domingo, 26 de fevereiro de 2017

Funeral Blues



Stop all the clocks, cut off the telephone,
Prevent the dog from barking with a juicy bone,
Silence the pianos and with muffled drum
Bring out the coffin, let the mourners come. 

Let aeroplanes circle moaning overhead
Scribbling on the sky the message He Is Dead,
Put crepe bows round the white necks of the public doves,
Let the traffic policemen wear black cotton gloves. 

He was my North, my South, my East and West,
My working week and my Sunday rest,
My noon, my midnight, my talk, my song;
I thought that love would last for ever: I was wrong.

The stars are not wanted now: put out every one;
Pack up the moon and dismantle the sun;
Pour away the ocean and sweep up the wood.
For nothing now can ever come to any good.

W.H.Auden

                                C'est fini
                                                             Je ne peux détacher
Mes yeux de ton visage
Et ne peux m'empêcher
De penser à demain
Qui s'annonce déjà
Comme un mauvais orage
Qui lavera nos rires
A l'eau de mon chagrin

J'ai le coeur déchiré
Et j'ai mal de comprendre
Que les mots que tu dis
Veulent tous dire adieu
Je regarde sans voir
J'écoute sans entendre
Le chagrin me surprend
Debout silencieux

Je rêve de passé
Quand le présent t'emporte
Qu'il ne me reste plus
Qu'à te serrer la main
Je voudrais la garder
Mais nos amours sont mortes
A deux pas de mon coeur
Tu es déjà si loin

C'est fini fini fini fini fini fini fini

Se peut-il qu'un bonheur
Qui tenait tant de place
Et donnait tant de joie
Disparaisse à jamais
Effaçant de ta vie
Même jusqu'à la trace
Du moindre souvenir
Que l'amour nous a fait

Je ne sais comment faire
Et je ne sais que dire
Je veux paraître fort
Une dernière fois
Les larmes au coin des yeux
Je me force à sourire
D'un sourire forcé
Qui ne te trompe pas

Trop lâche pour mourir
Bien qu'effrayé de vivre
Je compte sur l'oubli
Pour trouver le repos
Il faudra m'habituer
Dans les années à suivre
A des jours sans ta voix
A des nuits sans ta peau

Charles Aznavour
                                                                              

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

Já não era sem tempo



Hoje recuperei dois quadros que estiveram numa Colectiva do Espaço Vivacidade há dois anos.
Nunca mais lá fui e até me esqueci deles, embora sejam dos meus favoritos.

Hoje lá consegui alguem para os ir buscar.

Sorri ao ver os meus " meninos".

Um deles, que intitulei de "Tulipa", é enorme e só cabe na parede aqui da sala ou no meu quarto. Desalojei o quadro dos "Moors" que já aqui estava há muito para o colocar na parede. É um pouco grande demais, mas para já fica ali.

O outro faz parte duma colecção a que chamei Earth, Fire and Wind.

 Foi dos primeiros que fiz na Utopia, onde aprendi a técnica dos líquidos.




Ambos estes quadros precisaram de espaço grande.

Nem sei como os fiz,  pois na altura, só na cozinha podia pintar.

Tenho uma mesa enorme que veio do apartamento onde o meu filho agora vive, de metal, muito útil para trabalhos de mãos. A mesa está toda pintalgada de acrílico, embora usasse uma resguardo protector. Até o estore corrido tem salpicos!!

No meu atelier a mesa de acrílico transparente que comprei no Norte shopping é óptima para pinturas mas está cheia de materiais e encostada à parede, o que não facilita.
Estes quadros não se podem colocar num cavalete, a não ser depois de secos, pois a tinta escorre toda pela tela. Há quem use essa técnica, mas eu não gosto.

Na Paleta tinham umas mesas com vidro por cima, que eram o ideal para pintar pois até se podiam misturar as tintas em cima da mesa, como se fosse uma paleta. Gostava de arranjar uma assim com rodas.

Fiquei contente com esta aventura artística. É que ultimamente só tenho pintado quadrinhos pequenos e já sentia a falta de algo mais.

