sábado, 4 de março de 2017

À procura de Paz


                                              Quando se perde alguém, quer-se estar só.

Um passeio a pé num local lindo como a minha rua e jardins anexos fez-me reencontrar o equilíbrio emocional que me tem faltado nestes dias. Hoje estou bem mais calma e, embora continue focada nos acontecimentos que viraram a minha vida ao contrário, consigo pensar no futuro e ajudar os meus filhos e netos,  que também precisam duma Mãe e Avó feliz.


Hoje resolvi sair pelas 4 pois ainda estava sol. Não foi por muito tempo, as nuvens começaram a avolumar-se e o frio a instalar-se. Por pouco, já não conseguia tirar as fotos que aqui vêem e que vos dão uma amostra da beleza que é este jardim da Casa Allen, vulgo Casa das Artes.



Num livro belíssimo que comprei na Feira do livro ano passado, " Um Porto de Árvores", tinha visto  fotografias de árvores emblemáticas da Invicta, entre as quais algumas que fotografei hoje e já tinha fotografado no outono.


Parecia que tinha chovido rosa e branco no jardim inteiro.



Dum lado eram as magnólias maravilhosas, com as suas corolas tesas,  camélias de todas as cores já um pouco murchas, que atapetavam o chão e no outro, mesmo ao fundo do jardim, junto às colunas onde brincam crianças, uma cerejeira espectacular erguia-se imperial, como uma noiva que se prepara para subir a nave central.




Poucos jardins do Porto conseguem concentrar num espaço relativamente pequeno tanta beleza e harmonia.

A Casa Allen espelhava-se no lago em frente e com ela, a maior magnólia rosa daqui das redondezas. A água agitava-se e a imagem distorcia num bailado abstracto rosa e amarelo desbotado.



Ao fim da tarde,  admirei os contra-luzes sob um céu carregado, os troncos das árvores despidas mas arrendadas, uma cerimónia de silhuetas enigmáticas.



Hoje levei a minha Lumix e valeu a pena. Já tinha saudades de tirar fotos a sério :).

O inverno, já a entrar na Primavera, é duma beleza indescritível. A minha alma atormentada apaziguou-se um pouco.



13 comentários:

  1. É isso, fica-se por uns tempos a ver imagens angustiantes , desde o levantar ao deitar . Eu penso que, quem tem a capacidade de ver o belo , quer na Natureza ou nas artes em geral , encontra algum conforto . A vida continua e há que cuidar dos vivos .
    Agora voltando às fotos : nunca me apercebi das magnólias brotarem flores tão bonitas. Muito se aprende !

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    1. Não há outro modo de viver...
      Li no outro dia que " Morremos todos, mas nem todos vivemos". Procuro viver, antes que a morte me venha buscar. O meu marido tinha a minha idade, há um ano ninguém pensava que ele fosse desaparecer assim. No dia dos meus 70 anos festejámos juntos na Foz. Nunca pensei que fosse a última vez...no Natal já não estava capaz de sair de casa. A vida é cruel. Se não olharmos para o que é Belo, como é que sobrevivemos?

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  2. Lindíssimas fotos Virgínia!
    É bem verdade o que diz a Madalena"quem tem a capacidade de ver o belo na Natureza ou nas artes, encontra SEMPRE algum conforto".
    E isso vai ajudá-la. A Virgínia tem essa capacidade que é inata em si.
    Um beijinho grande

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  3. Encontro conforto, mas não "ersatz" como dizem os alemães. Todos somos insubstituíveis, embora se diga o contrário.
    Tirar fotos e pintar tem sido uma forma de criar, reagir e não cair em depressão. Hoje fiz uma aguarela muito bonita. Enquanto pintava sentia-me em paz. O mesmo aconteceu no meu passeio a pé.
    Estou sozinha em casa, o meu filho voltou para o seu apartamento depois de passar aqui a semana toda. O quarto da Luisa está vazio. Custa muito.
    Um beijo tb para ti, Geninha.

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  4. Não gastar tempo com coisas, pessoas e discussões fúteis... aproveitá-lo, enquanto resta e enquanto não temos encontro aprazado com a morte, desta forma, admirando o belo, o frugal e o singelo... e reparti-lo e partilhá-lo, como tão bem fizeste. Beijinhos e continua à procura da serenidade.

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  5. Obrigada, Mano.
    Fpram meses de verdadeiro horror e agora estou a sentir a ressaca mesclada de alívio e tristeza.

    Hoje recomecei a arrumar coisas do Manel e não só, fiz almoço para mim e vou acender uma lareira para ouvir música e ler sossegada. Não quis ir ao cinema com os netos, pois não me sentia com coragem e ir para o barulho.
    Tb já fiz contas com a empregada do Manel, pois ele queria que ela recebesse uma soma avultada pela sua dedicação total durante mais de 30 anos.
    Estou em paz...

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  6. Fotos belíssimas, como sempre. Obrigada pela partilha.
    Bjs
    Regina

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    1. Esta zona é um convite à fotografia. Até hoje que chove copiosamente. Os céus choram.... e eu também.

      Bjo

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  7. Imagens lindíssimas.
    Fiquei a pensar que um dia destes gostava de ir passear por lá.
    um beijinho

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  8. "Águas das fontes, calai; ó ribeiras chorai, que eu não volto a cantar". Fica a voz, a memória e tudo o que é íntimo, arcano e recôndito.

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  9. Tantas vezes ouvi o Zeca Afonso com o Manel...era Coimbra, erma as baladas, era a revolução, era a voz inegualável do meu cantor português preferido. Ofereceu-me Traz outra Amigo Também que ainda lá está na estante em casa dele. Saudades que teimam em assolar-me. Como este tempo triste que começou no dia em que ele morreu.

    Bjo

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  10. Deus costuma usar a solidão
    Para nos ensinar sobre a convivência.
    Às vezes, usa a raiva para que possamos
    Compreender o infinito valor da paz.
    Outras vezes usa o tédio, quando quer
    nos mostrar a importância da aventura e do abandono.
    Deus costuma usar o silêncio para nos ensinar
    sobre a responsabilidade do que dizemos.
    Às vezes usa o cansaço, para que possamos
    Compreender o valor do despertar.
    Outras vezes usa a doença, quando quer
    Nos mostrar a importância da saúde.
    Deus costuma usar o fogo,
    para nos ensinar a andar sobre a água.
    Às vezes, usa a terra, para que possamos
    Compreender o valor do ar.
    Outras vezes usa a morte, quando quer
    Nos mostrar a importância da vida...

    Paulo Coelho

    Beijo
    Filipe

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    1. Tão verdadeiro, mas tão doloroso.

      Obrigada. Bjo enorme.

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