segunda-feira, 25 de março de 2013

A Arte da Viagem

Já tinha aqui falado há tempos neste livro, que comecei a ler há uns meses.

Acabei hoje, depois de o ter lido em compassos, com interrupções para ler outros pelo meio, mas sempre com interesse. Não é um romance, nem sequer relato de viagens, é um livro sobre literatura de viagens, debruçando-se sobre os autores que escrevem e descrevem as suas sensações em relação ao que vêem. Está dividido dum modo inteligente, de acordo com temas: viagens dos que nunca viajaram mas imaginaram tudo o que descreveram, experiências que foram relatadas dum modo completamente diverso da realidade, viagens reais que são relatadas com crueza e realismo, etc.

O livro é fascinante e óptimo para quem não quer ler tudo seguido. Pode-se parar e recomeçar dias depois, que não perde interesse. Também se pode sublinhar passagens de que gostámos especialmente e depois relê-las para melhor apreciação.

O autor Paul Theroux é americano e viveu no Mali durante anos. Eis uma curta bio da Wiki:


Paul Edward Theroux (Medford, 10 de Abril de 1941) é um escritor de literatura de viagens e romancista americano, cuja obra mais célebre é The Great Railway Bazaar, de 1975, um travelogue que ele fez de comboio da Grã-Bretanha, passando pela Europa de Leste, Médio Oriente, Ásia do Sul e Sudeste Asiático, até ao Leste Asiático, tão a Oriente quanto o Japão, e depois voltou pela Rússia até ao seu ponto de origem. Apesar de mais conhecido como escritor de viagens, Theroux também publicou numerosas obras de ficção, algumas das quais se transformaram em filmes. Foi galardoado em 1981 com o Prémio James Tait Memorial pelo seu romance The Mosquito Coast. É pai de dois autores e documentaristas, Louis Theroux e Marcel Theroux, e irmão dos autores Alexander Thoreux e Peter Theroux.

O livro em questão tem 366 páginas, mas com letra suficientemente grande para se ler sem óculos, coisa que me apraz extraordinariamente.

Ficam aqui alguns pedacinhos da prosa do autor e, também,  citada por ele:

Uma jornada de comboio é viagem; tudo o resto - especialmente aviões - é transporte, começando a viagem quando o avião aterra.

Viajar não é ir de férias; é muitas vezes o oposto de descanso.

Em maior ou menor extensão, dá-se em todas as pessoas uma luta desigual entre duas forças: a saudade da privacidade e a ânsia de ir a sítios: introversão, isto é, interesse dirigido para o interior duma pessoa, pela própria vida íntima de pensamento e imaginação vigorosa da pessoa e a extroversão, interesse dirigido para o exterior, pelo mundo exterior de pessoas e valores tangíveis - Vladimir Nabukov

Finaliza o livro com 10 afirmações / conselhos:

O essencial da viagem:

1. Sair de casa.
2. Ir sozinho.
3. Viajar leve.
4. Levar um mapa.
5. Ir por terra.
6. Atravessar a pé uma fronteira nacional.
7. Fazer um diário.
8. Ler um romance que não esteja relacionado com o local em que está.
9. Se tiver de levar um telemóvel evitar usá-lo.
10. Fazer um amigo



Este foi um dos meus primeiros quadros , feito em 2008, procurando nele retratar o Yorkshire, local onde o viajante sozinho se sente especialmente inspirado.

Oiço a sinfonia nº 2 de Mahler, Ressurreição, tocada e cantada maravilhosamente no Brava HD.

Aconselho vivamente este livro. Mesmo para quem não pode ou não quer viajar....sobretudo para esses!





6 comentários:

  1. Gostava muito de viajar!!! Mas, dos dez conselhos apresentados, há um que não me agrada. Viajar só.
    Tenho necessidade de partilhar emoções!!!!

    Um abraço.

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  2. Sim, na nossa idade já não apetece muito, mas conheci em tempos uma senhora , proprietária duma bela mansão no Loire, com problemas de reumatismo que a obrigavam a usar uma bengala, em Esposende, a viajar sozinha. Travámos um diálogo em francês e ela ficou tão encantada por me conhecer que me foi visitar várias vezes à minha casa de magistrados, conquistou o meu filhito de meses e ainda me convidou para ir a França visitá-la. Tinha 84 anos. Infelizmente nunca pude lá ir....:)

    Bjo

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  3. O livro parece interessante e vou por isso pô-lo n a minha lista de leituras. Porque gosto de literatura de viagens e da ideia de errância que lhe está associada.

    (Gosto do seu quadro. Muito!)
    Beijinho

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  4. É mesmo muito interessante.

    Este quadro está aqui na minha sala, pois gosto mesmo de me perder na charneca verde do Yorkshire, de vez em quando.....obrigada!

    Bjinho

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  5. 11.Levar qualquer coisa que fotografe.

    Olhe, este vou comprar, interessa-me bastante, mesmo! Obrigado.

    (Já tinha visto outros seus de Yorkshire muito parecidos. Baseia-se em fotos, ou é memória pura, Virgínia...?)

    Bjos

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  6. Olá Paulo,

    Também acho que essa é uma lacuna...onde é que já se viu viajar sem uma máquina???

    Este foi todo feito de memória, até porque as fotos que tenho do Yorkshire são sempre demasiado belas e eu não gosto de copiar fotos. Lembro-me de que mal sabia pintar a acrílico, deve ter sido o segundo ou terceiro quadro que fiz em toda a minha vida, fi-lo em casa, fui pondo camadas de tintas de várias cores e cada vez gostava mais....a minha filha estava em Leeds e pensava nela quando visse o quadro....é grande, tem uns 80 x70. Os outros são todos pequeninos. Já o devo ter posto no meu blog anterior.

    Cada vez mais a Inglaterra me seduz....ontem estive a ver The remains of the day, que filme espantoso! Deitei-me as 3, mas estava mesmerized...e já o vira duas vezes.

    Já partilhei a tua Sintra no meu FB. Adorei!

    Bjinhos......amanhã é um grande dia......))

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