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017

Pintar...



É o que me resta para me distrair...



O futuro


Fui dar uma volta pelo quarteirão, um dos meus passeios favoritos depois de almoço, àquela hora em que nos dá o sono e , se estiver em casa, adormeço no sofá.



Percorri parte do jardim botânico e parte do jardim da FCUP , que tem um portão aberto do lado poente. Permite a passagem dum lado para o outro e foi de lá que avistei uma magnólia absolutamente divinal encostada aos muros do edifício, onde em tempos era a FLUL, agora o departamento de Ciências dos Computadores, creio eu.












Havia alunos a almoçar cá fora, junto aos troncos cortados que servem de bancos. Foi lá que me sentei a contemplar as árvores - sempre a minha paixão e a recordar os belos tempos em que o meu neto Paulinho tinha ali o seu "escritório" debaixo dum grande salgueiro de ramos tombados. Muitas vezes foi para lá, coleccionando pedrinhas, pauzinhos, bichinhos e outras coisas valiosas. Ainda há riscos no tronco feitos por ele nessa altura. Hoje com 8 anos já não brinca desse modo, mas as Avós não se esquecem...









É sempre um prazer desfrutar deste tempo maravilhoso fora da época. Os turistas anteontem na Foz andavam doidos e até tomavam banho de mar...






Isto compensa-me de certo modo das visitas ao hospital, onde infelizmente tudo corre mal.
O meu ex-marido não melhora e pergunta-me qual o seu futuro. Eu retenho as lágrimas e digo-lhe: "Um dia de cada vez...".
Mas sei que um dia já não haverá mais futuro, só o vazio.













Porque não somos como as árvores, que duram anos e anos e se renovam em cada primavera, dão flores e frutos, perdem as folhas, mas voltam a renascer? Destino cruel o dos Homens.

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

Exposição caseira


Tenho pena de não dispôr dum espaço em casa com paredes grandes.

                 O meu atelier tem duas estantes, cheias de livros, papeis, materiais e quadros deitados, mas paredes nada. Só  há alguns espaços entre a janela e as estantes, o armário e a porta, onde tenho dois quadros grandes e as fotografias da exposição que em tempos fiz na Vivacidade.




                                 As paredes do corredor são grandes mas tem pouco luz, mesmo assim também tenho alguns quadros à vista. Ando sempre a mudá-los de sítio, só na sala conservo os mesmos por causa das manchas que acabam por marcar as paredes.

Como as aguarelas que tenho feito são relativamente pequenas, resolvi colocá-las todas numa das estantes em frente dos livros - que irão para destino incerto mais tarde ou mais cedo, pois são sobre o ensino do inglês e já não os uso há séculos.

Todas juntas compôem uma pequena exposição e parecem mais bonitas. Cada uma delas é diferente...e gosto de todas.

A vista da janela é um quadro em si mesma, também. Mesmo no inverno em que as árvores estão mais despidas, há sempre uma mancha verde que me alegra e inspira. Nesse aspecto sou uma privilegiada, pois tenho árvores dos dois lados da casa. Como é que posso não gostar delas?

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017

árvores- o meu tema favorito.

Os meus quadros mais antigos datam de 2008, que foi quando comecei a pintar na Paleta. Na altura nunca tinha pegado num pincel, a não ser na escola e não sentia especial apetência pela arte, mas pouco depois estava rendida ao prazer criativo.






Pintei muitos quadros figurativos antes de em aventurar nos abstractos. Pode-se dizer que estive dois anos só a pintar figurativos e sem grande entusiasmo pelas minhas "obras", que me pareciam pouco originais e empasteladas.



Algum tempo depois comecei a usar pasteis de óleo e aí, deu-se um volte-face, a inspiração veio, e pintei alguns quadros que considero belos.  As árvores continuaram a ser o meu tema preferido, embora o mar também me atraísse bastante.

Só comecei a fazer abstractos no novo atelier Utopia, mas a maioria foi executado em casa, onde tinha a cozinha por minha conta e podia experimentar novas técnicas à vontade. Datam daí os quadros maiores que produzi, alguns por encomenda duma loja em Valongo e que a





ainda aqui estão, pois à ultima da hora desistiram de mos comprar :(.

