também ofereço as minhas irmãs e sobrinhas.

Esta tem já traços outonais, embora eu, pessoalmente, não tenha ainda experimentado a mudança de estação, fechada que estou em casa.

Só espero poder andar para semana, pois adoro ir tirar fotos para o parque da cidade. Um dos meus sonhos é ir aos EU  a um daqueles locais onde as florestas ficam da cor do fogo, em tons maravilhosos. Não sei quando será. Mas sonho...

Entretanto vou criando aqui  o meu outono em caixinhas....


quinta-feira, 10 de outubro de 2013

A inacção

Há muito que não me sentia tão tolhida de movimentos. Custa-me a fazer tudo e agora percebo porque é que dantes se ficava na clínica durante uma semana depois das operações.
Em casa, temos a tendência a mostrar ( a quem?) que não somos piegas, que possuímos uma enorme coragem, que ainda estamos aqui para as curvas, que a velhice pode esperar e que o Céu é bom, mas é para os outros...nada de mais errado.

Há três dias que não saio de casa e mesmo assim, tenho feito tudo o que posso, desde regar as plantas até despendurar a roupa, tirar louça da máquina, arrumar o quarto, etc. Só tenho empregada 4 horas por semana e estou habituada a repartir tarefas com a minha filha. Ela não se apercebe muito bem quão mal eu estou, as dores que tenho ou o sacrifício que faço em me mover, as minhas dores não são forçosamente as dela, mas não levo a mal. Quando tinha a idade dela também não compreendia porque é que a minha Avó tinha tanta dificuldade em se levantar da cadeira e porque usava a
bengala para apanhar as coisas que lhe caíam do colo. Muito sofreu ela com reumatismo, às vezes penso se vou ficar assim até aos 93 anos!! Oh, no!!



O que me vale é o computador e a Internet. Nunca pensei que me fizesse tanto jeito e passo horas com ele no meu colo ( por isso se chama laptop) a trabalhar para o projecto, a pesquisar, a ler emails, a conversar no FB ou a ver alguma série que descarreguei. Já vi os dois episódios de Segurança Nacional ( Homeland), tenho três de Downton Abbey para ver, já vi dois de Parenthood, tudo em inglês. Adoro poder descarregar o que quero e ouvir a música que me apetece. Hoje em dia já nem vale a pena ter leitores de CD. Este meu laptop liga-se ao plasma e pode-se ver tudo na TV, embora eu prefira ver no ecran do pc.
Música prefiro ouvir pelo iPod a não ser que seja a do Mezzo ou Brava.

Quem imaginaria, há 20 anos, que hoje até se poderia convalescer duma operação sem tédio, nem depressão?

Se não houvesse dores, então, era o paraíso....