Ontem encontrei este de que sempre gostei e resolvi retocá-lo, de modo que ficasse mais alegre. Estava um pouco tristonho e baço.

Acho que ficou bonito. Chama-se:  Floresta.






terça-feira, 14 de fevereiro de 2017

HAPPY VALENTINE



Foto dum lírio da paz que tenho em casa

Shall I compare thee to a summer's day?
Thou art more lovely and more temperate;
Rough winds do shake the darling buds of May,
And summer's lease hath all too short a date;
Sometime too hot the eye of heaven shines,
And often is his gold complexion dimm'd;
And every fair from fair sometime declines,
By chance or nature's changing course untrimm'd;
But thy eternal summer shall not fade,
Nor lose possession of that fair thou ow'st;
Nor shall Death brag thou wander'st in his shade,
When in eternal lines to time thou grow'st:
So long as men can breathe or eyes can see,
So long lives this, and this gives life to thee.
–William Shakespeare

Se te comparo a um dia de verão
És por certo mais bela e mais amena
O vento espalha as folhas pelo chão
E o tempo do verão é bem pequeno
Às vezes brilha o Sol em demasia
Outras vezes obscurece com frieza;
O que é belo declina num só dia,
Na eterna mutação da natureza.
Mas em ti o verão será eterno,
E a beleza que tens não perderás;
Nem chegarás exausta ao triste inverno:
Nestas linhas com o tempo crescerás.
E enquanto nesta terra houver um ser,
Meus versos ardentes te farão viver.

                                                                                                                                Arnaldo Poesia

sábado, 11 de fevereiro de 2017

Temporal



Uma tempestade (do latim tempestate, "tormenta, agitação"), tormentatemporal ou toró é um fenômeno atmosférico marcado por ventos fortes, trovoadas, relâmpagos, raios e chuva, usualmente com duração de dezenas de minutos.

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2017

Nothing lasts forever

mas enquanto dura, temos de aproveitar.

Hoje estava um dia como eu gosto.

Todos os cambiantes de luz, o mar e o céu em sintonia, variando e dançando com as nuvens. Ondas altas, desdobrando-se em espuma até ao fim da areia.

Saí para ir ao café, mas acabei na Foz. Em boa hora.

As poucas pessoas que passeavam pela orla estavam extasiadas com o brilho cintilante do mar e a temperatura amena que se fazia sentir.

Almocei na Tavi, numa mesa à janela, frente ao mar.  Crepe de camarão - 7 euros. Maravilha.






Depois fui a pé até ao possível...um cordão de polícias não permitiam que se avançasse ou se parasse durante muito tempo na rua. Ou 8 ou 80.


O mar bravo ficava a uma grande distância, mas o que vale é que os nossos olhos vêem mais longe e os zooms das câmaras ou dos telemóveis conseguem fotografar o invisível.

Infelizmente não levei a máquina, pois não tencionava ir à Foz. Foi pena.

Mesmo assim tirei estas fotos que valem mais do que mil palavras.

Depois de contemplar o mar fui ao chinês comprar utensílios para a pintura, que cada vez me fascina mais.

Passei pelo Pingo Doce e a empregada disse-me com ar sorridente: Já viu o mar hoje? Está tão lindo. E quando o sol abre e o mar fica com riscas prateadas?
Respondi: Ainda bem que aprecia o que é bonito.










quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017

Tempo de aguarelas II

A criatividade é a única coisa que nos faz sentir vivos, nos momentos de "no return".








"Traveling Light"

I'm traveling light
It's au revoir
My once so bright, my fallen star
I'm running late, they'll close the bar
I used to play one mean guitar
I guess I'm just somebody who
Has given up on the me and you
I'm not alone, I've met a few
Traveling light like we used to do

Good night, good night, my fallen star
I guess you're right, you always are
I know you're right about the blues
You live some life you'd never choose
I'm just a fool, a dreamer who forgot to dream of the me and you
I'm not alone, I've met a few
Traveling light like we used to do

Traveling light
It's au revoir
My once so bright, my fallen star
I'm running late, they'll close the bar
I used to play one mean guitar
I guess I'm just somebody who
Has given up on the me and you
I'm not alone, I've met a few
Traveling light like we used to do

But if the road leads back to you
Must I forget the things I knew
When I was friends with one or two
Traveling light like we used to do
I'm traveling light

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017

Tempo de aguarelas




Ando em maré de aguarelas...

Ontem fiz esta num intervalo entre o hospital e a vinda dos netos.  Emoldurada em madeira castanha ficou bonita.

É uma lufada de ar fresco, aquela Natureza com que sonho no meio da cidade onde vivo.



Hoje fiz esta que é mais abstracta:




E continuo apaixonada pelos versos de Alberto Caeiro:



Ao entardecer, debruçado pela janela, 
E sabendo de soslaio que há campos em frente, 
Leio até me arderem os olhos 
O livro de Cesário Verde. 

Que pena que tenho dele! 
Ele era um camponês 
Que andava preso em liberdade pela cidade. 
Mas o modo como olhava para as casas, 
E o modo como reparava nas ruas, 
E a maneira como dava pelas coisas, 
É o de quem olha para árvores, 
E de quem desce os olhos pela estrada por onde vai andando 
E anda a reparar nas flores que há pelos campos... 
Por isso ele tinha aquela grande tristeza 
Que ele nunca disse bem que tinha, 
Mas andava na cidade como quem anda no campo 
É triste como esmagar flores em livros 
E pôr plantas em jarros...

Alberto Caeiro - O Guardador de Rebanhos - III

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2017

Mudança de visual


Resolvi mudar.

Este cabeçalho é mais discreto.

E é meu.

Boas leituras :)

As síndromes e as colagens criativas


Tenho vivido entre síndromes e momentos de relativa felicidade, proporcionados pela família, tanto uns como os outros.

A síndrome do hospital tem-me acompanhado, embora não fale dele. Ontem passei três horas num ambiente asséptico, branco e calmo, onde já quase parecia sentir a Morte a pairar nos corredores...

Aos domingos à noite quando  meu filho mais novo diz: Bom , Mãmã....( ironicamente, claro), já sei que vai embora. Mais 250km até Bragança, com chuva, vento, derrocadas, etc. Coração nas mãos.

À segunda, acordo com a síndrome das 2ªs feiras, cinzenta, amorfa, apática e abúlica ( como dizia uma professora de Moral que tinha a mania de que era esperta). Não me apetece nem sequer tirar a cabeça para fora do edredão...

Pelo meio tenho tido os netos a encher-me a alma, na semana que passou estiveram cá tres dias inteiros por ausência da Mãe que teve de ir ao estrangeiro.
Adorei, embora me tenha saído do corpo. Fazer jantar para cinco durante três dias + fim de semana já não me lembro há quanto tempo foi. Mas esmerei-me e as coisas correram bem. A semana culminou com a entrega dos relatórios de notas , que no Colégio Alemão são em Fevereiro e em Julho ( muito melhor pensado). Os meus meninos sairam-se bem, só posso orgulhar-me, são melhores do que eu fui na idade deles. E não é fácil ter cadeiras em alemão, Mathe, Erdkunde, Biologie, Chemie, etc.

O FCP ganhou, o Boavista empatou, menos mau no reino do futebol. É estúpido, mas fico com o astral mais elevado.

In-between fiz dois quadros-colagens. Estou a gostar. Estes são já dum tamanho grande- A3 e cabem nos passepartouts de vidro que tenho da exposição de fotografia de há uns anos. Tirei as fotos a preto e branco e coloquei as colagens até ter a possibilidade de as enquadrar.


As fotos não ficaram brilhantes, ou seja, estão com reflexos que alteram um pouco as cores.

No meio de tanto corropio, pintar traz-me a paz de que necessito.

Cada pedacinho destas mantas de retalhos é um mundo e conta uma história!

A minha.